domingo, 7 de maio de 2017

Inflação cede, porém governo vive desafio do desemprego

Retomada da credibilidade é apontada como principal trunfo

Martha Beck | O Globo

-BRASÍLIA- Em um ano de mandato, o presidente Michel Temer obteve um resultado que não se via no Brasil desde 2009 e que não é nada trivial: colocar as expectativas para a inflação abaixo do centro da meta, de 4,5% ao ano. O Banco Central (BC) estima hoje que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará 2017 em 4,1%. A inflação já vinha perdendo fôlego durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, mas foi Temer quem produziu os resultados mais expressivos. Ainda assim, o desemprego não refluiu e os prognósticos de crescimento para 2017 continuam modestos.

A evolução no quadro inflacionário, no entanto, é evidente. Em maio de 2016, quando chegou ao Planalto, o IPCA acumulado em 12 meses estava em 9,32%. Esse número caiu para 6,32% em dezembro e encerrou março de 2017 em 4,57%. Essa trajetória é uma combinação de três fatores: desempenho favorável dos preços de alimentos, uma política de juros conservadora e recessão econômica. Segundo o economista-chefe do banco ABC Brasil Luís Otávio Leal, também é preciso incluir nessa equação a volta da credibilidade do BC.

— A inflação está em queda e as expectativas são de que ela ficará sob controle. Isso é um sinal claro da credibilidade que a autoridade monetária resgatou junto ao mercado — afirma ele.

EMPREGO, A ÚLTIMA VARIÁVEL
Também foi graças à confiança dada pelos agentes econômicos a seu governo que a equipe econômica de Temer, comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, conseguiu apoio para fechar as contas públicas de 2016 com um rombo recorde de R$ 154 bilhões sem sofrer uma avalanche de críticas. Para colocar a casa em ordem, o governo propôs ficar no vermelho até 2019 em troca de medidas estruturais: a fixação de um teto para os gastos públicos e a reforma da Previdência.

O mercado aceitou a proposta e manteve o apoio a Temer mesmo em momentos nos quais o presidente adotou medidas na contramão do ajuste. No final do ano passado, o Palácio do Planalto deu o sinal verde para que a base de apoio do governo votasse a favor de aumentos salariais para diversas categorias no funcionalismo público.

— O emprego é a última a variável a sentir a queda da atividade. E também é a última a reagir. Isso significa que o número ainda vai piorar bastante antes de melhorar. Mas isso já era esperado — explica Leal.

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