quarta-feira, 28 de junho de 2017

Advogado e perito contestam laudo da PF

Para defesa de Temer, gravação de Joesley não serve como prova

André de Souza, O Globo

-BRASÍLIA- O advogado Gustavo Guedes, que defende o presidente Michel Temer, e o perito Ricardo Molina, contratado por ele para analisar a gravação feita pelo empresário Joesley Batista, atacaram o resultado da perícia feita pela Polícia Federal (PF). A PF conclui que não houve edição no áudio, gravado sem o conhecimento de Temer e que é base para o inquérito que investiga o presidente no Supremo Tribunal Federal (STF). Na avaliação do advogado e da defesa, a gravação não serve como prova.

Guedes afirmou que a PF não respondeu, na perícia, todos os questionamentos feitos pela defesa. Foram 27 ao todo: 15 inicialmente, e depois mais 12 formulados pelo próprio Molina. Guedes ressaltou que todos foram aprovados pelo ministro Edson Fachin, relator do inquérito no STF. Assim, a defesa de Temer estuda solicitar que a PF responda esses pontos. Cabe a Fachin autorizar ou não eventual novo pedido. Segundo Molina, dos 12 quesitos que ele formulou, nenhum foi respondido. Ele também afirmou que tem novos questionamentos a fazer a partir do laudo da PF.

— Os quesitos apresentados por mim não foram respondidos nesse laudo. Apresentamos inicialmente 15 quesitos. Professor Molina nos apresentou mais 12. (O ministro Edson) Fachin deferiu e encaminhou esses quesitos. Eles não foram respondidos e talvez por isso seja essa conclusão, com todo o respeito, ilógica e inapropriada — afirmou Guedes.

Molina fez uma perícia apontando 290 pontos de interrupção na gravação, o que, para ele, indica que houve edição. A Polícia Federal, porém, apontou características do gravador e das condições em que a gravação foi feita para explicar pontos inaudíveis e de qualidade ruim. Molina não ficou convencido e criticou o teor do laudo da PF.

— Esse é laudo é cheio de evasivas, plausibilidades, indicativos. Nunca é conclusivo e categórico — afirmou Molina, citando ainda alguns termos usados pela PF.

EDIÇÃO “PROVÁVEL”
Embora tenha feito críticas ao que vê como termos vagos da PF, Molina evitou afirmar categoricamente a ocorrência de edição:

— É provável (a edição). Se eles têm o direito de dizer que é provável, eu também tenho.

Molina destacou que, mesmo que não haja edição, outro ponto deve levar à anulação da prova: 23% do conteúdo da gravação se perdeu em razão de problemas no gravador.

— Como uma gravação dessas pode ser considerada autêntica? Se foi pelo gravador, por um ET que passou, não interessa, mas 23% da conversa se perdeu. Essa gravação não pode ser usada juridicamente. Ela é, era e continua sendo considerada imprestável, a não ser para fins políticos.

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