quarta-feira, 5 de julho de 2017

Brasília suga o sangue que voltava | Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

A economia do país melhorava até maio, do que tivemos mais sinais nesta semana: a indústria se recuperava.

Desde maio também vamos piorando, a discutir o zumbi Michel Temer e seus ministros no presídio ou casos como o do senador capilé, Aécio Neves, presidente de desonra do PSDB.
Assim, as contas públicas vão piorando na direção do desastre, pois o governo do Brasil foi sequestrado por essa gente que foge da polícia e por seus cúmplices, ativos ou omissos.

A indústria cresceu em abril e maio, soubemos nesta terça-feira (4) pelo IBGE. Arrastava-se, portanto, para fora do vale da morte para onde havia despencado desde o governo de Dilma Rousseff. Era pouco, mas se movia.

Quanto a junho, não se sabe. Por enquanto, as previsões são que a produção industrial teria regredido, perdido todo o avanço de maio, embora os erros de estimativa dos economistas venham sendo horríveis.

No mais, o que se conhece da economia em junho são apenas os choques na confiança de consumidores e empresários.

Quem sabe, por graça dos céus, o desânimo talvez não venha a abater consumo e investimentos de empresas. Mesmo que ocorra esse pequeno milagre, os zumbis do Planalto ainda farão estragos.

Desde o dia do escândalo do grampo, 17 de maio, as taxas de juros subiram no atacadão de dinheiro, das mais curtas às mais longas. É veneno para um doente fraco como o Brasil.

A situação das contas do governo assusta mais. A receita federal caiu 3,3% de janeiro a maio deste ano (em relação aos mesmos cinco meses do ano passado, em termos reais: já descontada a inflação).

A despesa com Previdência aumentou 7,2% nesse mesmo período. O gasto com salários e aposentadorias dos servidores federais cresceu 11,8%. Apenas não houve explosão apoteótica do deficit porque todas as demais despesas do governo federal foram cortadas em 15%.

No fim das contas, a despesa total ainda caiu 1,1%, o que não basta nem para compensar a perda de receita. Caiu, mas a quanto custo.

É preciso repetir: o corte em todas as despesas federais além de Previdência e servidores foi de 15%, favor prestar atenção.

Como será possível manter tal ritmo de arrocho pelos próximos anos? Não será possível, claro. A coisa vai explodir por algum lado, em paralisias da administração, em arrocho de gasto de saúde ou em outra despesa essencial, em aumento de imposto ou em inflação.

Dados o crescimento baixo do PIB e a reação ainda mais lerda da receita de impostos, não haverá dinheiro. A falta de passaportes foi apenas uma amostra grátis anedótica.

Enquanto assistimos bestializados à chegada do meteorito fiscal, o "Rio 2", governo e Congresso estão ocupados em fugir da polícia ou por cúmplices e omissos, a maioria folgada de quem tem cargos na praça dos Três Poderes.

Estejam ou não metidos em roubança, quase todos serão culpados de negligência criminosa e traição caso não comecem a reagir, já.

Ignorância suicida ou covardia, por sua vez, serão as atitudes de quem, pretendendo vir a governar o país, não se manifeste sobre a emergência em que vivemos, ao menos para salvar o próprio couro, caso venha a ser eleito.

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