quarta-feira, 26 de julho de 2017

DEM e Alckmin alinham interesses

Democratas e tucanos projetam a retomada de parceria e definem uma agenda comum caso Michel Temer permaneça no cargo até 2018

Pedro Venceslau Felipe Resk Igor Gadelha, O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - Em um gesto de deferência ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), a cúpula do DEM desembarcou anteontem em São Paulo para “informar” o tucano sobre a perspectiva de crescimento da legenda na Câmara e propor a retomada da parceria histórica entre as duas siglas. Aliados desde a eleição presidencial de 1994, PSDB e DEM se afastaram após a divulgação de conversas entre um dos donos da JBS, Joesley Batista, e o presidente Michel Temer.

Os atritos começaram no auge da crise política. Com Temer acuado no Palácio do Planalto, o PSDB passou a articular a candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) à Presidência em caso de eleição indireta, enquanto o DEM defendia a “opção” Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara.

Os dois lados avaliam que o peemedebista deve conseguir barrar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele na Câmara por corrupção passiva. A votação na Casa da aceitação ou não da denúncia está marcada para 2 de agosto.

Há dúvidas, porém, se Temer conseguiria sobreviver a uma segunda denúncia. A estratégia do DEM é reduzir a resistência do PSDB a uma eventual administração Maia no Palácio do Planalto e elaborar uma agenda comum para agir em bloco caso o presidente consiga se manter no cargo até 2018. “O governo precisa enfrentar as reformas sempre um trabalho conjunto. Nos governos do PT mantivemos a coerência de exercemos um papel importante de oposição – é tão patriótico ser governo quanto oposição”, afirmou Alckmin ontem.

No jantar, o governador paulista disse que o PSDB só deve desembarcar do governo federal após a aprovação da reforma da Previdência – a proposta já foi aprovada em comissão na Câmara e aguarda para ser pautada no plenário.

Para integrantes da cúpula do DEM, o posicionamento dos tucanos demonstrou que eles temem desembarcar sozinhos. Já os líderes do DEM previram que somente uma possível nova denúncia da ProcuradoriaGeral da República com teor muito contundente teria potencial de derrubar Temer. Nesse cenário, a cúpula do partido informou que permanecerá na base e seguirá “monitorando” a situação do governo.

‘Diálogo’. Um eventual afastamento de Temer da Presidência beneficiaria diretamente o partido. Isso porque quem assumiria o País seria Rodrigo Maia. “Foi um encontro para mantermos o canal de diálogo aberto”, afirmou o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho.

A conversa também abordou o futuro político das duas legendas. O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse que há espaço para um partido “reformista de centro” e que espera “sinergia” entre o DEM e o PSDB. “Sintonizarmos nossas posições e preocupações”, afirmou Agripino Maia.

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