sexta-feira, 21 de julho de 2017

O último poema | Manuel Bandeira

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais

Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos

A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

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“Libertinagem e Estrela da Manhã”. 14ª ed., Editora Nova Fronteira, 2000, p.70.

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