quarta-feira, 16 de agosto de 2017

‘O fundo pelo fundo, eu não tenho condições de pautar’, afirma Eunício

Presidente do Senado diz que só aceitará ‘cesta’ com mudanças eleitorais

Maria Lima | O Globo

-BRASÍLIA- Após reunião com a bancada do PSDB no Senado para discutir a reforma política votada na Câmara, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), avisou que não pautará, no Senado, a criação do fundo eleitoral se não vier em uma “cesta” acompanhado de mudanças no sistema eleitoral: voto distrital misto, se possível já para 2018 ou 2020, fim das coligações proporcionais e cláusulas de barreira.

— O fundo pelo fundo, eu não tenho condições de pautar. Se o fundo for inevitável, tem que vir dentro de uma cesta. A contrapartida é o voto distrital misto para 2018 se possível, o fim das coligações proporcionais, a cláusula de barreira. E os recursos para esse fundo não podem sair da Saúde e da Educação, tudo que não seja dinheiro novo. Pode tirar um pouco dos recursos das fundações partidárias, que ficam com 20% para os partidos, do fundo partidário para as campanhas majoritárias. Se o fundo não passar? Não sei o que acontece — disse Eunício.


O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissatti (CE), também cobrou mudanças mais profundas no sistema eleitoral para que o PSDB apoie a criação do fundão. Ele pediu ao presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), uma nova rodada de negociações entre os presidentes dos partidos para ver se se chega a um consenso sobre pontos mínimos da reforma, pois, do jeito que está, “não tem consenso sobre nada em lugar nenhum”.

— Como votar na mesma época em que estão discutindo corte em salários de trabalhador para recompor a meta fiscal? Vamos votar colocar dinheiro sem origem para nossa eleição? E a distribuição desses recursos do fundão também não está clara. Não existe consenso e não é só no PSDB. É aqui, na Câmara, nos partidos, não tem consenso sobre nada — disse Tasso.

O senador tucano defendeu a aprovação de uma pauta mínima com adoção de cláusulas de barreira já, fim do voto proporcional e distritão só com transição para distrital misto em 2020, para eleição de vereadores.

Diante das críticas feitas mais cedo por Eunício e Tasso, Romero Jucá disse que quem não concordar com a criação do fundo público eleitoral para financiamento das campanhas pode abrir mão dos recursos.

— Eu entendo a posição de cada um, mas quem não concordar com o fundo pode assinar uma declaração renunciando ao dinheiro para a próxima eleição — ironizou Jucá.

AFIF CONTRA O DISTRITÃO
Dirigente do Sebrae, o ex-ministro Guilherme Afif Domingos fez ontem um périplo pela Câmara e pelo Senado contra a adoção do distritão em 2018. Como empresário, Afif representa nesta campanha grupos do setor, mas o movimento tem ainda integrantes da sociedade civil. Como porta-voz, Afif disse que é a favor do sistema distrital, mas não do distritão:

— O fundo só poderia ser aprovado se fosse para esta eleição, como emergência.

Deveria haver outra regulamentação, com financiamento privado, com limite necessário.

Um dos líderes do Vem pra Rua, Rogério Chequer esteve no Congresso. O Movimento lançou um painel para mostrar os parlamentares que votarão contra e favor do distritão. (Colaborou Cristiane Jungblut)

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