quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Tasso diz que interinidade 'perdeu sentido', e Aécio deve reassumir PSDB

Thais Bilenky | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - À frente do PSDB desde maio, o senador Tasso Jereissati (CE) disse que a interinidade "perdeu o sentido", e o senador Aécio Neves (MG) deve retomar a presidência da sigla. Nesta quinta-feira (3), os dois se encontrarão para bater o martelo.

Reassumindo, Aécio pode renovar a licença e escolher outro vice-presidente tucano, ou ficar no cargo. Desde que retomou o mandato no Senado, em julho, o mineiro voltou a comandar articulações políticas e mostrou a intenção de reassumir o posto.

"Como Aécio voltou com a plenitude de seus direitos políticos, com a possibilidade de exercer a função em todas as áreas, o que tenho argumentado para ele é que a interinidade perdeu o sentido", afirmou Tasso.

Não obstante, ele pediu "uma convenção ou congresso para o partido rediscutir sua história e os seus ideais".

O cearense assumiu o partido depois de Aécio se licenciar com a revelação de conversa em que pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.

Com apoio do líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Ricardo Tripoli (SP), e parte dos deputados tucanos, Tasso Jereissati defendia que o partido realizasse uma convenção para eleger nova Executiva, mas o movimento refluiu.

Cotado para presidir o PSDB, o governador de Goiás, Marconi Perillo, disse que uma renúncia imediata de Aécio da presidência da sigla seria um "golpe".

Ele quer que o partido mantenha o cronograma previsto, segundo o qual o mandato da atual Executiva se estende até maio de 2018. "Sou a favor de que o calendário seja cumprido", disse o governador goiano.

O líder tucano no Senado, Paulo Bauer (SC), foi na mesma linha. "Aécio é o presidente de direito e de fato. As denúncias e acusações das quais é vítima não interrompem a possibilidade de ele presidir o partido", afirmou.

No início de julho, o prefeito de São Paulo, João Doria, defendeu a renúncia imediata do senador mineiro da presidência do PSDB.

"Não tem esse negócio de que partido pressiona, deputados dizem, a irmãzinha da igreja imaculada da conceição está achando, nada disso. A única pessoa que tem o direito de opinar sobre a licença ou não é o próprio Aécio", disse Bauer.

O líder tucano no Senado observou que caberá a Aécio e ao comando do partido eventualmente decidir encurtar o mandato, a fim de "organizar" a sigla para a eleição presidencial de 2018.

Se estiver no comando do PSDB, Perillo fortalecerá Geraldo Alckmin, governador de São Paulo que trabalha para ser o candidato do PSDB à Presidência: ambos defendem prévias para a definição do presidenciável tucano.

Com Aécio à frente do PSDB, a ala tucana a favor da permanência do PSDB no governo Temer sai fortalecida.

Tasso defende o desembarque, mas minimiza o efeito de sua saída. "A divisão já existe, independentemente de quem está na presidência.

Temer conseguiu barrar denúncia de corrupção em votação na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2).

Para Tasso, com a permanência do peemedebista na Presidência, "vamos sobreviver de crise em crise". "A boa noticia é que aparentemente a economia se descola dessas crises, o governo Temer está precificado. Não vai acontecer nada de mau ou de bom."

ALCKMIN
O governador paulista, Geraldo Alckmin, pressionou, nesta quarta-feira (2), o partido a desembarcar do governo de Michel Temer.

"Nós defendemos completar as reformas. Daqui 45 dias, 50 dias, se não fizer a reforma política, não vai fazer mais. A da Previdência, se não votar logo, vai ficar difícil", afirmou o tucano, em Campinas (SP).

"Então, encerrado esse período, se depender de mim, nós não teremos cargos no governo." O PSDB ocupa quatro ministérios.

Alckmin também se disse favorável a uma alteração na legislação de modo que denúncias contra o presidente da República não precisem ser autorizadas pela Câmara dos Deputados nem impliquem afastamento do cargo.

"Se o procurador-geral entende que há uma denúncia, encaminha ao Judiciário, que aceita ou não. Como acontece com prefeito ou governador, ninguém precisa pedir autorização", argumentou.

Sobre o afastamento de seis meses do presidente em caso de aceitação de denúncia, o governador paulista disse: "Imagine que você afastou e depois chega à conclusão que a denúncia é inepta. Como você repara isso?", questionou.

"Isso é do tempo que se dizia que o presidente podia interferir no Judiciário. Hoje não existem mais essas coisas", disse Alckmin.

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