sábado, 9 de setembro de 2017

Ex-procurador depõe sobre o caso por mais de 7 horas

Antes, Marcello Miller já havia negado ilegalidades na sua atuação

Marco Grillo | O Globo

O ex-procurador Marcello Miller depôs por mais de sete horas ontem na sede da Procuradoria Regional da República da 2ª Região, no Centro do Rio, no procedimento interno do Ministério Público Federal (MPF) que apura se houve fraude no acordo de delação premiada da JBS.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abriu o procedimento após um áudio entre Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud indicar que Miller poderia ter atuado de maneira ilícita na negociação do acordo. Em nota, o ex-procurador já negou as acusações.

Dois procuradores tomaram seu depoimento: um procurador regional da República, que atua na segunda instância da Justiça Federal, e um procurador da primeira instância.

O depoimento foi gravado em vídeo. Um novo cartão de memória para a câmera precisou ser entregue em função da longa duração da oitiva. A sessão, que começou pouco depois das 15h, continuava até as 22h de ontem.

No dia anterior, os executivos da J&F, proprietária da JBS, também prestaram depoimentos à PGR sobre o papel de Miller na negociação da delação.

O dono da JBS Joesley Batista afirmou que não recebeu orientação do ex-procurador para gravar a conversa com o presidente Michel Temer ou qualquer outra autoridade investigada pela Lava-Jato.

Em seu depoimento, ele também alegou que a gravação em que fala sobre os contatos com Miller foi uma “conversa de bêbados”.

Na gravação de quatro horas entregue à PGR há uma semana, Joesley e o diretor da JBS Ricardo Saud falam sobre como planejavam envolver ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na delação, sobre crimes não delatados e sobre a atuação de Miller para a dupla antes mesmo de uma formalização do acordo na PGR. O áudio levou à abertura do procedimento de revisão da delação da JBS.

Depois de ouvir os depoimentos, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu anular os benefícios concedidos a Joesley e ao diretor da JBS Ricardo Saud. Ele pediu ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva de ambos e também a de Marcello Miller.

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