terça-feira, 12 de setembro de 2017

FHC prega união dentro do partido

Por Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - Em meio à disputa dentro do PSDB para definir quem será o candidato à Presidência, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu ontem "união" entre o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB). Ao lado dos dois tucanos, FHC disse esperar que Doria e Alckmin estejam juntos em 2018, sob o risco de o país votar em um candidato demagogo, com "uma narrativa falsa". O tucano afirmou que o partido deve fazer prévias até março do próximo ano e relativizou o peso das pesquisas de intenção de voto.

FHC procurou mostrar equidistância dos dois pré-candidatos, ao participar de um almoço-debate promovido pelo Lide, grupo fundado pelo prefeito. Em recado indireto a Doria, disse que as pesquisas de intenção de voto "não dizem muita coisa" e defendeu a realização de prévias entre dezembro e março. O prefeito quer que as pesquisas - e não as prévias - definam o candidato tucano. Doria tem viajado pelo país para divulgar seu nome e tenta obter vantagem nas intenções de voto em relação ao governador.

Em relação a Alckmin, o ex-presidente afirmou que o governador é o "primeiro da lista" para disputar a Presidência, como disse o presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE), mas que isso não garante a candidatura. FHC disse também que as prévias podem ser entre dezembro e março e não necessariamente neste ano, como Alckmin quer.

Para os dois tucanos, Fernando Henrique fez o apelo durante o almoço, com a presença de cerca de 800 pessoas: "Unamo-nos. Senão, os riscos estão aí, de uma narrativa falsa que possa embalar a todos nós", afirmou. "Diante dos líderes aqui presentes, eu confio que eles serão capazes de se unir e de nos unir a eles".

FHC defendeu o "novo" para 2018 e afirmou que isso não significa, necessariamente, pessoas novas, mas sim "ideias novas, de vanguarda".

Ao falar com a imprensa, o ex-presidente disse que o PSDB deve escolher o candidato levando em consideração tanto as pesquisas de intenção de voto quanto a preferência dos militantes. "São duas coisas que não se contradizem", disse. "Vai haver pesquisa. E isso vai ter peso, sempre tem peso. Será suficiente para impor sua decisão aos militantes do partido? Pode haver previa também".

Durante o almoço, o tucano elogiou o governo Michel Temer e afirmou que depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff houve recuperação de setores da economia e da Petrobras. FHC ressaltou a aprovação da reforma trabalhista e do teto dos gastos e disse que Temer mexeu em "pontos centrais" para levar o país para o "rumo certo". Ao mesmo tempo, atacou a política econômica das gestões petistas e disse que houve "embriaguez" no incentivo ao crédito e ao consumo. Para FHC, os governos do PT tiveram visão de "utopia regressiva".

Na entrevista a jornalistas, o ex-presidente falou sobre a segunda denúncia que deve ser apresentada contra Temer pela Procuradoria-Geral da República e afirmou que a delação do empresário Joesley Batista deve ser considerada. "Se a delação significa que houve indício e, se além do indício, encontrar elementos comprobatórios de um crime, é claro que isso vale, deve valer. O fato de que a pessoa foi um pouco fanfarrão - e é bastante fanfarrão - não é suficiente para anular, se os indícios levarem a uma coisa mais concreta do que a palavra dele", disse, em relação a Joesley.

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