quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Jarbas de Holanda: PSDB. De referência de agenda reformista à disputa do oposicionismo a Temer

O candidato presidencial praticamente certo do PSDB, Geraldo Alckmin, conseguirá (ou não) superar o agudo conflito instalado no partido sobre o relacionamento com o governo Temer e, em caso afirmativo, recompor unidade interna, esvaziando tal disputa, e ganhar condições para terminar afirmando-se como representante do campo reformista, por meio de alianças com o PMDB, o DEM, outras legendas centristas e de centro-esquerda como o PPS?

A incerteza a respeito dessas condições foi reforçada com o pedido de demissão do ministro das Cidades, Bruno Araujo, que o justificou alegando falta de respaldo partidário ao exercício do cargo e reiterando apoio à agenda reformista assumida e posta em prática pelo presidente Michel Temer.

A persistência do referido conflito, ademais de dificultar a recomposição da unidade essencial para Alckmin, poderá levar à perda da imagem do PSDB de principal referência partidária reformista por causa do empenho de grande parte de dirigentes e militantes pela disputa do oposicionismo ao governo. Disputa em que o partido teria, ou terá, um papel secundário (este sim, de “coadjuvante”), pois dominada amplamente pelo lulopetismo (com satélites e dissidentes ultraesquerdistas).

E ao participar da qual ele fortalecerá as resistências corporativas e estatizantes às importantes medidas fiscais e reformas estruturantes da economia e do Estado (centralmente à da Previdência) que estão em andamento e em tramitação no Congresso. Medidas e reformas cuja inviabilização é parte relevante do “quanto pior, melhor” – prioridade eleitoral do ex-presidente Lula.

Geraldo Alckmin terá bastante tempo – da convenção nacional do PSDB em 20 de dezembro até a convenção determinada pelo TSE para formalização da candidatura e de alianças partidárias, entre 20 de julho e 15 de agosto – para conseguir a reversão do conflito interno e tentar afirmar-se como o candidato mais competitivo das forças reformistas modernizadoras.

Mas a persistente divisão dos tucanos, o baixo índice de intenção de votos no governador paulista nas pesquisas que têm sido realizadas e, sobretudo, a contraposição (nas últimas) entre Lula e o populista de direita Jair Bolsonaro, como primeiro e segundo colocados, constituem uma trinca de estímulos potencializadores de especulações e articulações em torno de candidaturas alternativas desse campo político e social – do PMDB, do DEM, do PSD e de outsiders. Entre estes a do comunicador Luciano Huck, estimulada pelo PPS mas dependente de assunção por um partido grande.

E entre aquelas as do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (que poderia transferir a filiação do PDS para o PMDB) e João Dória (pelo próprio PSDB, na hipótese de Alckmin não se consolidar) ou pelo PMDB. Tudo isso num contexto, positivo, no qual – definidas as regras eleitorais de 2018, restritivas da criação de partidos e de candidaturas à margem do sistema partidário – movimentos políticos significativos de segmentos empresariais e profissionais, como o Avante, o Novo, o MBL, o Vem Pra Rua, voltam-se para a renovação do Legislativo. Através da indicação e do respaldo a campanhas de candidatos de alguns partidos a Câmara dos Deputados e a assembleias estaduais.

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Jarbas de Holanda é jornalista

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