sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Raymundo Costa: Risco de candidatura presidencial em 2018 desencadeou reação - Valor Econômico

A possibilidade de o senador Tasso Jereissati (CE) usar a presidência do PSDB como plataforma de lançamento de sua candidatura ao Palácio do Planalto, nas eleições de 2018, determinou a volta do senador Aécio Neves ao comando do partido, com o aval de tucanos de São Paulo. Indicado por Aécio, titular licenciado do cargo, o ex-governador paulista Alberto Goldman vai presidir o PSDB até a convenção marcada para dezembro, quando será eleita a nova Executiva Nacional do partido.

A eventual candidatura presidencial de Tasso foi sugerida pelo senador Cássio Cunha Lima (PB), no ato público em que Tasso formalizou que disputaria a presidência do PSDB com o governador de Goiás, Marconi Perillo. Na ocasião, Cunha Lima saudou o nome do senador cearense dizendo que Tasso era nome não só para presidir o PSDB, mas também a Presidência da República.

A declaração soou imediatamente como um sinal de alerta no Palácio dos Bandeirantes - o governador Geraldo Alckmin hoje é o virtual candidato do partido. Mas há outros paulistas no páreo, como o senador José Serra e o prefeito da capital, João Doria. Ambos ainda alimentam o sonho de disputar a Presidência.

Em pouco mais de cinco meses na presidência do PSDB, Tasso empolgou os cabeças-pretas do partido, grupo que defende o afastamento do partido do governo e votou a favor do afastamento do presidente Temer.

Tasso, no entanto, decepcionou os chamados cabeças-brancas, inclusive aqueles que apoiaram sua indicação para substituir Aécio Neves. Entre eles o próprio Goldman, que se queixava da falta de diálogo do colega tucano, e o senador José Serra (SP), um dos que mais defenderam sua indicação para o lugar de Aécio. Goldman se queixava de que telefonava, por exemplo, e Tasso não dava retorno.

O principal ponto de apoio de Tasso no PSDB paulista é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Tasso havia sido informado de que Aécio reassumiria o cargo, se ele fosse candidato a presidente do PSDB. Esse foi o motivo pelo qual o senador postergou ao máximo o lançamento de sua candidatura. O governador Marconi Perillo, descartou ser candidato a presidente da República quando informou os caciques do PSDB, inclusive Alckmin, que disputaria a chefia partidária.

Incomodava os cabeças-brancas do PSDB o fato de Tasso tomar decisões sem consultá-los. No cargo de Aécio, um aliado de Temer, o senador cearense se juntou aos cabeças pretas que defendiam a saída do PSDB do governo, o que incomodou os ministros. Seu adversário na disputa tucana, Perillo também é favorável ao desembarque, mas quer fazer isso de maneira programada e articulada com Temer. Seja como for, o Planalto já decidiu tirar o PSDB do governo e entregar seus postos aos aliados.

A volta de Aécio é também uma tentativa de organizar setores do partido que gostariam de permanecer no governo. Tasso era e continuará sendo, se for eleito presidente do PSDB, um obstáculo a essa aliança, em torno da qual os tucanos estão profundamente divididos. Até agora, Alckmin nada fez para ter uma aliança nacional com o PMDB, o que lhe daria mais tempo de TV, o que irritou o Planalto. No campo doméstico, Tasso passou a ser mais um concorrente.

Com ou sem Tasso na presidência do PSDB, o PMDB hoje articula o apoio a uma candidatura junto com o PP e o DEM, os prováveis herdeiros do pedaço do PSDB no governo, especialmente o Ministério das Cidades, hoje ocupado pelo deputado Bruno Araujo (PSDB-PE). Temer, no entanto, pode manter tucanos cujos cargos não são tão cobiçados quanto Cidades. A reforma ministerial será antecipada e deve ser deflagrada a qualquer momento, conforme antecipou ontem o Valor.

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