terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Alckmin só terá apoio se for da base, diz Meirelles

Ao ser questionado sobre Alckmin, ministro da Fazenda diz à Rádio Eldorado que candidato do governo tem de ser ‘parte da estrutura’ aliada

Andreza Matais, Pedro Venceslau / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) disse ontem, em entrevista ao programa Conexão Estadão, na Rádio Eldorado, que, para alguém ser apoiado pelo governo, “precisa ser parte da estrutura de apoio”. “É uma posição interessante, para dizer o mínimo, estar fora do governo por questões eleitorais, mas querer apoio na eleição”, afirmou, sobre o governador tucano Geraldo Alckmin.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o candidato da base de Michel Temer na corrida pelo Palácio do Planalto em 2018 deverá fazer parte do que chamou de “estrutura de apoio” do atual governo. A declaração foi dada em entrevista ao Conexão Estadão, da Rádio Eldorado, ao ser questionado sobre a possibilidade de o Planalto encampar a candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em uma eventual coalizão de centro.

“É uma posição interessante, para dizer o mínimo, estar fora do governo por questões eleitorais, mas querer apoio na eleição. Para alguém ser apoiado pelo governo, precisa ser parte da estrutura de apoio a ele”, afirmou o titular da Fazenda, potencial candidato a disputar a Presidência da República. Meirelles é filiado ao PSD.

O ministro afirmou, porém, que, “dito isso”, Alckmin, que é uma figura “respeitável”, pode até ser o candidato do centro no próximo ano, mas ressaltou que a “lógica” é o governo apoiar alguém de sua estrutura.

O PSDB desembarcou neste mês do governo federal – resta apenas na Esplanada o tucano Aloysio Nunes Ferreira à frente do Ministério das Relações Exteriores. A ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, se desfilou da legenda na semana passada e continua no comando da pasta. Antonio Imbassahy (BA) e Bruno Araújo (PE) foram, respectivamente, ministros da Secretaria de Governo e das Cidades.

Após assumir a presidência nacional do PSDB, o governador paulista fez gestos de aproximação com o governo federal e conseguiu convencer a bancada da sigla na Câmara a fechar questão – obrigar a votar em bloco – na defesa da reforma da Previdência. Os tucanos querem que Alckmin em 2018 forme uma coligação que represente o centro político na campanha e, para isso, esperam atrair partidos da base aliada de Michel Temer, até mesmo o PMDB.

O discurso de Alckmin na convenção do partido, no dia 9, e o fechamento de questão pela Previdência agradam ao Planalto. Meirelles, no entanto, afirmou que a decisão da legenda terá de ter efeitos práticos. “Não há dúvida de que o fato de o PSDB ter decidido a favor da reforma da Previdência é positivo. Mas depois é aquela velha história: precisa ver o número de votos efetivo no plenário.”

Com 46 deputados federais, o PSDB contabiliza 14 votos próreforma, segundo o Placar da Previdência do Estado.

Decisão. O titular da Fazenda afirmou que vai decidir no fim de março ou começo de abril se vai disputar o Planalto. Apesar de ter 2% das intenções de voto nas pesquisas mais recentes, Meirelles afirmou que a chance real de vencer a eleição será o fator decisivo.

“Não há dúvidas de que o candidato precisa ter chances reais de ganhar a eleição. Nenhum partido grande vai fazer lançamento de candidato que não vai ganhar. Isso será o fator da minha decisão até abril. Ninguém vai se candidatar achando que vai perder”, disse Meirelles. O ministro será o protagonista do programa eleitoral do PSD na TV, que será exibido no próximo dia 21.

Questionado sobre uma possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem foi presidente do Banco Central entre 2003 e 2010, Meirelles elogiou: “Se ele participar, ótimo. Enriquece o debate”. O titular da Fazenda, porém, ressaltou que a decisão da Justiça é “soberana”.

Lula será julgado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) no dia 24 de janeiro, quando será analisada a sentença do juiz Sérgio Moro que o condenou a 9 anos e 6 meses no caso do triplex do Guarujá (SP).

Colaboraram André Italo Rocha, Eduardo Laguna, Emanuel Bomfim, Roberto Godoy e Silvia Araújo

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