terça-feira, 26 de dezembro de 2017

DEM planeja lançar Maia à Presidência

Partido deve fazer lançamento em convenção, em 6 de fevereiro; aliados apontam presidente da Câmara como político de diálogo

Igor Gadelha / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O DEM trabalha para lançar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), como candidato ao Palácio do Planalto em 2018. A legenda investe no discurso de que ele é o único candidato com capacidade de “reunificar” a política nacional, por ser hoje um dos poucos parlamentares com trânsito no governo Michel Temer e nos principais partidos de oposição (PT, PCdoB e PDT), que o ajudaram a se eleger para o comando da Casa, além de manter boa relação com o Judiciário.

O lançamento da pré-candidatura já tem data marcada: 6 de fevereiro, quando está prevista a realização da convenção nacional do DEM. Ao apresentar Maia, a estratégia da sigla é testar o nome do presidente da Câmara nas pesquisas eleitorais. O parlamentar fluminense tem dito a aliados que só aceita disputar a Presidência se atingir pelo menos 10% das intenções de voto. Em levantamentos recentes, ele aparece com menos de 5%.

“O Rodrigo tem os principais atributos que o legitimam a exercer essa função de candidato do centro: capacidade de diálogo, equilíbrio e serenidade para tomar decisões. Hoje é um presidente respeitado pelo governo e pela oposição, mostrando vocação para romper esse clima de intolerância política que agita o País”, diz o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), um dos principais entusiastas de sua candidatura.

Em busca de apoio para se viabilizar como candidato ao Planalto, Maia atua em pelo menos duas frentes. Em uma delas, tenta se firmar como líder do Centrão, grupo do qual fazem parte partidos médios, entre eles PP, PR, PSD, PRB e PTB, e que está sem liderança desde a prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na outra, investe em uma aproximação com o PMDB de Michel Temer, o qual trabalha por uma candidatura única da base aliada que defenda o legado econômico de seu governo.

Com os movimentos, Maia tenta afastar essas legendas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), um dos nomes que buscam se apresentar como o candidato de centro apoiado pelos partidos da atual base. Além do tucano, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), que se aproximou do presidente da Câmara nos últimos meses, também se movimenta para ocupar esse espaço de candidato único da base.

Maia, com o apoio oficial desses partidos, teria o maior tempo de televisão, o que o ajudaria a se tornar mais conhecido pela população. Atualmente exercendo seu quinto mandato consecutivo de deputado, ele teve desempenho eleitoral reduzido no último pleito, em 2014. Naquele ano, Maia se elegeu deputado com 53.167 votos, ante 198.770, em 2006, seu melhor desempenho nas urnas.

“O Rodrigo, pela condição de presidente da Câmara e características de atuação política dele, converge muito com partidos de todos os matizes. Ele está construindo, em um processo extremamente delicado, uma candidatura que pode vir a unir partidos do centro e juntar, mesmo que não coligados, mas com apoio, esquerda, direita e centro”, afirma o deputado Pauderney Avelino (AM), secretário-geral do DEM.

Planejamento. Segundo Efraim, a candidatura Maia vem sendo planejada estrategicamente. O primeiro passo, diz, foi fortalecer a bancada da sigla na Câmara, que elegeu 21 deputados em 2014 e deve dobrar de tamanho até março, segundo estimativa da legenda. “Isso dá capilaridade nos Estados”, afirma o líder. A segunda etapa será o lançamento de 12 pré-candidaturas a governador em 2018 (Bahia, Goiás, Amapá, Pernambuco, Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia), ante apenas duas em 2014.

“Estamos tentando ocupar espaço de centro, lacuna deixada pelo próprio PSDB, nos conflitos externos, brigas e disputas internas”, afirma Efraim. De acordo com o líder, a pré-candidatura de Maia terá três “pilares”: a agenda econômica, com foco no emprego e empreendedorismo; a social, tendo como “vitrine” a reforma do ensino médio feita pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, que é do DEM; e a segurança pública, com propostas em “defesa da vida e da família”.

“O Rodrigo tem cumprido papel fundamental para estabilidade econômica e política do Brasil. Tem articulação política interna, mas também espírito público para interpretar o que o Brasil precisa”, diz o deputado licenciado Rodrigo Garcia (SP), secretário estadual de Habitação de São Paulo e um dos vicepresidentes do DEM. “O Rodrigo terá um papel fundamental nas eleições de 2018, sendo ele o candidato a presidente ou não”, afirma.

Procurado, o presidente da Câmara afirmou que em 2018 tentará se reeleger para o sexto mandato como deputado e, se tiver sucesso, reeleição para comandar a Casa. No Rio, disse, seu foco será eleger seu pai, o ex-prefeito César Maia (DEM), para o governo do Estado ou para uma das duas vagas do Senado. Ele defende candidatura do DEM a presidente e cita o nome do prefeito de Salvador, ACM Neto, e do senador Ronaldo Caiado (GO) como bons candidatos ao Planalto pela sigla.

“O Rodrigo tem os principais atributos que o legitimam a exercer essa função de candidato do centro: capacidade de diálogo, equilíbrio e serenidade para tomar decisões. É respeitado pelo governo e pela oposição.” Efraim Filho (PB)

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