quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Opinião do dia – Barão de Itararé

Quem não muda de caminho é trem.

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Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly - Barão de Itararé, (1895-1971), jornalista, humorista e vereador(PCB-Rio de Janeiro)

STF libera candidatura de Maia à reeleição

Supremo nega quatro pedidos para barrar candidatura de Maia

• Celso de Mello, decano da Corte, rejeita pedidos de liminares para barrar a candidatura do presidente da Casa; deputado do DEM é favorito e tem apoio do Planalto

Breno Pires, Rafael Moraes Moura, Igor Gadelha, Isadora Peron e Daiene Cardoso,

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal rejeitou nesta quarta-feira, 1º, quatro pedidos que buscavam impedir a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara. A decisão, do ministro Celso de Mello, deu o sinal verde para o atual presidente da Casa disputar um novo mandato. A eleição ocorre nesta quinta-feira, a partir das 9 horas.

Nome preferido pelo Planalto, Maia, caso confirme o favoritismo e seja reeleito, terá um papel fundamental para o presidente Michel Temer, que tenta levar adiante uma série de reformas, incluindo a da Previdência e a trabalhista. O primeiro passo para manter um Congresso fiel ao governo foi dado nesta quarta, com a escolha do aliado Eunício Oliveira (PMDB-CE) para o comando do Senado.

Supremo dá aval para Rodrigo Maia se reeleger na Câmara

• Além de presidente, favorito, outros cinco deputados se candidataram

André de Souza, Carolina Brígido e Leticia Fernandes - O Globo

-BRASÍLIA- A pouco mais de 12 horas do início da eleição para a presidência da Câmara, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou os pedidos dos adversários do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que queriam impedi-lo de disputar a reeleição. Com isso, o deputado fluminense chega à disputa marcada para começar as 9h como favorito para ficar mais dois anos no posto.

Assim que o ministro se posicionou, Rodrigo Maia disse que a decisão foi positiva, mas não o melhor caminho para a Câmara, porque, segundo ele, o foco da discussão foi a Justiça, e não propostas para a Casa:

Celso de Mello libera reeleição de Maia

Por Fabio Murakawa e Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), indeferiu ontem o pedido de liminar feito por deputados para barrar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição para a presidência da Câmara. Com isso, Maia se consolida como o favorito na votação marcada para hoje, às 9h.

O ministro é relator de quatro mandados de segurança que contestam a candidatura de Maia. Deputados alegam que a Constituição e o regimento da Casa vedam a recondução do presidente ao cargo em uma mesma legislatura. Maia sustenta que pode concorrer porque a vedação vale apenas para quem foi eleito para o mandato de dois anos, sem abranger os substitutos. Ele foi eleito em julho para ocupar o posto de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou.

Eunício Oliveira é eleito o novo presidente do Senado Federal

• Em discurso anterior à votação, Eunício reforçou a importância de o Senado se manter na corrente de combate à corrupção

Isabela Bonfim e Julia Lindner | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi eleito nesta quarta-feira, 1º, o novo presidente do Senado Federal em uma eleição praticamente consensual. Com acordo entre as bancadas, Eunício recebeu 61 votos. Ele disputou a vaga com o senador José Medeiros (PSD-MT), que lançou candidatura sem o apoio do próprio partido, e recebeu apenas 10 votos.

Em discurso anterior à votação, Eunício reforçou a importância de o Senado se manter na corrente de combate à corrupção, mas defendeu que é preciso "ser duro quando um poder tentar se levantar contra o outro".

Eunício afirma querer reduzir tensão entre poderes

Eleito com 61 dos 81 votos, o novo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), citado na Lava-Jato, prometeu “lutar contra a corrupção” e ser firme quando “um poder se levantar contra outro”. Renan Calheiros deixou o cargo, mas o PMDB continua no comando.

• Senador eleito pelo Ceará foi escolhido por 61 votos para presidir o Senado até 2018

Cristiane Jungblut, Maria Lima | O Globo

-BRASÍLIA- Aliado do presidente Michel Temer e citado nas delações da Lava-Jato, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi eleito ontem novo presidente do Senado com o desafio de aprovar as reformas do governo e conduzir a Casa em meio às investigações contra vários senadores. Eunício assumiu com um discurso prometendo “combate à corrupção” e defendeu o “diálogo com os demais Poderes”, destacando, no entanto, que cabe à presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, o fim ou não do sigilo das investigações em curso — um pleito de seus aliados de partido. Eunício foi eleito com 61 votos dos 81 senadores.

Suspense no supremo

• Sorteio que escolherá relator da Lava-Jato é adiado para hoje

Previsto para ontem, o destino da Lava-Jato será decidido hoje, por sorteio. O relator será um dos cinco integrantes da 2ª turma, que julga ações e inquéritos da Lava-Jato. Ficou acertada a transferência do ministro Edson Fachin para o grupo. Além dele, os inquéritos da Lava-Jato que estavam a cargo do ministro Teori Zavascki podem cair nas mãos de Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Celso de Mello ou Ricardo Lewandowski. Entre as opções, o nome de Fachin tem a preferência de integrantes do Ministério Público.

Consenso antes do sorteio

• Fachin, que migra para a Segunda Turma, é o preferido do Ministério Público

Carolina Brígido e André de Souza | O Globo

-BRASÍLIA- O sorteio do próximo relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) foi adiado para hoje. Havia expectativa de que ocorresse ontem, primeiro dia de trabalho da Corte, mas a burocracia atrasou a escolha. Somente ontem ficou acertado com todos os ministros que Edson Fachin vai mesmo migrar para a Segunda Turma, colegiado que julga as ações e inquéritos da Lava-Jato. A transferência será publicada no Diário da Justiça de hoje. Com a mudança oficializada, será realizado o sorteio entre os cinco integrantes do colegiado. Além de Fachin, podem herdar a Lava-Jato Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski. Entre as opções, o nome de Fachin tem a preferência de integrantes do Ministério Público.

Sorteio de novo relator da Lava Jato deve acontecer nesta quinta-feira

• Após Fachin protocolar pedido para mudar de turma, Cármen Lúcia decidiu consultar demais ministros e adiar escolha prevista inicialmente para a quarta-feira, 1º

Beatriz Bulla, Breno Pires e Rafael Moraes Moura | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O novo relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal deve ser conhecido nesta quinta-feira, 2, duas semanas depois da morte do ministro Teori Zavascki em um desastre aéreo. A previsão inicial da presidente do STF, Cármen Lúcia, era realizar o sorteio na quarta-feira, 1º, no retorno aos trabalhos na Corte. Uma mudança na composição das turmas da Corte, contudo, adiou a definição. O ministro Edson Fachin, da Primeira Turma, oficializou um pedido para migrar para a Segunda.

Analistas já veem inflação abaixo de 4,5% neste ano

Por Arícia Martins, José de Castro, Lucinda Pinto e Silvia Rosa | Valor Econômico

SÃO PAULO - Instituições financeiras, gestoras de recursos e empresas de consultoria começam a acreditar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação, ficará abaixo da meta de 4,5% neste ano. Esta ainda não é a opinião predominante no mercado, mas o grupo de analistas que pensa assim vem crescendo.

De 28 consultorias e bancos consultados pelo Valor, nove já trabalham com essa hipótese, que não se materializa desde 2009, quando o IPCA ficou abaixo da meta pela última vez: 4,31%. Está sendo determinante para as revisões a surpresa favorável nas últimas coletas de preços, principalmente de alimentação e serviços. Outros itens que também subiram menos que o esperado nos últimos meses foram bens duráveis e preços administrados.

Depois da divulgação do IPCA-15 de janeiro, que avançou apenas 0,31% - menor alta para o mês desde 1994 -, o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, cortou para 4,37% sua projeção de inflação para 2017. "Tudo está indo mais rápido do que se imaginava", disse.

Freio nas despesas

• Governo terá de cortar até R$ 40 bilhões para cumprir meta fiscal deste ano

Martha Beck | O Globo

-BRASÍLIA- A equipe econômica vai começar o ano tendo que fazer um corte de despesas para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2017, fixada num déficit primário de R$ 139 bilhões, ou 2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país). Os valores ainda não estão fechados e dependem do comportamento da arrecadação. Mas integrantes do governo dizem que o número deve variar entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões, sendo que um valor ainda maior não está descartado.

O Orçamento de 2017 tem duas incertezas do lado das receitas. Uma delas é que o governo conta com R$ 40,2 bilhões em recursos extraordinários que podem não se confirmar. Isso envolve R$ 11,8 bilhões com vendas de ativos (como Caixa Seguradora, IRB e loteria instantânea), R$ 18,4 bilhões com novas concessões e R$ 10 bilhões com a reabertura do programa de repatriação, que nem sequer tramita no Congresso ainda. Tudo isso depende do humor dos investidores e dos parlamentares.

Governo vai lançar medidas microeconômicas

• Segundo Meirelles, objetivo é fortalecer o crédito e estimular o crescimento

João Sorima Neto | O Globo

-SÃO PAULO- O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o governo deve anunciar na próxima semana um pacote de reformas microeconômicas para estimular a economia. Sem dar detalhes, disse tratar-se de medidas já discutidas pelos ministérios da Fazenda, do Planejamento e pelo Banco Central.

— Entre elas estão a reformulação da lei de recuperação judicial, medidas que visem o fortalecimento do crédito, adicionais às que anunciamos no ano passado, e ações que reforcem as garantias de alienação fiduciária. São medidas que visam a desburocratização — adiantou Meirelles, que fez a palestra de encerramento de um evento para investidores promovido pelo banco Credit Suisse.

Para Meirelles, Brasil sai da recessão no 1º trimestre

Mariana Carneiro – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O Brasil deverá sair da recessão no primeiro trimestre deste ano, prevê o ministro Henrique Meirelles (Fazenda).

"Nossa expectativa é que [a economia] saia da recessão, o que significa que cresce a uma taxa moderada no primeiro trimestre, mas já entra numa trajetória de crescimento durante o ano", disse.

Ao fim de 2017, o ministro manteve a previsão de que o ritmo de crescimento chegará a 2% frente ao quarto trimestre de 2016.

"Estamos tomando medidas para tirar o país da pior recessão de sua história, e isso já está acontecendo. Diversos setores já voltaram a crescer em dezembro."

Ele citou o setor automotivo, de transporte pesado, e também mencionou que o fluxo de veículos de carga nas estradas aumentou no fim do ano, assim como o de papelão usado em embalagens.

TCU quer investigar garantias de crédito a Estados em dificuldade

• Processo vai focar na responsabilidade dos gestores nessas operações, que incluíram bancos públicos

Adriana Fernandes, Idiana Tomazelli | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Depois do calote do Estado do Rio de Janeiro em empréstimos honrados pela União, o Tribunal de Contas da União (TCU) vai abrir processo para apurar as responsabilidades de gestores públicos pela concessão de garantias a empréstimos tomados por Estados e municípios que não tinham capacidade financeira para honrar os pagamentos.

Assim como ocorreu com as chamadas “pedaladas fiscais”, os resultados da auditoria vão subsidiar a análise das contas do governo federal. A política do Tesouro Nacional de facilitar a concessão de garantias para governos estaduais que já estavam com dificuldades pode ser configurada como crime de responsabilidade fiscal.

A ministra do TCU, Ana Arraes, pediu nesta quarta-feira, 1º, a instauração do processo e obteve o aval do plenário, abrindo caminho para diligências de investigação de todos os envolvidos nessas operações, o que inclui os bancos públicos que deram os empréstimos. O TCU apurou que o total de garantias da União em empréstimos externos e internos aos governos regionais já soma R$ 184 bilhões – um risco para o Tesouro em casos de calote.

Pacote de ajuste fiscal provoca protestos no Rio

Por Robson Sales | Valor Econômico

RIO - O governo do Rio de Janeiro deve enviar hoje para a Assembleia Legislativa o projeto que prevê a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) e o empréstimo de R$ 3,5 bilhões, que pode colocar em dia o salário dos servidores fluminenses. Os textos devem ser votados dia 7. Serão os dois primeiros projetos do plano de recuperação fiscal desenhado pelo Ministério da Fazenda e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o envio provocou um intenso conflito do lado de fora do Palácio Tiradentes, prédio histórico no Centro da cidade que abriga o parlamento fluminense.

Em meio a protestos, governo do Rio recompõe base para votar pacote

Lucas Vettorazzo – Folha de S. Paulo

RIO - A sessão que marcou o retorno do recesso do Legislativo no Rio pareceu um dia de 2016. Enquanto parlamentares reelegiam Jorge Picciani (PMDB) para o sexto mandato à frente da Alerj (Assembleia Legislativa), servidores e policiais entravam em conflito do lado de fora.

Radicalizados em razão dos salários atrasados e da possibilidade de terem descontos ainda maiores em seus vencimentos em razão do pacote de ajuste financeiro do Estado, servidores forçaram as grades instaladas no entorno da Alerj, no centro.

Homens da PM e da Força Nacional reagiram com bombas de gás lacrimogêneo, efeito moral e balas de borracha. Parte dos servidores revidou com pedras e rojões.

A polícia avançou com força, empurrando para longe da Alerj o protesto, que tomou as principais ruas do centro.

A situação fugiu do controle em diversos pontos. Um ônibus foi incendiado.

A PM divulgou que prendeu um policial civil que participava da manifestação e supostamente disparou uma pistola de munição letal.

BASE RECOMPOSTA
O início do ano legislativo marcou também o movimento de recomposição da base parlamentar que dá sustentação ao governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Cautela mineira - Merval Pereira

- O Globo

Previsto para ontem, o destino da Lava-Jato será decidido hoje, por sorteio. O relator será um dos cinco integrantes da 2ª turma, que julga ações e inquéritos da Lava-Jato. Ficou acertada a transferência do ministro Edson Fachin para o grupo. Além dele, os inquéritos da Lava-Jato que estavam a cargo do ministro Teori Zavascki podem cair nas mãos de Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Celso de Mello ou Ricardo Lewandowski. Entre as opções, o nome de Fachin tem a preferência de integrantes do Ministério Público. A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, preferiu burocratizar a escolha do novo relator da Lava-Jato a ser acusada de ter atropelado seus pares em decisões solitárias. Nem por isso escapará das críticas, públicas ou sussurradas nos bastidores, mas protegeu-se o máximo que pôde.

Decidiu-se pelo sorteio, e atrasou-o, para que todo o processo obedecesse a uma ortodoxia administrativa imune a insinuações de que estaria agindo de maneira autoritária.

Novela sem roteiro - José Roberto de Toledo

- O Estado de S. Paulo

Tinha tudo para Michel Temer fechar o dia de hoje com um brinde. Emplacar os presidentes da Câmara e do Senado é condição indispensável para não repetir a trajetória de sua antecessora. Graças a seu líder no STF e à negociação com Cármen Lúcia, ele conseguiu que a Lava Jato fosse sorteada entre só cinco ministros, três dos quais atendem às preferências do governo. De quebra, a oposição rachou ao disputar o comando do Congresso.

Por tabela, a aliança para reeleição de Rodrigo Maia (DEM) como presidente da Câmara formalizou um blocão de 12 partidos governistas. Em tese, são mais de 300 deputados para Temer aprovar quase o que quiser na Câmara. No Senado, Eunício Oliveira (PMDB) ganhou com 75% dos votos.

O leite das crianças - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Sem qualquer constrangimento, a bancada do PT no Senado, ao contrário do que aconteceu na Câmara, fez uma composição com os “golpistas”

Uma das fotos mais famosas da Segunda Guerra Mundial foi tirada em Londres, durante os bombardeios da aviação alemã. Nela aparece um leiteiro impecavelmente vestido com um casaco branco, carregando com a mão direita as garrafas de leite destinadas às crianças que estavam nos abrigos antiaéreos. A rua na qual transita está completamente destruída e os bombeiros ainda apagam o fogo em alguns prédios atingidos pelas bombas. A foto simboliza a resistência inglesa à Alemanha nazista e a capacidade de o governo londrino manter os serviços básicos funcionado, depois de o primeiro-ministro Winston Churchill ter estatizado a entrega do pão, do leite e das correspondências.

O pouso suave de Renan – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Renan Calheiros é um vencedor. Réu em ação por desvio de dinheiro público, alvo de 11 inquéritos no STF, ele acaba de completar o terceiro mandato na presidência do Senado. Seu último discurso ajuda a explicar por que a sucessão de escândalos não foi capaz de derrubá-lo da cadeira.

Ao se despedir, o peemedebista reafirmou um dos valores mais prezados pelos senadores: o corporativismo. Ele atacou a Lava Jato, reclamou da Polícia Federal e saiu em defesa de colegas que também são acusados de receber propina.

O poder de verdade - Carlos Melo*

- O Estado de S.Paulo

Desde a redemocratização, em 1985, o PMDB elegeu presidentes do Senado em 15 ocasiões; terminada a atual Legislatura, em 2019, terão decorrido 30 anos de poder, em 34 possíveis. A pequena interrupção se deu pelas mãos de Antônio Carlos Magalhães (PFL/DEM, rei da Bahia), em duas oportunidades, e uma rápida interinidade – de Tião Viana (PT), em razão da renúncia de Renan Calheiros, já naquele tempo enredado num escândalo.

Pode-se dizer que aquela presidência é um monopólio peemedebista. Na imensa maioria dos casos, os presidentes do Senado são provenientes do Nordeste – talvez, com justiça como compensação ao predomínio do Sudeste e do Sul, na Câmara. O fato é que os dois maiores colégios eleitorais do País – São Paulo e Minas Gerais – não fizeram sequer um presidente nesse período. Eunício Oliveira não foge desse figurino.

Pela economia, ok. Já na política... - Carlos Alberto Sardenberg

- O Globo

• Nunca houve prosperidade global em ambiente de protecionismo. Muito menos quando combinado com disputas geopolíticas

Deixemos a política provisoriamente de lado e olhemos os números da economia, aqui e lá fora. O resultado, já adiantando, é claro: 2017 será melhor que o ano passado, isso querendo dizer mais crescimento por toda parte, em ambiente equilibrado. Vale para o Brasil e para o mundo.

Os Estados Unidos terminaram o ano passado em aceleração e devem seguir assim ao longo de 2017, com um PIB um ponto acima do resultado de 2016. Pouco? Pois coloque 1% sobre uma economia de US$ 18,5 trilhões. Dá um bocado de produto.

Inglaterra ainda cresce mais de 2% anuais. Os países do euro e até o Japão aceleraram no fim do ano passado. A China vai garantindo a expansão dos seus 6,5%, e os emergentes em geral ganharam mais condições com a alta e depois estabilização dos preços de commodities.

Aritmética monetarista desagradável - Yoshiaki Nakano

- Valor Econômico

• O ciclo vicioso de juros e dívida continua a crescer e a confiança sólida para retomar o investimento não deverá acontecer

Com o título acima, Sargent e Wallace publicaram em 1981 um artigo que se tornou referência sobre o tema: coordenação entre política monetária e fiscal, no Federal Reserve Bank of Minneapolis Quarterly Review. Volto mais uma vez ao tema por que julgo bastante relevante para a atual conjuntura brasileira e pode esclarecer aspectos da controvérsia recente sobre a questão na imprensa. Alguns economistas creem que descobriram "mecanismos drasticamente novos" que reverteriam as velhas proposições da teoria econômica tradicional. Neste artigo vamos nos ater às teorias tradicionais, só assim podemos esclarecer num próximo artigo o que é dramaticamente novo.

O rating e a sociedade - Zeina Latif*

- O Estado de S. Paulo

• É crucial que o próximo presidente dê continuidade ao ajuste fiscal

O time econômico adotou como meta a reconquista do grau de investimento. Para alguns, porém, o governo não deveria dar tanta importância a agências de rating; afinal, elas falharam em antever a crise global da década passada.

As agências não julgam as escolhas de política econômica para definir a nota de crédito dos países; elas avaliam os seus resultados.

As agências elevaram a nota do Brasil em 2011, quando os equívocos da era Mantega já eram amplamente apontados. Só em 2015 o Brasil perdeu o grau de investimento, quando o desastre de Dilma já era favas contadas. Enquanto houve crescimento, as agências deram o benefício da dúvida, apesar de discordarem das políticas conduzidas.

Trégua e riscos - Míriam Leitão

- O Globo

A crise brasileira ganhou uma pequena trégua neste início de ano. Os indicadores de confiança subiram, a bolsa se recuperou, e economistas que tinham uma visão mais cautelosa para o ano estão um pouco mais otimistas. Mais de R$ 6 bilhões de recursos estrangeiros entraram na Bovespa em janeiro, impulsionada pela alta dos preços das commodities e pela expectativa de que a recessão esteja próxima do fim.

O embate entre a Câmara e o TCU - Ribamar Oliveira

- Valor Econômico

• Maia pede esclarecimento sobre limite de gastos

Em outubro do ano passado, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), questionou o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre um acórdão que tratou da celebração de contratos de gestão com organizações sociais por entes públicos, na área de saúde, especialmente se os gastos deveriam ser incluídos nos limites de despesas com pessoal definidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Maia apresentou embargos ao acórdão, pois considerou que houve omissão do Tribunal e obscuridades na decisão.

O tempo da Lava Jato no STF – Editorial | O Estado de S. Paulo

A principal responsabilidade do novo relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) é tirar a impressão, já um tanto saliente, de que a Suprema Corte é o sepulcro das ações que envolvem acusados com prerrogativa de foro. Ainda que dura, essa apreciação encontra sólidos fundamentos na realidade. Ao longo dos últimos três anos, foram muitas as evidências de que existe um descompasso entre o ritmo, que diríamos normal, dos processos penais na primeira instância – especialmente em Curitiba, mas não apenas lá – e o passo lento das ações em Brasília.

Até dezembro do ano passado, 120 condenações decorrentes da Lava Jato haviam sido proferidas na primeira instância. Já o STF ainda não deu nenhuma sentença no âmbito da operação. Não há sequer um processo concluso para julgamento. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), até o final do ano passado, o que havia da Lava Jato na Suprema Corte eram 15 denúncias, 18 inquéritos abertos e 3 ações penais, com 48 acusados. Na primeira instância, 259 pessoas já foram acusadas.

Crise no Fies é monumento ao populismo

• Colocado a serviço de interesses políticos e eleitorais, o crédito educativo passou a ser distribuído a partir de critérios demagógicos, e teve de ser reduzido

A mistura de voluntarismo com demagogia é infalível. Quando aplicada à economia, sempre produz dois efeitos: no início, euforia; depois, crise e ruína. A virtual quebra da Petrobras, em meio ao assalto do petrolão e a delírios estatistas, seguiu este roteiro. Entre bravatas nacionalistas e bilhões investidos na base da “vontade política”, sempre em nome do povo brasileiro, a estatal foi empurrada para o precipício. Não desabou por ter ligação umbilical com o Tesouro.

Há incontáveis exemplos, nos 13 anos da era lulopetista, de desastres plasmados pelo populismo. Um deles, ainda em curso, é o estouro do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), subsidiado pelo governo federal para conceder crédito a alunos de universidades particulares, sem renda para arcar com as mensalidades.

Avanço conservador – Editorial | Folha de S. Paulo

Em tempos normais, a controvérsia em torno da escolha de um juiz para a Suprema Corte dos EUA seria limitada à regulação de temas sensíveis como as liberdades individuais, o direito ao aborto e a situação dos imigrantes —o que já não seria pouco. Não vivemos, entretanto, tempos normais.

Prenuncia-se, com efeito, um exame extremamente conturbado da indicação de Neil Gorsuch para substituir o conservador Antonin Scalia na mais alta instância da Justiça americana. E não apenas porque seu nome foi indicado por Donald Trump.

Na oposição, os democratas entendem que essa cadeira na corte lhes foi surrupiada. Scalia morreu um ano atrás, mas os republicanos, majoritários no Senado, recusaram-se a considerar o indicado de Barack Obama. A desforra agora prometida deverá acirrar ainda mais a polarização no Legislativo e na sociedade do país.

Era das taxas de juros muito baixas está perto do fim – Editorial | Valor Econômico

Os ventos da economia global estão mudando e sopram em direção a um período de maior crescimento, maior inflação e taxas de juros crescentes. Essa tendência, reforçada pelas estatísticas de produção industrial e emprego das maiores economias do mundo em janeiro, precede as intenções do presidente americano Donald Trump de reforçar a economia dos EUA com uma dose forte de cortes de impostos e gastos em infraestrutura. A ações de Trump, porém, serão determinantes para confirmar ou evitar o grande risco: o de que a mudança de perspectivas de inflação e juros ocorra abruptamente e de forma desordenada.

Com a ascensão de Trump, o Brexit e o avanço do nacionalismo xenófobo na Europa, os riscos políticos estão em alta. Mas, depois de quase uma década de políticas monetárias ultra-expansionistas, a recuperação dos EUA, em primeiro lugar, e, agora da zona do euro, se firmaram. Pelos dados do PIB, a União Europeia está crescendo a um ritmo até superior ao dos EUA - 1,7% e 1,6%, respectivamente, no último trimestre de 2016 -, embora a economia americana exiba melhor forma há mais tempo do que a europeia, que ainda convalesce com baixa demanda e bancos problemáticos.

Freire defende voz ativa da sociedade civil no Conselho Superior de Cinema

O ministro da Cultura, Roberto Freire, abriu, nesta terça-feira (31), a primeira reunião deste ano do CSC (Conselho Superior de Cinema), na qual foram apresentados e tomaram posse os 18 novos membros que comporão o colegiado durante o biênio 2017-2018. Na abertura do evento, Freire destacou a necessidade de mudanças no segmento do audiovisual com base em discussões democráticas e uma atuação mais forte dos representantes da sociedade civil, para realizar as reformas necessárias e redefinir caminhos.

“Fizemos um trabalho de intenso e profícuo diálogo com o setor e com a sociedade para termos uma presença maior e, se possível, mais representativa dos cineastas brasileiros, que estavam um pouco ausentes na composição do Conselho. Conseguimos êxito, temos um colegiado de alta qualidade, não pretendo que seja um conselho de imposições ou de fácil consenso”, afirmou Freire, em seu discurso de abertura.

Além de dar posse aos novos integrantes do CSC, selecionados pelo governo com base em listas tríplices enviadas por cada entidade representativa do segmento audiovisual, serão discutidos ao longo desta terça (31) o desenvolvimento da indústria brasileira de games, os serviços de VoD (Vídeo on Demand) e a Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional).

“É tempo de mudança, por isso, precisamos ser reformistas para retomar a capacidade de definir novos rumos para a sociedade. O audiovisual brasileiro precisa enfrentar o processo de mudança de acordo com o contexto nacional”, destacou o ministro.

Para o secretário-executivo do MinC (Ministério da Cultura), o cineasta João Batista de Andrade, é preciso realizar as mudanças “sem perder uma unha sequer das conquistas”. “Para isso, é preciso confiança e adesão por parte dos cineastas”. Andrade, que participou do processo de criação da Ancine (Agência Nacional do Cinema), destacou que o ministério busca trabalhar com uma visão abrangente da cultura e de uma política cultural democrática que discuta temas como a recuperação de instrumentos e instituições fundamentais para a cultura brasileira. Ele citou como exemplos a Biblioteca Nacional, a Cinemateca Brasileira e a Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Olinda, do alto do mosteiro, um frade vê - Carlos Pena Filho

(A Gilberto Freyre)

De limpeza e claridade
é a paisagem defronte.
Tão limpa que se dissolve
a linha do horizonte.

As paisagens muito claras
não são paisagens, são lentes.
São íris, sol, aguaverde
ou claridade somente.

Olinda é só para os olhos,
não se apalpa, é só desejo.
Ninguém diz: é lá que eu moro.
Diz somente: é lá que eu vejo.

Tem verdágua e não se sabe,
a não ser quando se sai.
Não porque antes se visse,
mas porque não se vê mais.

As claras paisagens dormem
no olhar, quando em existência.
Diluídas, evaporadas,
Só se reúnem na ausência.

Limpeza tal só imagino
Que possa haver nas vivendas
das aves, nas áreas altas,
muito além do além das lendas.

Os acidentes, na luz,
não são, existem por ela.
Não há nem pontos ao menos,
nem há mar, nem céu, nem velas.
Quando a luz é muito intensa
é quando mais frágil é:
planície, que de tão plana
parecesse em pé.