terça-feira, 23 de maio de 2017

Opinião do dia – Geraldo Alckmin

"Neste momento acho que não seria correto para com o país, em razão de um fato, sair. Vamos ver os desdobramentos desse fato e qual a solução. Temos que participar, ajudar na solução.

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Geraldo Alckmin é governador de S. Paulo, Valor Econômico, 23/5/2017

Temer recua em pedido de suspensão de inquérito

Temer recua de pedido para suspender inquérito contra ele no Supremo

Defesa de presidente se diz atendida com decisão do STF para que seja realizada perícia em áudio e apresenta análise própria

Isadora Peron e Breno Pires, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O advogado Gustavo Guedes afirmou nesta tarde de segunda-feira, 22, que a defesa do presidente Michel Temer entrou com um novo pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o inquérito contra o peemedebista não seja mais suspenso. A declaração foi dada após um encontro com o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte.

Segundo Guedes, a defesa se sentiu atendida com o deferimento do pedido para que fosse realizada uma perícia no áudio da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS. “Eu vim dizer (a Fachin) que, diante desse deferimento, não víamos mais a necessidade de suspender o processo e que o presidente quer que esse assunto seja resolvido o mais rápido possível”, disse.

Risco de derrota no STF dita mudança de estratégia de Temer

Recuo em relação a pedido no Supremo ocorre após governo avaliar que decisão desfavorável no plenário poderia decretar fim do governo

Vera Rosa e Beatriz Bulla | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A mudança da estratégia jurídica de Michel Temer começou a ser discutida no fim de semana, quando o presidente percebeu que um julgamento desfavorável do pedido de suspender o inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) poderia ser uma sentença de morte e decretar o fim antecipado de seu governo.

Depois que as cúpulas do PSDB e do DEM tomaram o veredicto do plenário do STF – antes marcado para amanhã – como parâmetro para a decisão de permanecer ou não na base aliada, Temer viu que a tática até então estabelecida havia se tornado uma armadilha.

Governo desarma a própria armadilha

Marcelo de Moraes | O Estado de S.Paulo

Depois de se recuperar do impacto gigantesco causado pela delação dos executivos da JBS, o governo conseguiu um mínimo de reorganização nas últimas 48 horas. Foi o suficiente para enxergar que tinha montado uma armadilha contra si próprio, ao apresentar recurso no Supremo pedindo a suspensão do inquérito contra o presidente Michel Temer.

Perito contratado por Temer diz que áudio deveria ser 'jogado no lixo

Perito contratado por Temer diz ter certeza de que PF vai identificar falhas técnicas

Ricardo Molina afirma que espera que Polícia Federal siga 'rumo normal de uma conclusão pericial'

Carla Araujo e Renan Truffi | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O perito Ricardo Molina, contratado pela defesa do presidente Michel Temer para questionar os áudios gravados pelo executivo da JBS, Joesley Batista, e que respaldam o pedido de inquérito contra o presidente, disse na noite desta segunda-feira, 22, que tem certeza de que a Polícia Federal vai identificar falhas técnicas no material e que do ponto de vista técnico a gravação não pode ser considerada autêntica. “Eu tenho certeza de que a Polícia Federal vai ver isso.”

'Não podemos jogar o País numa aventura', diz Jereissati

Presidente do PSDB evita falar sobre permanência do partido no governo, mas afirma que julgamento no TSE de chapa seja 'mais relevante'

Vera Rosa | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse nesta segunda-feira, 22, que as delações da JBS contêm “denúncias gravíssimas”, com desdobramentos imprevisíveis. Tasso evitou ser taxativo quanto à permanência do PSDB na base aliada do presidente Michel Temer, mas afirmou ser preciso afastar uma “aventura” no País.

“Num momento como este, não podemos jogar o País numa aventura”, insistiu o tucano. Antes de ser informado de que Temer havia mudado sua estratégia jurídica, desistindo do pedido de suspensão do inquérito contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF), Tasso mostrou desapontamento ao saber que a Corte não iria mais julgar o caso nesta quarta-feira, 24.

'Se quiserem disputar as eleições, se preparem em 2018', diz Jucá em defesa de Temer

Líder do governo no Senado afirma que presidente não vai renunciar porque 'não há motivo para renúncia'

Julia Lindner e Isabela Bonfim | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), fez nesta segunda-feira, 22, o seu primeiro pronunciamento no plenário após a crise envolvendo o presidente Michel Temer. Ele reforçou que Temer não irá renunciar "porque não há motivo para renúncia". "O cargo de presidente da República não vai ficar vago. Se as oposições quiserem disputar as eleições, se preparem para disputar as eleições em 2018, dentro do calendário constitucional", declarou na tribuna.

Jucá contou que passou o final de semana conversando com Temer e que ele não tem medo das investigações. O líder do governo avaliou ainda que o presidente respondeu "com firmeza" as questões que foram colocadas nos últimos dias. Temer é investigado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.

Áudio é imprestável, diz perito de Temer; defesa retira recurso

Contratado por Temer, Molina diz que áudio não pode ser usado como prova

BRASÍLIA - Contratado pela defesa de Michel Temer, o perito Ricardo Molina disse nesta segunda-feira (22) que a PGR (Procuradoria-Geral da República) é "ingênua" e "incompetente" ao utilizar a gravação de uma conversa entre Joesley Batista com o presidente como prova para abrir um inquérito contra o peemedebista.

Segundo o perito, o gravador usado pelo empresário da JBS é "vagabundo" e "não é possível" garantir que a gravação seja "autêntica", portanto, argumenta Molina, o áudio não pode ser utilizado como prova judicial.

"O que tem no laudo [da PGR sobre a gravação] é coisa de gente que não sabe mexer em áudio", disse o perito. "Não vou citar nomes, mas conheço quem assina [o documento da PGR] e, se colocarem eles aqui na minha frente, vão começar a gaguejar".

No documento apresentado pela PGR é dito que a gravação foi analisada de forma "preliminar, submetido a oitiva sob a perspectiva exclusiva de percepção humana". "Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi verificar se os diálogos existentes nos áudios estão inteligíveis e, se numa análise meramente perfunctória, os arquivos possuem ou não características iniciais de confiabilidade".

PGR busca focar denúncia contra Temer em propina entregue a assessor

Letícia Casado, Reynaldo Turollo Jr. Fábio Zanini | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A PGR (Procuradoria Geral da República) busca denunciar o presidente Michel Temer ao STF (Supremo Tribunal Federal) com base na mala de dinheiro entregue pela JBS ao deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e na relação de Temer com o coronel João Baptista Lima Filho, citado nas delações.

Segundo a Folha apurou, procuradores consideram que a gravação da conversa entre Temer e o empresário da JBS Joesley Batista, feita em 7 de março no Palácio do Jaburu, é dispensável para a continuidade do processo.

Temer desiste de suspender inquérito no STF

Gustavo Uribe, Bruno Boghossian, Daniel Carvalho, Letícia Casado | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Ao mesmo tempo em que desistiu de pedir no Supremo Tribunal Federal a suspensão do inquérito aberto contra ele após as delações do grupo JBS, Michel Temer recrudesceu o esforço para tentar, no Congresso, se reerguer da pior crise de seu governo.

O presidente mobilizou líderes de partidos governistas e pediu empenho para aprovar, nas próximas duas semanas, um pacote de medidas econômicas que consigam recuperar o apoio de organizações da sociedade civil e do mercado financeiro.

A defesa de Temer pedia ao STF a suspensão da investigação –sob suspeita de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa– enquanto não fosse feita uma perícia na gravação de uma conversa entre o presidente e o empresário Joesley Batista em que,
segundo a Procuradoria-Geral da República, o peemedebista dá aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.

Temer desiste de suspender inquérito e ataca gravação

Perito contratado pelo presidente tenta desqualificar fita de dono da JBS

OAB prepara pedido de impeachment e afirma que, independentemente de ter havido ou não edição na gravação da conversa no Jaburu, o diálogo entregue ao MP indica que Temer cometeu crime de responsabilidade

Depois de apostar tudo no julgamento que o Supremo faria na quarta-feira, o presidente Temer desistiu de seu pedido de suspensão do inquérito aberto contra ele. Para evitar uma debandada de aliados a partir de quarta, caso o STF mantivesse o inquérito, Temer reforçou a estratégia de tentar desqualificar o áudio de sua conversa com Joesley Batista, gravada pelo dono da JBS. Contratado pela defesa do presidente, o perito Ricardo Molina disse que a fita tem 70 “pontos de obscuridade” e é “imprestável” como prova judicial, além de afirmar que o MP foi “ingênuo e incompetente”. Outros peritos, como George Sanguinetti e Nelson Massini, contestaram Molina e disseram que, apesar de ruídos e interferências, fica evidente que não há edições na gravação. O presidente da OAB, Claudio Lamachia, anunciou a formalização do pedido de impeachment de Temer e afirmou que, independentemente de ter havido ou não edição no áudio, a conversa indica que o presidente, que não negou a conversa nem os assuntos tratados, cometeu crime de responsabilidade. A OAB cita dois trechos: quando o dono da JBS diz ter a favor dele dois juízes e um procurador, sem que Temer o repreendesse ou denunciasse, e quando Joesley pede ajuda para resolver pendências no Cade.

Temer aciona plano B

Presidente desiste de pedir fim de inquérito após STF condicionar julgamento a laudo da PF

Carolina Brígido e Cristiane Jungblut | O Globo

-BRASÍLIA- Sob risco de ser derrotado no Supremo Tribunal Federal, o presidente Michel Temer mudou de estratégia. Depois de, no sábado, anunciar pedido para suspender inquérito aberto para investigá-lo, ontem Temer desistiu da ideia. A defesa do presidente avisou ao relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin, que não será mais preciso submeter ao plenário do STF o pedido de paralisação da investigação sobre as acusações feitas pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS. Os advogados recuaram por receio de manchar ainda mais a imagem do presidente em meio à crise. Fachin levaria o pedido para a votação do tribunal. Muitos ministros já tinham decidido votar pela continuidade das investigações, o que enfraqueceria Temer ainda mais.

Para perito contratado por Temer, gravação de Joesley é ‘carne podre’

Ricardo Molina afirmou ainda que PGR é incompetente para análise

André de Souza e Jailton de Carvalho | O Globo

-BRASÍLIA- O perito Ricardo Molina apresentou ontem o resultado de uma perícia segundo a qual a gravação feita pelo empresário Joesley Batista, em conversa com o presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, deveria ser jogada no lixo. Contratado pela defesa de Temer, Molina disse que há mais de 50 pontos com problemas, o que indica que houve edição e que a gravação está “nitidamente corrompida” .

Foi esse áudio, captado por Joesley sem o conhecimento de Temer, que levou o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a abrir um inquérito contra o presidente por corrupção, obstrução de justiça e organização criminosa. Na última sexta-feira, numa avaliação parcial, Molina disse concordar com a Procuradoria-Geral da República (PGR), autora do pedido de investigação, que disse haver uma sequência lógica na conversa.

Aliados veem em julgamento do TSE dia-chave

Governo dá início a estratégia para demonstrar força no Congresso e combater desgaste causado por denúncia

Catarina Alencastro, Cristiane Jungblut, Eduardo Barretto, Eduardo Bresciani e Junia Gama | O Globo

-BRASÍLIA- Apesar de ter aberto mão da antecipação de seu dia D no Supremo, ao desistir do recurso para suspender o inquérito aberto contra ele, os principais partidos da base já consideram que dentro de duas semanas haverá outro diachave para o governo: o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a chapa presidencial Dilma-Temer. Se cassada a chapa, Temer tem que deixar o cargo de presidente. Para tentar ganhar força até lá, o governo deu início ontem a uma estratégia para demonstrar força no Congresso para aprovar medidas econômicas importantes.

— A situação continua da mesma forma intranquila e de insegurança enorme. Temos que sentir rapidamente se há ambiente para continuar votando as reformas. Mas tem outra data chave: o dia 6 de junho. Acho que estamos nas mãos dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Se eles decidirem caçar a chapa é um indicativo de que esse governo perdeu a sustentação — avaliou o deputado Marcos Montes, líder do PSD.

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), foi cuidadoso ao ser indagado se o partido manteria o apoio ao governo e disse que o melhor, para os tucanos, é acompanhar as decisões judiciais do STF e pelo TSE. Nos bastidores, caciques do PSDB apostam na cassação da chapa presidencial junto ao TSE como saída honrosa para que Temer deixe a Presidência da República.

Lula denunciado no caso do sítio de Atibaia

A Lava-Jato denunciou o ex-presidente Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia. Segundo o MPF, Lula recebeu propina de empreiteiras em forma de obras no sítio, do qual seria o real proprietário. Outras 12 pessoas foram denunciadas, entre elas, Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro. O dinheiro para as reformas foi relacionado a desvios na Petrobras.

Lula é denunciado por lavagem e corrupção

Lava-Jato aponta crimes relacionados às obras do sítio em Atibaia; outras 13 pessoas também responderão

Cleide Carvalho, Gustavo Schmitt e Dimitrius Dantas | O Globo

-SÃO PAULO- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado pela terceira vez à Justiça Federal do Paraná por corrupção e lavagem de dinheiro, agora relacionadas ao sítio de Atibaia (SP). Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, o gasto de R$ 1,020 milhão com obras do imóvel, para adequá-lo à família Lula, foram pagos de forma oculta pelas empreiteiras Odebrecht, OAS e Schahin.

As empreiteiras OAS e Odebrecht teriam repassado R$ 870 mil para construção de anexo e benfeitorias no sítio, incluindo móveis para a cozinha. Outros R$ 150 mil são atribuídos a propinas decorrentes de contratos do Grupo Schahin, com reformas conduzidas pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. Bumlai foi condenado na Lava-Jato por ter emprestado seu nome para um empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin ao PT.

Lula e familiares teriam recebido ao menos R$ 82 milhões

Valor é ainda maior se considerado extrato de Joesley, de US$ 70 milhões

Também presente nas denúncias feitas por Joesley Batista, da JBS, o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva soma pelo menos R$ 82 milhões em vantagens indevidas que ele e seus familiares são acusados de receber no esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato. Segundo cálculo feito pela revista “Época”, essa quantia foi obtida “em vantagens indevidas — bens ou pagamentos ilegais.” O montante, porém pode ser maior porque foi somado antes da delação de Joesley, que afirmou ter separado US$ 70 milhões de propina em uma conta cujos extratos eram, segundo o empresário, de conhecimento de Lula.

Caso JBS ficará de fora do julgamento do TSE

Por Fabio Murakawa, Maíra Magro, Luísa Martins, Rafael Bitencourt e Juliano Basile | Valor Econômico

BRASÍLIA E WASHINGTON - As informações contidas na delação da JBS não serão consideradas nos autos do julgamento da chapa Dilma-Temer, marcado para o dia 6 de junho pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Informação de uma fonte do tribunal, antecipada ontem pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, indica que as revelações feitas pelo empresário Joesley Batista podem "influenciar indiretamente" a decisão da corte a respeito do destino de Michel Temer, mas não serão incluídas nos autos.

Antes do escândalo desencadeado pela delação, a expectativa era a de que o tribunal votasse pela permanência de Temer no cargo, seguindo a orientação que se espera do relator do caso na corte, ministro Herman Benjamin. A expectativa, agora, é que sob a influência do novo escândalo o tribunal decida por destituir o presidente.

Supremo aguarda perícia para tomar decisão sobre Temer

Por Luísa Martins, Maíra Magro e Rafael Bitencourt | Valor Econômico

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) só vai decidir sobre a continuidade ou suspensão do inquérito contra o presidente Michel Temer depois de concluída uma perícia oficial no áudio da conversa comprometedora gravada pelo empresário Joesley Batista.

O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF, determinou o encaminhamento das gravações à perícia da Polícia Federal. O ministro manifestou que a Corte só tomará uma decisão sobre o andamento do inquérito após o resultado da avaliação oficial. Fachin poderá decidir sozinho ou manter a ideia inicial de encaminhar o tema ao plenário.

Ontem, a defesa de Temer divulgou um laudo encomendado ao perito Ricardo Molina atestando que o áudio conteria 70 "obscuridades", que impediriam qualquer chance de atestar sua veracidade - o que, segundo Molina, invalidaria o uso da conversa como prova judicial.

Joesley teria omitido trecho em que falou com presidente sobre temas pessoais

Por André Guilherme Vieira | Valor Econômico

SÃO PAULO - A gravação da conversa de Joesley Batista com o presidente Michel Temer teria sido editada pelo empresário, de modo a omitir assuntos de natureza pessoal abordados no diálogo. Joesley teria suprimido alguns minutos da conversa, que, originalmente, teve cerca de 10 minutos a mais de duração e não apenas 38 minutos, de acordo com fontes próximas à investigação ouvidas pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor.

"Não há montagem, de modo a alterar a compreensão dos fatos abordados e relacionados ao presidente. Falta um pedaço [da gravação], mas isso não altera a lógica ou a cronologia dos fatos que foram abordados na conversa", garante pessoa a par do caso ouvida reservadamente pela reportagem.

Conforme apurou o Valor, investigadores que atuaram nas delações premiadas firmadas pelos donos da JBS Joesley e Wesley Batista estão seguros quanto à autenticidade da gravação, que ensejou a abertura de inquérito policial para investigar Michel Temer no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de obstrução à Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. O áudio passou por análise preliminar de peritos da PGR, que concluiu que a gravação é "audível" e que o diálogo apresenta "sequência lógica".

PSDB recuou de olho na aliança com o PMDB

Por Maria Cristina Fernandes | Valor Econômico

SÃO PAULO - O velho já morreu mas o novo ainda não pode nascer. Aos interlocutores que o procuram em busca de saídas para a crise, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem lançado mão de Gramsci para situar a encruzilhada em que vive o país. O presidente Michel Temer dificilmente terá condições de reunir apoio político para se manter no poder, mas as alternativas para sua substituição ainda não estão claras. Daí porque o PSDB, que estava a um passo de deixar o governo, recuou. O partido não aposta na proposta de emenda constitucional para a realização de eleições diretas e aguarda os procedimentos para o funcionamento do colégio eleitoral. Da definição de quem pode ser candidato e como se daria a eleição decorrerá a configuração da disputa.

Ao permanecer no governo, o PSDB não fez uma aposta na continuidade do governo Temer, mas na manutenção da aliança com o PMDB. Sem o aliado, o partido não acredita que possa ganhar a disputa no Congresso para se manter no poder e chegar às eleições de 2018 em condições de competitividade. O nome a ser escolhido não terá como atender de maneira equitativa o Congresso, o mercado e a população se as expectativas forem, respectivamente, o freio na Lava-Jato, a aprovação da reforma da Previdência e a retomada do emprego.

"Não seria correto deixar o Temer", avalia Alckmin

Por Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - Em sintonia com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que "não seria correto" o PSDB deixar neste momento o governo do presidente Michel Temer. Alckmin defendeu que o partido tenha "cautela" e espere os desdobramentos das denúncias contra Temer.

"Neste momento acho que não seria correto para com o país, em razão de um fato, sair. Vamos ver os desdobramentos desse fato e qual a solução. Temos que participar, ajudar na solução', disse Alckmin. Questionado por jornalistas se o PSDB vai esperar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a investigação contra Temer, o governador tucano disse apenas: "Vamos aguardar".

A delação que é um escândalo – Editorial | O Estado de S. Paulo

O vazamento da delação de Joesley Batista na semana passada deixou uma vez mais o País profundamente consternado, ao envolver em ações criminosas graduados personagens da vida nacional, a começar pelo presidente da República, Michel Temer. Surpreende que denúncias tão graves tenham sido divulgadas – assumindo, assim, ares de veracidade – sem que nada do que delas consta, e tampouco as circunstâncias que envolvem os fatos, tenha sido averiguado previamente. Tal açodamento foi, no mínimo, irresponsável. Haja vista as consequências da divulgação nos campos político, econômico e financeiro.

A delação do empresário da JBS é escandalosa, e não apenas pelos crimes relatados. As histórias que a cercam são de enorme gravidade, indicando, no mínimo, o pouco cuidado com que se tratou um material com enorme potencial explosivo para o País.

Em primeiro lugar, causa escândalo o fato de que a principal notícia vazada na noite de quarta-feira passada não foi confirmada e, mesmo assim, o Ministério Público Federal (MPF) não fez qualquer retificação. Foi afirmado que um áudio gravado por Joesley Batista provava que o presidente Michel Temer havia dado anuência à compra do silêncio de Eduardo Cunha e de Lúcio Funaro. Ainda que a conversa apresentada seja bastante constrangedora para o presidente Michel Temer pelo simples fato de ter sido travada com alguém da laia do senhor Joesley Batista, das palavras ouvidas não se comprova a alegada anuência presidencial. Ou seja, aquilo que tanto rebuliço vem causando na vida política e econômica do País desde a semana passada não foi comprovado e, pelo jeito, não o será, pelo simples fato de não existir.

Delação de Joesley recebe descabida premiação – Editorial | O Globo

A anistia dos irmãos do grupo JBS pelo Ministério Público recebe críticas, diante da gravidade dos crimes confessados de corrupção

Não está em questão a importância do instrumento da delação premiada para que pessoas físicas e jurídicas ajudem na investigação de crimes, em troca da atenuação de penas. Dispositivo em vigor há muito tempo em vários países, e consagrado pelos resultados positivos que obtém, o mecanismo da “colaboração premiada” foi instituído no Brasil, em 2013, na lei 12.850, sobre organizações criminosas, ironicamente sancionada pela então presidente Dilma Rousseff, cada vez mais enredada em malfeitos apurados pela Lava-Jato devido ao tipo de testemunho instituído por esta lei.

O balanço que a Lava-Jato periodicamente atualiza comprova o êxito da investigação, robustecida pelas delações. Apenas em 2016, a operação, instituída na cidade de Curitiba em março de 2014, levou a que R$ 204 milhões — a mais elevada cifra já recuperada pela Justiça no Brasil —, rapinados na Petrobras, fossem restituídos à estatal. Os números sobre condenações, prisões preventivas, penas lavradas etc. também são retumbantes.

Sobre golpes e eleições – Editorial | Folha de S. Paulo

Nota-se, na militância que ainda chama de golpe o impeachment de Dilma Rousseff (PT), um júbilo revanchista com as agruras agora vividas por Michel Temer (PMDB).

Por natural que seja, tal sentimento não deve deixar de conflitar-se com arraigadas percepções da realidade. Afinal, os setores supostamente culpados pelo naufrágio do poder petista —a Lava Jato, a imprensa, o mercado— desempenham os mesmos papéis de antes.

O aparato policial investiga (não sem alguma dose de abusos), os veículos de comunicação reverberam (além de apresentarem suas próprias apurações e pontos de vista), os agentes econômicos protegem seus interesses. O processo por vezes é cruel, mas mantém-se nos limites do jogo democrático.

Golpe não houve, tampouco está em curso. O impeachment respeitou, ao longo de meses, os ritos jurídicos e legislativos. Nada mais legítimo que Temer, igualmente, valha-se de todos os recursos e garantias legais à sua disposição.

Com Temer acuado, forças políticas discutem transição - Editorial | Valor Econômico

O presidente Michel Temer tornou-se refém da Justiça e busca criar condições favoráveis para permanecer no cargo, após a delação de Joesley Batista. Pode ser uma missão impossível. O centro de gravidade do poder já saiu de suas mãos e está na de seus aliados, em especial o PSDB. Temer já fez três discursos desde que foi alvejado pelo dono da J&F, nos quais combinou indignação, vontade irredutível de não renunciar e argumentos inconvincentes. Com baixo capital político, terá de vencer uma corrida de obstáculos.

O primeiro deles, a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de Temer para suspender o inquérito a seu respeito até que seja feita uma perícia oficial das gravações da conversa entre ele e o empresário, pode ter caído por terra ontem. O inquérito prosseguirá, segundo a presidente do STF, Cármen Lúcia, e o STF só se manifestará quando a PF concluir a perícia, tarefa da qual pode ou não se desincumbir até amanhã.

A responsabilidade da imprensa – Editorial | O Estado de S. Paulo

A tarefa primária da imprensa consiste em fornecer ao leitor informações que lhe permitam formar opinião acerca do mundo em que vive. Da qualidade das informações processadas pelos jornalistas depende, em grande medida, a formação de consensos em torno do que é realmente melhor para o País, muitas vezes a despeito do que querem aqueles que estão no poder ou que lá querem chegar. O jornalismo que, por açodamento, se baseia no que está apenas na superfície e se contenta com o palavrório de autoridades para construir manchetes bombásticas se presta a ser caixa de ressonância de interesses particulares e corporativos, deixando de lado sua missão mais nobre – jogar luz onde os poderosos pretendem que haja sombras.

No dramático episódio das denúncias contra o presidente Michel Temer, feitas pela Procuradoria-Geral da República com base em delação dos empresários Joesley e Wesley Batista, ficou claro, mais uma vez, que o Ministério Público sabe como explorar a ânsia dos jornalistas pela informação de grande impacto.

STF pode rever perdão | Merval Pereira

- O Globo

A anistia prometida aos irmãos Batista pelo Ministério Público Federal (MPF) não deve ser mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a quem cabe a última palavra sobre o assunto. “O Ministério Público não é dono do perdão”, sintetizou um ministro do Supremo ao comentar a péssima repercussão que a anistia a Joesley e Wesley Batista teve na sociedade.

Quando, ao fim do processo, o procurador-geral da República encaminhar ao STF sua conclusão, com os pedidos de penas para os envolvidos e o perdão para os donos da JBS, caberá à Segunda Turma decidir. Neste momento, deverá ser revista a proposta do Ministério Público para adequar a punição ao que diz a legislação. O artigo 13, parágrafo único, diz que “a concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiário e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso”.

Crise existencial | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

O único propósito do governo Temer, sua razão mesma de ser, era promover as reformas que facilitariam a recuperação econômica e permitiriam ao próximo presidente governar sem a faca enfiada muito fundo no pescoço. Temer até que vinha bem. Conseguiu aprovar a PEC do teto de gastos e o socorro aos Estados falidos. Mudanças na legislação trabalhista e na Previdência, apesar de sua impopularidade intrínseca, avançavam. Do lado da economia real, já começavam a surgir tímidos sinais de melhora. Agora, tudo mudou.

A divulgação da fita de Joesley Batista fere, provavelmente de modo mortal, o presidente. No plano jurídico, pelo que foi divulgado até agora, ele até teria como se salvar. Parece haver um festival de vícios em torno da produção e utilização do material fonográfico, que os competentes advogados de Temer saberão explorar.

Estratégia de “desconstrução” | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

Difunde-se a tese de que houve uma conspiração contra Temer, que precisaria ser desmascarada

Com base na má qualidade da gravação de sua conversa com o empresário Joesley Batista, dono da JBS, e brechas abertas pelo Ministério Público Federal ao pedir a abertura de investigações sobre seu envolvimento em atos ilícitos cometidos pelo grupo econômico, o presidente Michel Temer resolveu apostar todas as fichas na anulação da principal prova apresentada contra ele pelos procuradores da Operação Lava-Jato. Ontem, o perito Ricardo Molina, contratado pela defesa de Temer, “desconstruiu” a gravação em entrevista coletiva, qualificando-a de “imprestável”. Foi com base na gravação e em informações prestadas por Joesley e o irmão Wesley Batista que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin autorizou a abertura de inquérito pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.

Bois voadores e a renúncia de Temer | Raymundo Costa

- Valor Econômico

Paralisia do governo é a maior ameaça ao mandato de Temer

Há mais ou menos um ano, quando os partidos costuravam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, avaliava-se que de todos os cenários possíveis e imagináveis o pior era a paralisia do governo. Não deu outra. E não é por outro motivo que o governo corre atrás de parlamentares para tentar votar uma ou outra medida. O verdadeiro teste será a reforma da Previdência.

Uma boa síntese da situação é feita pela LCA: "A delação da Odebrecht não foi capaz de paralisar o governo e o Congresso, mas a da JBS será", analisa a empresa de consultoria. "A paralisia perdurará enquanto Temer permanecer na Presidência". A empresa considera que a renúncia do presidente pode restaurar a governabilidade, mas o fato é que as alternativas à vista cada vez mais apontam para um governo imobilizado até as eleições de 2018.

Mais regras, menos decisões políticas | Joel Pinheiro Da Fonseca

- Folha de S. Paulo

Principal grupo a defender eleições diretas deseja só a volta de Lula

Vivíamos, até quarta passada, os primeiros passos de saída da crise. Inflação sob controle, tímida retomada da atividade econômica e queda do desemprego. O motivo era simples: a confiança de que as importantes reformas em votação no Congresso –trabalhista e previdenciária– seriam aprovadas.

O Brasil entrava nos eixos.

O vazamento da delação de Joesley Batista pareceu programado para sabotar esse futuro. Deu certo. Fica a pergunta: por que às vésperas de importantes votações, e não na sequência? Por que a distorção sensacionalista sobre o real teor do áudio de Temer? Seja qual for o motivo, está claro que a decisão foi política.

O futuro de Temer está nas mãos do TSE, que julgará a cassação da chapa Dilma-Temer a partir de 6 de junho. Os possíveis crimes descobertos agora e a capacidade do presidente de seguir governando não têm rigorosamente nada a ver com as ilegalidades de sua chapa em 2014, mas na prática um determinará o outro.

Tensão na República | Míriam Leitão

- O Globo

Nas conversas gravadas, em qualquer etapa da atual era de escândalos, o que se ouve confirma o temor dos procuradores da Lava-Jato de uma união dos políticos para interromper a operação. Ela hoje parece forte o suficiente para acuar o presidente da República, mas ao mesmo tempo ficou mais vulnerável às críticas pelo acordo da delação superpremiada com Joesley Batista.

Na gravação de Sérgio Machado com o senador Romero Jucá se falou em estancar a sangria. Na conversa entre Joesley e o presidente, o empresário falou, diante de um Temer aquiescente, em controlar juízes e comprar procuradores. Na conversa do senador afastado Aécio Neves com Joesley, ou nas declarações públicas dos ex-presidentes Lula e Dilma, a operação é xingada e tratada como inimiga. Aliás, ela é a inimiga que une os adversários da política.

O destino das reformas | José Márcio Camargo*

- O Estado de S.Paulo

Esperar até o próximo governo para que elas sejam implementadas será um grande desastre

O tsunami político que devastou Brasília na quarta-feira à noite parece ser o único assunto possível. Escrever sobre economia, neste momento, é algo particularmente difícil.

Até quarta-feira à noite, o ambiente no Congresso Nacional quanto à aprovação das reformas era bastante positivo. A reforma trabalhista parecia próxima de ser aprovada pelo Senado e o sentimento em Brasília era de que o governo, em conjunto com organizações da sociedade civil, estava caminhando para conseguir os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência. A forma como a delação premiada da família Batista foi divulgada colocou um freio nessa tendência. Pelo menos no curto prazo.

Existem pelo menos três cenários possíveis.

José | Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

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Carlos Drummond de Andrade, In Poesias, Ed. José Olympio, 1942