quarta-feira, 24 de maio de 2017

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

Qualquer germe de messianismo é perigoso, porque leva no fundo ao autoritarismo. Se eu sou a verdade e tenho a verdade, então eu vou matar quem não é verdade. A democracia exige aceitar o outro, a diversidade. Você não pode ter a pretensão num ponto de partida de que você tem a pretensão absoluta. Os procuradores que tiverem essa posição são contra a democracia, mesmo que eles não saibam.

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Fernando Henrique Cardoso é sociólogo e ex-presidente da República, em entrevista no programa Canal Livre, da TV Bandeirante, domingo, 21/5/2017.

Janot defende delação; Congresso quer CPI da JBS

Janot afirma que delação revelou ‘crimes graves’

Para procurador-geral da República, acordo é ‘muito maior do que áudios questionados’; ministro do Supremo indica que benefícios poderão ser revistos pela Corte

Beatriz Bulla, Breno Pires e Isadora Peron | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em sua primeira manifestação desde que veio à tona a delação da JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu em artigo o acordo firmado com os irmãos Batista. No texto, Janot aponta que a delação é “muito maior que os áudios questionados”, justifica a concessão de imunidade penal aos delatores – que não serão denunciados pelos crimes que revelaram no acordo – e diz estar “convicto” de que tomou a decisão correta.

Desde a semana passada, os benefícios concedidos aos delatores têm sido alvo de crítica e o áudio gravado pelo empresário Joesley Batista em conversa com o presidente Michel Temer vem sendo questionado.

Supremo pode rever benefícios a empresários da JBS, diz Marco Aurélio

Pelo acordo de delação premiada firmado pelo Ministério Público Federal, os irmãos Joesley e Wesley Batista ganharam anistia aos crimes cometidos

Isadora Peron | O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, sinalizou que os benefícios concedidos aos empresários da JBS poderão ser revistos pela Corte. Pelo acordo de delação premiada firmado pelo Ministério Público Federal, os irmãos Joesley e Wesley Batista ganharam anistia total aos crimes cometidos e foram autorizados a residir fora do Brasil.

“Realmente a negociação pode partir do Ministério Público, mas quem fixa os benefícios é o Judiciário. Nesta delação de agora, o ministro Edson Fachin somente homologou o acordo nos aspectos formais, não o conteúdo em si, o conteúdo em si será avaliado pelo órgão julgador, que é o plenário do Supremo”, afirmou Marco Aurélio.

As declarações do ministro foram dadas durante um seminário que discutiu o uso das delações premiadas no País, realizado na noite desta terça-feira pela Uniceub, em Brasília.

Os benefícios concedidos aos empresário da JBS foram criticados no mesmo evento pelo advogado do presidente Michel Temer, que foi gravado por Joesley para a delação. “Não pode, por exemplo, haver benesses para aqueles que delatam. Eles ficam folgados, tomando banho de piscina, explorando o mercado de capitais. Isso é injustificável”, disse o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira.

Alexandre de Moraes defende delação premiada, mas diz que não há ‘salvador da pátria’

Ministro do Supremo considera que delação tem de ter eficácia para merecer benefícios

Isadora Peron | O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Em meio à polêmica do uso da delação premiada contra o presidente Michel Temer, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes defendeu a utilização do instrumento, mas afirmou que o delator não pode ser visto como um ‘salvador da pátria’.

Para ele, está implícito que quem faz um acordo de delação decide colaborar com a Justiça para receber algum benefício. Ele pontuou, no entanto, que esse benefício tem de ser de acordo com a ‘eficácia’ das informações prestadas.

Se Temer cair, vão assumir outros investigados, diz Deltan

Procurador da força-tarefa da Lava Jato avalia que eventual saída do peemedebista, por renúncia, impedimento ou cassação, 'não mudaria em quase nada os rumos da investigação'

Daniel Weterman | O Estado de S. Paulo

O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), afirmou nesta terça-feira que uma eventual saída do presidente Michel Temer (PMDB) da Presidente, por renúncia, impedimento ou cassação, não mudaria em “quase nada” os rumos da Operação Lava Jato.

Ao dar uma entrevista durante o lançamento de seu livro A Luta Contra a Corrupção, na capital paulista, Dallagnol afirmou que mudança de governo não significa fim da corrupção e que outros investigados assumiriam o poder na eventual queda do peemedebista. “Mudança de governo, atualmente, não é nenhum caminho andado contra a corrupção. Se cair Temer, vão assumir outras pessoas que estão sendo investigadas por corrupção”, disse.

STF divulga conversa entre jornalista e fonte em pacote de grampos da JBS

- Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal tornou públicas milhares de conversas interceptadas no inquérito envolvendo a JBS que não foram consideradas relevantes pela Polícia Federal.

Uma dessas conversas traz o jornalista Reinaldo Azevedo, colunista da Folha e então blogueiro da revista "Veja", conversando com uma fonte, a irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andrea Neves.

O diálogo foi interceptado pela Polícia Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República e com autorização do STF, durante as investigações resultantes das delações da JBS. Andrea foi presa na semana passada.

As conversas telefônicas foram grampeadas pela PF em abril. O jornalista não era alvo das investigações –a pessoa grampeada era Andrea, delatada pelos donos da JBS.

Os áudios integram um lote de 2.200 gravações entregues à imprensa na semana passada pela assessoria do STF após o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, decretar o fim do sigilo do caso, na semana passada, a pedido da Procuradoria. Muitas delas não tratam da investigação.

Em seu despacho que abriu os sigilos, Fachin argumenta que a Constituição veda a restrição da publicidade em prol do interesse público, inclusive acima do direito à intimidade dos interessados.
O texto do ministro não menciona a existência de conversas grampeadas com jornalistas nem o direito ao sigilo da fonte, garantido pela Constituição.

O ministro não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a liberação de gravações envolvendo jornalistas e outros casos sem ligação com a investigação.

Procurada, a presidente do STF, Cármen Lúcia, respondeu: "O Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência consolidada no sentido de se respeitar integralmente o direito constitucional ao sigilo da fonte. A presidente do STF reitera o seu firme compromisso, que tem sido de toda vida, de lutar, e agora, como juíza, de garantir o integral respeito a esse direito constitucional".

Divulgação da conversa sem ligação com investigações fere a Constituição

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A divulgação de conversas não relacionadas com investigações criminais está em desacordo com o princípio constitucional que garante a intimidade dos cidadãos.

Quando a conversa se passa entre um jornalista e sua fonte, ela também fere o direto ao sigilo da fonte, garantido pela Constituição.

O Supremo Tribunal Federal tornou públicas milhares de conversas interceptadas no inquérito envolvendo a JBS que não foram consideradas relevantes pela Polícia Federal.

Uma dessas conversas traz o jornalista Reinaldo Azevedo, colunista da Folha e então blogueiro da revista "Veja", conversando com uma fonte, a irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andrea Neves.

O especialista em direito público e professor da FGV Carlos Ari Sundfeld ressalta que o princípio geral da Constituição que determina a publicidade de documentos de julgamentos do Poder Judiciário faz uma ressalva justamente para proteger a intimidade de cidadãos.

STF divulga conversa de jornalista com irmã de Aécio

Reinaldo Azevedo publicou nota em seu blog, no site da revista 'Veja', comunicando seu pedido de demissão, após a divulgação de diálogo com Andrea Neves, que é uma fonte sua

- O Estado de S.Paulo

O ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticou ontem a divulgação, pela própria Corte, de uma conversa entre o jornalista Reinaldo Azevedo e Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, no âmbito da investigação relativa à delação da JBS.

“A lei que regulamenta as interceptações telefônicas é clara ao vedar o uso de gravação que não esteja relacionada com o objeto da investigação. É uma irresponsabilidade não se cumprir a legislação em vigor. O episódio envolvendo o jornalista Reinaldo Azevedo enche-nos de vergonha, é um ataque à liberdade de imprensa e ao direito constitucional de sigilo da fonte”, afirmou o ministro.

STF divulga conversa de jornalista com fonte

Ao tirar o sigilo de conversas gravadas no rastro da delação dos donos da JBS, o STF divulgou não apenas gravações incluídas no inquérito, mas também áudios irrelevantes para a apuração porque envolvem terceiros e não contêm indícios de crimes. Entre os interlocutores de investigados, há também um jornalista, cujo sigilo da fonte é garantido pela Constituição. Procurada, a presidente do STF, Cármen Lúcia, sem explicar a divulgação dos áudios, afirmou em nota: “O Supremo tem jurisprudência no sentido de se respeitar integralmente o direito constitucional ao sigilo da fonte.” Juristas criticaram a divulgação de fitas não incluídas no inquérito.

Supremo divulga conversas de jornalista

Áudios de telefonemas com investigados na Operação Lava-Jato não tinham indícios de práticas de crimes

- O Globo

-SÃO PAULO- Ao retirar o sigilo das investigações da Lava-Jato feitas a partir das delações da JBS, o Supremo Tribunal Federal divulgou também os arquivos de áudio de mais de 2.800 ligações de alvos da operação, em conversas sem nenhuma ligação com a prática de crimes e com pessoas contra quem não pesava nenhum tipo de acusação.

Embora tenha sido o STF que liberou o acesso aos arquivos, ainda não estava claro, até ontem à noite, como nem por quê as conversas tinham sido divulgadas, já que não tinham nenhuma relevância para o caso sendo apurado.

As gravações foram realizadas pela Polícia Federal, com autorização judicial, durante o monitoramento do senador afastado Aécio Neves (PSDB), de sua irmã, Andrea, do deputado federal Rodrigo Rocha Loures e de outros implicados na delação dos donos da JBS.

A revelação de uma conversa do jornalista Reinaldo Azevedo com Andrea Neves o levou a decidir deixar a revista “Veja”, onde tinha um blog havia 12 anos. No diálogo, ele critica uma reportagem feita pela própria revista, que trata de uma conta de Aécio em Nova York, não comprovada até agora.

Duque exibe foto ao lado de Lula

Ex-diretor da Petrobras, Renato Duque entregou à Justiça foto em que aparece abraçado ao já ex-presidente Lula. Segundo a defesa do delator, a imagem é de 2012, numa das três reuniões dele com Lula para discutir contratos da Petrobras e dinheiro para o PT.

Para reforçar denúncia, Duque entrega à Justiça foto com Lula

Ex-diretor afirma que encontro, em 2012, tratou de contratos da Petrobras

Cleide Carvalho | O Globo

-SÃO PAULO- A defesa do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque entregou à Justiça Federal de Curitiba uma foto em que ele aparece abraçado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo os advogados, a fotografia registra um encontro de 2012, que seria um dos três encontros que teve com Lula para tratar de assuntos referentes a contratos da Petrobras e arrecadação de dinheiro para o PT.

Um outro encontro, ainda de acordo com os advogados, foi o que ocorreu no hangar da TAM em Congonhas, quando, segundo Duque, Lula teria perguntado se ele mantinha contas na Suíça. Para comprovar, Duque informou que a reunião ocorreu no dia 2 de junho de 2014 e que viajou do Rio de Janeiro para São Paulo no voo JJ3944 -CGH-SDU e retornou no voo SDU-CGH.

TSE passa a preocupar Planalto, que agora vê risco de cassação

Posição de ministros pode ter mudado após divulgação de áudio de Joesley

Leticia Fernandes e Carolina Brígido | O Globo

-BRASÍLIA- O governo admite que a maré no julgamento do TSE é desfavorável ao presidente Michel Temer. Se antes já havia um “script” mais ou menos definido, dizem seus aliados, no qual valeria a tese da separação das contas, o que salvaria Temer da cassação, agora o cenário “está em aberto”. Ministros que tendiam a votar pela absolvição de Temer, como Napoleão Nunes Maia, podem agora estar na direção contrária, admitem governistas.

Antes de divulgado o áudio da conversa entre Joesley Batista e Michel Temer, a tendência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) era condenar a ex-presidente Dilma Rousseff e absolver Temer. A maioria dos ministros acreditava que não era papel da Corte agravar ainda mais a crise política e econômica. Depois da delação da JBS, os ministros começaram a fazer nova avaliação. Mesmo sem a inclusão das novas provas no processo, ficou insustentável absolver o presidente na sessão marcada para o próximo dia 6.

Temer já enfrenta perda de apoio no Congresso

Resistência ao presidente dificulta votações e provoca tumulto no Senado

Para não ser derrotado, governo manobra e inverte pauta de votações na Câmara; senadores da base e da oposição brigam em debate sobre reforma trabalhista; parlamentares já discutem nomes para crise

Investigado em inquérito no STF por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa, o presidente Temer já enfrentou dificuldades no primeiro dia de votações após a delação dos donos da JBS. O enfraquecimento político ficou claro na Câmara, onde, para não ser derrotado, o governo teve de inverter a pauta e começar votando a MP que autoriza saques de contas inativas do FGTS, que tem apoio da oposição. O texto foi aprovado em meio a gritos de “Fora, Temer”. No Senado, o clima de guerra foi na Comissão de Assuntos Econômicos, onde, com ameaças entre parlamentares, Tasso Jereissatti deu como lido o relatório de Ricardo Ferraço sobre a reforma trabalhista. Embora não admitam publicamente, líderes da base já discutem um nome de consenso para substituir Temer.

Governo sitiado

Aos gritos de ‘Fora, Temer’, resistência ao presidente cresce no Congresso até em votações simples

Cristiane Jungblut, Barbara Nascimento e Leticia Fernandes | O Globo

BRASÍLIA - O enfraquecimento político do governo foi evidenciado ontem no Congresso no primeiro dia de votações desde que veio à tona a delação da JBS atingindo em cheio o presidente Michel Temer. Para evitar os riscos de não aprovar nenhuma matéria, deixando explícito o imobilismo político do país, o governo foi obrigado a fazer manobras nas duas casas legislativas. Na Câmara, o Planalto precisou inverter toda a pauta de votação para colocar como primeiro item a apreciação da popular medida provisória que permite ao trabalhador brasileiro sacar o FGTS de contas inativas — que tinha até apoio de ferrenhos oposicionistas. No Senado, atropelou para considerar lido o relatório sobre a reforma trabalhista.

Base aliada vê desfecho próximo e já se prepara para o pós-Temer

PSDB e DEM avaliam que presidente pode influir na própria sucessão

Júnia Gama e Catarina Alencastro | O Globo

-BRASÍLIA- A base aliada do presidente Michel Temer já pensa no dia seguinte à possível vacância da Presidência da República e inicia negociações e estratégias para a sucessão via eleições indiretas. Para pessoas próximos a Temer, ganhou força a visão de que o processo de cassação da chapa presidencial no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é a saída honrosa de que o peemedebista precisa para deixar o cargo.

O julgamento está previsto para começar no dia 6 de junho e é, nos bastidores, a principal aposta de integrantes da base, principalmente do PSDB, que consideram a permanência de Temer insustentável.

Oposição sem bússola

Lydia Medeiros | O Globo

A oposição perdeu o rumo (e os modos) nos últimos dias. Briga por eleições diretas, mas tem emissários nas discussões para a definição de um substituto para Michel Temer numa eleição indireta. 

No Senado, em nome dos trabalhadores, interrompeu aos gritos e com truculência a sessão de uma comissão que tratava da reforma trabalhista. Não adiantou. Já na Câmara, para tentar impedir qualquer vitória do agonizante governo Temer, obstruiu, sem sucesso, a votação de medida provisória que permite o saque das contas de FGTS — o dinheiro dos trabalhadores. 

E, um dia depois de Lula ser alvo da sexta denúncia por lavagem de dinheiro e corrupção, Renato Duque, o ex-diretor da Petrobras, divulgou fotos que comprovam encontros com o ex-presidente.

PSDB e DEM fazem apostas pós-Temer

Partidos debatem nome comum para o lugar do presidente capaz de barrar eleição direta

Vera Rosa | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O agravamento da crise política fez o PSDB e o DEM intensificarem as articulações de bastidores na tentativa de barrar a possibilidade de eleição direta para substituir o presidente Michel Temer.

Em conversas reservadas, dirigentes das duas siglas avaliam que, caso a coalizão de apoio a Temer não apresente uma alternativa de poder, o movimento por “diretas já” pode ganhar força, com “risco” de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar ao Palácio do Planalto.

Nesta terça-feira, 23, a base aliada conseguiu adiar a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara do relatório favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das eleições diretas para o caso de vacância da Presidência. O projeto, mais tarde, foi retirado da pauta.

Base vê saída de Temer e já negocia eleição indireta

Aliados já elaboram planos para a sucessão de Temer

Igor Gielow, Bruno Boghossian | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, BRASÍLIA - Liderados pelo PSDB, partidos aliados ao PMDB na sustentação do governo de Michel Temer consideram que o presidente perdeu as condições de ficar no cargo, e já fizeram chegar a ele essa avaliação de forma reservada.

Pelo roteiro elaborado até aqui, sujeito a revisões dada a imponderabilidade da crise, como o peemedebista resiste em renunciar na esteira da delação da JBS na Operação Lava Jato, a solução será contar com a cassação da chapa eleita em 2014 pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Até aqui, havia a expectativa de que o TSE "mataria no peito" e livraria Temer de punição, apesar das provas reunidas no processo que será julgado no próximo dia 6.

Alckmin veta movimento anti-Temer em diretório de SP

Pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2018, governador ganha espaço no partido com afastamento de Aécio

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

Com o afastamento do senador Aécio Neves do comando nacional do PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, principal adversário do tucano mineiro na legenda, afinou o discurso com a cúpula nacional do partido e se aproximou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apontado por tucanos paulistas como o “nome ideal” para disputar uma eventual eleição indireta.

Nesta segunda-feira, 22, Alckmin barrou um movimento do diretório paulista do PSDB que ameaçava pedir a renúncia de Temer. Os diretórios tucanos do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já se posicionaram em defesa da renúncia de Temer e há forte pressão tucana na Câmara para que o partido siga esse caminho.

Moreira ataca articulações para sucessão de Temer

Por Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - No térreo, o Palácio do Planalto está cercado por soldados da Polícia do Exército. No terceiro andar, onde fica o gabinete do presidente da República, a maior preocupação de Michel Temer é com o cerco dos aliados, especialmente do PSDB. Cauteloso, o presidente, sitiado entre manifestantes e aliados, prefere não tocar publicamente do assunto. Mas Moreira Franco, ministro da Secretaria Geral da Presidência e um de seus mais próximos conselheiros abre o jogo: o lançamento de candidatos à sucessão de Temer é uma "precipitação", até porque a renúncia não é "fato consumado".

Moreira é um dos raros conselheiros do presidente conversar sobre a hipótese da renúncia, assunto que é tratado no palácio como corda em casa de enforcado. "Magalhães Pinto [dono do antigo Banco Nacional, ex-governador de Minas, ex-senador, um dos ícones da política nacional] há muitos anos atrás dizia que o fato político é como nuvem, adquire ao longo da trajetória configuração até estética diferente", diz. "O que vai acontecer, não sei. Hoje não existe [a hipótese da renúncia de Temer]. Em não existindo é uma precipitação, é um açodamento já ficar estimulando candidaturas, nomes de possíveis candidatos".

Sem rumo – Editorial | O Estado de S. Paulo

São um insulto aos brasileiros de bem e um escárnio da Justiça os termos da colaboração premiada assinada entre o sr. Joesley Mendonça Batista e a Procuradoria-Geral da República (PGR), já que acintosa e escandalosamente benéficos ao delator. Depois de ter praticado graves e inúmeros crimes, o sr. Joesley recebeu tão somente uma multa de R$ 110 milhões, que, diante do seu patrimônio, é irrisória.

Atônito ficou o País ao saber que o Ministério Público (MP) se comprometeu a não oferecer denúncia contra o sr. Joesley em relação a qualquer dos crimes delatados, em frontal desobediência à lei, que veda esse tipo de benefício aos que são líderes de uma organização criminosa (Lei 12.850/2013, art. 4.º, § 4.º, I). Não era necessária especial sagacidade à Procuradoria para atinar que o sr. Joesley era, de fato e de direito, o líder da organização criminosa. Nos vídeos gravados pela PGR, a fala do sr. Joesley é explícita a respeito de quem tinha a voz de comando na operação, definindo o que fazer e o que não fazer.

Caso JBS desmente operação teleguiada anti-PT – Editorial | O Globo

A delação de Joesley, ao citar Aécio Neves, confirma o caráter multipartidário da corrupção, e ainda ajuda a invalidar discurso de que o alvo único é o lulopetismo

O mensalão do PT, denunciado em 2005 por um de seus beneficiários, o então deputado fluminense Roberto Jefferson, surgiu multipartidário. Por ser um esquema de compra literal de apoios para a montagem da base parlamentar no primeiro mandato de Lula, ele, necessariamente, enredaria várias legendas.

E foi por isso que, entre os mensaleiros denunciados ao Supremo, além de petistas, havia um bom número de representantes do PP, do PTB e do PL, depois rebatizado de PR, após juntar-se ao Prona.

Até pelo estilo de fisiologismo selvagem adotado pelo lulopetismo na cooptação de partidos, organizações da sociedade e movimentos ditos sociais, aquela aliança espúria costurada na campanha de 2002 e lançada no mensalão só fez se ampliar. Com os bilhões surrupiados da Petrobras em conluio com empreiteiras, e a pulverização partidária, a festa cresceu.

Todos os homens... – Editorial | Folha de S. Paulo

Mais caro dos estádios erguidos para a Copa de 2014, o faraônico Mané Garrincha revelava-se, desde o início, evidente desperdício de dinheiro público. Seu custo, de R$ 1,6 bilhão, era ainda mais absurdo quando cotejado com o pífio público do futebol de Brasília.

Três anos depois, a gravidade do caso ganha novo patamar —uma investigação de superfaturamento e propinas na obra levou à prisão, nesta terça-feira (23), dos ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda (DEM, hoje no PR) e Agnelo Queiroz (PT).

Outro preso, o peemedebista Tadeu Filippelli, ex-vice de Agnelo, teria merecido pouco mais que uma discreta menção no noticiário não fosse a circunstância de figurar, até então, em uma seleta lista de auxiliares diretos do presidente Michel Temer (PMDB).

Crise política pode retardar a reação do mercado de trabalho – Editorial | Valor Econômico

A crise política que eclodiu com a delação da JBS pode pôr a perder os primeiros sinais de recuperação do mercado de trabalho, caso coloque a economia em ponto morto, como tudo indica, ou até em marcha a ré. Os primeiros indicadores positivos no emprego em três anos foram capturados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, que registrou em abril a criação de 59,8 mil postos. O resultado ficou abaixo do que alguns especialistas esperavam, mas foi o melhor para o mês desde 2014. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), por exemplo, projetava criação de 80 mil vagas em abril.

Agulha no palheiro | Merval Pereira

- O Globo

A confusão ocorrida ontem no Congresso só demonstra que é necessário que as forças políticas que apoiam as reformas cheguem a um acordo sobre o futuro, sem o presidente Michel Temer, o mais rápido possível. O país não pode esperar uma definição espontânea do próprio presidente, pois ele já não tem condições políticas para liderar o governo, e a essa altura, necessariamente, está pensando mais em safar-se e aos seus mais próximos do que em governar.

Oque aconteceu ontem foi o resultado de uma ação descoordenada de partidos que formam a maioria momentânea no Congresso para tocar em frente um plano de governo que corresponde ao anseio majoritário, mas que perdeu o timoneiro que, bem ou mal, conduzia o barco. O rumo está sendo mantido, mas não o será por muito tempo se não for encontrada uma solução de consenso que permita seguir em frente sem os obstáculos que agora se apresentam.

Vamos falar Globo? | Marcelo Coelho

Sem vozes divergentes, Globo embarca em precipitações no caso Temer

Por essa os adversários de Michel Temer não contavam. Veio da Rede Globo o noticiário que torna praticamente inviáveis as reformas liberais de seu governo.

Surgem algumas tentativas de explicação. No mesmo dia da denúncia, alguém no Facebook postava que o propósito da Globo era tirar Temer para... fortalecer Aécio Neves!

Como o senador tucano resistiu menos ainda às notícias, há quem elabore uma nova teoria. Sabendo que Michel Temer não tem popularidade para fazer mudanças na Previdência, a poderosa emissora resolveu sacá-lo do Planalto para eleger a ministra Cármen Lúcia, do STF.

Faz-se qualquer raciocínio, como se vê, para evitar uma admissão bastante simples: a Globo trouxe alegrias à esquerda, e promoveu para Lula e Dilma uma vingança com que eles jamais poderiam ter sonhado.

Só cai com o substituto | Vera Magalhães

- O Estado de S. Paulo

O suporte que o PSDB, em consórcio com DEM e PSD, dá à permanência de Michel Temer na presidência é precário. O partido e seus aliados fazem, nos bastidores, uma triagem para encontrar um nome de consenso capaz de assumir a presidência caso o peemedebista se inviabilize.

E, paralelamente a isso, costuram um acordo para que o escolhido se comprometa com a manutenção das reformas e a permanência dos nomes-chave da equipe econômica.

Essas premissas afastam, numa primeira análise, Henrique Meirelles como opção para o lugar de Temer. Ele teria um papel importante para manter a confiança - interna e externamente - na capacidade de tocar adiante a pauta econômica mesmo em caso de queda do segundo presidente em um ano.

É apenas o começo| Luiz Carlos Azedo

– Correio Braziliense

A crise político-institucional está só começando. Sua duração e gravidade são imprevisíveis. De pronto, não há a menor possibilidade de estabilizar a situação política antes do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), programado para os dias 6, 7 e 8 de junho. Até lá a “pinguela” da transição, como diria o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, vai balançar, e muito.

Os sintomas de que a crise se agrava foram vistos ontem nas sessões da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que apreciava uma emenda constitucional que propõe a convocação de eleições diretas, e da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, na qual foi apresentado o parecer sobre a reforma trabalhista, do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). As duas sessões mostraram que, até o dia do julgamento, o governo terá que enfrentar uma corrida de obstáculos no Congresso e muitos ataques especulativos.

Supremo de todos os Poderes | Rosângela Bittar

- Valor Econômico

Congresso resistirá e solução será constitucional

Deixemos na periferia deste momento duas iniciativas políticas que tentam forçar uma solução rápida para a deposição de Michel Temer: o processo de impeachment, mesmo que pedido pela OAB, não tem significado impositivo e aguardará ao lado de dez outros, não tendo um terço da força (como também não teve no afastamento de Dilma) que conquistou a entidade de classe na deposição de Fernando Collor. O presidente da Câmara, que tem atribuição de aceitá-los, não demonstra ver nisso instrumento chave de sua conduta. Uma segunda iniciativa que facilmente se esfuma é a emenda constitucional das eleições diretas para ser aplicada ao atual presidente da República. Não há tempo, motivação, concordância e interesse nas diretas para esta crise, hoje, a não ser para o PT, único a ter candidato pronto.

Possibilidade real de Temer sair, rápido, é a renúncia, um ato de vontade que ele ainda não teve, mas está sempre sobre a mesa. E não adianta espernear por ele não ter acatado a sugestão. A hipótese existe para usar quando interessar a ele, e não recorrerá à renúncia só para facilitar a vida dos outros: mídia, Judiciário, Ministério Público, oposição. Quando interessar mais a ele que aos seus adversários, certamente tomará a iniciativa. Ontem, o senador Renan Calheiros tentou assumir posição de papagaio de pirata nessa fotografia e conclamou colegas a marcharem a Temer para pedir renúncia. É capaz de isso ter impedido por mais alguns minutos a decisão do presidente.

Tentativas do acordão da renúncia | Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

Ninguém relevante no PSDB trabalha com a hipótese de permanência de Michel Temer.

Isso não significa que os tucanos trabalhem para derrubar o presidente, mas a fim de fazer o acordão da renúncia.

Quer dizer que o PSDB se tornou um pivô em torno do qual se articulam negociações com o governo, com outros partidos, com o Judiciário e com donos do dinheiro mais opinionados politicamente.

No conjunto, o plano não parece ser diferente daquele que transparecia na sexta-feira (19). Isto é, tentar arrumar algum salvo-conduto para Temer e ministros à beira da perda de foro privilegiado, tocar o Congresso, as reformas e reduzir danos à economia.

Dilema de Janot | Míriam Leitão

- O Globo

O procurador-geral da República fez perguntas a si mesmo. “Na solidão do meu cargo”, como escreveu. Era ter todas aquelas provas estarrecedoras ou não fazer o acordo. Era abril e estavam os irmãos Batista de um lado e Janot, do outro. Joesley-Wesley são acostumados a ganhar sempre e sabem jogar. Janot temia que o país não pudesse saber o que ele acabara de ser informado. Foi o dilema de Janot.

Oque os irmãos tinham a entregar era um volume alto de mercadoria: quase dois mil políticos financiados, o senador Aécio e uma conversa indecorosa em todos os sentidos, o presidente da República recebendo às escondidas um investigado, propinas cobradas pelo então ministro da Fazenda em empréstimos do BNDES para serem enviadas para contas no exterior que financiavam campanhas de Lula e Dilma. Muito estava sobre a mesa.

O fim do governo Temer | Cristiano Romero

- Valor Econômico

Mesmo sem Temer, Brasília deve seguir na rota das reformas

O governo do presidente Michel Temer acabou. Mesmo tendo sido vítima de um controverso processo de gravação, claramente idealizado para incriminá-lo, o presidente vive uma situação embaraçosa, como bem definiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O diálogo com o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, contém trechos impróprios para uma conversa de presidente da República.

O próprio Temer já sabe que, do ponto de vista político, é praticamente impossível superar esse escândalo. Se conseguisse, ainda assim teria um governo fraco, incapaz de aprovar as reformas institucionais de que o país tanto necessita neste momento. No fundo, Temer tenta ganhar uma sobrevida para deixar a Presidência de acordo com o rito constitucional e não por meio de renúncia ao mandato.

Adiamento | Fernando Pessoa

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...