terça-feira, 30 de maio de 2017

Opinião do dia – Alberto Goldman

"Mudar a Constituição a um ano e meio das eleições de 2018 para mexer no processo eleitoral não tem o mínimo sentido. Não tem a mínima hipótese de isso acontecer.

Eleição indireta não é um desejo, uma vontade ou um gosto, é uma decisão da Constituição.

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Alberto Goldman é vice-presidente nacional do PSDB

Base aliada defende reforma da Previdência mais ‘enxuta’

Base já fala em aprovar apenas idade mínima na reforma da Previdência

Para lideranças dos partidos, cenário conturbado tem impacto na votação e projeto mais ‘enxuto’teria maiores chances de ser aprovado; ideia é que os pontos restantes fiquem para o próximo presidente

Igor Gadelha, Adriana Fernandes, Idiana Tomazelli | O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Com o agravamento da crise política no País, líderes de partidos da base aliada na Câmara dos Deputados começaram a defender uma reforma da Previdência mais “enxuta”. Nas conversas, os parlamentares já discutem aprovar apenas o aumento da idade mínima para a aposentadoria, considerado um dos pilares da proposta. As outras mudanças seriam encaminhadas só a partir de 2019, quando o País terá um novo presidente eleito pelo voto direto.

Outra opção cogitada por lideranças no Congresso é uma “minirreforma” da Previdência, como antecipou o Estadão/Broadcast na semana passada. Alguns estudos já foram encomendados para verificar a viabilidade de aprovar medidas por outros caminhos que não uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) – que precisaria de 308 votos na Câmara e 49 no Senado. Uma saída seria fazer algumas mudanças por medida provisória (MP) ou projeto de lei, que precisam de menos votos.

Governo quer mostrar força e votar reforma trabalhista nesta semana

Bruno Boghossian | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O governo Michel Temer quer tentar acelerar a aprovação da reforma trabalhista no Senado, em busca de uma demonstração de força política diante da crise aberta pelas delações da JBS.

O Palácio do Planalto pretende atropelar os protestos da oposição contra o projeto na sessão da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) nesta terça-feira (30) e tentar levar o texto ao plenário ainda nesta semana.

Uma das estratégias para dar velocidade à votação seria um acordo de líderes para que seja votado um requerimento de urgência, o que poderia viabilizar a aprovação do projeto neste prazo.

Reforma com foco no servidor

Parlamentares governistas se articulam para restringir a reforma da Previdência aos servidores públicos, relatam Geralda Doca e Cristiane Jungblut. No setor privado, mudanças pontuais seriam feitas por MPs.

Foco nos servidores públicos

Deputados se articulam para restringir mudança constitucional da Previdência a funcionalismo

Geralda Doca, Cristiane Jungblut | O Globo

-BRASÍLIA- O fatiamento da reforma de Previdência começa a ganhar força no Congresso, em conversas reservadas entre técnicos, especialistas e parlamentares da base do governo, diante da instabilidade na política. Uma das alternativas seria redesenhar a proposta para focar nos servidores públicos, como uma forma de ajudar a resolver a crise fiscal nos estados e manter o apoio do setor produtivo, que defende as mudanças para consolidar a retomada da economia.

Para os defensores dessa proposta alternativa, ao retirar do texto trabalhadores do setor privado que seriam alvo de polêmica, como rurais, idosos e deficientes de baixa renda que ganham Benefício de Prestação Continuada (BPC-Loas), a reforma ganharia o apoio de algumas bancadas, como a do Nordeste, e de boa parte do PSDB, um dos principais aliados do governo. Derrubaria também o argumento da oposição de que os mais pobres serão atingidos.

'O Brasil é maior que desafios acidentais', diz Temer a empresários

Giba Bergamim Jr. | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O presidente Michel Temer (PMDB) chamou a atual crise política de "desafios acidentais" durante discurso a empresários na noite desta segunda-feira (29), num hotel da zona sul de São Paulo.

"O Brasil é muito maior do que esses desafios circunstanciais, acidentais, que ocorrem nos últimos tempos", afirmou.

A declaração ocorreu no Fórum de Investimentos Brasil 2017, que teve a participação dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Blairo Maggi (Agricultura), do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do prefeito João Doria (PSDB).

"O Brasil está de volta. A inflação está sob controle, criamos condições para a redução responsável de juros e a economia voltou a crescer", afirmou.

Governo nega ter 'plano B' se não conseguir votar PEC da Previdência

Por Ribamar Oliveira, Fabio Graner e Marcelo Ribeiro | Valor Econômico

BRASÍLIA - Os líderes governistas adotarão a estratégia de evitar uma paralisia dos trabalhos do Congresso Nacional e garantir a realização das votações mais importantes, principalmente das reformas. A ideia é fazer o mesmo que na semana passada, quando a base aliada conseguiu aprovar uma série de matérias de interesse do governo.

Hoje, tentarão aprovar a reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Econômico (CAE) do Senado. No caso das mudanças na Previdência Social, o governo aguarda apenas que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avalie qual é o melhor momento para pautar a votação da proposta, informou ontem o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, ao Valor. A previsão é que isso ocorra em meados de junho.

Com crise política, mercado já prevê queda mais gradual de juros

Analistas estimam que Banco Central reduzirá taxa em 1 ponto amanhã

Gabriela Valente | O Globo

-BRASÍLIA- A instabilidade do presidente da República, Michel Temer, já contaminou as expectativas em relação à economia brasileira. Os especialistas alteraram as previsões para a condução da política de controle da inflação. As apostas são que o Banco Central será mais conservador, e a queda dos juros se dará de forma gradual. Essas previsões podem continuar a mudar a partir de amanhã, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgar suas considerações sobre os impactos da crise no cenário econômico do país.

Na reunião, os diretores devem optar por manter o ritmo de queda da taxa básica (Selic) em 1 ponto percentual. Com isso, o juro cairia dos atuais 11,25% ao ano para 10,25% ao ano. Daí para frente, os cortes devem ser reduzidos.

Missão de Rabello de Castro é destravar crédito do BNDES

Por Fabio Graner | Valor Econômico

BRASÍLIA - O novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, terá duas missões prioritárias: normalizar a liberação de empréstimos, cujo ritmo está abaixo do considerado desejável pelo setor produtivo e o governo - além de estar abaixo dos pagamentos de créditos passados (retornos) - e pacificar o quadro de funcionários, que estava em crise com sua antecessora Maria Sílvia Bastos Marques.

Um dos objetivos traçados pelo governo, segundo apurou o Valor, é garantir que, no mínimo, o montante de crédito novo seja igual ao dos pagamentos realizados pelas empresas. Há preocupação com o crescimento do caixa do banco, que já estaria em torno de R$ 150 bilhões, justamente por causa de um volume de retorno maior que o de liberações. Ao equilibrar o fluxo de entradas e saídas, o caixa da instituição pararia de crescer e, ao mesmo tempo, haveria um arrefecimento nas críticas do setor empresarial, em especial da indústria, à instituição.

Cresce aposta em pedido de vista no TSE

Por Maíra Magro | Valor Econômico

BRASÍLIA - Parece cada vez mais improvável que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abrevie o atual governo com a cassação da chapa Dilma-Temer, no julgamento da próxima terça-feira. Advogados que atuam no tribunal já dão como certo que haverá um pedido de vista. Essa opinião, já externada pelo novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, é compartilhada pelo líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), e pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Com isso, a decisão dos tucanos sobre manter seu apoio ao governo Temer também seria naturalmente postergada.

O ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE, Gilmar Mendes, disse ontem, inclusive, que "não cabe ao TSE resolver crise política"

Gilmar diz que TSE não vai resolver crise política

Ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, na iminência de julgamento histórico, afirma que a Corte 'não é instrumento para solução de crise política'

Francisco Carlos de Assis e Luiz Vassallo | O Estado de S. Paulo

O ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse nesta segunda-feira, 29, que a Corte ‘não é instrumento para solução de crise política’.

“Resolvam as suas crises”, declarou Gilmar, em Brasília, em referência às incertezas e ao impasse político que se agrava perto do julgamento histórico da Ação Judicial de Investigação Eleitoral pela cassação da chapa Dilma/Temer.

Gilmar critica o Planalto e diz que TSE não é ‘joguete’

TSE não é joguete nas mãos do governo, diz Gilmar Mendes

Mônica Bergamo | Folha de S. Paulo

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e que também preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta segunda-feira (29) à Folha que "o TSE não é joguete nas mãos do governo".

Mendes reage às informações, volta e meia divulgadas pela imprensa, de que ministros da corte eleitoral poderiam pedir vista do processo que pode levar à cassação do presidente Michel Temer para dar sobrevida a ele.

Ele acredita que as informações são repassadas aos jornalistas por integrantes da equipe de Temer.

"Fontes do Palácio do Planalto ficam palpitando, dizendo à imprensa como os ministros do TSE vão votar, se vai ter pedido de vista, se não vai ter", diz ele.

Para Gilmar, pedido de vista no TSE é ‘normal’

Presidente da Corte, que julga chapa Dilma-Temer, diz que possível atraso não será fruto de combinação

Juliana Arreguy, Junia Gama | O Globo

-SÃO PAULO- A um pouco mais de uma semana do início do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, afirmou ontem que um eventual pedido de vista, que retardaria a conclusão do caso, não pode ser tratado como fruto de uma combinação. Gilmar afirmou ainda que a ação movida pelo PSDB não pode ser considerada a “solução da crise política”.

— Há muita especulação na mídia sobre pedido de vista, não pedido de vista. Se houver pedido de vista é algo absolutamente normal. Ninguém fará por combinação com este ou aquele intuito. Também não cabe ao TSE resolver crise política. Isso é bom que se diga. Tribunal não é instrumento para solução de crise política. O julgamento será jurídico e judicial. Então não venham para o tribunal dizer ‘vocês devem resolver uma crise que nós criamos’. Resolvam as suas crises — disse Gilmar, em congresso promovido pela Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), em São Paulo.

Temer se reúne com FHC e Tasso para discutir 'caminhos para o futuro'

Em agenda oficial na capital paulistana, o presidente se encontrou com caciques tucanos; Tasso é um dos nomes com maior destaque para uma eventual sucessão de Temer

Tânia Monteiro e Carla Araújo, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Pouco antes de participar de jantar com empresários, em São Paulo, o presidente Michel Temer se reuniu por cerca de duas horas com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na noite desta segunda-feira, 29, no Hotel Hyatt. O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, também participaram do encontro.

"Foi uma conversa boa e proveitosa. Conversa boa e capaz de nos garantir, a eles e a nós, de que as reformas passarão", disse Moreira Franco. Segundo ele, a conversa tratou de "caminhos para o futuro".

O encontro aconteceu em meio à maior crise política enfrentada pelo presidente Temer. A cúpula do PSDB está sendo pressionada a abandonar o governo, mas o encontro deixou claro que, pelo menos por enquanto, o desembarque não acontecerá.

O partido deve esperar a decisão sobre a ação contra a chapa Dilma-Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para definir se continua com o governo. O PSDB está sendo considerado o "fiel da balança" para o Planalto.

O esforço é total para não só manter o partido na base aliada, mas também para garantir apoio para a aprovação das medidas provisórias que estão vencendo no Congresso, esta semana, e para as reformas trabalhista e da Previdência.

Posição do PSDB permanece inalterada após reunião de Temer, Tasso e FHC, diz Imbassahy

Ministro da Secretaria de Governo, porém, não quis comentar como ficaria a situação caso TSE decida cassar chapa Dilma-Temer: 'Aí é especular'

Daniel Weterman | O Estado de S.Paulo

O ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy (PSDB), afirmou nesta terça-feira, 30, que a posição do PSDB em relação ao governo do presidente Michel Temer (PMDB) permanece inalterada após a reunião do peemedebista com o presidente interino da legenda tucana, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, nesta segunda-feira, no hotel Grand Hyatt, em São Paulo.

"A posição permanece inalterada, é a posição que o Tasso havia anunciado de apoio ao governo, às reformas e na expectativa de algo que possa melhorar a situação", disse o ministro ao chegar para abertura do Fórum Investimentos Brasil 2017, que ocorre no mesmo hotel até amanhã.

Perguntado sobre como ficaria a situação se o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) resultar em cassação de Temer, Imbassahy evitou opinar. "Aí é especular."

O ministro não participou, mas foi o intermediador do encontro realizado ontem. Além de Temer, FHC e Jereissati, o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) participou da reunião.

‘Candidatura Tasso’ abala coalizão

Movimento em favor de Tasso Jereissati na hipótese de eleição indireta desagrada a siglas aliadas; avaliação é de que tucanos ‘avançaram sinal’

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

A articulação do PSDB para lançar a candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) à Presidência da República na hipótese de uma eleição indireta causou mal-estar com o DEM, irritou o PMDB e já é questionada até por tucanos.

Os aliados avaliam que Tasso, presidente interino da sigla, avançou o sinal ao promover na terça-feira passada, em São Paulo, uma reunião com o governador Geraldo Alckmin, o prefeito João Doria e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – todos correligionários – para discutir o assunto.

No dia seguinte ao encontro, que ocorreu no apartamento do ex-presidente em São Paulo, Alckmin “lançou” Tasso ao dizer publicamente que ele e Fernando Henrique Cardoso “são os grandes nomes” em uma eleição indireta no caso de interrupção do mandato de Michel Temer. A iniciativa foi mal recebida no Congresso.

Da Suíça para Curitiba | Merval Pereira

- O Globo

A decisão do relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Edson Fachin, de enviar para o juiz Sergio Moro, em Curitiba, as partes da delação de Joesley Batista que se referem ao ex-presidente Lula, especialmente a conta na Suíça que recebeu US$ 150 milhões destinados a ele e à ex-presidente Dilma, gerará talvez a mais importante investigação sobre o ex-presidente dentro da Operação Lava-Jato.

Não é à toa, portanto, que o advogado Cristiano Zanin apresentou imediatamente um agravo regimental no STF contra essa decisão. Alegando que Joesley “fez duas referências genéricas ao nome de Lula em sua delação, sem qualquer base mínima que possa indicar a ocorrência dos fatos ou, ainda, a pratica de qualquer ato ilícito”.

Trombada é alto risco | Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Alerta para novo ministro Torquato Jardim: Lava Jato é blindada, Temer não

O advogado Torquato Jardim estará para o presidente Michel Temer no Ministério da Justiça assim como Márcio Thomaz Bastos esteve para o presidente Lula e José Eduardo Cardozo para a presidente Dilma Rousseff. Fiéis à sua cultura de advogados, o objetivo era, como é agora, defender seus chefes. Simples assim.

O que não é nada simples é o momento dramático em que Torquato assume, com Temer acossado não só pela gravação feita por Joesley Batista, que ele questiona judicialmente, mas também por outras suspeitas envolvendo a JBS e pelo processo de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE. Além de velho amigo e parceiro de Temer, o novo ministro tem longo histórico na Justiça Eleitoral.

Um ministro, duas missões | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Ao nomear Torquato Jardim, o presidente Michel Temer faz uma aposta agressiva para se manter no poder. O novo ministro da Justiça assume com duas missões claras: controlar a Polícia Federal e adiar o julgamento do chefe no TSE.

Em três meses no cargo, Osmar Serraglio não conseguiu domar os homens de preto. Pelo contrário: foi desmoralizado ao estrelar um grampo da Operação Carne Fraca. No áudio, chamava de "grande chefe" um fiscal acusado de corrupção.

Enfraquecido, o ministro virou a Geni da Esplanada. Foi chamado de "bosta" por Aécio Neves e de coisas piores por colegas do PMDB. Ejetado da Justiça, pode cair na cadeira de ministro da Transparência. Não será um prêmio de consolação. Se voltar à Câmara, Serraglio tomará o mandato e o foro privilegiado de Rodrigo Rocha Loures, o deputado da mala.

O roque de Temer | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

O presidente Michel Temer surpreendeu adversários e aliados com a troca de ministros no domingo, na qual o jurista Torquato Jardim foi para o Ministério da Justiça. O deputado Osmar Serraglio pode ir para o lugar no Ministério da Transparência, o que manteria o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) no exercício do mandato, ou seja, com foro privilegiado. Loures é investigado pela Lava-Jato por suspeita de ter recebido propina do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS e foi afastado das atividades parlamentares por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Apontado como intermediário do presidente da República para assuntos da holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista com o governo, Loures foi gravado pela Polícia Federal saindo de um restaurante de São Paulo carregando uma mala com R$ 500 mil em propina entregue pelo executivo da J&F Ricardo Saud. A troca de ministros é semelhante a um roque de torres, movimento clássico de xadrez, jogo que muito se equivale à política, devido à necessidade de prever as reações do adversário e antever a movimentação de todas as peças no tabuleiro.

Sucessão de 2018 embaralha a crise | Raymundo Costa

- Valor Econômico

Os compromissos e acordos de Temer acabam com Temer

Se Michel Temer ficar ou prolongar sua permanência no governo, a reforma da Previdência não sai do papel e a economia entra em stand by. Isso se não surgir um fato novo para piorar tudo. É o que corre em Brasília, menos, evidentemente, no Palácio do Planalto. Outra é que 2018 definitivamente entrou na agenda política. A sucessão é um entrave nas negociações para a saída da atual crise.

No fundo, no fundo o PT torce para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar a chapa Dilma-Temer na sessão de 6 junho. O partido não pode falar, porque esta solução torna inelegível a ex-presidente e convalida a tese de que a eleição de Dilma Rousseff foi irregular. Os mais pragmáticos veem uma oportunidade que poderá levar a realização de diretas já.

A distância entre o ideal e o possível | Jorge Bastos Moreno

- O Globo

Antecipação das eleições diretas, além de praticamente impossível, não interessa a nenhum partido, nem aos que lideram o movimento

Muitos amigos meus da área do entretenimento estão sendo convocados por ilustres líderes de oposição a participar de uma campanha por eleições diretas. Inquestionável por natureza, a consulta popular direta é o caminho mais democrático, justo e seguro para eleger os homens públicos, principalmente o presidente da República. Só que, nas atuais circunstâncias, é o atalho paradoxalmente mais longo para desalojar um presidente que enche de opróbrio uma Nação.

Não vou nem entrar no mérito da constitucionalidade ou não dessa campanha neste momento, já que a vontade do povo deve estar acima de todas as leis e da vontade da minoria que se vale da Constituição para apenas trocar o ocupante da cadeira de presidente, não os seus métodos. Falo com a autoridade de quem acompanhou toda a campanha das “Diretas Já” — desde o seu primeiro e tímido comício em Goiânia às memoráveis concentrações do Vale do Anhangabaú, em São Paulo, e da Candelária, no Rio, e à votação da emenda Dante de Oliveira, no dia 27 de abril de 1984 — e de ter sido, com muita honra, assessor do “Senhor Diretas”. Portanto, eleições diretas estão no meu sangue, nas minhas convicções democráticas. Foram no mínimo cinco meses de campanha, a maior de toda a História do país, e, apesar do seu êxito, o Congresso derrotou o povo.

Debate público deveria sair do tribalismo | Joel Pinheiro Da Fonseca

- Folha de S. Paulo

Não sei vocês, mas a minha vida nas redes sociais está cada dia mais infernal. A polarização não dá trégua. Para cada novo tema –que não dura mais do que três dias– uma torrente de textos para os dois lados. O tema da vez é a manifestação das "Diretas-Já" (ou seria "Volta Lula"?) no Rio. Foi sucesso ou fracasso? Ninguém sabe e todos têm certeza.

Não chegamos aos excessos partidários de nossos vizinhos hispânicos e nem somos como os EUA, em que a divisão é tão profunda que muitos eleitores nem sequer conhecem alguém do partido rival. Mas deu para sentir que o clima mudou e segue se acirrando.

Eu gostaria de ver o debate público sair do tribalismo e desconfio que não sou o único. É o que indica, por exemplo, a Diretoria de Análises de Políticas Públicas (DAPP) da FGV-SP : há um grande contingente de usuários de redes sociais (cerca de 32%) que compartilham temas políticos mas não se alinham a um dos dois lados. E isso para não falar daqueles que não discutem política nas redes. Nem só de eleição vive o homem.

A campanha da fraude | Miriam Leitão

- O Globo

A reunião do Jaburu concentrou muita atenção, por claros motivos que o Brasil ainda debate. Em segundo plano ficaram outras revelações do empresário Joesley Batista, como as que ajudaram a explicar o uso do BNDES como nova central de propina. Abonar a equipe técnica da instituição não é o mesmo que blindar as operações como se elas não pudessem ser investigadas.

“Com Dilma eu falei das duas contas e ela sabia que o dinheiro era do BNDES. Falei que, se gastasse os R$ 30 milhões com o Pimentel, acabava. Ela falou para encontrar o Pimentel e fazer a doação.” Essa foi uma das várias frases de Joesley sobre o uso do banco por Guido Mantega e Dilma.

Ele relata cada negócio com o BNDES e como era feito o pagamento. Revela que tudo foi gasto na campanha de 2014. Avisa que podem torturá-lo que não dirá que houve participação de funcionários. Mas conta que a conversa com Guido era tão clara que levava extratos das duas contas no exterior nas quais depositava os subornos pagos durante os governos Lula e Dilma.

Nuvens negras no horizonte | Affonso Celso Pastore*

- O Estado de S.Paulo

Qual teria sido a previsão do mercado financeiro sobre a reação dos preços dos ativos se, alguns dias antes de iniciada a atual crise política, surgisse a informação de que a queda do suporte político a Temer poderia inviabilizar a aprovação da reforma da Previdência ou mesmo o prosseguimento de seu governo? Com base na experiência de crises anteriores, a aposta majoritária seria de uma forte depreciação cambial que, no entanto, não ocorreu. Por quê?

A primeira razão está no reconhecimento de que, diferentemente do ocorrido em crises anteriores, a equipe econômica é competente e dispõe dos instrumentos para intervir pesadamente nos mercados. Mas nos últimos dias não ocorreram intervenções e ainda assim a volatilidade do real foi muito baixa. A outra, com um peso muito maior, está na a crença de que – por um caminho ou por outro – a saída de Temer não deverá colocar em risco a continuidade da agenda de reformas.

‘Frog’, de ‘From Goiás’ | José Casado

- O Globo

É notável o silêncio das entidades sindicais sobre roubos no FGTS e casos como o da JBS, que confessou propina a dirigentes de fundos de pensão para obter US$ 1 bilhão

Era uma ideia bilionária. Só faltava US$ 1 bilhão. Amigos que patrocinava no governo e no Congresso cuidaram para que fosse bem recebido no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, nos fundos de pensão da Petrobras (Petros) e da Caixa (Funcef ).

Era simples: o banco e os fundos das estatais pagariam US$ 1 bilhão por 12,9% das ações da sua companhia. Com o dinheiro, fecharia a compra de concorrentes nos Estados Unidos e na Austrália, dispensando bancos privados, que cobravam mais caro. Ganharia imunidade comercial e sanitária mundial, e poderia jogar como dono de um dos dois maiores açougues do planeta. Em pouco tempo, naquele primeiro semestre de 2008, Joesley Batista avançou no negócio da JBS com BNDES, Petros e Funcef. Deu-lhe o codinonome de “Prot”, abreviatura de proteína. Como seu irmão Wesley dizia, assim era o estilo “Frog” — acrônimo de “From Goiás”.

Cuidado com as aparências – Editorial | O Estado de S. Paulo

O presidente Michel Temer certamente teve suas razões, até este momento desconhecidas, para transferir para o Ministério da Justiça o titular do Ministério da Transparência, Torquato Jardim, e vice-versa.

Uma troca como essa, para um posto sensível como o de ministro da Justiça, no momento em que Michel Temer enfrenta uma grave crise política decorrente de acusações de corrupção e às vésperas de ser julgado, junto com Dilma Rousseff, pela Justiça Eleitoral, gera uma série de especulações que em nada colaboram para desanuviar a pesada atmosfera de Brasília. E algumas declarações públicas de Torquato Jardim – entre as muitas que deu desde o anúncio do escambo – a propósito do futuro de Temer, dando a entender que há um roteiro jurídico que poderia beneficiar o presidente, têm o potencial de criar ruídos institucionais e políticos ainda maiores.

Polícia Federal não pode ser manipulada pelo governo – Editorial | O Globo

Nomeação de Torquato Jardim para a Justiça tem a intenção evidente de controlar a PF, sonho antigo de todo político envolvido em casos de corrupção

Enquanto a crise política atinge o Congresso e prejudica as maquinações legislativas contra a Lava-Jato e o combate à corrupção de um modo geral, as ameaças avançam em duas outras frentes. Uma está no Supremo, onde há quem pretenda rever o veredicto, com cláusula vinculante — para ser seguido por todos os tribunais —, de que pena pode ser cumprida na confirmação da sentença pela segunda instância; e a outra frente o presidente Michel Temer abriu no domingo, com o movimento audacioso de substituir, no Ministério da Justiça, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) pelo advogado Torquato Jardim, tirando este do Ministério da Transparência, antiga Controladoria-Geral da União (CGU). Jardim não esconde desgostar da Lava-Jato.

Contas de semanas – Editorial | Folha de S. Paulo

Nunca será bom presságio, para um governo, a percepção de que seus atos visam tão somente a sobrevivência imediata.

Não parece envolver objetivos mais grandiosos, de fato, a insólita troca de comando promovida neste domingo (28) no Ministério da Justiça, uma das pastas essenciais da Esplanada brasiliense.

Deixou o posto, no qual não havia completado três meses, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). A cadeira será ocupada por Torquato Jardim, até então titular da Transparência, que abriga a Controladoria-Geral da União.

Tivesse sido constatada a inaptidão de Serraglio para o primeiro escalão do Executivo, vá lá. Mas não: a ele foi oferecido o cargo deixado vago por seu sucessor.

Lei de Migração moderniza e traz novos compromissos – Editorial | Valor Econômico

Em meio à atual turbulência política, o governo sancionou, na semana passada, a nova Lei de Migração, após cerca de 30 anos de discussões intermitentes sobre o tema. A legislação foi elogiada, especialmente no contexto global de crescente xenofobia, por estabelecer os direitos e deveres dos imigrantes, que chegam perto de 2 milhões de pessoas, equiparando suas oportunidades às dos brasileiros.

Deverá entrar em vigor em novembro e exigirá ainda algum detalhamento. A Lei de Migração substitui o Estatuto do Estrangeiro, considerado arcaico e influenciado pelos conceitos e clima vigentes na época em foi criado, em 1980, sob o viés das preocupações com a segurança nacional típica do período da ditadura militar. O Estatuto do Estrangeiro é criticado por discriminar o imigrante, encarado principalmente como uma ameaça.

Desde o início dos anos 1990 discutia-se a necessidade de modernizar a legislação. Somente nesta década a proposta ganhou forma, com o Projeto de Lei do Senado (PLS) 288, de 2013, de autoria do atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). O texto foi aprovado em plenário em 2015 e encaminhado para a Câmara, onde recebeu diversas emendas e voltou ao Senado, onde o relator Tasso Jereissati finalizou o projeto, aprovado em 18 de abril deste ano.

A tarde sobe | Joaquim Cardozo

Ao rés da Terra o tempo é escuro
Mas a tarde sobe, se ergue no ar tranquilo e doce
A tarde sobe!
No alto se ilumina, se esclarece.
E paira na região iluminada.

Sobe, desfaz a trama de entrelaços
Superpostos na maneira dos esquadros
Sobre o chão aos poucos escurecendo.
Sobe: No meio da parte densa.

Sobe alva, serena para as estrelas
Que irão em breve aparecer,
Luzindo, no princípio da noite;
No espaço branco em que se completa
Preenchendo o centro e a esquerda
Branco que saiu limpo
De um fundo escuro de hachuras.

A tarde sobe!
Sobe até o zênite dando aos que passam
A paz e a serenidade do entardecer.

A tarde sobe pura e macia!
As linhas de baixo se inclinam
Se afastam e vão deixá-la subir.