quarta-feira, 7 de junho de 2017

Opinião do dia – Herman Benjamin

Na Justiça Eleitoral, investigar e punir ilícitos praticados não deve conduzir à demonização generalizada dos partidos, parlamentares e governantes eleitos. Pois esse seria o passo inicial a nos jogar pelo esfacelamento da democracia, no abismo de soluções messiânicas, na esperança tão vã como desesperada de que um autocrata ou populista qualquer chegará para salvar a nação de seus infortúnios.

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Herman Benjamin é ministro do TSE e relator do processo de cassação da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, no seu voto, Brasília, 6/6/2017.

Governo vence e reforma trabalhista avança no Senado

Reforma trabalhista avança no Senado com placar apertado para o governo

Texto passou por 14 votos a 11; Para governistas, aprovação do parecer na Comissão de Assuntos Econômicos é um sinal de que Temer continua tendo apoio da base aliada

Fernando Nakagawa e Isabela Bonfim | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA -O governo respirou aliviado, nesta terça-feira, 6, ao conseguir avançar com a reforma trabalhista no Senado. Foram oito horas de sessão, que terminaram com um placar favorável mas apertado para o governo, de 14 votos contra 11. Com o resultado, o Palácio do Planalto reafirmou a previsão de que o projeto seja levado para votação no plenário na penúltima semana de junho.

O documento aprovado de 74 páginas recomenda a estratégia de avançar com o texto no Senado sem alterar o projeto aprovado na Câmara - o que exigiria aprovação dos deputados e atrasaria a tramitação. Para incluir as alterações sugeridas pelos senadores, o parecer sugere ajustes com veto presidencial e edição de eventuais medidas provisórias.

Reforma trabalhista avança

Em meio à crise política, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou ontem a reforma trabalhista por 14 votos a 11. O texto terá de passar por outras duas comissões antes de ser votado em plenário. O relatório inclui cinco pontos que, por acordo com o Planalto, deverão ser vetados pelo presidente Temer.

Comissão do Senado aprova reforma na CLT

Mudança na lei trabalhista deve ir ao plenário este mês. Acordo com Planalto prevê veto a cinco itens

Bárbara Nascimento | O Globo

-BRASÍLIA- A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou ontem, por 14 votos favoráveis a 11 contrários, o texto da reforma trabalhista — no mesmo dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dava início ao julgamento da chapa Dilma-Temer. O parecer sobre as mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) mantém o projeto tal qual foi encaminhado pela Câmara dos Deputados, mas aponta cinco itens que deverão ser vetados, segundo acordo costurado com o Palácio do Planalto. Além disso, prevê que o contrato intermitente (por hora trabalhada) seja alterado via medida provisória (MP). O relator da reforma, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), afirmou que a MP já está em elaboração em parceria com o Ministério do Trabalho.

Maia diz que Previdência será votada este semestre

Segundo presidente da Câmara, apesar da crise, texto não será desidratado

Fernanda Krakovics | O Globo

-BRASÍLIA- Apesar da instabilidade política, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que a Casa deve votar a reforma da Previdência ainda no primeiro semestre e que o texto não deve ser desidratado.

Maia negou que o plano do governo, no atual cenário de crise política, seja aprovar só a idade mínima para aposentadoria:

— Vamos aprovar o texto que está colocado em plenário. O plenário é soberano, mas eu espero que seja na linha do que foi aprovado na comissão.

Já o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a expectativa é votar a reforma trabalhista “em duas ou três semanas” no plenário da Casa.

Reforma trabalhista avança entre senadores

Comissão aprova texto da reforma trabalhista e projeto avança no Senado

Talita Fernandes, Laís Alegretti | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado aprovou nesta terça-feira (6) o texto-base da reforma trabalhista com 14 votos a favor e 11 contrários, sem alterações. Agora, o colegiado analisa os destaques, que são as propostas de alteração na proposta. Este foi o primeiro avanço do projeto na Casa, que ainda precisa passar pelo crivo de duas outras comissões e do plenário.

O andamento da proposta de alterações nas leis trabalhistas é uma vitória para o governo. Em meio à crise política e ao julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que pode cassar o mandato de Michel Temer, o Palácio do Planalto quer dar a impressão de força e "normalidade" por meio da agenda de reformas.

A aprovação do texto ocorre depois de duas sessões em que o governo teve dificuldades. Na semana passada, a votação foi adiada depois de um acordo firmado entre governistas e oposicionistas, já que ambos temiam derrota.

O relatório aprovado foi elaborado pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que não fez modificações na versão aprovada na Câmara dos Deputados.

Reforma da CLT avança no Senado

Por Fabio Murakawa e Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou ontem, por 14 votos a 11, o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) favorável ao projeto de lei, vindo da Câmara, que modifica mais de cem artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ferraço e o presidente Michel Temer fecharam acordo para que as mudanças que o senador pretendia fazer sejam implementadas por meio de vetos presidenciais e uma medida provisória. O placar da votação de ontem poderia ter sido mais apertado. Contrário à reforma trabalhista, o senador Omar Aziz (PSD-AM) desistiu de votar depois que um indicado seu foi nomeado para a Suframa.

TSE inicia julgamento e base aliada mira votos na Câmara

Por Maíra Magro, Marcelo Ribeiro, Daniel Rittner e Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - O início do julgamento da ação que pode resultar na cassação do presidente Michel Temer foi marcado ontem por embate entre o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, e o relator da ação, Herman Benjamin. Gilmar o interrompeu logo no início da leitura do relatório, defendeu cautela à Corte ao analisar o caso e disse que é preciso levar em conta o "grau de instabilidade". Com isso, buscou delimitar o alcance do julgamento: "Temos que ser moderados na cassação. Até porque essa é uma intervenção indevida no processo democrático eleitoral". Indicou, assim, que seu voto será favorável a Temer.

Gilmar disse que tem havido mais cassações agora do que na ditadura e Herman rebateu dizendo que a ditadura cassava quem defendia a democracia, enquanto o TSE cassa aqueles que vão contra a democracia. "É uma enorme diferença". A expectativa é que o voto do relator seja duro ao pedir a cassação da chapa que venceu a eleição de 2014.

Base articula "parlamentarismo branco"

Por Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - Independentemente do resultado do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as lideranças dos principais partidos aliados do governo já articulam uma saída para preservar as reformas e manter o presidente Michel Temer no Palácio do Planalto, como uma espécie de rainha da Inglaterra: o parlamentarismo branco. Por essa fórmula, o ministro Henrique Meirelles exerceria quase que as funções de um primeiro-ministro, enquanto os principais partidos da base cuidariam do Congresso.

Temer seria um presidente decorativo, pois, para se chegar a esse ponto, o presidente terá de negociar com a Câmara a sua permanência no cargo. O roteiro traçado pelos líderes e dirigentes partidários prevê que o TSE, ao final do julgamento, mandará arquivar ou vai protelar a decisão sobre a cassação da chapa Dilma-Temer. Seja qual for o resultado do TSE, aliás, uma das partes deve recorrer. A verdadeira batalha, portanto, vai ocorrer no plenário da Câmara, onde será votada a autorização para Temer ser ou não julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

TSE decide hoje se delações serão consideradas no julgamento

TSE decide se delações serão consideradas no julgamento da chapa

Ministros terão de definir sobre validade no julgamento dos depoimentos de delatores da Odebrecht e do casal João Santana e Mônica Moura

Beatriz Bulla, Isadora Peron, Breno Pires e Leonencio Nossa | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A discussão preliminar mais importante a ser decidida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ficou para a sessão de hoje a partir das 9h. Os ministros terão de definir se os depoimentos de delatores da Odebrecht, do marqueteiro João Santana e da empresária Mônica Moura serão considerados no processo que pode cassar o mandato do presidente Michel Temer e os direitos políticos de Dilma Rousseff.

O relator, ministro Herman Benjamin, disse que as preliminares analisadas ontem estão ligadas “como irmãs siamesas” ao mérito da ação.

As revelações feitas pela Odebrecht são consideradas por ministros e advogados como as mais graves, que implicam a chapa como um todo - e, portanto, perigosas ao presidente Temer.

Embate entre Herman e Gilmar marca retomada de julgamento da chapa Dilma-Temer

Primeiro dia do julgamento que pede cassação da chapa Dilma-Temer é marcado por embates entre ministros; sessão histórica no TSE será retomada hoje pela manhã

Beatriz Bulla, Isadora Peron, Breno Pires, Leonencio Nossa, Vera Rosa, Tânia Monteiro e Carla Araújo | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O primeiro dia do julgamento da ação que pede a cassação da chapa de reeleição de Dilma Rousseff-Michel Temer foi marcado pelo embate entre o relator do processo, ministro Herman Benjamin, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes. Ontem, enquanto Benjamin defendia a importância da ação, Gilmar tomou a palavra para pedir “cautela”. A sessão foi interrompida à noite e será retomada hoje pela manhã.

Apesar da polarização, os ministros ainda não apresentaram seus votos. O vice-procurador-geral eleitoral Nicolao Dino já recomendou a cassação da chapa do PT-PMDB, acusada pelo PSDB, logo após as eleições de 2014, de praticar abuso de poder econômico e político.

Na discussão com Benjamin, Gilmar afirmou que o julgamento, independentemente do resultado (cassação ou absolvição), permitiria que os cidadãos conhecessem melhor a “realidade” das eleições, de “empresas fantasmas” e de outros fatos “gravíssimos”. Afirmou então que, na época da ditadura militar (1964-1985), o TSE cassava menos do que hoje, período democrático.

Temer à espera

Criminalizar a política não resolve, é preciso reformar, defende relator

Ao retomar o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, o relator, Herman Benjamin, condenou a corrupção e o “sistema eleitoral falido”. “Sem reforma abrangente e corajosa, os erros objetos dessa demanda se repetirão nos próximos pleitos”, disse. Mas ressaltou: “Que fique claro que enfraquecer a Justiça Eleitoral é condenar as eleições ao descrédito.” O procurador Nicolao Dino pediu a cassação de toda a chapa e a perda dos direitos políticos de Dilma. Advogados da petista e do presidente tentaram excluir do processo depoimentos de executivos da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Após mais de três horas, a sessão foi encerrada no fim da noite, sem a conclusão do voto do relator, para ser retomada hoje, a partir das 9h.

Primeiro round

Relator do julgamento de Temer no TSE começa a votar com discurso contra a corrupção

André de Souza, Carolina Brígido e Eduardo Bresciani | O Globo

-BRASÍLIA- O relator do processo de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Herman Benjamin, começou a votar ontem com duro discurso contra a corrupção. Para ele, não se pode apenas criminalizar a política; mas também é necessário mudar as leis para garantir a normalidade das eleições. No primeiro dia de julgamento que pode levar à cassação de Temer, foram rejeitadas quatro questões preliminares apresentadas pelos advogados do PT e do PMDB. Hoje, a partir das 9h, o tribunal deve analisar outras cinco questões preliminares antes de entrar no mérito. A expectativa é de que, depois da fase inicial, o relator vote pela condenação da chapa.

Advogados de Temer e Dilma se unem para excluir provas da Odebrecht

Defesas também pediram para desconsiderar depoimentos de João Santana e Mônica Moura

Carolina Brígido, André de Souza e Eduardo Bresciani | O Globo

-BRASÍLIA- O presidente Michel Temer e a ex-presidente Dilma Rousseff se uniram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para defender, por meio de seus advogados, a exclusão de provas anexas após o início do processo que pede a cassação da chapa formada pelos dois na campanha presidencial de 2014. Eles querem a retirada, por exemplo, das delações da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que complicam a situação dos dois. Já o PSDB, autor da ação quando fazia oposição ao governo Dilma e que ironicamente se tornou um dos principais aliados de Temer, argumentou pela validade de todas as informações reunidas.

—É possível sim ao juiz tomar conhecimento de fatos que não foram descritos de forma pormenorizada na inicial e que, neste caso, surgiram no curso da instrução — disse José Eduardo Alckmin, advogado do PSDB.

TSE decidirá se delações valem para cassar Temer

TSE decide se delações da Odebrecht podem valer para cassar Temer

Camila Mattoso, Marina Dias,Leticia Casado, Reynaldo Turollo Jr. | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Napoleão Nunes Maia Filho abriu caminho para que os demais colegas do tribunal decidam nesta quarta (7), a partir das 9h, se as delações da Odebrecht têm validade para cassar o presidente Michel Temer.

Em uma sessão tranquila na terça (6), a primeira da retomada do julgamento da ação contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, a principal polêmica ficou em torno de aceitar ou refutar, no processo, as revelações de delatores da empreiteira sobre caixa dois e propina nas contas de campanha.

Após três horas, o julgamento foi suspenso à noite, depois que os ministros analisaram questões preliminares apresentadas pelas defesas de Temer e de Dilma.

Rio aprova adesão ao programa de recuperação dos Estados

Nicola Pamplona | Folha de S. Paulo

RIO - A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) aprovou nesta terça (6) projeto de lei que permite a adesão ao programa de recuperação dos Estados do governo federal.

O projeto foi aprovado com 50 votos favoráveis e 9 contrários após acordo que incluiu duas emendas ao texto original apresentado pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).

A primeira emenda garante direitos adquiridos dos servidores, como gratificações e licença-prêmio. A segunda determina que o dinheiro de um empréstimo de R$ 3,5 bilhões seja usado para pagar salários atrasados.

O empréstimo é o primeiro ganho do governo do Estado com o programa de recuperação. Será tomado usando ações da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) como garantia.

Além desse valor, o socorro garante ao Rio a suspensão do pagamento de dívidas com a União, no valor de R$ 23 bilhões em três anos.

O projeto aprovado nesta terça proíbe a realização de concursos e a concessão de aumentos para os servidores. O governo só poderá contratar para preencher vagas em caso de aposentadoria, morte ou demissão de servidores.

Além disso, prevê mudanças na previdência e a redução dos incentivos fiscais concedidos pelo Estado.

Para aderir ao programa, porém, o Estado precisa ainda aprovar outras duas leis, alterando o sistema de pagamento de pensões e estabelecendo um teto de gastos para os próximos anos.

A corrupção em julgamento | Merval Pereira

- O Globo

O julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não se restringe à chapa vitoriosa da eleição presidencial de 2014, mas ao nosso sistema político-eleitoral. O que está desfilando à frente dos brasileiros é uma série de delitos criminais, eleitorais e fiscais que atinge todo nosso espectro partidário.

Orelator Herman Benjamin chamou a atenção dos estudantes que estavam presentes ao plenário do TSE para o fato de que o PSDB, partido que disputou e perdeu a eleição presidencial e apresentou as ações de impugnação da chapa vitoriosa, hoje faz parte da base aliada de apoio do novo governo, exercido pelo vice-presidente da chapa acusada, depois do impeachment da presidente Dilma.

Embora não se possa incluir no processo as acusações que pesam também contra o PSDB ou outros partidos brasileiros, que foram acusados na Operação Lava-Jato de diversos delitos, muitos semelhantes aos que estão em julgamento agora no TSE, o relator destacou que o julgamento que começou ontem é uma demonstração de que as instituições brasileiras estão funcionando no sentido de depurar as atividades distorcidas das campanhas eleitorais.

PSDB e o risco Maia | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

A conclusão dos tucanos é que, se é ruim com Temer, pior seria com Maia

A cúpula do PSDB resolveu bancar a aposta e manter, por ora, o apoio a Michel Temer baseada, sobretudo, em um diagnóstico: se o presidente não se sustentar na cadeira, quem tem mais chances de vencer uma eleição indireta, hoje, é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). E a conclusão dos tucanos é que, se é ruim com Temer, pior seria com Maia.

Com esse discurso, a velha guarda tucana, com reforço do “novato” João Doria Jr., tenta convencer a ala jovem – autodenominada “os cabeças pretas”, mas apelidada pelos velhos de “os cabeças ocas” – a recuar da posição radical de que o partido tem de desembarcar do governo já.

Até onde a vista não alcança | Rosângela Bittar

- Valor Econômico

O STF não é mais o poder moderador para liderar a saída

O ministro Marco Aurélio Mello, quando evita adjetivar os acontecimentos, principalmente se os terá que avaliar em juízo, aplica-lhes uma expressão que é primor da inocuidade: "São tempos estranhos"! Uma era que, agora, atingiu, de frente, o Supremo Tribunal Federal. Não se trata mais de condenar a judicialização da política ou politização do judiciário, seja lá o que signifique essa reiterada bobagem. O STF é um poder político, que muitas vezes se desvia para intromissões partidárias, outras tantas manifesta-se apaixonado e sempre dividido. Deixou de ser, porém, o que seria a sua essência, o poder moderador, grande ausente desta crise que já sofre a irrecuperável falta de líderes que possam içar o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para fora do poço.

Há ali os ministros populares, performáticos, que atuam para o público pagante na plateia forjados que foram numa advocacia bem animada, por anos. Há os doutos que, apesar do palavreado difícil, guardam um equilíbrio visível. Ao se aterem mais às leis e à Constituição, dão a impressão de que são mais verdadeiros, menos contaminados pelas disputas das partes. Esses, infelizmente, estão contidos diante do turbilhão e do index de proibições. Há os que se definem só quando os casos já caminham para um desfecho, sem disposição para a briga.

Fator Lula | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Parte dos que se opõem à realização de uma eleição diretapara definir quem será o presidente da República na hipótese de queda de Michel Temer o faz por recear a volta de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente, afinal, aparece como favorito nas últimas sondagens, ainda que tenha contra si uma formidável rejeição.

Embora responda a vários processos, Lula está com seus direitos políticos intactos. Se houver eleição nos próximos meses, ele poderá concorrer. Mas, se o pleito só tiver lugar em 2018, a situação poderá ser outra, já que existe uma chance realista de que ele já tenha sido condenado em segunda instância, caso em que a lei da Ficha Limpa o tiraria do páreo.

Nada será como antes | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

O assunto mais comentado no cafezinho da Câmara, ontem, não era a retomada do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, pelo Tribunal Superior Eleitoral, com a leitura do voto do relator Herman Benjamin, pedindo a cassação do mandato do presidente da República e dos direitos políticos de sua antecessora, afastada do poder pelo impeachment. Foi a prisão do deputado Celso Jacob (PMDB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a sete anos e dois meses de prisão em regime semiaberto, ao desembarcar de um voo vindo do Rio de Janeiro. Ele foi chamado por uma comissária de bordo e, quanto saiu do avião, foi preso por dois agentes da PF, para surpresa de outros parlamentares que estavam na aeronave.

Jacob foi condenado pela Primeira Turma do STF, no último dia 23 de maio, por unanimidade, por falsificação de documento público e dispensa de licitação fora das hipóteses previstas em lei quando era prefeito de Três Rios (RJ).

A força da economia | Míriam Leitão

- O Globo

O país vive momento inimaginável, com o presidente Temer sendo julgado pelo TSE e interrogado pela Polícia Federal ao mesmo tempo. Mesmo assim, o quadro econômico tem pontos fortes para enfrentar a turbulência política. O Banco Central avisou, ontem, que continuará reduzindo a taxa de juros, apesar de fazê-lo com ritmo menor, num comunicado em que a palavra mais frequente foi “incerteza”.

O julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE é apenas um dado dessa incerteza. A divulgação da conversa entre o presidente Temer e o empresário Joesley Batista, há 20 dias, é outro. Mesmo assim, o comportamento de vários indicadores de mercado está bem melhor do que se poderia imaginar. O dólar parou de subir, a bolsa está acima dos 60 mil pontos, e entre empresários o discurso é de que a economia não pode parar. Os cenários podem ser revistos para pior, mas o fato é que hoje o país tem melhores fundamentos para lidar com as incertezas.

Que reformas? | Monica De Bolle

- O Estado de S.Paulo

Não sobra tempo para pensar em nada mais que não seja a crise política

Por volta de 1670, a Prússia inventou a Berlinda. A carruagem virou sensação pelo seu elegante e inovador desenho. Estar na Berlinda era ser alvo direto das atenções, tamanha a fascinação pelo veículo e/ou por seu ocupante. Berlindas, hoje, são objetos de museu. Mas, ficou conosco a expressão – aquele ou aquilo que está na berlinda, sofre intenso escrutínio. É o caso da pinguela brasileira.

No último domingo, escreveu o presidente Fernando Henrique Cardoso para este jornal: “Apoiei a travessia e espero que a pinguela tenha conserto. E se não?”. Há algum tempo, os mercados e alguns analistas brasileiros têm ignorado o “e se não?”. Não dá mais para ignorar essa pergunta. É preciso que todos nós reflitamos sobre o “e se não?” nesse momento em que muitos defendem as reformas, custe o que custar. Mas, que reformas?

O envelhecimento da carga tributária | Cristiano Romero

- Valor Econômico

A desindustrialização tornou-se um problema fiscal

A indústria brasileira vive uma penosa estagnação que já dura mais de uma década. A produção industrial como um todo está, neste momento, no mesmo nível de 2004, sendo que a produção da indústria de transformação situa-se no patamar de 2003. Este fato não é motivo de preocupação apenas para industriais e simpatizantes; ele atormenta também as autoridades, uma vez que cerca de metade da arrecadação tributária nacional vem da taxação de bens e serviços.

O encolhimento da participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) pode explicar, em parte, a queda estrutural da carga tributária ocorrida no país nos últimos anos. Sabe-se que a carga de impostos diminuiu em razão de uma série de fatores, como a forte desaceleração da economia desde 2011 e a profunda recessão dos últimos três anos. Há fortes indícios, porém, de que a estagnação da indústria, iniciada bem antes de 2011, ajude também a explicar o fenômeno.

A economia no banco dos réus | Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

Era devagar, mas não estava quase parando a de fato miudíssima recuperação da economia no início do ano, "AG" ("Antes do Grampo" de Michel Temer).

Passados 20 dias do escândalo, também não é possível dizer que o caldo entornou todo, se por mais não fosse porque há escassa informação objetiva do que se passou desde então.

Pelo menos até sair alguma decisão do julgamento de Dilma-Temer no TSE, o que se sabe do passado da economia até maio é um tanto arquivo morto, as previsões são o futuro do pretérito e o futuro é puro breu.

Quanto ao fio de recuperação que pode ir para o ralo, considere-se o resultado das montadoras em maio e neste ano inteiro, por exemplo.

A venda da produção de carros nacionais cresceu 18% no ano (ante 2017); no mês de maio, 28%. O impulso maior das vendas vinha de exportações, mas vinha.

Gastos públicos não priorizam jovens e crianças – Editorial | O Globo

Ao destinar grande parcela do Orçamento para aposentadorias, principalmente de servidores, e folha de salários do funcionalismo, Estado compromete futuro do país

A crise fiscal de dimensões históricas força reformas estruturais, como a da Previdência, e expõe mazelas de toda ordem, principalmente nos gastos públicos — da União, de estados e municípios. Há, então, um aspecto positivo, até pedagógico, de a crise indicar graves desvios no funcionamento do Estado, enquanto força reflexões sobre causas e medidas corretivas.

Os próprios efeitos da recessão — deflagrada pelo aumento do risco de insolvência do Tesouro, causado pelo lulopetismo — impactam a população de formas muito diversas, e isso por si só já alerta para carências.

Não desperdicem a recuperação – Editorial | O Estado de S. Paulo

Com produção de 237.060 veículos em maio, 33,8% maior que a de um ano antes, a indústria automobilística segue em recuperação, mas há uma névoa de incerteza sobre a economia, adverte o Banco Central (BC). A boa notícia sobre as montadoras e o relato oficial da reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) saíram com diferença de poucas horas, na manhã de ontem. Para o início da noite estava previsto o recomeço, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do julgamento da chapa Dilma-Temer, acusada de abuso e irregularidades na campanha de 2014. Além desse processo, o presidente enfrenta as acusações baseadas em delação do empresário Joesley Batista, envolvido em numerosos casos de corrupção. Não há referência explícita à turbulência política na ata, mas a incerteza mencionada no documento é obviamente associada ao assédio contra o Palácio do Planalto. Isso já havia ficado claro no texto distribuído pouco depois da sessão do Copom, na semana passada.

Agenda e sobrevida – Editorial | Folha de S. Paulo

Em coincidência que inevitavelmente se reveste de simbolismo, o governo saiu vitorioso em uma votação da reforma trabalhista enquanto começava o julgamento, no Tribunal Superior Eleitoral, em que estará em jogo a permanência de Michel Temer (PMDB) na Presidência da República.

Mas, se o Planalto pretende dar sinal de vigor político, ou evidenciar que sua agenda caminha sob normalidade, a sessão da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado proporcionou sinais ambíguos.

Não somente pelo placar apertado, de 14 votos a 11 em favor do texto-base da reforma, e pelas mais de oito horas de altercações e manobras protelatórias de parlamentares de oposição —previsíveis quando se examina tema controverso, que envolve tabus ideológicos.

Setor da construção civil espera uma recuperação – Editorial | Valor Econômico

Quem mora em São Paulo ou outra grande cidade já deve ter notado que, depois de meses sumidos, estão voltando aqueles rapazes e moças que entregam folhetos de lançamentos imobiliários aos motoristas parados nos semáforos. Esse é mais um dos tênues sinais de que alguma coisa pode estar mudando no mercado imobiliário, que enfrenta recuo de vendas, queda de preços, redução de emprego e estoques crescentes, há alguns anos - problemas que levaram importantes empresas do setor ao nocaute.

Desde que a economia começou a andar para trás, há três anos, a construção civil vem dando sinais de fraqueza acentuada, de um lado, pela queda das vendas de imóveis, afetadas pelo aumento do desemprego, redução salarial e retração do crédito. De outro, pelos problemas no setor pesado, provocados pela desaceleração dos investimentos públicos e pela Operação Lava-Jato. Em 2015, a construção civil despencou 6,5%, enquanto o PIB recuou 3,8%; em 2016, a queda foi de 5,2% para 3,6% da economia como um todo.

Noite | William Shakespeare

Como voltar feliz ao meu trabalho
se a noite não me deu nenhum sossego?
A noite, o dia, cartas dum baralho
sempre trocadas neste jogo cego.
Eles dois, inimigos de mãos dadas,
me torturam, envolvem no seu cerco
de fadiga, de dúbias madrugadas:
e tu, quanto mais sofro mais te perco.
Digo ao dia que brilhas para ele,
que desfazes as nuvens do seu rosto;
digo à noite sem estrelas que és o mel
na sua pele escura: o oiro, o gosto.
Mas dia a dia alonga-se a jornada
e cada noite a noite é mais fechada.