sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Opinião do dia: Aloysio Nunes Ferreira

A chance de vitória do PSDB, em 2018, é ser o fator de agregação do centro político, formado também pelo PMDB e pelo DEM, com base em uma plataforma que está em andamento. Estamos jogando tudo isso pela janela.

E qual a nova proposta para colocar no lugar? Se não percebermos isso, a disputa vai ficar entre Lula e Bolsonaro (deputado Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSC), e o Lula será eleito triunfalmente.

Engana-se quem pensa que será carregado nos braços do povo por ter desembarcado do governo. O PSDB será julgado por suas ações concretas em benefício do País. Mas como fazer o discurso da razão com o partido em pé de guerra?

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Aloysio Nunes Ferreira é senador e ministro das Relações Exteriores

Aécio destitui Tasso e amplia racha dentro do PSDB

Presidente licenciado da sigla, senador mineiro alega buscar ‘isonomia’ para eleições internas, em dezembro

Pedro Venceslau, Renan Truffi Felipe Frazão / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - Num movimento surpreendente, o senador Aécio Neves (MG) destituiu o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB e expôs uma guerra interna sem precedentes a um mês da convenção que vai definir a nova direção do partido. Presidente licenciado da legenda, Aécio usou o estatuto e indicou para o cargo o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman. Tasso e Aécio tiveram uma discussão dura na tarde de ontem. O senador mineiro pediu ao colega que renunciasse ao cargo para que houvesse “isonomia” na disputa pela presidência da legenda – o outro candidato é o governador Marconi Perillo (GO). Tasso rebateu: “Você prorrogou seu mandato de presidente do partido sem consultar a Executiva”. Por trás da crise há o embate entre a ala “governista” do PSDB e os que pregam o rompimento com Michel Temer.

O senador Aécio Neves (MG) destituiu ontem o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB e expôs a crise interna sem precedentes do partido, a um mês da convenção nacional que vai definir sua nova direção. Com base em prerrogativas do estatuto da legenda, Aécio, presidente licenciado do partido, indicou para o cargo o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, o mais velho dos vice-presidentes da Executiva tucana.

Aécio destitui Tasso da presidência do PSDB

Talita Fernandes / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Pressionado por ministros tucanos, o senador Aécio Neves (MG) destituiu o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB nesta quinta-feira (9).

Depois de conversar com tucanos governistas, Aécio foi pessoalmente ao gabinete de Tasso comunicar sua decisão.

No lugar do senador cearense, o mineiro indicou o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman para o lugar. Goldman deve ocupar o posto até 9 de dezembro, quando está marcada a convenção nacional do partido.

Aécio argumentou que queria "isonomia" na disputa pela presidência do PSDB. Tasso disputa o cargo com o governador de Goiás, Marconi Perillo.

Ele inicialmente pediu que Tasso deixasse o comando do partido. Como resposta, ouviu que se ele quisesse mudança no cargo deveria decidir pela destituição de Tasso.

A conversa, na manhã desta quinta-feira (9), teve tom ríspido. A destituição gerou reação imediata de tucanos que apoiam Tasso, dizendo que mais uma vez Aécio decepciona o partido. Eles acusam ainda o governo de Michel Temer de interferir na convenção nacional do PSDB.

Aécio destitui Tasso, e crise no PSDB se aprofunda

Decisão sobre apoiar ou não governo Temer divide partido

Alckmin afirma que não foi consultado e é contra mudança no comando da sigla. Senador cearense acusa mineiro de ‘apoiar o fisiologismo

A decisão do senador Aécio Neves (MG) de destituir o colega Tasso Jereissati (CE) da presidência do PSDB aprofundou a divisão entre as duas alas do partido. O cearense, que disputará o comando da sigla em eleição daqui a um mês, saiu atirando e acusou o mineiro de “apoiar o fisiologismo do governo Temer”. Aécio disse que só retirou Tasso para manter a isonomia na disputa contra Marconi Perillo (GO), ligado a ele e também defensor da permanência dos tucanos no governo Temer. O novo presidente interino é Alberto Goldman. O governador Alckmin (SP), principal pré-candidato tucano ao Planalto, disse que não foi consultado e que, “se fosse, teria sido contra”.

O ápice da crise tucana

Em canetada, Aécio Neves destitui Tasso do comando do PSDB e nomeia Goldman

Maria Lima, Eduardo Bresciani e Silvia Amorim / O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- No momento mais agudo da crise do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) destituiu ontem o colega Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do partido e nomeou em seu lugar o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman. Desde que assumiu o comando da legenda, após Aécio virar alvo da delação da JBS, Tasso tentava afastar o partido do governo do presidente Michel Temer e também renovar a legenda, incluindo um mea-culpa na TV pelo envolvimento de quadros do partido em denúncias de corrupção. Aécio é investigado em nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e suspeito de ter recebido propina de R$ 2 milhões, o que ele nega.

Aliados de Tasso acusam Aécio de ter cedido a pressões do Planalto para minar a candidatura do senador cearense ao comando do partido na disputa com o governador de Goiás, Marconi Perillo. Tasso saiu atirando: acusou Aécio de agir de forma antiética, de apoiar o fisiologismo do governo Temer e de se agarrar ao cargo sem pensar no coletivo do partido. Reafirmou sua candidatura e disse acreditar que o gesto de Aécio o fortalecerá.

A crise tucana é mais um obstáculo para a composição de uma candidatura presidencial do PSDB nas eleições de 2018. Com o partido dividido, será mais difícil fortalecer um nome nacional e fazer alianças.

Igor Gielow: Ação abrupta eleva pressão no PSDB e complica vida de Alckmin

- Folha de S. Paulo

Sigla com um infindável dom para a autofagia, o PSDB elevou a barra no quesito com a intervenção de Aécio Neves sobre o plano de voo de Tasso Jereissati.

O maior prejudicado com a confusão é o governador paulista, Geraldo Alckmin.

O tucano, que ganhara bastante fôlego para consolidar-se como o nome do partido para o Planalto em 2018, talvez seja forçado a fazer o que não deseja: tomar o PSDB para si na convenção nacional de dezembro.

Até aqui, Alckmin agia olimpicamente. Apesar de sua preferência por Marconi Perillo à frente da sigla, inclusive com o trabalho de aliados em favor das costuras do governador goiano, o paulista cedeu tropas para Tasso armar sua postulação —notadamente o deputado Silvio Torres (SP).

Paulo Celso Pereira: O que sobrará do PSDB?

- O Globo

 A decisão do senador Aécio Neves de afastar Tasso Jereissati da presidência do PSDB foi o mais agressivo lance da guerra interna que rachou o partido desde que vieram à tona as gravações da JBS. A revelação dos áudios de Joesley Batista dividiu tucanos em dois campos definidos: de um lado, os que defendiam a manutenção do alinhamento ao governo e o suporte a Aécio, do outro, os que votavam pela investigação do presidente da República e que tentavam isolar-se ao máximo do senador.

Nos últimos cinco meses, Tasso Jereissati tentou recolocar a legenda em contato com os anseios das ruas — após observar o enorme desgaste da imagem da sigla. Ironicamente, ele foi escolhido pelo próprio Aécio para assumir interinamente a presidência após o caso JBS tornar inviável a continuidade do mineiro à frente da legenda. O ponto de inflexão da gestão Tasso foi o mea-culpa que fez em agosto, nos dez minutos do programa partidário de televisão, uma inovação entre as legendas brasileiras atingidas pela Lava-jato.

Vera Magalhães: PSDB resolve cometer suicídio coletivo em praça pública

- O Estado de S. Paulo

Até onde um partido pode ir em termos de autodesmoralização pública? A julgar pelo PSDB, não há limite.

Afastado do comando da sigla em virtude das graves acusações que pesam contra ele, denunciado pelo Ministério Público Federal e mantido no exercício do mandato por seus pares após uma queda de braço com o STF, Aécio Neves se recusou a renunciar definitivamente à presidência do PSDB.

Alegou que já estava afastado e a convenção que escolheria o sucessor definitivo estava próxima e não havia por que antecipar a saída. Agora, vê-se, não era bem assim: Aécio manteve o posto para influir nos rumos do partido. E o faz, reassumindo o cargo para destituir Tasso Jereissati do comando.

Ao deixar a licença para usar sua mão pesada sobre a sigla, Aécio atende a apelos dos ministros de Michel Temer, que vinham se sentindo pressionados depois que artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pregou o imediato desembarque do governo Michel Temer, posição partilhada por Tasso.

Ricardo Noblat: A velha política esperneia na maca

- O Globo

A destituição do senador Tasso Jereissati (CE) da presidência temporária do PSDB faz parte da resistência da velha política a ceder lugar à nova.

Sem condições morais para presidir o PSDB, o senador Aécio Neves (MG) pôs e tirou Jereissati do comando do partido. Jereissati quer distância do governo. Aécio precisa que o governo o proteja.

O único culpado pela crise do PSDB é o PSDB. Foi leniente com Aécio, gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, afastado do mandato e posto em prisão domiciliar.

A Polícia Federal ganhou um novo diretor. O que saiu, por pressão e cansaço, era afinado com a Lava-Jato. O que entrou é afinado com o PMDB de Michel Temer e com o ministro Gilmar Mendes.

Bernardo Mello Franco: O PSDB rumo ao precipício

- Folha de S. Paulo

O PSDB deu mais um passo na direção do precipício. O dedaço de Aécio Neves radicalizou o processo de autofagia do partido. Agora os tucanos correm o risco de enfrentar um cisma a menos de um ano das eleições presidenciais.

Com o filme queimado pela Lava Jato, o senador mineiro foi para o tudo ou nada ao destituir Tasso Jereissati do comando provisório da sigla. A intervenção implodiu as pontes que restavam entre a ala governista e o grupo que defende o rompimento com o Planalto.

Há poucos dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avisou que o PSDB precisava se decidir: ou deixava o governo ou assumia de vez o papel de coadjuvante em 2018. Os aecistas parecem ter escolhido a segunda opção. Preferiram continuar agarrados a seus quatro ministérios.

Raymundo Costa: Risco de candidatura presidencial em 2018 desencadeou reação - Valor Econômico

A possibilidade de o senador Tasso Jereissati (CE) usar a presidência do PSDB como plataforma de lançamento de sua candidatura ao Palácio do Planalto, nas eleições de 2018, determinou a volta do senador Aécio Neves ao comando do partido, com o aval de tucanos de São Paulo. Indicado por Aécio, titular licenciado do cargo, o ex-governador paulista Alberto Goldman vai presidir o PSDB até a convenção marcada para dezembro, quando será eleita a nova Executiva Nacional do partido.

A eventual candidatura presidencial de Tasso foi sugerida pelo senador Cássio Cunha Lima (PB), no ato público em que Tasso formalizou que disputaria a presidência do PSDB com o governador de Goiás, Marconi Perillo. Na ocasião, Cunha Lima saudou o nome do senador cearense dizendo que Tasso era nome não só para presidir o PSDB, mas também a Presidência da República.

A declaração soou imediatamente como um sinal de alerta no Palácio dos Bandeirantes - o governador Geraldo Alckmin hoje é o virtual candidato do partido. Mas há outros paulistas no páreo, como o senador José Serra e o prefeito da capital, João Doria. Ambos ainda alimentam o sonho de disputar a Presidência.

Eliane Cantanhêde: Um show de autofagia

- O Estado de S.Paulo

Aécio Neves e Tasso Jereissati personificam racha tucano. Era uma vez um partido...

O senador Aécio Neves virou o queridinho do eleitorado anti-PT e anti-Lula e chegou bem perto de virar presidente da República em 2014, mas virou uma alma penada assombrando o PSDB, partido cujas tendências suicidas vêm piorando desde que Fernando Henrique desceu a rampa do Planalto. Piorando, aliás, com ajuda do próprio Aécio.

Com que autoridade Aécio pode pôr o dedo na cara do também senador Tasso Jereissati e destituí-lo da presidência interina do PSDB? O passado o condena, depois de ter-se aliado oportunisticamente a Lula contra José Serra, em 2002 e 2010, e contra Geraldo Alckmin, em 2006. E o presente não deixa pedra sobre pedra na sua construção política.

Aécio salvou o mandato num julgamento apertado no Supremo e depois numa canetada vergonhosa do Conselho de Ética do Senado, comandado há 12 anos pelo senador sarneysista João Alberto justamente para evitar que funcione como conselho de ética e aja com a mínima ética. Isso, porém, é só um capítulo da história, porque o drama continua e Aécio ainda é o terceiro senador com maior número de inquéritos no STF.

Merval Pereira: No precipício

- O Globo

O PMDB é um fator decisivo na vida do PSDB, desde sua fundação em junho de 1988, fruto justamente de uma dissidência do PMDB, à época dominado por Orestes Quércia, governador de São Paulo, o principal expoente da ala fisiológica do partido, até o momento da implosão atual, que tem justamente no fisiologismo peemedebista sua razão mais explícita.

Os tucanos hoje se encontram presos a uma contradição de sua própria história, pois não conseguem se desvencilhar de uma aliança carcomida com o PMDB, envolvido, como quase sempre, em acusações de corrupção e fisiologismo político, depois de ter vivido uma história de resistência e luta contra a ditadura em que políticos como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves davam o tom do partido.

Com a indecisão característica de um partido que só encontra posição majoritária quando um fato consumado se apresenta, o PSDB perdeu o timing de sair do governo, e pode morrer afogado, não com Temer, como se temia, mas por Temer e sua aliança de bastidores com o grupo de Aécio Neves, os dois pensando apenas em salvarem as próprias peles.

‘Desse jeito, vamos dar a Presidência ao Lula em 2018’, diz Aloysio

Ministro das Relações Exteriores afirma que PSDB vive ‘histeria’ e pode facilitar volta de petista ao Planalto

Vera Rosa e Lu Aiko Otta / O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Irritado com o racha do PSDB, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, disse que seu partido vive um momento de “histeria” e erra ao defender a saída do governo comandado pelo presidente Michel Temer, correndo o risco de perder a eleição de 2018. Em tom de ironia, o tucano afirmou que “tem gente tingindo o cabelo de preto” para votar contra a reforma da Previdência ao se referir aos chamados “cabeças pretas”, que defendem o desembarque dos tucanos.

“Desse jeito, vamos entregar a Presidência para o Lula, em 2018”, previu Aloysio, em uma alusão à tentativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de voltar ao poder. “Engana-se quem pensa que será carregado nos braços do povo por ter desembarcado do governo. O PSDB será julgado por suas ações concretas em benefício do País. Mas como fazer o discurso da razão com o partido em pé de guerra?”

Alvo de petição enviada ao Supremo Tribunal Federal pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que alegou ser “fato incontroverso” o recebimento de R$ 500 mil da Odebrecht para financiar sua campanha ao Senado, em 2010, o ministro admitiu constrangimento com a acusação.

“Eu quero que esse inquérito seja concluído logo. Quero ser investigado porque nada tenho a esconder. É um incômodo ser ministro com esse ‘troço’ em cima de mim”, argumentou ele, sem esconder a contrariedade com a expressão “incontroverso”, usada por Raquel.

Senador licenciado, Aloysio decidiu se candidatar à reeleição, em 2018. Ao Estado, disse que a defesa feita por ele da permanência do PSDB no governo Temer não tem qualquer relação com sua manutenção no cargo nem com foro privilegiado. “Eu não faço obra em ministério, não tenho verba e não nomeio ninguém”, afirmou.

É questão de equidade e justiça Tasso deixar presidência do PSDB, diz Doria

Bruna Chagas / Folha de S. Paulo

MANAUS - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), chamou de "equidade e justiça" a saída do senador Tasso Jereissati da presidência interina do partido. Ele foi substituído pelo ex-governador paulista Paulo Alberto Goldman, por decisão de Aécio Neves.

Goldman ocupa o posto até 9 de dezembro, quando está marcada a convenção nacional do partido. Tasso disputa o cargo com o governador de Goiás, Marconi Perillo.

"Dado o fato que o senador Tasso se anuncia como pré-candidato [ao cargo no PSDB], é questão de equidade e justiça que ele se afaste como presidente. Portanto, dadas as circunstâncias, me parece justo", disse Doria nesta quinta-feira (9), em visita a Manaus.

Saída de Tasso contraria Alckmin; aliado diz que decisão é 'irresponsável'

Thais Bilenky / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Sem ser consultado pelo senador Aécio Neves (MG), o governador paulista, Geraldo Alckmin, ficou contrariado com a decisão de destituir Tasso Jereissati da presidência interina do PSDB.

Pré-candidato a presidente da República, Alckmin tem boa relação com Tasso. Para o governador paulista, a presidência do PSDB é estratégica no esforço de viabilizar a sua candidatura.

Em comunicado, o governador paulista disse que "eu não fui consultado. E, se fosse, teria sido contra, porque não contribui para a união do partido".

Aliado do governador, o presidente do PSDB paulista, Pedro Tobias, chamou a destituição de Tasso de "totalmente inoportuna, inconsequente e irresponsável".

Cristian Klein: Um 'novo guerreiro' para 2018

- Valor Econômico

Homem de TV, Huck ironicamente teria pouco tempo de TV

Saem Feiticeira, Tiazinha e Dany Bananinha, as corpulentas e sensuais assistentes de palco. Entram DEM, PPS, Joaquim Barbosa e a franzina e angélica Marina Silva - possíveis aliados na aventura do outsider político que cogita se perfilar na corrida presidencial mais renhida em décadas. É um caldeirão o que o apresentador de TV Luciano Huck, 46 anos, exibe em sua trajetória.

Tem incursões a bairros pobres da periferia e do interior, onde, sob os auspícios de empresas patrocinadoras, transforma, num passe de mágica, a "lata velha" num bólido turbinado; o casebre numa morada privilegiada da vizinhança.

Tem a inserção no que um dia se convencionou chamar de "jet set" internacional ao receber na casa de 16 quartos - como anfitrião do casamento de luxo de terceiros - convidados que vão de Bono Vox a Madonna. Luciano Huck transita em diferentes mundos. Mas o da política é uma novidade. Talvez até assustadora.

Nessa quarta-feira, sua faceta empresária viu-se impedida de ir a Curitiba, onde manifestantes armavam pelo Facebook uma "ovada" tal qual o prefeito de São Paulo, João Doria, foi alvo, em agosto, ao visitar Salvador. Luciano Huck gosta de empreender. Já foi sócio da Pousada Maravilha, em Fernando de Noronha, da casa noturna Sirena, em Maresias, abriu seu primeiro bar, o Cabral, em 1992, na capital paulista.

Claudia Safatle: Previdência volta ao topo da cena política

- Valor Econômico

Reforma será um processo para algumas décadas

O presidente Michel Temer conseguiu recolocar a reforma da Previdência no topo do debate político, depois de ser confrontado por parlamentares do "centrão" que, na segunda feira, foram ao Palácio do Planalto para enterrar o projeto da reforma. Temer admitiu que poderia ser derrotado e devolveu o assunto para o colo dos congressistas. O mercado reagiu mal. A bolsa caiu 2,55% e voltou ao patamar de 72 mil pontos, o real desvalorizou-se frente ao dólar e os juros futuros subiram.

De terça-feira para cá, porém, houve uma grande mobilização do governo e das lideranças do Congresso para se chegar a uma proposta de emenda constitucional (PEC) menor, que possa ser aprovada e que cumpra pelo menos dois objetivos: instituir idade mínima para requerer a aposentadoria de 62 anos para as mulheres e de 65 anos para os homens, com uma regra de transição, e equiparar os benefícios previdenciários dos servidores públicos ao dos trabalhadores do setor privado.

Míriam Leitão: Os entregadores

- Globo

Os sete homens fizeram discursos sequenciais em que a palavra mais repetida foi “entrega”. Disseram que vão entregar o que foi prometido por administrações anteriores em exatos 7.439 projetos. Apesar do esforço do governo para construir, com o anúncio de ontem, uma agenda positiva, o que teve destaque foi a ordem de despejo que Aécio entregou a Tasso.

O governo não tem tempo nem dinheiro para entregar o que prometeu nos discursos de ontem do presidente e de seis ministros, mas pelo menos fez uma proposta cuja filosofia é interessante: a de completar obras paradas que se espalham pelo país. Os ministros apresentaram uma coleção de projetos iniciados, alguns há 13 anos, como disse o ministro Bruno Araújo, das Cidades, e disse que o governo vai completá-los. Não iniciar novas obras, mas terminar as antigas.

Isso tem o poder de atrair políticos pelo Brasil afora. Em cada uma dessas obras paralisadas há um grupo de pessoas interessadas. Quem viaja pelo Brasil vê pontes suspensas no ar, duplicações de estradas perigosas que ficaram pelo caminho, puxadinhos de aeroportos mal escondidos atrás de tapumes. Completar o que foi começado é, na maioria dos casos, uma boa ideia. Difícil é combinar isso com a realidade fiscal, administrativa e de governança da administração Temer em seus últimos 13 meses e 20 dias.

Reinaldo Azevedo: Eles distraídos, nós venceremos

- Folha de S. Paulo

Janot, mais uma vez, falhou com a verdade ao dizer que só soubera da gravação de Joesley no fim de março

As delações dos diretores da JBS não valem nada. As provas delas decorrentes são nulas porque obtidas por meios ilícitos. Ou o STF, com o endosso da Procuradoria-Geral da República, cumpre a Constituição e as leis, ou o Supremo passará a ser um tribunal de exceção, e a PGR, promotora de meios criminosos para combater o crime.

O que vai ser?

Se dúvida restava —vai melhor "restasse"— sobre a qualidade, legalidade e finalidade das delações premiadas dos diretores da JBS, não resta —ou restaria— mais. Os pares "restava/resta" e "restasse/restaria" distinguem os lógicos dos empiristas. Um bom leitor de contextos, subtextos e pretextos entendeu desde o primeiro momento haver uma conjuração de forças, inclusive em setores da imprensa, empenhadas em derrubar Michel Temer e em, como supõem benevolentemente sobre si mesmos, sanear a política. Já tinham até indicado a nossa Tirana de Siracusa de toga para substituir o presidente.

Por que eu soube desde o primeiro momento tratar-se de uma armação golpista? Porque procurador-geral da República não escolhe relator da denúncia que vai fazer, como Rodrigo Janot escolheu Edson Fachin. O que a carne podre dos irmãos Batistas tem a ver com o assalto petista (com aliados) à Petrobras? Nada! A isso se chama fraudar o princípio do juiz natural.

A reforma da igualdade – Editorial: O Estado de S. Paulo

Sem dar ouvidos a quem apregoa a suposta falência da reforma da Previdência, o governo federal retomou os trabalhos para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016 possa ser aprovada, em dois turnos, pela Câmara dos Deputados ainda neste ano. O relator do projeto, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), redige uma nova versão do texto, capaz de assegurar os dois pontos considerados fundamentais pela equipe econômica de Michel Temer: a fixação de uma idade mínima para a aposentadoria e a unificação das regras dos servidores públicos e dos trabalhadores da iniciativa privada.

É mais que evidente a necessidade de uma reforma da Previdência, em razão do crescente déficit do sistema previdenciário. Em 2016, o rombo causado pela Previdência nas contas da União, dos Estados e dos municípios foi de R$ 305,4 bilhões. Longe de ser temporário, esse desequilíbrio entre receitas e despesas é estrutural e tende a crescer, inclusive por força do envelhecimento da população. Ou seja, as regras atuais da Previdência geram uma conta que, além de ser cara demais para o bolso do contribuinte – o dinheiro dos impostos é usado para o custeio dos benefícios previdenciários –, é insustentável no médio prazo. O Estado não tem condições de cobrir esse rombo anual cada vez maior e continuar cumprindo suas atribuições essenciais na área da saúde, educação, segurança, etc.

Reforma trabalhista estreia com chances de tumulto legal- Editorial: Valor Econômico

A reforma trabalhista, que abre frestas na legislação vigente há mais de 70 anos, começa a ser testada a partir de amanhã, em meio a expectativa de guerras judiciais. Os juízes do Trabalho, encarregados de aplicá-la, por meio de sua associação sinalizaram que não aplicarão boa parte das novas normas, por considerá-las inconstitucionais. Para as relações de trabalho, no entanto, a tentativa de modernização é tardia, necessária e pode permitir a queda da informalidade, ainda muito alta. A CLT protege hoje, dos 90 milhões, pouco mais de um terço, ou 33,3 milhões, têm carteira assinada.

Para atender então a basicamente um terço dos trabalhadores, a Justiça do Trabalho possui 4 mil juízes e 45 mil funcionários, que consumiram R$ 17,1 bilhões (dados de 2015). Os litígios têm crescido sem parar - entre 2011 e 2015, 17,3 milhões de reclamações bateram às portas da Justiça trabalhista. Abarrotada de processos, a taxa média de congestionamento dessa Justiça, em junho de 2017, foi de 53,8%. A cúpula, no Tribunal Superior, é altamente exigida pelo excesso de ações - 38,2% dos recursos que buscam esse destino o conseguem.

Golpe de Itararé – Editorial: Folha de S. Paulo

Intenso e insistente por ocasião do impeachment, parece entrar agora em declínio o artifício retórico de que a deposição de Dilma Rousseff (PT) não passava de um golpe promovido pelas elites, a romper com o ciclo democrático regido pela Constituição de 1988.

Foi, de resto, em estrita obediência aos princípios daquele texto que se deu o processo de afastamento da petista. Como é notório, as instituições políticas e as liberdades fundamentais não sofreram abalo desde então.

No terreno da historiografia, onde vigora a influência das concepções lulistas, é possível que a descrição da crise de 2016 ainda venha a se cobrir de tintas partidárias.

Quando se passa, entretanto, do lulismo imaginário para o real, a tese do golpe já se mostra em vias de desaparecimento, sem que por isso o compromisso com a verdade conheça alguma recuperação.

COP-23 evidencia desafios do Acordo do Clima - Editorial: O Globo

Conferência debate criação de regras para implementar pacto de Paris. Países se mobilizam para ocupar espaço dos EUA, e Brasil tem atuação ambígua

A Conferência do Clima da ONU (COP-23), em Bonn, na Alemanha, iniciada na última segunda-feira, tem como uma das metas principais elaborar as regras para viabilizar o Acordo do Clima de Paris (COP-21), realizado em 2015, quando 195 países se comprometeram a limitar o crescimento da temperatura média do planeta a menos de 2ºC neste século. Apesar da complexidade da tarefa, a adesão quase unânime das nações ao pacto permitiu naquele então um otimismo moderado.

A eleição de Donald Trump e sua decisão de retirar os EUA do Acordo de Paris foram um importante retrocesso. Tal recuo baseou-se na descrença do presidente americano quanto à influência do fator humano no aumento da temperatura, contra todas as evidências científicas, bem como na sua defesa de áreas econômicas produtoras de energia suja, com alta incidência de emissão de gases do efeito estufa — sobretudo dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) —, como a indústria do carvão.

Luiz Carlos Azedo: Tucanos em crise

- Correio Braziliense

É incrível a confusão no PSDB. Os tucanos não conseguem entender-se. O racha no partido se aprofundou devido ao artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no domingo passado, no qual propôs o desembarque do governo em dezembro, e à proximidade da convenção nacional da legenda, marcada para dezembro. Candidato a presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE), que exercia o cargo interinamente, foi destituído ontem e substituído pelo ex-governador de São Paulo Alberto Goldman.

Tasso está em rota de colisão com o presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (PMDB-MG), que mais uma vez demonstrou poder de articulação e combatividade ao destituí-lo do cargo. Mostrou que ainda tem força, mesmo que desgastado por causa da Operação Lava-Jato. A ação, porém, foi brusca. Aécio reassumiu a presidência e designou Goldman seu substituto, para garantir isonomia na disputa pela presidência entre Tasso e seu adversário, o governador de Goiás, Marconi Perillo. A reação de Aécio foi uma resposta ao discurso de Tasso ao lançar sua candidatura, no qual reconheceu erros do partido e defendeu regras de compliance para os filiados.

João Cabral de Melo Neto: Morte e vida Severina

(Auto de Natal Pernambucano) - Trecho

— Antes de sair de casa
aprendi a ladainha
das vilas que vou passar
na minha longa descida.
Sei que há muitas vilas grandes,
cidades que elas são ditas;
sei que há simples arruados,
sei que há vilas pequeninas,
todas formando um rosário
cujas contas fossem vilas,
todas formando um rosário
de que a estrada fosse a linha.
Devo rezar tal rosário
até o mar onde termina,
saltando de conta em conta,
passando de vila em vila.
Vejo agora: não é fácil
seguir essa ladainha;
entre uma conta e outra conta,
entre uma a outra ave-maria,
há certas paragens brancas,
de planta e bicho vazias,
vazias até de donos,
e onde o pé se descaminha.
Não desejo emaranhar
o fio de minha linha
nem que se enrede no pêlo
hirsuto desta caatinga.
Pensei que seguindo o rio
eu jamais me perderia:
ele é o caminho mais certo,
de todos o melhor guia.
Mas como segui-lo agora
que interrompeu a descida?
Vejo que o Capibaribe,
como os rios lá de cima,
é tão pobre que nem sempre
pode cumprir sua sina
e no verão também corta,
com pernas que não caminham.
Tenho de saber agora
qual a verdadeira via
entre essas que escancaradas
frente a mim se multiplicam.
Mas não vejo almas aqui,
nem almas mortas nem vivas;
ouço somente à distância
o que parece cantoria.
Será novena de santo,
será algum mês-de-Maria;
quem sabe até se uma festa
ou uma dança não seria?

Zé Ramalho: Último Pau de Arara