quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

No Rio, Lula ataca presidente do TRF-4 e diz que Moro deve ser exonerado

Em teatro do Leblon, petista é recebido por intelectuais e artistas

Marco Grillo / O Globo

Com artistas, intelectuais e militantes de esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem de um encontro no teatro Oi Casa Grande, no Leblon, e atacou o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Carlos Eduardo Thompson Flores. Na semana que vem, a corte vai julgar o recurso da defesa de Lula contra a condenação no caso do tríplex do Guarujá.

— Não vou falar mal dos juízes de Porto Alegre porque não os conheço. Acho estranho o presidente do tribunal não ter lido a sentença e ter falado que era irretocável. Estranhei um cara (desembargador) ler não sei quantas mil páginas em poucos dias, mas, como tem leitura dinâmica, pode ser. O que me chamou atenção foi que esse cidadão vai a Brasília pedir proteção da Suprema Corte, no Temer, no Etchegoyen, sem dizer quem está ameaçando. Esse cidadão é bisneto do general Thompson Flores, que invadiu Canudos e matou Antônio Conselheiro. É da mesma linhagem. Quem sabe esteja me vendo como cidadão de Canudos — provocou.

Lula sugeriu ainda que o juiz Sergio Moro, que o condenou, deveria ser exonerado pelo “bem do serviço público”.

O petista ironizou a acusação de que recebeu um apartamento no Guarujá como propina da empreiteira OAS em troca de benefícios em contrato na Petrobras. Ao citar a infância pobre, Lula afirmou que nunca roubou naquela época e que, portanto, não faria sentido roubar depois de firmar um “compromisso com o povo brasileiro”:

— Eu ia roubar apartamento de R$ 500 mil quando poderia ter apartamento cheio de malas com dinheiro, quando poderia estar participando desse conjunto da Odebrecht, ter participado de conta na Suíça?

Chico Buarque, que assinou recentemente manifesto em defesa do ex-presidente, não apareceu. Mas a classe artística foi representada por nomes como a cantora Beth Carvalho e os atores Osmar Prado, Bemvindo Siqueira, Herson Capri e Gregório Duvivier. Do mundo político, o ex-ministro Celso Amorim, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, possível candidato do PSOL à Presidência, foram alguns dos nomes. Do meio acadêmico, participaram do evento o antropólogo Luiz Eduardo Soares e a filósofa Marcia Tiburi, entre outros que lotaram o teatro na Zona Sul da cidade.

Lula chegou às 19h40m e desceu do carro bem na porta do teatro, sem passar pelos simpatizantes que o aguardavam e tampouco pelos opositores que o insultavam do outro lado da calçada.

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