quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Temer acelera a reforma do ministério

Raymundo Costa, Andrea Jubé e Cristiane Bonfanti | Valor Econômico

BRASÍLIA - Com a perda de dois ministros em menos de duas semanas, o presidente Michel Temer decidiu acelerar a reforma do ministério. A ideia é fortalecer as posições do governo no Congresso para aprovar a reforma da Previdência. Hoje, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para tratar da votação da reforma, que deve ocorrer na segunda quinzena de fevereiro.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse ao Valor que a reforma ocorrerá "aos poucos", como Temer anunciou há dois meses, quando deu posse ao ministro das Cidades, Alexandre Baldy. Padilha ressaltou que o governo espera deixar cada partido no comando dos ministérios ocupados atualmente. "Queremos manter a mesma correlação de forças", afirmou.

Reforma ministerial poderá ter curta duração
Com a perda de dois ministros em menos de duas semanas, o presidente Michel Temer decidiu acelerar a reforma do ministério, a fim de fortalecer as posições do governo no Congresso para aprovar a reforma da Previdência. Hoje o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) deve se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, para tratar da votação, em princípio prevista para a segunda quinzena de fevereiro.

Em conversa com o Valor, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que a reforma ocorrerá "paulatinamente", "aos poucos", como Temer anunciou há dois meses, quando deu posse ao ministro das Cidades, Alexandre Baldy (PP).

Padilha ressaltou que o governo espera deixar cada partido no comando dos ministérios ocupados atualmente. "Queremos manter a mesma correlação de forças", disse o ministro.

A mudança do ministério estava prevista para abril, quando os ministros candidatos a cargos eletivos deverão deixar seus cargos, por força da legislação eleitoral, mas começou em novembro do ano passado, nas negociações para votar a reforma no dia 6 de dezembro.

O primeiro a sair foi o ministro das Cidades Bruno Araújo (PSDB-PE). Desde então, quatro ministros já deixaram os postos que ocupavam na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

No total, 17 ministros pretendem deixar o governo a fim de disputar um cargo eletivo em outubro. Entre eles o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pré-candidato à Presidência da República. "A reforma começou, como previsto", disse o secretário-geral da Presidência, ministro Moreira Franco.

A demissão do ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, ontem, não era esperada pelo Planalto para agora. Ele preside o PRB, uma das siglas aliadas ao governo, e vai tentar uma vaga no Congresso pela primeira vez. Um dos nomes cotados para seu lugar é o de Guto Ferreira, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligado ao PRB e ao presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Também ontem, o Planalto confirmou a nomeação da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o Ministério do Trabalho, vago desde o fim de 2017 com o pedido de demissão do ministro Ronaldo Nogueira (PTB-RS). Ela é filha do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor da denúncia do mensalão, em 2005. O ex-deputado considerou que a indicação do nome de sua filha para o cargo de ministra é um resgate do nome de sua família e se disse emocionado. Falou em orgulho e surpresa. "É um resgate", afirmou, ao ser questionado sobre a imagem de sua família.

Cassado pela Câmara em 2005, Jefferson foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012 por sua participação no mensalão - o esquema de compra de votos montado pelo PT na Câmara dos Deputados. Nos dois casos, teve os direitos políticos suspensos por oito anos. O primeiro prazo já venceu; o segundo, só em 2020. Nesse período, o ex-deputado foi beneficiado por um indulto. Jefferson acha que já pode voltar a disputar mandatos, o que é juridicamente duvidoso. Ele no ano passado anunciou que iria concorrer por São Paulo, para não prejudicar a eleição da filha no Rio de Janeiro.

O ministério para aprovar a reforma da Previdência pode não ser o mesmo ministério que Temer vai montar para a eleição. Aparentemente, a atual reforma é de curta duração - Cristiane, como outros ministros que entraram desde o fim do ano passado no governo são candidatos à eleição, portanto, devem deixar seus cargos no início de abril. Cristiane já exerce uma grande influência no Ministério do Trabalho. O secretário-executivo da Pasta, Helton Yomura, é um quadro mais técnico, mas também foi indicação política da deputada.

A primeira troca para a reorganização da base aliada foi no Ministério de Cidades, ocupado pelo PSDB, partido que recomendou a saída de seus filiados do governo. Para o lugar de Bruno Araújo (PSDB-PE), Temer nomeou o deputado Alexandre Baldy (PP-GO). O partido está virtualmente fechado com a reforma da Previdência. Os tucanos são uma promessa. A substituição de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) foi tratada diretamente entre Temer e o ex-ministro. Para o lugar foi o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), bancado pelo Centrão.

A troca de Imbassahy por Marun mexeu no coração da coordenação política do Planalto. O estilo mais agressivo do deputado tem agradado o presidente Temer, apesar da confusão que causou ao cobrar reciprocidade dos governadores, inclusive da oposição, na reforma da Previdência. Com a saída de Antonio Imbassahy e a entrada de Carlos Marun, o PSDB, que ainda mantém ministérios no governo, perdeu para o PMDB o lugar no centro das decisões palacianas.

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