quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Plano B tucano nas entrelinhas

Baixo desempenho de Alckmin no Datafolha movimenta PSDB, mesmo que pré-candidatura seja hoje a principal do partido

Flávio Freire / O Globo

-SÃO PAULO- A despeito da consolidação, pelo PSDB, em torno do nome de Geraldo Alckmin como presidenciável do partido, mesmo os tucanos mais afinados à direção partidária não devem resistir à tentação de colocar em xeque a força política do governador paulista. Alckmin patina em 8% nas pesquisas para a Presidência. O baixo desempenho, no entanto, deve alvoroçar os que, discretamente, se engalfinham por um lugar ao sol no partido.

Enquanto a discussão gira em torno de um possível nome para substituir Lula, mesmo que sua debilidade jurídica se contraponha à musculatura eleitoral desenhada pelo Datafolha, tucanos evitam falar em plano B. Fica tudo nas entrelinhas. Fernando Henrique foi sutil em sua mais recente avaliação da performance do colega, mas deu o tom: “Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade, temos que apoiar essa pessoa”. Depois, lembrou que Luciano Huck não desistiu da empreitada.

O cenário, evidentemente, não é mais o de 2006, quando o grupo de cardeais dava as cartas — hoje, tucanos aparecem enrolados na Lava-Jato. Numa noite de fevereiro daquele ano, Fernando Henrique, Aécio Neves, José Serra e Tasso Jeireissati deixaram Alckmin para trás e não o convidaram para um jantar em que a disputa interna no PSDB para a sucessão de Lula ganhava força.

No partido, não parece haver nome com força para tirar o governador do xadrez eleitoral. Mas não deve faltar quem conspire contra um pré-candidato sem a popularidade de Bolsonaro, Marina ou Ciro, embora o tucano diga estar num patamar com chances de recuperação.

Vale lembrar que, lá atrás, os números da eleição de 2006 mostraram um cenário inédito. Geraldo Alckmin fechou o primeiro turno de 2006 com 39,9 milhões e encerrou a etapa final com cerca de 2 milhões de votos a menos. Diante dos resultados do Datafolha, os tais correligionários que querem um um lugar ao sol devem questionar: “Onde está o recall?”.

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