terça-feira, 6 de março de 2018

"Escolha de vice é mais para frente", diz Alckmin

Por Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico

NOVA LIMA (MG) - O pré-candidato do PSDB a presidente e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou que deixará para meados do ano a definição de quem será o candidato a vice em sua chapa. Uma eventual aliança com o MDB do presidente Michel Temer, indicou o tucano, por ora esbarra na posição do partido de lançar candidato próprio.

"A escolha de vice é mais para frente não é nesse momento. Acho que agora nós vamos ter em março, abril definição das candidaturas, saber os partidos que terão candidato próprio, quem não terá candidato próprio. A definição de vice é lá para o meio do ano, mais próximo da convenção", disse Alckmin ontem a jornalistas durante encontro que teve com empresários e executivos mineiros.

"O MDB tem candidato próprio, é isso o que a gente tem ouvido. Nós temos que respeitar. Você só pode fazer aliança com quem não tiver candidato. Então nesse momento todos os partidos, quase, vão dizer que tem candidato. Isso [a definição da chapa] é mais para frente", disse.

No governo, a posição é de ter um candidato. Temer, apesar de sua alta impopularidade, é considerado uma opção, assim como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que poderia migrar do PSD para o MDB. Este também passou a te seu nome especulado como um possível vice de Alckmin. Outro presidenciável governista é o presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Um apoio do MDB a Alckmin daria a ele um acréscimo crucial de tempo de TV. "A candidatura nossa independe disso", afirmou ele ao Valor, depois do evento, referindo-se aos movimentos do governo. "Nós vamos procurar fazer aliança com quem não tiver candidato."

Temer conversou na semana passada com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Alckmin disse à reportagem que não falou com nenhum deles depois. Mas elogiou: "Ex-presidente da República sempre tem uma experiência, é sempre bom ter diálogo, política precisa ter mais civilidade".

O governador paulista tem aparecido com menos de 10% das intenções de voto nas pesquisas mais recentes. Ele se apresenta como candidato da mudança, mas ao mesmo como um defensor da agenda de medidas postas em prática pelo governo Temer.

"O país precisa mudar", disse ele, afirmando ser o candidato para "mudar" o Brasil. "Mas também reconheço avanços. Você tinha um quadro quase falimentar quando o PT saiu; esse quadro mudou. Nós estamos num momento de retomada", disse.

Não se trata, disse, de defender unicamente a pauta econômica de Temer, afirmou. "Sou favorável a uma agenda reformista, que é necessária para o país. A reforma não precisa ser igual, não é igual." Para o governador, o prioritário e o que deverá ser aprovado logo no primeiro ano de um eventual governo seu é uma reforma política, uma reforma tributária e uma reforma previdenciária.

Alckmin voltou a defender a candidatura a governo de Minas do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Anastasia é visto como o nome mais forte da oposição numa eleição que tem como forte concorrente o atual governador e candidato à reeleição, Fernando Pimentel (PT).

"Ele sabe que eu quero que ele seja candidato a governador. Vamos aguardar", disse o governador paulista a jornalistas logo a chegar ao evento em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. Anastasia tem repetido que quer continuar seu mandato como senador.

Durante o discurso a empresários, Alckmin defendeu a existência de um Ministério da Segurança Pública - recém-criado por Temer. E fez ressalvas à intervenção federal no Rio de Janeiro. Afirmou que se trata de uma resposta a um quadro de urgência, mas questionou o fato de sua duração ser tão longa - até 31 de dezembro. Criou, afirmou, um "problemão" por impedir a aprovação de propostas de emenda à Constituição nesse período.

Sobre o ex-presidente Lula da Silva - cuja candidatura está ameaçada por ter se tornado ficha-suja, o tucano disse que não vale a pena seu partido ficar alimentando críticas e acusações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "O que interessa para o povo brasileiro ficar discutindo com o PT se o Lula foi isso ou aquilo? O que interessa é você falar para frente", disse ele.

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