quarta-feira, 21 de março de 2018

MDB entrega controle de diretório em PE a Coelho

Por Fabio Murakawa | Valor Econômico

BRASÍLIA - A Executiva Nacional do MDB dissolveu ontem, por 17 votos a 6, o diretório estadual do partido em Pernambuco. Na prática, a medida retira o comando da legenda no Estado das mãos do deputado Jarbas Vasconcelos e o transfere para o senador Fernando Bezerra Coelho, recém-filiado à legenda.

O MDB sai também da base de apoio ao governador Paulo Câmara (PSB), que tentará a reeleição, para fomentar a candidatura do senador ao governo do Estado, como candidato de oposição. O partido tem o vice-governador do Estado, Raul Henry, que é contra a quebra da aliança com o PSB.

Ao deixar a reunião, na Câmara, Bezerra afirmou que seu filho - o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho - "certamente" se filiará ao MDB, "possivelmente nesta semana".

O senador presidirá uma comissão provisória que terá 90 dias para rearranjar o diretório estadual.

Presidente nacional do MDB, o senador Romero Jucá (RR) confirmou que Bezerra pai deve ser o candidato do partido ao governo do Estado. Nessa nova costura política, disse Jucá, a chapa teria como candidatos ao Senado o senador Armando Monteiro (PTB) e o ministro da Educação, Mendonça Filho. O ministro Bezerra Filho, afirmou Jucá, deve se candidatar à reeleição para deputado estadual.

"A partir de amanhã, vamos manter contatos para poder fazer essa transição lá em Pernambuco. E, a partir daí, criar uma agenda de trabalho para, primeiro, fazer um grande apelo para que aqueles que militam no MDB continue militando no MDB", disse Bezerra Coelho, em uma aparente referência ao grupo de Jarbas Vasconcelos. "Aqueles que quiserem sair, nós vamos respeitar, mas sobretudo tentando atrair quadros [...] para que a gente possa ampliar a representação do partido na Câmara dos Deputados e no Senado Federal."

Também à saída do encontro, o vice-governador Raul Henry (MDB) afirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a dissolução do diretório.

A reunião de ontem foi marcada depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter decidido que a dissolução do diretório estadual do partido poderia prosseguir.

Tomada em caráter monocrático, a decisão do ministro Admar Gonzaga reverte sentença do desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco Itabira de Brito Filho. Gonzaga alegou que o Tribunal de Justiça não é competente para discutir a questão da dissolução do diretório em Pernambuco.

Henry tentará convencer o Supremo de que o TSE não tinha competência para anular a decisão da Justiça de Pernambuco. "Há um conflito de competência [a ser discutido] no Supremo. Porque a reunião não poderia ter acontecido enquanto havia uma decisão da Justiça de Pernambuco dizendo que ela não poderia ter acontecido", disse o vice-governador. "Se o Supremo decidir que a decisão da Justiça de Pernambuco estava correta, a reunião perde o efeito."

Para Romero Jucá, a fala de Henry é "choro de quem perdeu".

"A posição do Raul Henry era apoiar o governador Paulo Câmara, uma candidatura do PSB. E a posição do diretório nacional era ter uma candidatura própria, do senador Fernando Bezerra. Entre uma candidatura própria do MDB e uma candidatura do PSB, nós optamos pela candidatura própria."

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