sexta-feira, 9 de março de 2018

Três deixam PMDB no primeiro dia da janela

No primeiro dia da janela partidária, o PMDB do presidente Michel Temer perdeu três deputados para outras legendas. A expectativa é que o número de saídas no partido suba para 11. Ontem, o ministro Carlos Marun fez um apelo no grupo de WhatsApp da bancada para que os parlamentares não migrem.

Risco de debandada

No primeiro dia da janela partidária, PMDB perde três deputados e teme esvaziamento

Patrícia Cagni e Leticia Fernandes | - O Globo

-BRASÍLIA- No primeiro dia da janela partidária, a comunicação de saídas de deputados do PMDB, do presidente Michel Temer, levou o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) a entrar em campo, em tom de apelo, para tentar evitar uma debandada do partido. Pelo grupo de WhatsApp da bancada na Câmara, e também por telefone, o ministro trabalha contra o enfraquecimento da legenda às vésperas da eleição.

A janela está aberta até o dia 7 de abril, e os deputados que trocarem de legenda neste momento não perderão os mandatos pela regra da fidelidade partidária. As mudanças têm, entre outros fatores, relação com a capacidade de cada legenda para financiar as campanhas de quem buscará a reeleição, uma vez que a maior parte dos recursos disponíveis neste ano vem de dois fundos públicos: o partidário e o eleitoral.

Há uma estimativa de descontentes no PMDB de que pode chegar a 11 o número de saídas. A bancada peemedebista tem 58 integrantes na Câmara. Ontem, três deputados utilizaram o grupo de WhatsApp chamado para anunciar a desfiliação: André Amaral (PB), Altineu Côrtes (RJ) e Celso Pansera (RJ). Logo em seguida, Marun pediu “cautela” aos que pensavam em sair, mas admitiu o “momento difícil”.

“O MDB, com todos os seus defeitos, é um partido consolidado e histórico, e onde temos laços consolidados e especiais. Reconheço que o momento é difícil, mas afirmo sem medo de errar que a migração partidária na véspera da eleição não é o melhor caminho”, pediu o ministro aos colegas de partido, em mensagem obtida pelo GLOBO.

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos vice-líderes do governo na Câmara, admitiu que haverá perdas. Mas reproduziu uma estimativa de que o partido pode conseguir manter bancada semelhante a que já tem com a adesão de outros parlamentares.

— Alguns deputados vão sair, mas muitos também vão entrar. O nosso líder, Baleia Rossi, acha que no fim da janela vai equilibrar.

Um dos deputados descontentes que já foi acionado por Marun para mudar de ideia é Osmar Serraglio (PR). O parlamentar reconhece o assédio para que não troque de legenda.

— Ele (Marun) me pediu para pensar com calma — resumiu Serraglio.

O deputado paranaense tem divergência com o cacique peemedebista de seu estado, o senador Roberto Requião, e argumenta que só considera permanecer no PMDB caso tenha garantias de que a condução do pleito no estado será diferente:

— Em todas as campanhas políticas o líder lá é o Requião, e ele me dificulta sempre. E eu cansei.
No caso de Celso Pansera, a justificativa é falta de afinidade ideológica em relação às últimas decisões tomadas pelo partido. Ele vai se filiar ao PT. Desde o início do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, de quem foi ministro, Celso Pansera se posiciona — em votações e discursos — de maneira contrária à defendida pelo PMDB. O deputado também votou a favor da abertura dos processos de investigação do presidente Michel Temer.

— Nossas divergências foram no campo político. Não levo nenhuma mágoa pessoal e se, porventura, eu tenha deixado alguma, peço perdão — escreveu Pansera aos ex-colegas peemedebistas, em mensagem enviada ao grupo.

André Amaral, o terceiro do PMDB que anunciou a saída, está de partida para o PROS.

DINHEIRO PARA CAMPANHA É ATRATIVO
Com o fim do financiamento privado das campanhas, o dinheiro a ser disponibilizado pelos partidos passou a ser um atrativo para quem está insatisfeito. Com recursos dos dois fundos públicos, legendas médias, como PP e PR, estariam prometendo disponibilizar até R$ 2,5 milhões para a campanha de quem for buscar a reeleição, justamente o teto permitido para as eleições de deputado federal.

Altineu Côrtes (RJ) deixou o PMDB para voltar ao PR, partido que deve crescer na janela. Ele nega que a migração seja diretamente ligada ao financiamento de campanha.

— No meu caso não teve absolutamente nada a ver com isso, e não vejo nada definido em números nos partidos, de dar tanto, mas partidos médios e grandes vão ajudar os candidatos — diz Côrtes.

O DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), informou a filiação de quatro novos deputados nesta quinta-feira: Heráclito Fortes (PI), João Paulo Kleinübing (SC), e os fluminenses Laura Carneiro e Sérgio Zveiter. O PDT, que tem Ciro Gomes como pré-candidato ao Planalto, espera receber dois novos nomes: Chico D’Ângelo e Hugo Legal. O deputado Marco Feliciano (SP) vai se filiar ao Podemos, que tem o senador Alvaro Dias (PR) como presidenciável.

Partido do também pré-candidato Jair Bolsonaro (RJ), o PSL realizou, na última quarta-feira (7), um ato simbólico para efetuar a migração do deputado Jair Bolsonaro (RJ), pré-candidato à Presidência. No evento, presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), informou que espera a filiação oficial de outros oito deputados à legenda.

O líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MS), reclama do “leilão” na Câmara.

— Quando acabou com o financiamento privado, todo mundo ficou assustado em relação a como fazer uma campanha. E somado a isso, tem o fundo partidário e a janela. Com essa soma de novidade que temos agora, temos praticamente um leilão — ponderou.

Apesar de receber a filiação — realizada antes mesmo da abertura da janela partidária — dos deputados Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR), o PSB ainda é visto como um dos partidos que pode sofrer o maior número de baixas. Alguns dos deputados da legenda deverão seguir ao DEM de Rodrigo Maia. A migração nessa direção já aconteceu com parlamentares que acabaram expulsos pelo PSB, como a coordenadora da bancada ruralista Teresa Cristina.

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