quarta-feira, 7 de março de 2018

Uma eleição totalmente em aberto

Por Fernando Exman | Valor Econômico

BRASÍLIA - A situação jurídica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai tomando forma, com o avanço na Justiça dos processos enfrentados pelo petista e das discussões sobre o seu enquadramento na Lei da Ficha Limpa. A retirada de Lula do processo eleitoral, no entanto, deixa a disputa aberta entre os demais pré-candidatos: a pesquisa CNT/MDA aponta empate técnico nos principais cenários de segundo turno. E indica que a capacidade do ex-presidente de eleger seus "postes" pode ter minguado.

Lula continua um pré-candidato fortíssimo, à frente em todos os cenários estimulados para o primeiro e segundo turnos - além de também aparecer com o maior percentual de intenção de voto espontânea, com 18,6%. Patamar muito superior ao alcançado por seus adversários, que excluindo o deputado Jair Bolsonaro (12,3%) sequer chegam a 2%. No entanto, independentemente de decisões que o levem à cadeia ou garantam sua liberdade, tudo indica que sua candidatura será barrada pela Justiça Eleitoral em razão de uma condenação em segunda instância.

Diante dessa perspectiva, a pesquisa MDA também perguntou aos 2.002 entrevistados sobre o que eles pretendem fazer em outubro, se o nome de Lula de fato não estiver nas urnas. Bolsonaro, que vai se filiar nesta semana ao PSL, ficou à frente dos demais pré-candidatos no primeiro turno, com a ex-senadora Marina Silva (Rede) na sequência. Mas a ex-ministra do Meio Ambiente não bate Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) com muita folga.

No segundo turno, novamente o capitão da reserva ficou à frente, mas apenas na margem de erro da pesquisa, que é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. Enfrentando Alckmin (24,3%), Bolsonaro obteve 26,7% das intenções de voto. Ante Marina Silva, que alcançou 26,6%, o deputado conquistou 27,7% dos votos. Em um cenário que não contempla Bolsonaro no segundo turno, também há empate técnico entre Marina e Alckmin. Desta vez, por 26,3% a 24,6%.

A pesquisa não incluiu os chamados "outsiders" e Ciro Gomes não foi colocado em cenários de segundo turno. Estranhamente, a sondagem também ignorou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), como potencial candidato. Mas ela mostrou que o presidente Michel Temer (MDB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), não têm força hoje para representar o centro na eleição. O levantamento ainda pode desencorajar os planos B do PT. Afinal, 54,2% disseram que não votariam no candidato indicado pelo ex-presidente Lula.

Além disso, a pesquisa CNT/MDA captou um grande número de eleitores que ainda estão indecisos ou dizem que votarão em branco ou anularão. E as rejeições a Jair Bolsonaro, Marina Silva, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes não são nada desprezíveis, alcançando respectivamente 50,4%, 53,9%, 50,7% e 47,8%. O cenário eleitoral ainda é bastante incerto.

Nenhum comentário: