domingo, 29 de abril de 2018

Bruno Boghossian: Eliminação prematura

- Folha de S. Paulo

Candidatos precisam decidir se topam aliança indesejável para evitar fiasco

A matemática eleitoral não é boa para a turma do centro —ou campo azul, ou establishment ou qualquer denominação para o grupo que exerceu poder no país nos últimos dois anos.

Estamos no fim de abril e, aparentemente, há cinco candidatos com mais chances de chegar ao segundo turno do que Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Rodrigo Maia (DEM).

O desgaste da classe política e a impopularidade de Michel Temerabastecem a corrida presidencial com um combustível de mudança. É cedo para fazer diagnósticos definitivos, mas as pesquisas sugerem que deverá ser estreito o caminho para candidaturas de continuidade.

Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) despontam sob o signo da ruptura com a política tradicional. Ciro Gomes (PDT) e o nome do PT atacarão pela esquerda o atual governo. Por fim, Joaquim Barbosa (PSB) bagunça o tabuleiro ao atrair eleitores insatisfeitos de ponta a ponta.

Em qualquer combinação, esses cinco personagens podem provocar um segundo turno sem representantes do campo político que, sob as cores do PSDB, venceu ou esteve na final do campeonato em todas as disputas dos últimos 24 anos.

O núcleo centrista acreditava que seria o desaguadouro do eleitorado com repulsa a radicalismos e ao PT, mas faltam popularidade e consenso político para concretizar a previsão.

Os partidos do consórcio que derrubou Dilma Rousseff insistem em seguir caminhos diversos porque já encaram uma disputa velada pelos espaços do poder a partir de 2019.

O PSDB não aceita o apoio de Temer, pois o peso do presidente aproximaria os tucanos da derrota e os obrigaria a amargar quatro anos na oposição. Já o MDB suspeita que não terá direito a indicar nem sequer o porteiro do Palácio do Planalto se o indócil Alckmin vencer a eleição.

Dividido, esse grupo corre risco de eliminação prematura na disputa pela Presidência. Nos próximos meses, seus integrantes precisarão decidir se topam uma aliança indesejável para tentar evitar o fiasco eleitoral.

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