quarta-feira, 11 de abril de 2018

Bruno Boghossian: A jato

- Folha de S. Paulo

Com integrantes do time de Janot, força-tarefa assusta tucano na largada da eleição

A nova força-tarefa da Lava Jato em São Paulo começou a assustar o PSDB. Em apenas dois meses, a equipe de procuradores denunciou e prendeu um operador vinculado aos tucanos e, agora, busca conexões entre desvios no governo paulista e o financiamento de campanhas de Geraldo Alckmin.

O grupo do Ministério Público Federal apura se existem ligações entre o esquema de fraudes atribuído ao engenheiro Paulo Vieira de Souza(conhecido como Paulo Preto) e possíveis pagamentos ilegais para as eleições do tucano em 2010 e 2014.

Na segunda (9), os investigadores solicitaram à Procuradoria-Geral da República dados sobre repasses da Odebrecht às campanhas. O ofício pede “urgência, tendo em vista o andamento avançado de outras apurações correlatas”, em referência indireta às investigações sobre a atuação de Paulo Preto no governo.

A força-tarefa paulista da Lava Jato foi reforçada em 6 de fevereiro, passando de 3 para 11 procuradores. Dois dos novos integrantes haviam atuado com Rodrigo Janot em inquéritos contra políticos.

O grupo acelerou a apuração de casos em que há suspeita de participação de agentes públicos. No fim de março, denunciou Paulo Preto por desvio de verbas e prendeu o engenheiro por ameaçar uma testemunha. Agora, os procuradores querem saber se Alckmin se beneficiou desse dinheiro em suas campanhas.

Por ora, há poucas informações públicas que comprometam o ex-governador diretamente. Alckmin foi quem nomeou Paulo Preto para a empresa de projetos rodoviários do governo paulista, mas as ligações do engenheiro são consideradas mais estreitas com outros tucanos —como José Serra e Aloysio Nunes.

Ainda assim, os últimos episódios revelam o apetite da força-tarefa ao mirar o ex-governador. Mesmo que Alckmin não seja atingido, o trabalho dos procuradores vai incomodar o presidenciável tucano às vésperas de uma dura batalha nas urnas.

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