quinta-feira, 10 de maio de 2018

Charles Baudelaire: A giganta

Pois quando a Natureza, em seu capricho exato,
Gerava estranhos seres raros, dia a dia,
Uma giganta moça – eis do eu gostaria,
Para viver-lhe aos pés com a volúpia de um gato.
Ver seu corpo florir com a flor de sua alma
E crescer livremente em seus terríveis jogos;
Ver se não teria no peito alguma oculta chama,
Com as chispas molhadas que mostra nos olhos.
Percorrer à vontade a realeza das formas,
Escalar a vertente dos joelhos enormes
E, quando os sóis do estio, à complacência alheios,
Estendem-na, cansada, ao longo da campina,
Dormir descontraído à sombra dos seus seios,
Como abrigo tranqüilo ao pé de uma colina.

Nenhum comentário: