sexta-feira, 25 de maio de 2018

Demissão de Pedro Parente não soluciona crise do diesel, diz Alckmin

Por André Guilherme Vieira | Valor Econômico

SÃO PAULO - Contrariando posição do vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que propôs a demissão do presidente da Petrobras, Pedro Parente, o presidenciável tucano e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que demitir o executivo não soluciona a crise do diesel e propôs mudança na periodicidade do reajuste de preços.

"Eu acho que a solução não é demitir o Pedro Parente. Agora, de outro lado, você não pode ter oscilação diária (...) Acho que poderia ter um reajuste mais espaçado. Em vez de fazer diariamente, fazer a cada 15 dias, para ter um pouco de previsibilidade", afirmou.

Indagado se uma redução quinzenal de preço do diesel não prejudicaria o mercado, Alckmin disse que não está propondo revisão da política de preços. "É periodicidade. Hoje [a Petrobras] reajusta praticamente diariamente. Pode fazer a cada 7 dias, 15 dias. É uma oscilação muito grande. Quem trabalha com esse setor precisa de um mínimo de previsibilidade. Não é que ela não vá dar o reajuste, mas você pode pegar um pouco de mé- dia de uma ou duas semanas".

Ao ser questionado se faltou ao governo Michel Temer estabelecer diálogo com os caminhoneiros, de modo a prevenir a crise de desabastecimento que se anuncia, inicialmente Alckmin se esquivou. "Não, eu não tenho detalhes dessas decisões."

Em seguida, o presidenciável do PSDB disse que um aceno por diálogo "poderia até ter sido feito antes, não é?" e concordou ser "possível" que o governo tenha falhado ao tratar do tema.

Durante agenda de campanha ontem, em São Paulo, Alckmin atribuiu à imprensa a publicação de "futrica" na cobertura da campanha. O tucano entrou em rota de colisão nas redes sociais com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que tem 20% das intenções de voto, ante cerca de 5% de Alckmin, segundo a última pesquisa.

Na quarta-feira, Bolsonaro desafiou Alckmin a chamá-lo de corrupto, em postagem no Twitter.

"O Bolsonaro não sabe dialogar, né? E não sabe ouvir crítica, então desrespeita as pessoas. O que o Brasil precisa é de diálogo, porque quem for eleito presidente da República vai ter de dialogar para poder fazer avançar um conjunto de reformas que o país precisa", respondeu o tucano depois de ser indagado sobre o assunto.

O presidenciável do PSDB também tentou associar Bolsonaro ao PT, comparando o discurso militarista-intervencionista do candidato do PSL à linha ideológica do partido de esquerda, que defende o desenvolvimentismo como política de governo.

"Há uma grande conveniência entre o PT e o Bolsonaro. Aliás, se você pegar durante longos anos, votou igualzinho ao PT. A mesma visão distorcida, corporativa em relação à economia brasileira".

Mantendo uma agenda de campanha considerada tímida por aliados, Alckmin começou a intensificar seus compromissos públicos nesta semana.

Hoje ele vai a um frigorífico em Ji-Paraná, Rondônia, no período da manhã. Depois tem agendas até o meio da tarde, que incluem uma visita à feira de agronegócios organizada pelo governo estadual de Rondônia, encontro com lideranças políticas e entrevista à uma rádio local.

A campanha do tucano contratou nova equipe de marketing, liderada pelo publicitário Lula Guimarães, que tem a missão de intensificar a exposição de Alckmin nas mídias sociais.

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