sexta-feira, 25 de maio de 2018

Pré-candidatos ao Planalto criticam atuação do governo

Os presidenciáveis atacaram ontem as ações do governo na crise. As críticas, feitas antes do acordo com os caminhoneiros, trataram da gestão dos preços da Petrobras e da demora do Planalto em reagir à paralisação.

Presidenciáveis criticam atuação do governo na crise

Pré-candidatos atacam alta de preços e reação à greve dos caminhoneiros

Miguel Caballero, Dimitrius Dantas | O Globo

-SÃO PAULO E RIO- A maior crise enfrentada pelo governo Temer neste ano eleitoral virou alvo de críticas dos pré-candidatos a presidente. Seja pela má gestão de preços da Petrobras ou pela demora em reagir à paralisação, a atuação do Palácio do Planalto na busca de soluções para a greve dos caminhoneiros foi atacada pelos pretendentes a suceder Temer.

Com diferenças de tom, Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) coincidiram no viés crítico. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato pelo MDB, partido de Temer, preferiu defender apenas a redução de impostos. Todos comentaram antes de o governo anunciar acordo cedendo às principais reivindicações dos grevistas.

Bolsonaro declarou apoiar as reclamações dos caminhoneiros, mas discordou do fechamento de estradas como forma de protesto.

— Os caminhoneiros sofrem com preço alto dos combustíveis, roubo de cargas, a indústria das multas, as condições das estradas... Eu concordo com quem para o caminhão em casa. Agora, fechar rodovia é extrapolar. Com isso, não dá para negociar — disse Bolsonaro, sem opinar sobre qual seria a solução para o preço do combustível. — Quem tem de dar a solução é o governo, não sou eu.

Já Marina Silva criticou a forma como a Petrobras reagiu ao movimento. Na quarta-feira, a empresa anunciou a redução de 10% no valor do diesel. Para a pré-candidata da Rede, foi um sinal de pressão política na gestão de preços, passando um sinal ruim ao mercado.

— Fazendo no olho do furacão, com a pressão política, a mensagem que passou externamente é que a Petrobras não está se comportando de acordo com as regras do mercado. E aí vai uma desvalorização das ações da Petrobras na ordem de 11% — opinou Marina, ao participar de sabatina feita pelo SBT, pelo portal Uol e pela “Folha de S.Paulo”.

Para ela, o governo Temer não soube reagir na crise.

— Não pode agir só quando as coisas estão praticamente fora de controle. Mas esse governo não tem condição de se antecipar a nada, porque vive o tempo todo na berlinda: na berlinda da falta de credibilidade, de falta de popularidade, e compromisso com a sociedade brasileira.

No Twitter, o pedetista Ciro Gomes considerou “uma aberração” a política de preços dos combustíveis praticadas pela Petrobras. “A alta dos combustíveis é uma aberração que praticamente nega a razão de ser da própria existência institucional da Petrobras. A política de preços adotada está equivocada e desrespeita a sua estrutura de custos. Toda a eficiência da Petrobras deve ser transferida para o interesse público brasileiro e é isso que nós vamos fazer”, escreveu.

Num tom mais ameno, mas ainda de crítica, o tucano Geraldo Alckmin avaliou que faltou diálogo do governo na condução da crise. Ele defendeu a manutenção de Pedro Parente como presidente da Petrobras, apesar do pedido de seu correligionário, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), para que Parente pedisse demissão da estatal.

— Diálogo. É o que disse hoje cedo o líder dos caminhoneiros: ele vem desde abril tentando o diálogo — comentou, ontem, em São Paulo.

Lançado esta semana como pré-candidato do MDB pelo presidente Temer, Meirelles não comentou o aspecto político da crise. Ele procurou focar o discurso na defesa da redução de impostos sobre combustíveis.

— Nós vamos ter que fazer a reforma tributária e aprovar as reformas de corte de despesa que permitam a diminuição da carga tributária sobre combustíveis. Agora, uma coisa é o deficit público elevado, despesa crescente de despesas, temos que diminuir as despesas e diminuir os impostos.

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