sexta-feira, 20 de julho de 2018

'Centrão' fecha com Alckmin, mas partidos vão referendar

Por Andrea Jubé, Carla Araújo, Raphael Di Cunto e Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - Após nova rodada de reuniões, ontem Geraldo Alckmin (PSDB) tornou-se praticamente o candidato do "Centrão" - bloco formado por PP, PR, DEM, PRB e SD - à Presidência da República. O acordo, entretanto, terá de ser aprovado dentro de cada um dos partidos, que ainda têm reivindicações "ideológicas" e regionais.

O Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva, o "Paulinho da Força", por exemplo, quer o compromisso com a volta do imposto sindical obrigatório. Uma questão que o secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), afirma ser uma "convicção" do partido. Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, que disputa com Alckmin o apoio do bloco, já prometeu trabalhar por uma "contribuição assistencial" para manutenção dos sindicatos.

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, o senador tucano Antonio Anastasia lidera a disputa pelo governo do Estado, mas o DEM se recusa a abrir mão da pré-candidatura do deputado Rodrigo Pacheco. Outro entrave no âmbito regional é que, no Piauí, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, candidato à reeleição, já fechou aliança com o PT.

No caso de acordo, o empresário Josué Gomes (PR), dono da Coteminas, deve ser indicado à vice-presidência.

Centrão fecha acordo com Alckmin e apresenta lista de reivindicações
Após a nova rodada de reuniões do Centrão, ontem, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, tornou-se praticamente o candidato do grupo. Dirigentes do bloco estiveram com o tucano em São Paulo e manifestaram a preferência pelo seu nome.

Uma série de reinvidicações foram apresentadas pelo bloco, como a definição do palanque em Minas Gerais, por exemplo. O Solidariedade também quer o apoio à recriação do imposto sindical. O grupo formado por PP, PR, DEM, PRB e SD pretende formalizar a aliança no dia 26 de julho. De acordo com fontes próximas ao tucano, os partidos pediram tempo para realizar consultas internas e darem satisfação a Ciro Gomes (PDT), que também negociava com o bloco.

Três presidentes de partidos que integram o bloco afirmaram ao Valor que Alckmin é "favorito" e que obterá o apoio do grupo "se não errar". O compromisso de restabelecer o imposto sindical, extinto na reforma trabalhista do governo Michel Temer, pode ser um ponto de atrito. O secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), advertiu ao Valor que a extinção da taxa é uma "convicção" do PSDB, antecipando a dificuldade das tratativas neste ponto. Uma fonte que participou do encontro, contudo, sustenta que o assunto não chegou a ser tratado.

Outro impasse que será discutido nos próximos dias são as divergências com o PSDB quanto aos palanques regionais. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, o DEM não quer renunciar à pré-candidatura ao governo do deputado Rodrigo Pacheco. No Piauí, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, candidato à reeleição, já fechou aliança com o PT. Em Alagoas, o partido quer um palanque forte para que o senador Benedito Lira (AL) possa enfrentar Renan Calheiros (MDB) na tentativa de renovar o mandato. A sigla ainda quer o apoio tucano a Esperidião Amin para o governo de Santa Catarina, sacrificando a candidatura própria do PSDB.

Ontem, após um café da manhã na residência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o grupo divulgou uma nota oficial reafirmando a estratégia de atuar em conjunto. "O momento é de ponderar, em conjunto, o melhor caminho para o futuro do Brasil. Ciente dessa responsabilidade e do papel que o Centro Democrático vai desempenhar nesta eleição, cada partido vai realizar consultas internas nos próximos dias com o propósito de anunciar publicamente uma decisão comum na semana que vem", diz o texto.

Depois do encontro em Brasília na casa de Rodrigo Maia, dirigentes do PP, PRB, DEM e SD foram a São Paulo para um encontro com Alckmin. A volta do imposto sindical, ou de uma contribuição definida em assembleia para manutenção dos sindicatos, entrou na disputa para convencer o presidente do SD, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente licenciado da Força Sindical a apoiar o PSDB.

Segundo fontes, Paulinho seria um dos mais reticentes a apoiar Alckmin. A preferência do deputado é a coligação com Ciro Gomes, que já prometeu trabalhar pela criação de uma contribuição para manutenção dos sindicatos.

O deputado Mário Heringer (PDT-MG) disse que conversou com Paulinho à noite e, embora o acordo com Alckmin estivesse 90% encaminhado, o presidente do SD teria garantido que não estava fechado. Enquanto Paulinho encontrava o tucano em São Paulo, aliados dele na Força Sindical participavam de ato com Ciro.

Além do receio de que Ciro não cumpra o que está tentando oferecer, líderes do Centrão disseram que o pedetista voltou a entrar em polêmica por conta de suas declarações. Primeiro, encaminhou carta a Embraer e Boeing sugerindo a paralisação das negociações entre as empresas. Depois, xingou uma promotora de São Paulo pela abertura de ação de injúria racial contra ele. A percepção do bloco é de que ele terá dificuldades em se manter afastado de polêmicas e isso pode comprometer a campanha.

Apenas o PR não enviou representante para a reunião com Alckmin, mas está fechado com o grupo e deve indicar o vice na chapa, o empresário Josué Gomes (PR). (colaborou André Guilherme Vieira, de São Paulo)

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