sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Bolsonaro e Alckmin são os mais atacados

Por Cristiane Agostine, Fernando Taquari e César Felício | Valor Econômico

SÃO PAULO - O primeiro debate entre os presidenciáveis, ontem, na TV Bandeirantes, reuniu 8 dos 13 candidatos e foi marcada pela dureza nos embates entre o candidato do PSL, deputado Jair Bolsonaro e o do PSDB, Geraldo Alckmin, e seus adversários.

Bolsonaro lidera as pesquisas nos cenários em que é excluído o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve ser declarado inelegível. Alckmin fez a maior aliança, ao coligar-se com o PP, DEM, PTB, PPS, PR e PRB.

Coube a Guilherme Boulos (Psol) fazer a primeira pergunta e o candidato, após chamar Bolsonaro de "racista" e homofóbico" e afirmar que ele transformou a atividade política em um esquema familiar, ao escalar filhos para disputar mandatos, disparou: "o senhor conhece a Val?". Era uma referência a uma funcionária do gabinete de Bolsonaro que mora em Angra dos Reis. "Valderez é uma funcionária minha que ganha dois mil reais por mês. Humilde e trabalhadora. Essa senhora sempre prestou serviço para mim", disse Bolsonaro.

" É uma funcionária fantasma que cuida dos cachorros dele em Angra", devolveu Boulos. Bolsonaro acusou Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), de ser um invasor de propriedades e concluiu: " não vim aqui para bater boca com um candidato desqualificado".

Se teve contendores, o deputado também deixou claro no início do debate que tinha aliados. Uma amena troca de perguntas deixou clara a relação amistosa entre Bolsonaro e o senador Alvaro Dias, candidato do Podemos.

Horas antes do debate, Bolsonaro era o candidato que mais mobilizava a internet. O candidato do PSL era responsável por 68% das buscas nos presidenciáveis nas duas horas que antecederam o encontro, segundo o Google Trends. Ciro vinha em segundo, com um distante 12%.

Formalmente convidado, mas impedido pela Justiça de ir, por cumprir pena em regime fechado, Lula divulgou uma carta, afirmando que a decisão "viola o direito do povo brasileiro e também dos outros candidatos de discutir as propostas da minha candidatura".

Marina Silva (Rede) buscou polemizar com Geraldo Alckmin (PSDB), o questionando pela aliança com o Centrão. "É assim que se constrói a mudança?", questionou. O tucano afirmou que precisa de apoio no Congresso para promover mudanças efetivas. "Isso é o que todos dizem. Tudo em nome da governabilidade, no exercício puro e simples do poder. É isso que nós temos que acabar", disse Marina.

"Nosso objetivo é melhorar a vida das pessoas e a política é um caminho. A Marina saiu do PV dizendo que era incompatível com o partido, fundou a sigla dela e acabou coligando com o PV. Ela está certa", disse Alckmin.

O emedebista Henrique Meirelles entrou no debate atirando no governo federal comandado pelo PT. Sua pergunta a Alvaro Dias foi: "porque o governo anterior foi um fracasso?". "O senhor que estava lá é que poderia dizer", respondeu Dias.

"Existe uma desinformação básica de alguns candidatos. Não fiz parte do governo da Dilma", retrucou Meirelles, mostrando que quer separar a gestão Dilma da gestão de Lula.

Candidato do partido do presidente Michel Temer, de quem foi ministro da Fazenda, Meirelles tornou-se o terceiro alvo preferencial de ataques, depois de Bolsonaro e Alckmin. Não apenas Dias, mas Marina Silva o responsabilizaram por uma alegada falta de resultados na política econômica do governo federal.

Ciro Gomes (PDT) procurou se diferenciar do tucano ao divergir dele em relação à reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer. O pedetista lembrou que o PSDB votou majoritariamente pela aprovação das mudanças trabalhistas e que desde então se agravou a situação de desemprego. Alckmin reiterou o apoio à medida. "Nossa discordância é profunda. A reforma do Temer introduziu insegurança. Vou corrigir isso", afirmou Ciro, na sequência.

O pedetista abusou de promessas de impacto, como gerar dois milhões de empregos no primeiro ano de governo.

No embate direto entre Alckmin e Bolsonaro, ao responderem pergunta sobre segurança pública, o deputado lembrou que o PSDB apoiou a proibição total de venda de armas que caiu no referendo de 2005. Alckmin desviou-se da provocação e limitou-se a enumerar as suas metas para o setor.

Candidato do nanico Patriotas, Cabo Dacíolo, um deputado federal, chamou a atenção pela estridência e pelas críticas aos adversários, "da velha política", que "falam, falam e não dizem nada". Ao comentar sobre segurança, o parlamentar foi esperto ao lembrar de um crise de feminicídio no Paraná, que teve imensa repercussão nas redes sociais.

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