quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Sem Lula, Marina é a preferida no Nordeste

Marina Falcão e Fernando Torres | Valor Econômico

RECIFE E SÃO PAULO - Região onde o ex-presidente Lula teve suas maiores votações, o Nordeste foge do padrão do restante do país também na eleição deste ano. Os cruzamentos da pesquisa do instituto Datafolha mostram que, sem o ex-presidente, Marina Silva (Rede) lidera as intenções de voto na região, único local onde isso ocorre.

Ela tem a preferência de 19% dos nordestinos, três pontos percentuais acima da média nacional no cenário sem Lula. Jair Bolsonaro (PSL) lidera quando Fernando Haddad (PT) é incluído nas demais regiões, mas no Nordeste fica com 14%, seu menor percentual. E empata com Ciro Gomes (PDT), que registra lá seu melhor desempenho.

Em termos nacionais, Bolsonaro obteve 22% das intenções de voto no cenário sem Lula; Marina, 16%; Ciro Gomes, 10%; e Geraldo Alckmin (PSDB), 9%. Haddad empata com Álvaro Dias (Podemos), ambos com 4%.

Voto lulista no NE é atraído por Marina, mostra pesquisa
Fortaleza de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a região Nordeste foge do padrão do resto do país também no cenário para a eleição presidencial em que o petista preso em Curitiba não aparece como candidato. É o que mostram cruzamentos da pesquisa Datafolha divulgada ontem.

Sem Lula no páreo da corrida presidencial, Marina Silva (Rede) lidera em intenções de voto na região Nordeste, à frente do deputado Jair Bolsonaro (PSL). É a única região do país onde isso ocorre. A ex-ministro do Meio Ambiente consegue 19% dos votos nos nove Estados do Nordeste, três pontos percentuais acima da média nacional no cenário sem Lula. Já Bolsonaro, que lidera nas demais regiões do Brasil, fica numericamente atrás de Marina no Nordeste com 14%, seu menor percentual. É uma situação de empate com Ciro Gomes (PDT), que também obtém na região o seu melhor desempenho.


Em todo o país, Bolsonaro lidera isolado com 22% no cenário sem Lula. Marina marca 16%; Ciro Gomes, 10%; Geraldo Alckmin (PSDB), 9%. O petista Fernando Haddad, cotado para substituir Lula, marca 4%, o mesmo que Alvaro Dias (Podemos). Votos em branco e nulos ficam em 22%, 6% são indecisos ou não responderam.

No cenário em que o nome do ex-presidente é oferecido como opção, Lula consegue 39%. É seguido por Bolsonaro (19%), Marina (8%), Alckmin (6%) e Ciro (5%). Os demais candidatos somam 9%. Brancos e nulos são 11%, outros 3% não responderam.

Marina Silva é a postulante que aparentemente herda maior parte dos votos de Lula quando o ex-presidente fica fora da disputa. Salta de 8% para 16%. Isso equivale a 21% dos 39 pontos percentuais atribuídos ao petista preso em Curitiba. Sem que o entrevistador informe sobre apoio explícito de Lula, Haddad "herda" 11% dos 39 pontos percentuais do ex-presidente, desempenho semelhante ao de Ciro Gomes, que recebe o equivalente a 13%.

Quando o nome de Lula é substituído pelo de Haddad no questionário, o percentual de apoiadores de Marina só não aumenta mais que o contingente que declara intenção de votar nulo, em branco ou se diz indeciso. A soma dessas três categorias sobe de 14% para 28% na pesquisa do Datafolha.

A identificação dos eleitores mais pobres com a candidatura de Marina aparece em outro recorte do Datafolha. Na faixa de eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos, ela tem 19% das intenções de voto contra 14% de Bolsonaro, no cenário sem Lula. Em todas as outras faixas de renda, Marina fica atrás do deputado.

No Nordeste, Marina se beneficia ainda do fato de Ciro Gomes não conseguir replicar para os outros Estados a força que demonstra ter no Ceará. E nada indica que isso mudará, no que depender da força das máquinas partidárias. "Ciro ficou isolado pela polarização PT-PSDB. O PT lhe tirou o PSB, e o PSDB lhe tirou o Centrão", afirma Elton Gomes, doutor em ciência política pela Universidade Federal de Pernambuco e professor da Faculdade Damas.

O pesquisador diz que Haddad tende a assumir o lugar de Marina no Nordeste, embora o tempo de campanha seja curto. O que fará a diferença, na sua avaliação, é a estrutura partidária. "São mais recursos, apoio dos chefes locais e mais capilaridade na região", diz.

Os dados sugerem que o potencial de crescimento de Bolsonaro no Nordeste é restrito. Com sua plataforma fincada no antipetismo, o deputado atingiu uma taxa de rejeição de 50% na região, mostrou Datafolha. No Brasil, sua rejeição é de 39%.

Bolsonaro tem palanque em sete dos nove Estados nordestinos - as exceções são Pernambuco e Paraíba. Mas todos parecem pouco expressivos nas disputas locais. São candidatos nanicos e vistos com pouca ou nenhuma chance de crescer.

Realizada nos dias e 20 e 21 de agosto com 8.433 entrevistas, a pesquisa Datafolha foi encomendada pela TV Globo em parceira com o jornal "Folha de S. Paulo". O nível de confiança é de 95%; e a margem de erro, de dois pontos percentuais. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral com o código BR-04023/2018. (colaborou Ricardo Mendonça, de São Paulo)

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