quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Vera Magalhães: Acenos a vários públicos

- O Estado de S.Paulo

O que Jair Bolsonaro apresentou no TSE não é um programa de governo stricto sensu, mas um compilado das palavras de ordem que tem martelado desde que começou sua campanha. O resultado é um texto de fácil entendimento e alto poder de comunicação.

O documento mistura conteúdo de apostilas de educação moral e cívica com a Bíblia e palestras motivacionais. O eleitor já propenso ou decidido a votar em Bolsonaro sai dele acolhido e familiarizado.

Quando mira outros públicos além dos já convertidos, a proposta bolsonariana não detalha nenhuma medida, mas traz diretrizes liberais na economia, na relação com a imprensa e na gestão pública, contrapostas a outras conservadoras na educação, nos costumes e na segurança pública. Um mix que busca dialogar com os fãs e sem assustar o mercado e o setor produtivo.

É, no entanto, perigosamente omisso em relação à reforma da Previdência, sobretudo a do funcionalismo. Bolsonaro fala em conter o rombo fiscal e reduzir o peso da máquina pública, defende a venda de ativos para reduzir a dívida e promete manter o tripé macroeconômico de metas de inflação, juros e câmbio flutuantes.

Sobram farpas para o PT e à esquerda, apontados como causas da crise econômica e da corrupção, e afagos às Forças Armadas e à imprensa, ao descartar a regulação da mídia. Bolsonaro parece apostar num segundo turno contra o candidato lulista e apresenta um cartão de visita para ampliar seu eleitorado ao centro caso isso se concretize.

GUERRA JUDICIAL
Candidato do PSL se arma para a guerra na TV

O advogado Gustavo Bebianno já está mobilizado para responder à esperada artilharia contra Bolsonaro nas inserções dos adversários na propaganda eleitoral. Aliados do candidato do PSL avaliam que, graças aos direitos de resposta, poderá ser possível a Bolsonaro ter uma vitrine da qual está alijado pelas regras de distribuição de tempo da lei eleitoral. A ordem é questionar qualquer menção negativa ao nome do deputado. A avaliação no QG de Geraldo Alckmin é que vale a pena destinar parte do latifúndio de propaganda para “desconstruir” o rival, mesmo com o risco de ceder uma resposta.

VICE NA VITRINE
Ana Amélia se dedica a roadshow conservador

Ana Amélia realiza périplo de viagens e reuniões com setores conservadores que a candidatura Alckmin quer atrair. Amanhã e sexta ela cumpre agenda no Paraná e, semana que vem, visita Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O público-alvo é o agronegócio. Ontem ela esteve com o presidente da CNA, João Martins. Outro nicho são as Forças Armadas. Amélia já se reuniu com os comandantes da Marinha, Aeronáutica e Exército. Nas conversas, não menciona Bolsonaro, mas a ideia é mostrar a chapa como opção mais light ao candidato do PSL.

ELEIÇÕES EM MINAS
Pimentel quer atrair Lacerda e antecipar ‘segundo turno’

O governador de Minas e candidato à reeleição, Fernando Pimentel (PT), joga as últimas fichas para quebrar a resistência de Marcio Lacerda (PSB) e atraí-lo para uma candidatura ao Senado. O petista avalia que essa chapa – composta por Dilma Rousseff – seria forte e capaz de levar a uma antecipação do 2.º turno entre ele e o tucano Antonio Anastasia.

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