segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Para Alckmin, antipetistas deixarão Bolsonaro por voto útil

Por Estevão Taiar | Valor Econômico

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, reafirmou ontem confiança na sua estratégia de campanha, e disse recusar a hipótese de subir o tom das críticas contra seus adversários. Apesar de ser o dono do maior tempo de televisão, Alckmin vem encontrando dificuldades para subir nas pesquisas de opinião.

"Não adianta fazer campanha seis meses antes porque a definição é na chegada", disse durante caminhada no Campo Limpo, bairro na periferia da zona sul de São Paulo. "Não vou fazer campanha baseada em questões do momento."

Na pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira, ficou numericamente em quarto lugar, com 9% das intenções de voto, atrás do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), que lidera com 26%, do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), ambos com 13%.

De acordo com Alckmin, a tendência é que nas próximas semanas os eleitores antipetistas do candidato do PSL percebam que o voto no ex-capitão do Exército pode levar justamente à vitória de Fernando Haddad.

O ex-governador de São Paulo lembrou que Bolsonaro perde para os concorrentes nas simulações de segundo turno. No entanto, o deputado federal, além de liderar, é o candidato com o voto mais cristalizado no primeiro turno. Os eleitores do parlamentar são os que afirmam ter mais convicção e não mudarão de voto. E, na pesquisa espontânea, quando o entrevistado não tem a ajuda da cartela com o nome dos concorrentes, 22% já declaram voto em Bolsonaro, percentual próximo aos 26% da pesquisa estimulada.

Alckmin também tentou mais uma vez se mostrar como o candidato mais experiente para assumir o Palácio do Planalto. "Estamos preparados para colocar a casa em ordem", afirmou, citando o desequilíbrio das contas públicas e a piora do cenário externo.

Presidente do PPS e aliado de Alckmin, Roberto Freire também se disse confiante na estratégia atual, afirmando que a crise econômica fará com que o eleitor vote baseado na "razão". "A estratégia já está bem agressiva", disse.

Apesar de Alckmin ter dito que evitará subir a voltagem das críticas, sua propaganda em rádio e TV, no fim de semana, elevou o tom. A campanha negativa contra Bolsonaro e Haddad já inclui declaração do próprio candidato tucano contra os adversários, o que costuma ser evitado.

Alckmin caminhou em uma avenida comercial da região por quase uma hora, período em que parou para cumprimentar eleitores e tirar selfies. No fim, comeu um pastel.

Durante parte da caminhada, ele teve a companhia do correligionário e prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Havia também diversas pessoas carregando bandeiras de partidos da base aliada de Alckmin. No mastro de uma dessas bandeiras, estavam colados adesivos de campanha da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Pouco antes do início da caminhada, um homem passou de carro próximo à aglomeração e gritou "Lula livre".

Hoje o ex-governador faz campanha em Brasília.

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