quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Delação de Palocci vira arma contra Haddad

Afirmações do ex-ministro são usadas por Alckmin para tentar atrair o voto antipetista

Pedro Venceslau Marcelo Osakabe Jonathas Cotrim | O Estado de S. Paulo

O depoimento do ex-ministro Antonio Palocci à Polícia Federal, relatando o suposto elo dos governos Lula e Dilma com corrupção na Petrobrás, virou arma de adversários de Fernando Haddad (PT). Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a delação terá impacto já no primeiro turno e mostrou trechos da delação em seu programa do horário eleitoral. Questionado se o depoimento de Palocci poderia ajudá-lo a chegar ao segundo turno, Ciro Gomes (PDT) disse que “não consegue ficar alegre com isso”.

Às vésperas do primeiro turno da eleição, o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci à Polícia Federal, relatando o elo dos governos Lula e Dilma com corrupção na Petrobrás, virou arma de adversários do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad.

O tucano Geraldo Alckmin afirmou que a delação terá impacto sobre o pleito. “Vamos aguardar a Justiça. O que o brasileiro quer é uma Justiça e uma polícia independentes”, disse ele.

O programa de TV de Alckmin destacou ontem, logo na abertura, trechos da delação de Palocci, na tentativa de atrair o eleitor antipetista e também os indecisos, nessa reta final.

Depoimentos do ex-ministro de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso da Lava Jato, foram divulgados depois que o juiz Sérgio Moro levantou parte do sigilo do processo.

A propaganda do candidato do PSDB mostrou reportagens, enquanto um locutor dizia: “Escândalo. Comprovado o que o Brasil tinha certeza. Lula sabia de tudo sobre a corrupção na Petrobrás. Se o PT voltar, a corrupção vai continuar”.

O comercial também atacou Jair Bolsonaro (PSL), líder das pesquisas de intenção de voto, e o comparou ao candidato do PT, sob o argumento de que ambos querem criar uma nova Constituição. De acordo com o Ibope, Alckmin permanece em quarto lugar na disputa, com 8%, atrás de Bolsonaro – que cresceu quatro pontos e chegou a 31% –, de Haddad, com 21%, e de Ciro Gomes (PDT), que passou de 12% para 11%.

Questionado se considera que a delação de Palocci pode ajudá-lo a chegar ao segundo turno, Ciro disse não conseguir ficar “alegre” com isso. “Vamos passar os últimos cinco dias de eleição de novo na mesma lenga-lenga, no mesmo escândalo, na mesma nojeira, que é o que tem marcado a vida brasileira desde a crise de 2014”, afirmou.

Vice na chapa de Alckmin, a senadora Ana Amélia (PP) acusou o PT de não respeitar a Lava Jato, em debate promovido ontem pelo jornal Folha de S.Paulo, UOL e SBT. A estocada ocorreu após Manuela d’Ávila (PCdoB), que faz dobradinha com Haddad, criticar o fato de Moro levantar o sigilo da delação de Palocci a poucos dias da eleição.

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