sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Fracassa tentativa de formar frente pró-Haddad

Com a resistência também de Marina Silva, da Rede, fracassou a tentativa de articular “frente democrática” para apoiar o PT.

O primeiro fracasso

Ciro e Marina se afastam, e emperram plano petista por ‘frente democrática

Sérgio Roxo e Bela Megale | O Globo

SÃO PAULO E BRASÍLIA - Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) frustraram, ao menos por ora, o plano do candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, de se apresentar como representante de uma frente democrática no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL). Os dois presidenciáveis sinalizaram que não vão embarcar de cabeça na campanha petista, como planejava o ex-ministro petista Jaques Wagner.

Ciro disse a aliados que viajaria ontem para a Europa, onde deve ficar por um período de cinco a sete dias. Quando voltar, na semana que vem, faltarão apenas dez dias para a eleição.

A adesão total de Ciro à campanha era tratada como questão de tempo pelos aliados do presidenciável petista. No plano traçado, a construção da frente começaria pelo PDT e seu presidenciável para depois atrair eventualmente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Marina Silva, candidata da Rede. Anteontem, o PDT declarou apoio crítico à candidatura de Haddad no segundo turno.

—Não há nenhum encontro marcado com a campanha do Haddad. Manteremos nossa posição de ter um apoio crítico —disse o presidente do PDT, Carlos Lupi.

Após reunião que entrou pela madrugada de ontem, Marina Silva e os dirigentes da Rede anunciaram que não apoiam nenhum dos dois candidatos que chegaram ao segundo turno, mas disseram que o eleitor não deve apoiar Bolsonaro. Marina disse que há problemas éticos tanto do lado do PT, quanto do militar:

— A decisão do partido considera que nenhum dos dois projetos representa os anseios políticos econômicos e sociais do Brasil. Ambos têm graves problemas do ponto de vista ético. Recomendamos que nenhum voto seja dado a Bolsonaro pelo que ele representa contrário à democracia e à proteção dos direitos humanos.

Ao responder se estaria dando apoio indireto a Fernando Haddad, respondeu:

— Em relação ao outro candidato, que as pessoas votem de acordo com a sua consciência. Poderão votar nulo, branco ou qualquer que seja o voto.

JOAQUIM BARBOSA
Para os petistas, o apoio crítico de Ciro não é suficiente. A ideia era que o pedetista tivesse uma função importante na campanha para impulsionar a transferência dos 13,3 milhões de votos que obteve no primeiro turno. Aliados de Haddad falavam também que o pedetista seria um nome certo no ministério de um eventual governo, com direito a uma pasta importante.

Em entrevista à Rádio CBN, o candidato do PT minimizou a posição adotada por Ciro e e seu partido:

— Esse é um processo que vai durar a primeira semana, segunda semana, para a gente chegar na reta final com um amplo apoio das forças progressistas.

Na mesma entrevista, ao responder se queria o apoio de Fernando Henrique, Haddad respondeu:

— Se eu falo que quero e ele diz que não dá, é uma coisa ruim para mim e para ele. O bom é a gente ir se aproximando para ir construindo um entendimento.

Com as dificuldades impostas pela posição do PDT e pela viagem de Ciro, Haddad deu início a uma aproximação com o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, algoz do PT no mensalão. Os dois se encontraram de forma reservada, na noite de anteontem, na casa de Barbosa, em Brasília.

De acordo com aliados, Haddad tem interesse, caso seja eleito, em convidar Barbosa para assumir o Ministério da Justiça. A indicação serviria como uma sinalização de que seu governo dará todo apoio ao Judiciário.

—Não fui visitar o Joaquim Barbosa por outra razão. Quero escolher os melhores quadros e as melhores propostas para aprimorar o combate à corrupção no Brasil —disse Haddad.

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