terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Comissão identifica ossada de mais um desaparecido político

Aluísio Palhano foi preso pela ditadura depois de voltar do exílio no exterior

Juliana Dal Piva e Mateus Coutinho | O Globo

RIO E BRASÍLIA -Aossada do desaparecido político Aluísio Palhano, sindicalista e militante da Vanguarda Popular Revolucionária, foi identificada entre as mais de 1.047 localizadas em 1990 na vala clandestina de Perus, em São Paulo.

É a quinta Identificação desde o descobrimento dos milhares de restos mortais e a segundada pesquisa realizada pela equipe de antropologia forense da Unifesp, o Grupo de Trabalho (GT) Perus, contratado em 2014 pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos (Cemdp), do governo federal.

O GT Perus fez uma triagem nos ossos reconstituindo parte dos esqueletos e enviou fragmentos para o laboratório International Commission on Missing Persons (ICMP), de Haia, na Holanda. Em fevereiro, foi identificada a ossada de Dimas Casemiro, outro desaparecido político.

Márcia Ferreira, de 70 anos, filha de Aluísio Palhano, recebeu o relatório com as perícias que confirmaram a identidade de seu pai.

— Meu pai pertence à Baía de Guanabara, só isso que vou fazer —afirmou Márcia.

A família deve cremar os restos mortais do pai e jogar as cinzas no mar. Hoje com 70 anos e aposentada, ela afirma que a identificação lhe garante o direito ao luto:

—Você saber que alguém morreu, mas não ter certeza, e as pessoas olharem para você achando que “quem sabe, talvez”, é muito ruim.

Segundo o coordenador científico do GT Perus, Samuel Ferreira, “a identificação prova mais uma vez o uso do cemitério de Perus para desaparecimento de corpos”.

Aluísio Palhano era bancário e dirigente sindical. Logo após o golpe militar de 1964, teve os direitos políticos cassados e teve de sair do país. Asilou-se no México e depois seguiu para Cuba. Retornou ao Brasil em 1970 clandestinamente e, nesse período, já integrava a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

Não se sabe exatamente a data em que foi preso, mas foi visto por presos políticos no DOI-CODI de São Paulo em maio de 1971. Também foi visto por Inês Etienne Romeu na Casa da Morte, em Petrópolis, no mesmo mês. A família de Palhano já foi informada sobre a identificação, mas a restituição dos restos mortais ainda não tem data definida.

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