quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Protestos na Hungria chegam ao sexto dia e unem partidos de oposição

No entanto, número de participantes diminui e há dúvidas se haverá força para confrontar governo

- Folha de S. Paulo

BUDAPESTE - Seis dias de manifestações em Budapeste uniram a oposição, antes fragmentada, em uma coalizão unida contra o premiê da Hungria Viktor Orbán, que têm levado os jovens húngaros a protestar nas ruas contra o que eles consideram um aumento do autoritarismo do governo.

No entanto, o número de manifestantes nas ruas vem diminuindo. Na terça (18), cerca de 200 pessoas realizaram um ato em frente ao Parlamento. Um dia antes, cerca de 2.000 protestaram no edifício da TV estatal. No domingo (16), aproximadamente 10 mil ativistas ocuparam as ruas de Budapeste.

A aprovação de duas leis, na semana passada, motivou os protestos. Uma delas permite às empresas exigir até 400 horas extras por ano dos funcionários,, levando críticos a chamá-la de “lei da escravidão”.

O governo também aprovou uma regra para estabelecer novos tribunais administrativos que responderão ao governo e cuidarão de temas como a lei eleitoral, protestos e acusações de corrupção.

Em 2019, haverá eleições municipais na Hungria e também uma votação para escolher representantes para o Parlamento europeu. É uma oportunidade para os opositores mostrarem força.

No entanto, há dúvidas de que a união dos partidos seja sólida e capaz de criar uma oposição viável e forte a Orbán, líder carismático que costuma tentar isolar dissidentes.

Orbán criou uma imagem de defensor da cultura cristã da Hungria, que estaria sob ameaça pela chegada de imigrantes muçulmanos. Esse discurso foi bem recebido por milhões de eleitores, especialmente nas áreas rurais: ele foi reeleito para um terceiro mandato em abril.

O governo diz que os cidadãos têm direito a protestar, mas têm defendido que os atos dos últimos dias tiveram a participação de mercenários estrangeiros, que estariam a serviço de uma rede criada pelo bilionário George Soros, nascido na Hungria.

Um porta-voz da Open Society Foundations, de Soros, disse que o financista não estimulou os protestos.

Nenhum comentário: