quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Reeleição de Maia ganha força com saída de líder do PP

Após articulação, Arthur Lira desiste de concorrer à presidência da Câmara. ‘Não consegui fazer bloco’, disse

Bruno Góes e Jussara Soares | O Globo

BRASÍLIA - Presidente da Câmara dos Deputados e candidato à reeleição, Rodrigo Maia (DEM-RJ) conseguiu firmar mais um acordo para retirar uma candidatura ao comando da Casa, que ocorre na sexta-feira. Líder do PP, Arthur Lira (AL) desistiu de concorrer ao cargo.

O parlamentar tentava, além da disputa à presidência, formar um bloco de centro-esquerda para garantir espaço na Mesa da Câmara. Ele conseguiu dialogar para formar um grupo composto por PP, MDB, PTB e PT. Mas, diante da resistência de PDT e PCdoB, viu sua força política minguar.

Agora, PP, MDB e PTB negociam para fazer parte do bloco de Maia. Os únicos partidos que não integram a grande frente criada pelo presidente da Câmara são PT, PSB, PSOL e Novo.

Lira disse que, embora não tivesse lançado ainda sua candidatura, desistiu da ideia por causa das articulações.

—(Desisti) Porque não consegui fazer o bloco — afirmou, esquivando-se de dar mais detalhes.

Hiran Gonçalves, deputado do PP, esteve anteontem em reunião com Lira, na qual foi selada a desistência. Ele não revelou quais cargos foram oferecidos por Maia, mas disse que o assunto foi resolvido.

—Lá no início, nós estávamos construindo um bloco para a candidatura do Rodrigo Maia. Mas, coma entrada do PSL, ficou mais difícil de fechar este apoio. Agora, já foi tudo equacionado (apoio a Maia). Nós ainda temos a candidatura avulsa do Ricardo Barros (PP-PR), mas o comprometimento de grande parte da bancada é com o Maia.

Ricardo Barros não gostou do acerto com Maia sem um comunicado claro sobre o acordo. O deputado pediu uma reunião com abancada eleita do PP para tratar do assunto. Segundo ele, em 2018, Maia teria oferecido a relatoria do orçamento e apoio para a presidência da Câmara no segundo biênio da legislatura. Mas Lira não quis negociar.

— É preciso saber com transparência o que foi acertado —afirmou Barros.

O esforço de Maia para ter menos concorrentes teve resultado positivo também na semana passada. Sob pressão de Valdemar Costa Neto, chefe do PR, o deputado Capitão Augusto (PRSP) desistiu da corrida ao comando da Casa. Antes, João Campos (PRB-SP), que contava com simpatia de parte da bancada do PSL, o partido do governo, também saiu da disputa.

Concorrem Fábio Ramalho (MDB-MG), Alceu Moreira (MDB-RS), JHC (PSB-AL), Marcel van Hattem (Novo) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Além desses, nesta semana o deputado Roberto Sebastião Peternelli Júnior (PSL-SP) lançou candidatura avulsa.

Ontem, o presidente do MDB, Romero Jucá (RR), confirmou que o partido está fechado com Maia. A decisão foi tomada na noite anterior.

— O que levou à composição foi um entendimento político, amadurecimento. Somos parceiros do Rodrigo. Houve desencontro na questão da Câmara. Mas Rodrigo soube recompor bem, teve talento, competência e ajustou grande chapa, que acredito que não vai ter dificuldade —afirmou Jucá.

Na semana passada, um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri (DEM-SP), retirou sua candidatura para a Presidência da Câmara e passou a apoiar o pleito de Marcel van Hattem, do Novo.

Segundo deputados que compõem o bloco de Maia, o presidente da Câmara agiu nas últimas semanas par atentar garanti ruma vitória no primeiro turno. Com 16 partidos declarados apoiando a recondução do deputado, o grupo estima que o parlamentar teria mais de 300 votos.

ELOGIO DE MOURÃO
Ontem, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse que considera Rodrigo Maia um “bom nome” para continuar no cargo.

— Acho que é um bom nome, tem experiência, tem conhecimento do pessoal lá dentro —disse Mourão.

Questionado se o Planalto conversará com Maia, o presidente interino afirmou que “o governo dialoga com qualquer um”. Na sequência, ao ser perguntado se isso incluiria Renan Calheiros (MDBAL), que concorre à presidência do Senado, respondeu: —Sem problemas. O governo de Jair Bolsonaro tem afirmado que não vai interferir na eleição do Congresso. Entretanto, tanto Simone Tebet (MDBMS) quanto Major Olímpio (PSL-SP) reclamaram que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tem articulado para influenciar a disputa na Casa.

Olímpio afirmou que Onyx trabalha para favorecer David Alcolumbre, companheiro de partido no DEM. Por sua vez, Tebet disse que o chefe da Casa Civil tentou convencê-la a abandonar a disputa.

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