sábado, 12 de janeiro de 2019

Sem adesão do PSDB, tucanos assumem cargos no governo

Entre os nomes confirmados para o segundo escalão de vários ministérios de Bolsonaro há até ex-assessores de Alckmin

Silvia Amorim | O Globo

SÃO Paulo - Embora o PSDB não esteja oficialmente na base do presidente Jair Bolsonaro, filiados ao partido estão embarcando em cargos do segundo escalão do governo federal.

Entre os nomes confirmados para os ministérios da Economia, Casa Civil, Cidadania e Ciência e Tecnologia há até ex-assessores do presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, candidato derrotado à Presidência no ano passado, crítico de Bolsonaro e resistente a um apoio da sigla à gestão do PSL.

As indicações de tucanos aconteceram, por enquanto, sem a intermediação do partido. Todos os quadros foram escolhidos pessoalmente pelos ministros de Bolsonaro.

Hoje, a tendência majoritária na sigla é apoiar projetos como a reforma da Previdência, mas sem fazer uma aliança automática com o governo federal — o PSDB ainda não decidiu como será seu posicionamento em relação a Bolsonaro.

Dois tucanos já tiveram a nomeação publicada no Diário Oficial. O primeiro foi o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN). Ele integra, desde o dia 4 deste mês, a equipe montada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e exerce o cargo de secretário especial de Previdência e Trabalho.

PREVIDÊNCIA
A área é das mais sensíveis neste início de governo pelo compromisso de Bolsonaro em aprovar a reforma da Previdência.

Para a Casa Civil, comandada pelo ministro Onyx Lorenzoni, foi convidado o ex-líder do PSDB no Senado Paulo Bauer para ajudar na articulação do governo com o Congresso. Bauer já declarou que está disposto a trabalhar para que o governo “dê certo”. — Eu disse ao Onyx que não tenho nenhuma dificuldade, que quero que o governo dê certo e que ele pode contar comigo — disse o parlamentar em entrevistas recentes.

Sem mandato a partir de fevereiro, o senador perdeu a eleição para o governo de Santa Catarina em 2018 e deve ocupar a Secretaria Especial para o Senado da Casa Civil.

É também do PSDB o escolhido para ser um dos braços do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Ex-presidente do PSDB em São Paulo, Júlio Semeghini acerta os detalhes da sua indicação para ser o secretário-executivo da pasta. O tucano foi secretário de Alckmin e, mais recentemente, estava na equipe de João Doria na Prefeitura de São Paulo.

Já o deputado federal Floriano Pesaro (PSDB-SP) foi convidado pelo ministro Osmar Terra para a Secretaria Nacional de Assistência Social. A sua nomeação, entretanto, ainda não é dada como certa.

Em São Paulo, Pesaro fez carreira na área, sendo secretário nas gestões de Alckmin e do então prefeito José Serra. Assim como Bauer, ele ficará sem mandato, pois não conseguiu se reeleger ao cargo de deputado nas eleições do ano passado.

EQUIPE DE GUEDES
O time de Guedes também tem dois ex-auxiliares de João Doria, durante sua passagem pela prefeitura de São Paulo: o advogado Paulo Uebel e o economista Caio Megale —nenhum dos dois é filiado ao partido.

Ligado a Geraldo Alckmin, Felipe Sartori Sigollo começou a dar expediente nesta semana no Ministério da Cidadania.

Desde o dia 9, ocupa o posto de secretário-executivo adjunto da Secretaria Executiva de Desenvolvimento Social. Até o ano passado, ele ocupava o mesmo cargo no Ministério da Educação de Michel Temer (MDB).

Sigollo foi secretário e assessor de Alckmin e, em 2018, tirou férias do ministério para ajudar o tucano na eleição. O ex-governador paulista terminou a disputa presidencial em quarto lugar.

“Minha nova missão: Ministério da Cidadania. Obrigado Ministro Osmar Terra!”, escreveu Sigollo em suas redes sociais.

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