sábado, 1 de junho de 2019

Alckmin chama Bolsonaro de 'oportunista' e 'desleal' por ataques a Maia

Ex-governador destacou que presidente está há 30 anos na política e o criticou por jogar a sociedade contra instituições

Daniel Gullino e Natália Portinari / O Globo

BRASÍLIA — O ex-governadorGeraldo Alckmin criticou nesta sexta-feira o presidente Jair Bolsonaro. O tucano chamou Bolsonaro de "oportunista" e "desleal" por atacar o presidente da Câmara, Rodrigo Mai a (DEM-RJ), e as instituições mesmo há 30 anos na política. Alckmin discursou durante a convenção nacional do PSDB, onde transmitiu a presidência do partido para o ex-ministro Bruno Araújo. Maia estava presente no evento.

Na semana passada, Maia foi um dos principais alvos de manifestações convocadas por apoiadores de Bolsonaro, que tiveram críticas ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro apoiou as manifestações, dizendo que elas eram um "recado àqueles que teimam com velhas práticas", mas ressaltou não concordar com pedidos de fechamento do Congresso e do STF. O presidente não criticou Maia, mas a relação entre os dois já passou por diversos atritos desde o início do governo.

— Tem a minha solidariedade, Rodrigo Maia, desses oportunistas, políticos por 30 anos, ele e a família inteira, e em uma deslealdade vem atacar a vida dos homens públicos, jogando a sociedade contra as suas instituições — afirmou Alckmin, no encerramento da convenção.
O tucano também criticou o PT, dizendo que o petismo e o bolsonarismo são "mentiras que precisam ser enfrentadas":

— Nós não temos duas verdades, a extrema-direita e a extrema-esquerda. Temos duas grande mentiras, o petismo e o bolsonarismo. Duas mentiras que precisam ser enfrentadas.
Alckmin também criticou a política de flexibilização do posse e porte de armas que tem sido adotada por Bolsonaro, afirmando que "querer aumentar a distribuição de armas é uma irresponsabilidade".

Depois do evento, o governador de São Paulo, João Doria, disse que as opiniões de Alckmin sobre Bolsonaro não refletem a posição do partido. Doria, que é o principal fiador de Bruno Araújo, se aproximou de Bolsonaro na campanha, mas agora tem tentado não deixar sua imagem colada na do presidente.

— São opiniões próprias do governador Geraldo Alckmin, que eu respeito. Não são as opiniões do PSDB como um todo. Nós não temos esse alinhamento crítico, temos um alinhamento de buscar as melhores alternativas para o país, no plano econômico e social, e foco na aprovação da reforma da Previdência.

Presidente da Câmara defende partidos
Antes, Maia havia defendido os partidos e as instituições. Sem fazer referência aos protestos, ele criticou quem afirma que é possível governar sem as legendas partidárias.

— Não adianta atacarmos instituições, falar que a gente consegue governar o Brasil sem os partidos políticos. Eles são importantes e o PSDB mostra aqui hoje.

O presidente da Câmara também elogiou uma fala do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de que é preciso ousar ser ponderado, mas lamentou que a radicalização política torne isso necessário.

— Só em um momento de tanta radicalização que a gente pode dizer que ser ponderado é ser ousado. Ser ponderado deveria ser sempre o norte de todos os políticos do Brasil.

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