terça-feira, 22 de outubro de 2019

Vera Magalhães - Bolsonaro viaja, mas leva crise do PSL na mala

- O Estado de S. Paulo

Mesmo no Japão, presidente não se descola da guerra no partido, que teve novos (e não os últimos lances). Até onde isso vai?

Imprevisível. Nenhum dos lados é capaz de prever um desfecho de longo prazo para o estica e puxa que virou a disputa pela liderança da sigla na Câmara. Parecia que um acordo estava no horizonte quando o ex-líder, Delegado Waldir (GO), gravou um vídeo em que aceitava passar o bastão. O líder do governo na Câmara, o também goiano Major Vitor Hugo, protocolou nova lista com 28 assinaturas designando Eduardo Bolsonaro para o posto - mudança aceita, desta vez, pela Secretaria Geral da Mesa da Casa.

Ser ou não ser. Ainda assim, o próprio filho do presidente deu entrevistas dizendo que não tinha garantias de que se manteria no comando da bancada. Dito e feito: a ala ligada ao presidente do partido, Luciano Bivar, se articula para tentar retomar o comando da bancada. Enquanto isso, no entanto, Eduardo já depôs todos os vice-líderes ligados a Bivar. A artilharia de uns contra outros continuou nas redes sociais e em programas de rádio e TV.

Agenda. Coube ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tentar resgatar alguma discussão programática em meio ao tiroteio no partido do presidente. Ele se reuniu com o ministro Paulo Guedes (que novamente deixou de ir numa viagem ao exterior para entabular as propostas de reformas) para dizer que a reforma administrativa terá prioridade até o fim do ano. Apesar disso, ninguém acredita que haja clima político para se votar outra reforma estrutural ainda neste ano.

Previdência. O grande temor do mercado é que os solavancos da Câmara atravessem as Casas do Congresso e contaminem a votação final da reforma da Previdência no Senado. Mas senadores disseram ao BRP que a proposta está blindada, graças a acordos anteriores, ligados ao pacto federativo. Ainda assim, a DR permanente do PSL deve deixar sequelas na Casa: ninguém mais acredita ser viável, por exemplo, a indicação do agora (pelo menos até o envio desta edição) líder Eduardo Bolsonaro para a Embaixada do Brasil em Washington.

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