terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

No Ceará, Moro afirma que não há ‘desordem’

- Qualquer instituição fardada, seja ela das Forças Armadas ou da Polícia Militar, é baseada na hierarquia e na disciplina. É vedado o direito de greve e de associações com fins políticos. Essa é a lei —disse o ministro da Defesa

Número de assassinatos desde o início de motim chega a 147; ministro visitou o estado com Azevedo e Silva, da Defesa

Marco Grillo | O Globo

BRASÍLIA - Ministro da Justiça esteve em Fortaleza, ontem, para acompanhar ação de tropas federais. Número de assassinatos no estado desde quarta-feira chegou a 147.

Oministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que não há “situação de absoluta desordem nas ruas” do Ceará, durante visita ao estado, ontem. O número de crimes violentos letais intencionais — homicídios, latrocínios, feminicídios e lesões corporais seguidas de morte — registrados no Ceará chegou a 147 desde o início do motim dos policiais militares, na quarta-feira passada. Moro esteve acompanhado do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.

— Existe um indicativo de aumento de alguns crimes mais violentos, mas a situação não é, vamos dizer assim, não há situação de absoluta desordem nas ruas. As pessoas estão circulando nas ruas, não existem saques em estabelecimentos comerciais. A situação está sob controle, claro que dentro de um contexto relativamente difícil, em que parte da polícia estadual está paralisada — disse o ministro da Justiça, em entrevista coletiva em Fortaleza.

Azevedo e Silva informou que o governo federal enviou cerca de três mil agentes de segurança ao Ceará em função da paralisação. O efetivo tem 2.600 homens das Forças Armadas, além de integrantes da Força Nacional de Segurança, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal. Para o ministro da Defesa, o contingente é suficiente para dar “proteção” para a população. O presidente Jair Bolsonaro decretou na semana passada uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Segundo o decreto, as Forças Armadas ficam no estado até sexta-feira.

NEGOCIAÇÃO
O governador Camilo Santana (PT) afirmou que as entidades que representam os policiais chegaram a aceitar uma proposta de aumento salarial feita pelo governo, mas depois voltaram atrás. Para Santana, o comportamento dos policiais que participam do motim não é aceitável. Na última quarta-feira, o senador Cid Gomes (PDT-CE) levou dois tiros depois de usar uma retroescavadeira para tentar entrar em um quartel onde havia agentes amotinados, em Sobral. Ele já recebeu alta.

— O estado sempre permitiu diálogo e negociações com as forças de segurança. O que não podemos permitir é que grupos da segurança estejam fazendo o que a sociedade brasileira está acompanhando. Com carapuças, balaclavas e usando as armas que a Constituição deu a concessão para proteger a sociedade ameaçando a sociedade — afirmou o governador. — Sempre haverá abertura de diálogo e negociação, mas ninguém pode estar acima da lei nesse país.

Moro disse que o objetivo do governo federal é “serenar os ânimos” e possibilitar que o governo estadual resolva a situação sem que a população fique desprotegida. Azevedo e Silva destacou que a Constituição proíbe que militares façam greve:

—Qualquer instituição fardada, seja ela das Forças Armadas ou da Polícia Militar, é baseada na hierarquia e na disciplina. É vedado o direito de greve e de associações com fins políticos. Essa é a lei —disse o ministro da Defesa.

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