tag:blogger.com,1999:blog-67943258933615958262024-03-19T06:59:26.729-03:00Democracia Política e novo ReformismoPolítica e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural. Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.comBlogger126756125tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-67219339836191485122024-03-19T06:57:00.003-03:002024-03-19T06:57:34.013-03:00Carlos Andreazza - A incerta de Lewandowski<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYUQ-bkh5yJYI3ekK2NeOG9gr-S0JA9kvx-7deABhd9NY_YIfL9MdGeYQh6vgcaGaHJhnL5zzsVBmCT87tSunK-HODzIK_zjpTK70GAskUxhTMy3Axir2-xfnd2Nh1IcL8k3MLUDYNt4kztkU3IYifCTq8Wxt6lHJ9Ln4Y-Ouj02RxoyDZAkXxl2IBWxwS/s152/CARLOS%20ANDEAZZA%20O%20GLOBO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="119" data-original-width="152" height="119" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYUQ-bkh5yJYI3ekK2NeOG9gr-S0JA9kvx-7deABhd9NY_YIfL9MdGeYQh6vgcaGaHJhnL5zzsVBmCT87tSunK-HODzIK_zjpTK70GAskUxhTMy3Axir2-xfnd2Nh1IcL8k3MLUDYNt4kztkU3IYifCTq8Wxt6lHJ9Ln4Y-Ouj02RxoyDZAkXxl2IBWxwS/s1600/CARLOS%20ANDEAZZA%20O%20GLOBO.jpg" width="152" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span></i></b><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ricardo Lewandowski foi a Mossoró. De novo.
Para “dar uma incerta”. Ele mesmo de paradeiro recente incerto. E então a
incerta — o reaparecimento. Chegou-chegando, com aquela energia boleto-free de
juiz aposentado ora parecerista. Para pegar a tropa de surpresa. (E para nos
lembrar: há um governo de turno.) Um mês depois da inédita fuga de dois
traficantes de presídio federal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Palavras do ministro da Justiça e Segurança
Pública, concluídos os encontros com autoridades sobre as buscas aos
criminosos:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">— Vim para cobrá-los. Precisava dar uma
incerta, como se diz no meio militar. A polícia me garante que serão
capturados, mas não sabemos quando.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Cobrado, foi cobrar. Agastado, sobrevoou a
caatinga desgastada e assegurou a foto-clichê. Perdido, encontraria outros
perdidos. Não os fugitivos. Os que garantem. Garantem a captura. Nalgum
momento. “Não sabemos quando.” (A alternativa sendo haver hora marcada para
prisão.) Sabemos que o ministro garantista desconfia do garantido — ou não
teria passado a revista sem aviso prévio.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A reportagem de Renata Agostini, neste GLOBO,
é impagável obra de arte jornalística. Ela acompanhou Lewandowski na viagem de
volta. Mais que perdido, o homem está arrependido:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">— Problema é o que não falta. Trato de espião
russo, de Allan dos Santos, de um acordo com o Conselho Nacional de Justiça
para que tenhamos mais informações sobre operações financeiras suspeitas. Há a
questão da Venezuela e dos refugiados. A lista é grande.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Estava “ganhando muito dinheiro”, dedicado a
produzir pareceres sobre ação que corre no tribunal de que está aposentado faz
menos de ano. A lista é grande — de conflitos. Problema é o que não falta —
para nós. Como ex-juiz da Corte constitucional brasileira, estava “ganhando
muito dinheiro” sossegado. O presidente charmeur da República o
chamou. Irresistível “encantador de serpentes”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A cadeira ainda estava quente quando lhe caiu
no colo uma crise — crise de segurança na segurança pública — que mina a
avaliação do governo <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/politico/luiz-inacio-lula-da-silva"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Lula</span></a>.
Uma das outrora inexpugnáveis penitenciárias federais tinha celas com parede de
papier-mâché, câmeras de vigilância inoperantes, postes sem luz, cercas
meio-eletrificadas e canteiro de obras com ferramentas cortantes esquecidas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Não sendo <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/politico/flavio-dino"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Flávio Dino</span></a>,
o pai da criança, e não tendo os instrumentos com que o antecessor (pai também
da democracia) tiraria o corpo fora e culparia Bolsonaro, Lewandowski se meteu
numa gruta — não uma das 400 existentes na região — e só saiu para exercitar o
otimismo dos exaustos, também conhecido por delírio:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">— É uma oportunidade de fazer uma reforma nos
presídios. Imagine se tivesse ocorrido a fuga de alguém como o Marcola? Estamos
muito mais preparados agora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A declaração — melhor a gruta — não é de
secretário de administração penitenciária de um claudio-castro. Um desses que
falam em melhorar o bloqueio de sinais de telefonia nas cadeias. O ministro de
Estado, ex-<a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/instituicao-governamental/stf"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">STF</span></a>,
identifica “dividendos” no episódio. Dividendos extraordinários – ops!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Um ano de governo, presos extraindo
vergalhões do cárcere para lhe cavar a parede — e então, fugas consumadas,
desacreditado o sistema, uma chance de reformar as penitenciárias. Por que não
antes?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Era necessário um motivo. Um gancho. A
ocorrência gera a oportunidade. (A Odebrecht, se habilitada a levantar Abreu e
Lima, poderia tocar a obra. Conhece a matéria.) Ademais, não foi o chefão do
PCC a escapulir. “Estamos mais preparados agora” — com o que se entende que as
lâmpadas foram trocadas. Marcola fica. Há luz. Falta iluminar como se terá dado
a fuga sem ajuda interna — sem apoio externo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">São presídios de segurança máxima pelos quais
— em busca de segurança máxima — o governo já anunciou “a compra de
equipamentos de videomonitoramento e câmeras térmicas, construção de muralhas
ao redor das penitenciárias, instalação de cercas elétricas e aumento das
revistas diárias”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Muralhas ao redor das penitenciárias. Camada
adicional — mais alta — de segurança máxima. Solução criativa de especialista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">— Não sou pirotécnico. Tenho perfil técnico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Maneira elegante de informar que não é Dino.
Nem Dino nem — informa o cronista — técnico. Alguém escolhido, com serviços
prestados, para continuar se queimando, sob a expectativa de matar um leão —
uma lei das estatais — por dia. Doravante no Executivo. É diferente. Ainda não
se encontrou. Não desistirá. O arrependido-cansado que, tendo-se em alta conta,
vai para o sacrifício — não se sabe de quem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">— Uma eventual renúncia minha geraria uma
crise. Não está no meu horizonte. Vou ficar até achar que a missão está
cumprida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Cumprida a missão, no horizonte: mais
pareceres. Sem renúncias. Sem incerta. Sem crise.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-48518261709812288172024-03-19T06:27:00.001-03:002024-03-19T06:27:00.196-03:00Poesia | Belo Belo, de Manuel Bandeira<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/O5l566IXbrY?si=UZvV2d4B0wF-Um1Y" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen></iframe><p> </p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-84106813594849285172024-03-19T06:25:00.001-03:002024-03-19T06:25:00.313-03:00Música | Moacyr Luz - Atravessado <iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/8gEFN38QDz0?si=cvkU1a7BJqGmXF_E" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen></iframe><p> </p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-61849990862043753142024-03-18T08:43:00.000-03:002024-03-18T08:43:25.708-03:00O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLVH23vLRoT2wNyA6_jJNcZd_7MHcmOB37sMiQ0D9KUvTs0CnSSjLqjP717iPGnTHXWNSRBx0aJxCi9vKOY_p77dVBMHaoChyphenhypheny8igK5Q3f2mArXz0xWuF_y9-63zjrC-9dTxFCGunN0CSXAjyHfubWUhWDIslqWW0IkwS1m7pB-y4d7EaO7ilMBCM6BSn1/s1700/EDITORIAIS%20CAPA%20JORNAL.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1047" data-original-width="1700" height="123" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLVH23vLRoT2wNyA6_jJNcZd_7MHcmOB37sMiQ0D9KUvTs0CnSSjLqjP717iPGnTHXWNSRBx0aJxCi9vKOY_p77dVBMHaoChyphenhypheny8igK5Q3f2mArXz0xWuF_y9-63zjrC-9dTxFCGunN0CSXAjyHfubWUhWDIslqWW0IkwS1m7pB-y4d7EaO7ilMBCM6BSn1/w200-h123/EDITORIAIS%20CAPA%20JORNAL.jpg" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Desmatamento no Cerrado exige mais de
governadores<o:p></o:p></span></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Região continua a bater recordes com omissão
e falta de rigor na permissão legal para derrubar vegetação</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Os governadores de <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/uf/maranhao"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">Maranhão</span></a>, <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/uf/tocantins"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">Tocantins</span></a>,
Piauí e <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/uf/bahia"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">Bahia</span></a> devem
explicações sobre o que acontece no Cerrado. A omissão deles é a principal
causa do desmatamento descontrolado. A última medição do Inpe registrou 11 mil
km2 de vegetação destruída, a maior extensão desde 2015. Os principais focos
estão justamente nos quatro estados, região conhecida como Matopiba, onde
acontece 75% do desmatamento. Entre 2003 e 2022, uma área do tamanho do Estado
de São Paulo foi transformada em lavoura ou pasto. O ritmo atual continua
frenético e deverá, em 2024, superar a marca do ano passado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Na Amazônia, a destruição da floresta costuma
ser ilegal, com ação de criminosos em terras da União. O caso do Cerrado é
distinto. Estados e municípios emitem documentos dando permissão para derrubar
vegetação nativa em propriedades privadas, respeitado o limite de preservação
entre 20% e 35% estabelecido no Código Florestal. Como mostrou reportagem do
GLOBO, metade dos 2.833 km2 de Cerrado desmatados no Maranhão entre 2022 e 2023
obteve aprovação da Secretaria do Meio Ambiente do estado.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">No papel, tudo parece correto. Na realidade,
há omissão contumaz. Não há rigor na concessão das permissões, falta um banco
de dados consolidado, e as inspeções são falhas. Proprietários rurais costumam
fazer autodeclaração ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), e tudo fica por isso
mesmo. Apenas 2% dos CARs estão validados, segundo análise da Climate Policy
Initiative/PUC-Rio. As inspeções estão longe do necessário. Com a conivência
dos governadores, não surpreende que siga crescendo o desmatamento, sob o manto
da legalidade de faz de conta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
espera fazer um pacto com os governadores no âmbito do PPCerrado, um plano de
ação para prevenir e controlar desmatamento e queimadas. O objetivo é acabar
com a devastação ilegal até 2030 e pôr em funcionamento um sistema de
compensação para o desmatamento legal. Em fase de implantação, o PPCerrado
ainda não surtiu efeito prático. É urgente que tenha consequências. Em
manifestações públicas, os governadores do Matopiba dizem ter a preservação
ambiental como prioridade. Alguns foram à COP28, em Dubai, defender o
crescimento sustentável. Está na hora de transformar palavras em ações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Na última reunião do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama), na primeira semana de março, o secretário de Controle
de Desmatamento, André Lima, chamou a atenção para os dados do segundo semestre
de 2023. Mantido o ritmo de desmatamento observado entre agosto e dezembro, o
próximo dado oficial sobre a destruição da vegetação nativa no Cerrado poderá
chegar a 12 mil km2, com o quinto ano consecutivo de aumento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Por ser importante demais para o Brasil, o
Cerrado não pode virar sinônimo de descaso com a legislação ambiental. Ao todo,
54% da produção agrícola do país e 44% do rebanho bovino estão lá. A região
abriga propriedades rurais que se tornaram exemplos mundiais de produtividade.
A capacidade de gestão é espantosa. Prova disso é a resposta imediata aos
solavancos da demanda global por alimentos. O desafio, portanto, não é escolher
entre o crescimento dos negócios no campo e a preservação do meio ambiente. O
Brasil precisa atingir os dois objetivos ao mesmo tempo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Obesidade deve ser tratada como uma questão
de saúde pública<o:p></o:p></span></i></b></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>População acima do peso no planeta soma 1
bilhão. Proporção no Brasil está acima da média mundial</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Maus hábitos alimentares têm levado à
expansão da <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/assunto/obesidade"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">obesidade</span></a> no
mundo. Estudo publicado na revista científica The Lancet estimou em 1 bilhão a
população de obesos em 2022. Feita pelo consórcio de pesquisadores NCD-RisC,
com apoio da Organização Mundial da Saúde (<a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/instituicao-governamental/oms"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">OMS</span></a>),
a estimativa inclui 879 milhões de adultos e 159 milhões de crianças e
adolescentes entre 5 e 19 anos (é considerado obeso quem tem Índice de Massa
Corporal, IMC, acima de 30 kg/m2). O número representava 12,5% da população
mundial. Crianças e adolescentes com sobrepeso quadruplicaram em pouco mais de
três décadas. Tal situação sugere que a tendência é a obesidade continuar a
aumentar, sem perspectiva de reversão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O estudo avaliou 220 milhões de pessoas em
190 países. Constatou que os maiores índices de obesidade estão nos países de
renda média como o Brasil — e não nos mais ricos. A Turquia apresenta a taxa
mais alta de mulheres obesas na Europa: 43%. Para os homens, é a Romênia, com
38%. Enquanto apenas 10% da população francesa é obesa, ela chega ao quádruplo
disso nos Estados Unidos (44% das mulheres e 42% dos homens). A maior proporção
de adultos obesos (60%) está na Polinésia e Micronésia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">De 1990 a 2022, a obesidade na população
adulta mais que dobrou entre as mulheres (de 8,8% para 18,5%) e quase triplicou
entre os homens (de 4,8% para 14%). Nas meninas passou de 1,7% a 6,9%. Nos
meninos, de 2,1% para 9,3%. No Brasil, a parcela acima do peso supera a média
mundial — 33% das mulheres, 25% dos homens, 14% das meninas e 17% dos meninos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A pesquisa também calculou a população abaixo
do peso (IMC inferior a 18). Ela está em queda e, com isso, passou a haver mais
países com obesos. Não há correlação entre pobreza e população abaixo do peso.
Muitos países pobres enfrentam uma dupla epidemia: de má nutrição e obesidade.
Nos países ricos, a obesidade infantil está concentrada nas famílias pobres.
Nos de baixa renda, é problema da classe média. À medida que a renda sobe, mais
crianças se tornam obesas. Muitas regiões convivem com os dois problemas,
principalmente países em desenvolvimento como o Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O corpo humano evoluiu para sobreviver aos
invernos e à fome acumulando gordura, depois difícil de perder. A isso se somam
a oferta generosa de comida ultraprocessada barata e o estilo de vida
sedentário. O resultado é a obesidade disseminada. Doenças decorrentes do
excesso de peso — cânceres, distúrbios cardiovasculares, diabetes etc. —
pressionam o sistema público de saúde. Por isso é preciso definir políticas
que, desde a escola, ajudem a população a se informar e se alimentar de forma
saudável. Obesidade também é questão de saúde pública.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Apuração de golpismo chega a novo patamar<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Folha de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Ex-chefes das Forças implicam Bolsonaro em
plano para subverter resultado das urnas; melhor é PGR assumir acusação</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Nunca foi segredo que Jair Bolsonaro (PL)
tencionava atentar contra a democracia, antes e depois das eleições em que foi
derrotado —e também se sabe que as instituições e a sociedade não permitiram
que o golpismo avançasse.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O que se investiga hoje é quais foram os
planos do ex-mandatário, até que etapa de execução chegaram e quantos estavam
dispostos a segui-los. Essa apuração chegou a um novo patamar com os
depoimentos de então comandantes das Forças Armadas à Polícia Federal.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">De acordo com os <a href="https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/03/ex-comandantes-reforcam-suspeitas-e-implicam-bolsonaro-em-investigacao-de-trama-golpista.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;">relatos dos
ex-chefes do Exército e da Aeronáutica</span></a>, minutas de decretos com
medidas de exceção, como a encontrada na casa do ex-ministro da Justiça
Anderson Torres e revelada na época pela Folha, não eram apenas sugestões
de auxiliares tresloucados de escalões inferiores.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O próprio Bolsonaro, conforme o testemunho do
general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, teria
apresentado propostas de decretação de estado de defesa e de sítio e operação
de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante reuniões em dezembro de 2022.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Àquela altura, o intento não seria outro além
de impedir a posse do governo eleito. Freire Gomes contou ter se recusado a pôr
em prática a trama golpista —e <a href="https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/03/comandante-do-exercito-ameacou-prender-bolsonaro-diz-ex-chefe-da-aeronautica.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;">chegou a
ameaçar o ex-presidente de prisão</span></a>, segundo o brigadeiro Carlos de
Almeida Baptista Júnior, então chefe da Aeronáutica e também opositor declarado
das medidas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">É óbvia a gravidade de tais testemunhos, que
implicam ainda o ex-ministro da Defesa e o ex-comandante de Marinha. A apuração
tem agora elementos bem mais fortes do que a mera delação premiada do
ex-ajudante de ordens Mauro Cid.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Deve-se evitar o açodamento nas conclusões,
todavia. Decerto haverá versões diferentes para os fatos —na sexta-feira (15),
foi derrubado o sigilo de 27 depoimentos à PF. Nem mesmo há até aqui denúncia
formal contra Bolsonaro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Se ela vier a ser feita a aceita, o devido
processo legal, com amplo direito ao contraditório, deve averiguar como
ocorreram as reuniões relatadas e se chegaram ao ponto de configurar tentativa
criminosa de golpe de Estado e abolição do Estado de Direito, como se prevê na
lei de defesa de democracia, sancionada em 2021.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Seria melhor que a Procuradoria-Geral da
República assumisse o papel de parte acusadora, havendo elementos para tanto. O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, hoje é ao mesmo
tempo condutor anômalo do inquérito e vítima em potencial da conspiração
investigada.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A corte precisa ser julgadora imparcial em um
eventual caso que, em qualquer hipótese, será inédito, difícil e delicado.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Emergência neurológica<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Folha de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Governos devem focar nessas doenças, ligadas
ao envelhecimento populacional</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Da perspectiva da saúde individual, efeitos
importam mais que causas. São eles a diminuir a qualidade de vida dos
pacientes, e foi ajustando esse foco que nova análise do relatório "Fardo
Global da Doença" <a href="https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2024/03/estudo-global-sobre-disturbios-neurologicos-inclui-complicacoes-da-covid.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;">apontou as
enfermidades neurológicas como problema central do presente.</span></a><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O estudo publicado no periódico The Lancet
Neurology revela que, em 2021, 43% da população mundial, 3,4 bilhões de
pessoas, enfrentaram doenças do sistema nervoso, como demências, cefaleias ou
acidentes vasculares cerebrais (AVC).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Essas patologias cresceram mais de 50% desde
a década de 1990, e ultrapassaram as cardiovasculares, antes consideradas mais
prevalentes. Tal mudança decorre de vários fatores, até metodológicos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O escopo de distúrbios neurológicos do
relatório avançou de 15 para 37, incluindo síndromes como complicações da
Covid-19. Além disso, o AVC passou a ser classificado como problema
neurológico, e não mais cardiovascular.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O AVC não deixou de ter como origem a
obstrução de vaso sanguíneo no cérebro. Os efeitos desses acidentes num órgão
vital, como paralisias, é que pesaram mais que a etiologia para classificá-los
entre as patologias neurológicas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Há, porém, fenômeno subjacente mais
significativo que alterações de critérios: o envelhecimento da população. Com
mais idosos, aumenta a prevalência de moléstias características dessa faixa
etária, como Alzheimer, Parkinson e AVCs.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A tendência é global e <a href="https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/10/janela-que-se-fecha.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;">se manifesta
também em países de renda média, como o Brasil</span></a>. Entre os censos de
2010 e 2022, a parcela de habitantes com 65 anos ou mais no país passou de 14
milhões (7,4%) para 22 milhões (10,9%) —o aumento absoluto foi de 57,4%.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A Organização mundial da Saúde (OMS) avalia
que a região das Américas não conta com o preparo desejável para lidar com o
envelhecimento progressivo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Nada menos que 75% dos brasileiros idosos
dependem exclusivamente do SUS. Desde 2018, o serviço tem diretrizes para essa
fase da vida, com foco em tratamento, prevenção e qualidade de vida —como deve
ser e como se torna doravante imperioso aprofundar.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Haja lábia<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Estado de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Rui Costa acha que a queda na popularidade de
Lula vem das falhas da comunicação, mas não há marketing capaz de vender um
produto ruim</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Um dos principais auxiliares do presidente
Lula da Silva, o ministro Rui Costa (Casa Civil) assim identificou a razão da
notável corrosão na popularidade do chefe: a comunicação do governo.
Minimizando as pesquisas que indicaram crescente reprovação ao presidente e
tentando reduzir o peso de qualquer fragilidade da atual gestão, Costa acha que
é preciso aperfeiçoar a comunicação do governo e aproximá-lo de quem lê
notícias via WhatsApp. “É alcançar as pessoas com informações corretas”, disse
ele, em entrevista recente à GloboNews. O ministro do PT está convicto de que
os números da popularidade não representam a realidade do governo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Questão de fé, por definição, não se discute.
Segundo a parolagem petista, o atual mandato do demiurgo só tem produzido boas
notícias; o problema estaria na percepção popular, ruim porque o governo não
conseguiu fazer suas “informações corretas” chegarem às redes. Em outras
palavras, a piora não teria se dado em razão dos fatos: além dos bons
resultados apresentados, o presidente estaria cumprindo fielmente seu
desiderato de trabalhar para reunir eleitores, famílias e amigos afastados por
divergências políticas, governaria com sabedoria e conciliação, tentando
conjugar as ideias do PT com outras forças e pensamentos fora das tribos
petistas, e não teria espalhado diatribes que afrontam mentes moderadas –
católicas, evangélicas, judaicas ou agnósticas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Pelo menos neste caso, Costa não recorreu à
habitual criminalização do inimigo preferencial da esquerda: a “grande mídia
corporativa”. Tampouco lançou mão de teorias conspiratórias comuns aos governos
de natureza populista – a crença numa grande articulação entre veículos
jornalísticos, como um esforço intencional da mídia e dos críticos para
desestabilizar o governo. Em outros termos e outros tempos, a narrativa de
perseguição da imprensa não raro era também adotada pelo então presidente Jair
Bolsonaro. Mas a intenção de Costa de fazer chegar as “informações corretas” ao
distinto público denota a habitual má vontade lulopetista com o trabalho da
imprensa.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Se o problema está na percepção pública,
sugere Rui Costa, no fim das contas quem será responsabilizado por isso é a
comunicação do governo – aquela que, em última instância, atua na mediação
entre o que o governo faz e como atinge a opinião de cidadãos. Ao aderir à
tese, o ministro reforça a máxima segundo a qual a comunicação é o “mordomo”
das crises dos governos, isto é, aquele sobre o qual habitualmente recai a
culpa, ainda que seja necessário reconhecer as deficiências da comunicação
lulopetista, em que imperam a falta de conhecimento sobre as exigências do
ambiente digital, as falhas improvisadas ou bem pensadas do grande líder e a
pajelança palaciana, incapaz de achar uma voz crítica que dissuada, divirja,
aponte ao presidente as armadilhas das bombas que solta. Ao contrário, não
falta quem surja para dobrar a aposta e justificar as lambanças do
companheiro-em-chefe, como ocorreu no trágico episódio da comparação do
conflito de Israel com o Hamas ao Holocausto.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Se Lula fala e faz o que quer, como quer e
para quem quer (e não para quem precisa), não há estratégia de comunicação
genial o suficiente para consertar o defeito de origem. Eis o ponto: marketing
político ou comunicação oficial não substituem o que só um bom produto pode
suprir. Na ausência deste, não há boa estratégia, mensagens, bons canais ou
quaisquer outras artimanhas narrativas para convencer o distinto público do
contrário e assegurar outra percepção popular. O governo Lula tem se mostrado
um produto que passou do prazo de validade, concebido para as afinidades
tribais, não para um País complexo e uma população diversa e com expectativas
de mudança real em suas condições de vida. Antes de tentar seduzir os
brasileiros com a ladainha antediluviana sobre luta de classes, que não faz
nenhum sentido para os cidadãos que querem liberdade para aproveitar as novas
oportunidades de trabalho e empreendedorismo, é preciso chegar à vida real das
pessoas – que Lula, ocupado demais consigo mesmo e com seus devaneios, parece
desconhecer. O ministro pode não enxergar, mas o culpado pelos problemas de
comunicação está no gabinete presidencial, a poucos metros do seu.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Rédeas para a inteligência artificial<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Estado de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Europa aprova lei dura para proteger os
cidadãos e a democracia de danos colaterais da nova tecnologia, mesmo sob o
risco de limitar a aplicação de sistemas de IA na economia</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O Parlamento Europeu aprovou a mais ampla e
dura legislação do planeta sobre o uso da inteligência artificial (IA). A
decisão do bloco de conter os danos colaterais causados pela nova tecnologia
certamente servirá de referência a outros países. Com a proteção de seus
cidadãos e do próprio sistema democrático como prioridade, os legisladores
europeus resistiram às pressões do setor nascente e impuseram inúmeras travas e
obrigações de transparência para a interação entre usuários e máquinas. No
Brasil, onde um projeto de lei sobre o assunto tramita a passos de cágado no
Congresso Nacional, espera-se convicção similar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">As normas consagradas pela União Europeia
(UE) vão muito além das adotadas pelos Estados Unidos e pela China. Todos esses
arcabouços legais certamente sofrerão ajustes e atualizações em prazo mais
curto do que o vislumbrado neste momento, dada a velocidade espantosa de
desenvolvimento da IA. No caso europeu, ao contrário da crítica de empresas do
setor de que a nova legislação é abrangente demais, os órgãos de controle a
consideraram insuficiente. O que está no papel, entretanto, parece ser um bom
começo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A lei sobre inteligência artificial deverá
entrar em vigor somente depois de aprovada pelos Parlamentos dos países do
bloco. Suas regras refletem uma preocupação ética com a potencial disseminação
de desinformação, preconceitos e discursos de ódio por meio de conteúdos
produzidos pela IA. A possibilidade de manipulação das opiniões e escolhas dos
cidadãos europeus foi outro risco a ser levado em conta.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Entre suas normas estão a obrigatória
rotulagem de qualquer texto, áudio ou imagem produzido por IA e a exibição dos
materiais que serviram de base para a produção do conteúdo final. As pessoas
podem até vir a considerar real e de origem essencialmente humana uma
informação que, na verdade, foi parida por uma máquina. Mas as chances de
chegar a essa conclusão serão reduzidas com os alertas e os dados adicionais
exigidos pela UE. Tais regras de transparência são especialmente relevantes no
modelo de inteligência artificial generativa, como o disponível desde o ano
passado pelo ChatGPT, que permite a elaboração de conteúdos tão coerentes como
os realizados por humanos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A legislação, entretanto, vai além e abarca a
preservação da integridade e dos direitos básicos de cada cidadão europeu. O
uso de sistemas de IA para criar bases de dados de reconhecimento facial foi
proibido. Da mesma forma, estão vetados os instrumentos para a exploração de
vulnerabilidades humanas, como a captação de emoções das pessoas em escolas e
locais de trabalho.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A inclusão de regras contra ameaças já
identificadas do uso da IA sobre as instituições nacionais e do bloco europeu
também visa a defender o cidadão. Em uma de suas principais decisões, os
legisladores determinaram a necessária supervisão humana quando ferramentas de
alto risco forem utilizadas na educação, nas eleições, nos processos judiciais,
nos procedimentos de imigração e nos serviços públicos e privados.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O salto a ser observado na economia mundial
pela adoção da IA parece não ter precedentes na história da humanidade. O Bank
of America estima uma contribuição de US$ 15 trilhões dessa tecnologia ao
Produto Interno Bruto (PIB) mundial até 2030, o que justifica a competição de
potências no setor. Ao aprovar barreiras legais ao uso dessa ferramenta em seu
território, a União Europeia obviamente mostrou-se ciente de que seus ganhos
econômicos podem ser mais limitados do que em outras partes do mundo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Deixar de ganhar, nesse caso, é justificável
e exemplar. Já a exposição de cidadãos, de serviços públicos e das instituições
democráticas aos eventuais malefícios da nova tecnologia, ao contrário, seria
intolerável. Não se espera que, no Brasil, os legisladores se limitem a copiar
e colar a legislação europeia sobre a IA ou qualquer outra em vigor. Mas, por
suas claras prioridades, será indispensável o estudo do caso europeu no
processo de construção de um arcabouço legal sobre inteligência artificial que
defenda os cidadãos brasileiros e sua democracia.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">A China a 5%<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Estado de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Embora mais modesta, meta para o PIB de 2024
exigirá de Pequim maior apoio ao setor privado</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O governo da China fixou o crescimento
econômico de 5% como sua meta para este ano. Não se trata de estimativa, mas de
um marco que, embora mais modesto, não será nada fácil de ser alcançado. Maior
do que a mais recente projeção do Banco Mundial, de expansão de 4,6%, e abaixo
do desempenho de 5,2% no ano passado, a meta exibe os limites para o país
retomar o nível de atividade mais robusto da década passada. Nos detalhes do
plano de Pequim, entretanto, não figura apenas a estratégia de contornar os
fatores que puxam para baixo o crescimento chinês. Há também a reorientação
para uma economia mais competitiva em alta tecnologia e energia limpa e
impulsionada pelo setor privado.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A China dificilmente voltará a crescer a
taxas de dois dígitos, como nos anos 2000. Mas o anúncio do primeiro-ministro
Li Qiang na abertura do ano legislativo do Congresso Nacional do Povo, no
último dia 5, expressa a convicção do Politburo chinês de que deve haver um
piso a ser observado para o crescimento do Produto Interno Bruto. Se conseguirá
cumprir, é outra história.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Crescer a 5% será um desafio. A China
enfrenta, sobretudo, uma queda acentuada no consumo doméstico, que resulta em
alto nível de capacidade ociosa de produção e em deflação. Elevar a confiança
do consumidor não depende apenas da expansão monetária, já em curso. Essencial
será eliminar a sensação de risco provocada pela crise imobiliária, que levou
consumidores chineses – prejudicados ou não pelo estouro da bolha – a limitar
os gastos e a poupar ainda mais.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Uma solução definitiva para o setor
imobiliário, por mais crucial que seja, demandará tempo e energia. O governo
chinês tem evitado a quebradeira das empreiteiras, estatizou o segmento da
construção habitacional, antes dominado por gigantes como a Evergrande, e
restringiu o acesso dessas empresas ao crédito de bancos comerciais. Tudo
indica que as medidas anunciadas até o momento são insuficientes. A crise
irradiou-se no setor financeiro, nas contas públicas de governos locais e no
bolso de cidadãos que investiram em imóveis.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Substancial parte do plano para este ano
envolve o investimento público adicional de US$ 138,9 bilhões. Boa parte desses
recursos será direcionada aos setores de alta tecnologia e de energia limpa e à
pesquisa científica. Pequim não esconde seus objetivos de alavancar a produção
de bens de alta qualidade, sobretudo pelo setor privado, e de atingir
autossuficiência na fabricação de semicondutores. A nova estratégia corrige a
política de Xi de privilegiar as estatais na concessão de crédito e de
incentivos. Será novamente a vez das empresas privadas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A China, obviamente, terá de lidar com
problemas de fundo, como o desemprego elevado entre os jovens e a ausência de
políticas de proteção social. A redução da população chinesa é um dilema ainda
mais complexo. Ao fixar uma diretriz menos ambiciosa para seu crescimento
econômico neste ano, o país revela seus limites e desafios. Ao resto do mundo,
Pequim pelo menos oferece alguma previsibilidade no campo econômico-comercial.
Se atingir sua meta de 5%, já terá feito muito.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Inflação de alimentos não deveria ser a
primeira preocupação<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Valor Econômico</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Os preços dos alimentos já foram o principal
motivo de preocupação sobre a evolução do IPCA, mas seu lugar foi substituído
pelos serviços</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Não há problemas sérios com a inflação, fora
o fato de que ela está demorando mais do que o previsto para chegar à meta de
3%. Pode-se discutir os motivos para isso, mas os preços dos alimentos não
estão entre os principais. No ano passado, o primeiro do terceiro mandato de
Lula, o IPCA foi de 4,62%, enquanto a variação dos alimentos despencou de
11,64% para 1,03%. As mais recentes pesquisas sobre desempenho do governo
mostram erosão significativa da popularidade do presidente Lula e da avaliação
de seu governo. Lula então reuniu vários ministros da área econômica e política
para discutir a inflação dos alimentos. Sempre se pode melhorar alguma coisa
nessa área, mas há pouca coisa que o governo possa fazer para mudar uma
situação que, afinal, não lhe foi desfavorável.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Na campanha eleitoral e em seus primeiros
dias após a posse, Lula disse que “o povo tem que voltar a comer um
churrasquinho, a comer uma picanha”. Não se chegou a tanto, mas o preço dessa
peça caiu 8,21% nos doze meses encerrados em fevereiro. Comer em casa ficou
apenas 1,96% mais caro, embora refeições fora do domicílio tenham subido 4,96%,
não muito mais que o IPCA acumulado no período, de 4,5%.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A principal razão para que haja elevação
forte de alguns produtos nos últimos meses, como o arroz (30% em um ano), são
os efeitos das mudanças climáticas. Enchentes no Rio Grande do Sul, contraponto
à seca na Amazônia, no Centro-Oeste e no Nordeste, reduziram a safra, e o calor
fez serviço nefasto no seu companheiro de prato, o feijão, em algumas
variedades. No Rio de Janeiro, onde a variedade preta é mais consumida, houve
alta de 20,11%. Em São Paulo, o aumento do arroz foi mitigado pela queda de
7,1% no feijão carioca.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A carestia na cesta básica em geral afeta a
sensação a respeito do custo de vida se há saltos nos preços das carnes e
laticínios, bens proteicos vitais, ao lado da dobradinha arroz-feijão. Mas
carnes e peixes recuaram 2%, aves e ovos, 3,47%, leite e derivados, 3,66%,
enquanto os pães, outro item essencial na mesa do brasileiro, avançaram 2,09%,
menos da metade do índice cheio de inflação.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Uma parcela importante dos preços a cesta de
alimentos brasileira é determinada pelas cotações das bolsas internacionais, em
especial carnes, soja, café, suco de laranja e recentemente o milho, dos quais
o Brasil é um grande exportador mundial. Em 2022, quando essas commodities
subiram muito no mercado externo, seus derivados pesaram desagradavelmente no
bolso dos brasileiros. Óleo de soja e milho dispararam, mas os preços estão
desinflando com alguma rapidez nos últimos meses. Em fevereiro, sempre na conta
de doze meses, o óleo de soja (e as gorduras em geral) recuou 11,48%, embora
quebras na safra de azeite de oliva tenham tornado o produto um bem tão valioso
- a ponto de ser objeto de roubos na Espanha, um dos maiores produtores -, e
elevado seu preço em 44% no Brasil.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Outros integrantes na mesa de refeições, como
frutas, hortaliças e legumes, vivem sazonalidade desfavorável no início do ano,
estação das chuvas. Altas de 56% na cenoura e de 11% na cebola são normais,
embora neste verão tenham sido bem mais acentuadas pelas ondas de calor acima
do usual, que continuam assolando o Sudeste e o Centro-Oeste, assim como os
ferozes aguaceiros que destroem as plantações de hortaliças e legumes nas
vizinhanças das metrópoles.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Os preços dos alimentos já foram o principal
motivo de preocupação sobre a evolução do IPCA, mas seu lugar foi substituído
pelos dos serviços. O crescimento da renda e da massa salarial e a redução da
inflação criaram um anteparo para a queda do IPCA, que se tornou muito mais
lenta do que poderia sugerir a alta carga de juros. A inflação subjacente de
serviços cai devagar, e nas últimas leituras houve sobressaltos com a evolução
dos serviços intensivos em trabalho. Os preços dos serviços crescem diretamente
em função do aumento do salário mínimo, que, no governo Lula, voltou a ter
aumento real.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O reajuste do Bolsa Família e a queda da
inflação também estão aumentando o consumo das famílias, o que, com os outros
fatores, pode exercer pressão sobre a inflação, mas em geral trazem percepção
muito favorável às políticas do governo. Alguma perda de prestígio pode ser
descontada da paralisia da economia no segundo semestre de 2023. Mas é pouco
provável que a situação dos assalariados tenha piorado recentemente.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Além disso, o índice de pobreza extrema no
Brasil caiu de 33 milhões de pessoas para 20 milhões. É razoável supor que a
situação de bem-estar da população melhorou nos últimos meses. Por isso não se
entende a preocupação de Lula com alimentos. Deve-se torcer para que ele evite
medidas demagógicas para resolver problemas que não existem. É possível
aprimorar a política de estoques reguladores de alimentos básicos e reforçar
dotação orçamentária ao Pronaf, da agricultura familiar, cuja produção se
concentra com razão nesses bens, política no passado bem-sucedida. Mas para
levar a inflação a nível civilizado, de 3%, o governo deveria se preocupar em
zerar o déficit público, que amorteceria muito as expectativas inflacionárias.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Economia e felicidade<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Correio Braziliense</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>O Relatório Mundial da Felicidade destaca a
influência determinante da economia na sensação de bem-estar das pessoas</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Desigualdade econômica, problemas de saúde
pública e educação, corrupção e violência são desafios enfrentados pelo Brasil
que, superados ou ao menos reduzidos, poderiam deixar a população mais feliz. A
partir de dados do Gallup World Poll, a World Happiness Foundation (WHF)
organiza o Relatório Mundial da Felicidade, que destaca, entre outros itens, a
influência determinante da economia na sensação de bem-estar das pessoas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A pesquisa avalia fatores como o Produto
Interno Bruto (PIB) per capita e outros itens como generosidade e apoio social
impactam nos cidadãos. Países com maiores índices de desigualdade econômica
tendem a ter menor sentimento de felicidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Para o presidente da WHF, Luis Gallardo, a
percepção de corrupção no país é identificada como um fator que mina a
confiança nas instituições públicas, afetando negativamente o bem-estar social.
Os dados se baseiam na escala Cantril, na qual os participantes classificam
suas vidas de 0 a 10, o que faz com que a análise desses números forneça uma
compreensão mais profunda das razões pelas quais determinados países obtêm ou
não pontuações elevadas no ranking da felicidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O investimento nos setores de saúde e
educação também são preponderantes. Tristes os países que não conseguem reunir
esforços para essas duas áreas – seja por falta de recursos, seja por não
acreditarem em projetos como esses –, variáveis que fortalecem a dignidade da
população, abrindo oportunidades de trabalho e senso crítico para fazer
escolhas mais positivas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">No último levantamento, divulgado em 2023, a
Finlândia foi considerada o país mais feliz do mundo, pelo sexto ano seguido.
Na sequência, vêm Dinamarca, Irlanda, Israel e Holanda. Diante do conflito com
o Hamas, pode ser que os israelenses tenham modificado a percepção deles. O
Brasil ocupou o 49º lugar. Caiu 11 posições, atrás de nações como Uruguai,
Chile, Nicarágua e Guatemala.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Faltam passos gigantescos para que o poder
público brasileiro — e aqui estão os ministérios da Saúde e da Educação, bem
como as secretarias estaduais e municipais — se mobilize numa grande corrente
em prol da sociedade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Cabe destacar ainda o significativo
envolvimento do brasileiro nas redes sociais, que pode funcionar como uma
ferramenta poderosa para promover políticas de bem -estar. Essa abordagem
estratégica envolveria a utilização das redes como um meio eficaz de comunicação
e engajamento com a população, permitindo que as autoridades governamentais
alcançassem e envolvessem um grande número de pessoas nas discussões.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">As redes sociais podem ajudar na disseminação
simultânea de informações, no diálogo aberto e na participação ativa dos
cidadãos na formulação e implementação de políticas voltadas para o bem-estar
da sociedade. Métodos como campanhas de conscientização, enquetes públicas,
transmissões ao vivo de eventos e debates, compartilhamento de informações
relevantes sobre saúde, educação e oportunidades econômicas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O Brasil sabe a receita: reduzir as
disparidades econômico-sociais, ampliar as oportunidades de emprego, de vagas
nas escolas públicas em todos os níveis e desenvolver políticas públicas de
segurança são alguns dos ingredientes. É enorme o desafio, e longo o caminho a
ser percorrido até o país ganhar destaque como referência em 20 de março,
eleito pela Organização das Nações Unidas (ONU) o Dia Internacional da
Felicidade.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-12432503543282732432024-03-18T08:31:00.004-03:002024-03-18T08:31:51.552-03:00Sergio Lamucci - Atividade surpreende e começa o ano mais forte que o esperado<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOBxwSWLm9iISRBVh3xiJTCrombT_PFVShmKbES6y9rMiB48AceirP3uvT9sUsn8f6nfuyH7jx8qAJbJSD_hpvzvA6i_8LjLQca3ayhZcHo402sQOkRrk2ZW1khHHFTJoGUTlcsZUE0tzJ2UOg_0wwe5lsjxLpAncC3vTUcxngJR2wJMXSx10U4Zhxw9qn/s80/sergio-lamucci.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="80" data-original-width="80" height="80" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOBxwSWLm9iISRBVh3xiJTCrombT_PFVShmKbES6y9rMiB48AceirP3uvT9sUsn8f6nfuyH7jx8qAJbJSD_hpvzvA6i_8LjLQca3ayhZcHo402sQOkRrk2ZW1khHHFTJoGUTlcsZUE0tzJ2UOg_0wwe5lsjxLpAncC3vTUcxngJR2wJMXSx10U4Zhxw9qn/s1600/sergio-lamucci.jpg" width="80" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Valor Econômico</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Indicadores mostrando crescimento mais firme
da economia surgem num momento em que pesquisas revelam queda na popularidade
de Lula</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A atividade econômica dá sinais de
crescimento mais forte no começo de 2024, depois da estagnação no segundo
semestre do ano passado. Em janeiro, o comércio e os serviços avançaram mais do
que esperavam os analistas, e a geração de empregos formais foi bem acima do
esperado. A arrecadação também foi elevada no primeiro mês do ano, e as
estimativas indicam que isso se repetiu em fevereiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os números positivos vêm a público num
momento de queda da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa
sociedade polarizada politicamente, a economia teria menos peso na avaliação
dos governantes pelos eleitores? O tema tem sido discutido exaustivamente neste
mês, com a divulgação de pesquisas com piora na aprovação de Lula, que causam
desconforto no presidente e em seu entorno. Nesse cenário, cresce o risco de o
governo recorrer a medidas populistas, como aumento de gastos, para tentar reverter
a situação. Caberá especialmente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
conter essas pressões, que volta e meia reaparecem na atual gestão.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O comportamento da inflação, principalmente a
de alimentos, tem sido apontado como foco de descontentamento, pela maior
relevância para a população de baixa renda. Depois de subir 13,2% em 2022 no
IPCA, alimentação no domicílio recuou 0,5% em 2023. As cotações desses
produtos, porém, começaram a subir com mais força a partir de novembro de 2023.
Entre esse mês e fevereiro deste ano, os alimentos em casa aumentaram 5,11%. E,
apesar da perda de fôlego da comida entre meados de 2022 e outubro de 2023, o
nível desses preços seguiu alto. De 2018 a 2022, as cotações de alimentação no
domicílio subiram em média 10,4% por ano, enquanto o IPCA avançou a uma média
de 5,7%. Em março, a expectativa é de arrefecimento da alta de alimentos em
casa. A LCA Consultores estima que a variação desse grupo passará de 1,12% em
fevereiro para 0,27% neste mês.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Para tentar conter a pressão sobre esses
preços, o governo vai tomar medidas para elevar a produção de alimentos básicos
no Plano Safra 2024/25, com o objetivo de estimular o cultivo de produtos como
arroz, feijão, milho, trigo e mandioca. A ideia também é reforçar a Política de
Garantia de Preços Mínimos, para incentivar a formação de estoques. Desde que
não escorreguem para medidas de controle de preços ou subsídios, as iniciativas
podem até ajudar, mas o efeito não será imediato.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ainda que a inflação de alimentos e dos
serviços mais sensíveis à demanda não esteja em níveis confortáveis, isso não
deverá impedir que o Banco Central (BC) siga com os cortes de juros, levando a
Selic, hoje em 11,25% ao ano, para a casa de 9%. Na quarta-feira, a taxa deve
cair mais 0,5 ponto percentual, para 10,75%.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A queda dos juros, tudo indica, é um dos
motivos para a melhora da atividade no começo deste ano, num cenário em que o
mercado de trabalho continua forte. Em janeiro, as vendas do varejo ampliado
subiram 2,4% em relação a dezembro, feito o ajuste sazonal. O setor de
serviços, por sua vez, teve alta em janeiro de 0,7% nessa base de comparação.
Para completar, as contratações com carteira assinada superaram as demissões em
pouco mais de 180 mil vagas, mais do que o dobro do esperado pelos analistas.
Nesse quadro, cresce a expectativa de um crescimento em 2024 na casa de 2% ou
um pouco mais - menos que os 2,9% de 2023, mas acima do 1,5% projetado pelos
analistas mais pessimistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os juros em queda tendem a estimular o
investimento e dar fôlego para o crédito, contribuindo para mais uma alta firme
do consumo das famílias. O comportamento da renda, aliás, continua forte. O
economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, observa que a
renda nacional restrita das famílias, que exclui ganhos com aluguéis e
aplicações financeiras, cresceu em janeiro mais 0,59% em relação a dezembro, na
série com ajuste sazonal. Em três meses, registra um ganho de 3,9%, uma taxa
bastante impressionante para um agregado que abrange mais da metade do PIB,
observa ele.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Montero também destaca o salto das despesas
não financeiras nos últimos meses. Considerando as estimativas do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para o mês passado, de um déficit de R$ 61,3
bilhões das contas do governo central, os gastos primários (que não incluem
dispêndios com juros) subiram o equivalente a R$ 178,6 bilhões no período de
dezembro de 2023 a fevereiro de 2024, na comparação com o mesmo período de um
ano antes, em valores atualizados pela inflação. O pagamento de R$ 93 bilhões em
precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais) está incluído aí. Como
paralelo, os anos do teto de gastos, de 2017 a 2022, deixaram a despesa
primária do governo federal com um aumento de R$ 119 bilhões, a preços de
fevereiro deste ano, compara Montero. Houve nos últimos meses uma enorme
injeção de gastos, num momento em que o mercado de trabalho segue forte, nota
ele. Lula está acostumado a governar com alta significativa de gastos, e não
por acaso falou em rever o limite de despesas quando surgiram notícias de
arrecadação expressiva no começo deste ano. Montero observa que, nos seus dois
primeiros mandatos, Lula aumentou o gasto em torno de 7% ao ano acima da
inflação. No ano passado, as despesas não financeiras tiveram alta de magnitude
semelhante, descontando os precatórios. “É o que Lula conhece.” Se a receita
decepciona, o presidente vai querer discutir a meta de resultado primário; se
surpreende, vai querer discutir o limite de gastos, afirma Montero, para quem
caberá a Haddad e ao Congresso segurar o ímpeto de gastar mais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A economia começou o ano com um ritmo de
crescimento mais forte que o esperado, e com a expectativa de continuidade do
ciclo de cortes dos juros. Para que a Selic siga em queda e se mantenha em
níveis baixos, é fundamental que o governo não produza ruídos desnecessários. O
recuo da popularidade de Lula torna o governo indócil e mais propenso a medidas
populistas, como elevar despesas. Em algum momento deste ano, deverá haver uma
mudança da meta fiscal governo central de 2024. Mesmo com a alta mais forte das
receitas, a meta de déficit primário zero não deve ser atingida. Essa alteração
terá que ser conduzida com cuidado, para não ampliar incertezas sobre as contas
públicas. Além disso, seria importante Lula deixar de lado o discurso de
intervencionismo na Petrobras e na Vale. Isso só aumenta a indefinição na
economia, prejudicando o investimento, que foi mal em 2023 e pode ter uma
retomada neste ano, especialmente se o governo não atrapalhar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-58674826437357252062024-03-18T08:25:00.003-03:002024-03-18T08:25:50.775-03:00Bruno Carazza* - A boquinha e a fome: as estatais e seus conselhos<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxhb2scpP7lRUo6MItD5E_lXKdyb3g9Q9FKpaaVvGhIhSUut_qIBdnUy2zuSMY8Gj1KFc1Iyd_IoxThGVPo8s87rT_eLsLz3d6lCZD9sQTeMxiMgxzZsEzMQQqZ3TejXWoKIUs8yuyjaVNMF341Qja3U4GO8QLs9tPKybDbl41b9D86kRGFxRC5GE38bRR/s66/BRUNO%20CARAZZA%202.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="66" data-original-width="64" height="66" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxhb2scpP7lRUo6MItD5E_lXKdyb3g9Q9FKpaaVvGhIhSUut_qIBdnUy2zuSMY8Gj1KFc1Iyd_IoxThGVPo8s87rT_eLsLz3d6lCZD9sQTeMxiMgxzZsEzMQQqZ3TejXWoKIUs8yuyjaVNMF341Qja3U4GO8QLs9tPKybDbl41b9D86kRGFxRC5GE38bRR/s1600/BRUNO%20CARAZZA%202.png" width="64" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Valor Econômico</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Conselhos de administração de empresas
atendem a diversos interesses no governo</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A semana passada foi repleta de episódios
envolvendo a governança corporativa de estatais e de empresas privadas nas
quais a União ainda detém algum tipo de ingerência, mesmo que indiretamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O retorno de Lula ao poder representou a
retomada da visão de que as estatais têm um papel estratégico na promoção do
desenvolvimento nacional. Nesse sentido, a nova administração da <a href="https://valor.globo.com/empresas/valor-empresas-360/petrobras?360&interno_origem=multicontent"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Petrobras</span></a> tem
sinalizado com a ampliação de seu plano de investimentos e novas diretrizes a
respeito de refino, distribuição de combustíveis e transição energética. O
episódio mais recente dessa história se deu na atual crise sobre os dividendos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Se uma mudança de rumos em relação à
administração anterior é válida e legítima, ela não deve ser feita à revelia
dos demais sócios privados da empresa. Assim, todas as decisões da <a href="https://valor.globo.com/empresas/valor-empresas-360/petrobras?360&interno_origem=multicontent"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Petrobras</span></a> que
possam afetar a distribuição de dividendos aos acionistas precisam ser
comunicadas com muita transparência, para se evitar as turbulências que vimos
no preço das suas ações na última semana.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Em resposta à crise do Petrolão, o governo
aprovou a Lei nº 13.303/2016, para reforçar a estrutura corporativa das
estatais e torná-las mais resistentes à interferência política. No entanto, num
de seus últimos atos no Supremo Tribunal Federal, o atual ministro da Justiça,
Ricardo Lewandowski, suspendeu muitas das suas determinações numa canetada.
Quem semeia vento colhe tempestade, como estamos vendo agora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Situações ainda mais graves, porém, são as
insinuações de interferência política do processo sucessório na Vale,
apresentadas na carta de renúncia do conselheiro independente José Luciano
Penido, e as pressões de Lula para emplacar Guido Mantega primeiro na própria
Vale e, mais recentemente, na Braskem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Por se tratar de empresas privadas, nas quais
a União não detém o controle direto, a intromissão do governo nas suas decisões
extrapola os limites da opção estratégica desenvolvimentista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Em 2011, o pesquisador Sérgio Lazzarini
publicou um livro demonstrando, com fartura de dados, as relações umbilicais
entre as grandes empresas brasileiras e o Estado. “Capitalismo de Laços”
explicita como o BNDES e outros bancos oficiais, as maiores estatais e os
fundos de pensão de seus empregados constituem uma teia de participações
societárias cruzadas que se espalha pelo tecido dos maiores símbolos do setor
privado nacional.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A se pautar pelas manchetes da última semana,
o governo Lula está mais do que disposto a estender seus laços sobre o mercado
brasileiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">**********<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Embora pouco se comente a respeito, a
distribuição de vagas nos conselhos de estatais também está no centro da crise
envolvendo a diretoria e o sindicato dos servidores do Banco Central e o
governo Lula.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os pagamentos feitos pelas estatais aos
membros de seus conselhos (os famosos jetons) sempre foram uma forma de
complemento salarial bastante generosa que atende a diversos fins: atração de
profissionais do mercado para colaborarem por um tempo no governo, premiação à
dedicação de alguns servidores públicos e remuneração extra para quadros
partidários do governo de plantão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Segundo dados do Portal da Transparência,
durante o exercício financeiro de 2023, 76 empresas estatais distribuíram R$
16.572.796,30 para 590 servidores públicos e ocupantes de cargos comissionados
a título de jetons.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Para ficar apenas nas indicações técnicas,
diversos integrantes da cúpula do Ministério da Fazenda fizeram jus ao
recebimento de jetons de estatais no ano passado: o chefe de gabinete, Laio
Morais (R$ 65.075,34), o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello (R$
47.390,78), o secretário do Tesouro, Rogério Ceron (R$ 47.295,88), e o
secretário-executivo adjunto, Rafael Dubeux (R$ 42.404,88).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os pagamentos de jetons também agraciaram
dezenas de servidores de carreiras dos ministérios da Fazenda e do Planejamento
- alguns deles chegaram a engordar seus contracheques em até R$ 106.842,97 em
2023.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Não há nada de errado e muito menos de ilegal
nesses pagamentos. O problema é que, no contexto de tratamentos diferenciados
dispensados pelo governo federal na política salarial, essa questão dos jetons
gera ainda mais distorções entre as carreiras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">No caso específico do Banco Central, em
função da legislação sobre conflitos de interesses, diretores e servidores da
instituição não podem integrar o conselho de instituições públicas ou privadas.
A regra faz todo o sentido, pois decisões sobre crédito ou taxas de juros
afetam as estratégias de empresas que atuam no mercado, e por isso não seria
salutar que um integrante do Bacen fizesse parte de seu corpo de
aconselhamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A norma, contudo, gera um efeito colateral.
Os diretores e técnicos do Banco Central não deixam nada a desejar em preparo
técnico a um alto dirigente do Ministério da Fazenda ou um servidor qualificado
do Tesouro Nacional ou da Receita Federal. No entanto, por não poderem ser
contemplados com os jetons das estatais, os integrantes do Bacen acabam se
sentindo preteridos em relação a seus pares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Na elite do funcionalismo, quanto mais o
governo procura agraciar uma carreira com penduricalhos como honorários, bônus
e jetons, mais desagrada às demais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><i>*Bruno Carazza é professor associado da
Fundação Dom Cabral e autor de “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do
sistema político brasileiro” (Companhia das Letras)”. </i></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-40418212491553972422024-03-18T08:19:00.003-03:002024-03-18T08:19:35.517-03:00Maria Cristina Fernandes - Forças Armadas deixaram o país muito perto de um golpe<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg32eooNgeJoWHGeGzggzfBiRJaHAP_MbYhrI48pXQg4Jl4PlRcXa0cfIN7bzZJ3aofhggxL9Yr6Ubp2sRBUwXTs5VUNgr0u-z_YiScoPiYhrTxVOEZ_m8dt_cHHLbYrxfenUZdG5v7yXdaBqV2nu69c3JGPXqtaaZQCcnlhRxP74T5cGV9vY_U8C_aJ1Zr/s200/MARIA%20CRISTINA%20FERNANDES%20NOVO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="139" data-original-width="200" height="139" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg32eooNgeJoWHGeGzggzfBiRJaHAP_MbYhrI48pXQg4Jl4PlRcXa0cfIN7bzZJ3aofhggxL9Yr6Ubp2sRBUwXTs5VUNgr0u-z_YiScoPiYhrTxVOEZ_m8dt_cHHLbYrxfenUZdG5v7yXdaBqV2nu69c3JGPXqtaaZQCcnlhRxP74T5cGV9vY_U8C_aJ1Zr/s1600/MARIA%20CRISTINA%20FERNANDES%20NOVO.jpg" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Valor Econômico</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Os ex-comandantes não denunciaram golpismo do
ex-presidente, tampouco agiram para coibir a indisciplina interna, como a
leniência em relação à carta dos oficiais demonstra</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ficou mais difícil para o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) escapar da acusação de golpe de Estado e afronta ao Estado de
direito depois do conjunto de depoimentos cujo sigilo foi aberto pelo ministro
Alexandre de Moraes. Os ex-comandantes do Exército, Marco Antonio Freire Gomes,
e da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, foram determinantes para
evitar a reversão da ordem democrática, mas ainda não está claro se poderiam
ter evitado que o país tivesse chegado tão perto de um golpe como, de fato, aconteceu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Foi Baptista Junior quem pintou de herói o
general Freire Gomes ao dizer que o golpe só não aconteceu porque o
ex-comandante não havia aderido. Confirmou ainda que o general havia ameaçado o
ex-presidente Jair Bolsonaro com uma ordem de prisão, conforme antecipou
o Valor em 21/9/2023, se ele tentasse o golpe. No seu depoimento,
Freire Gomes se limita a dizer que advertiu o ex-presidente de que ele poderia
ser responsabilizado penalmente se tentasse impedir a posse do então presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">É possível que Freire Gomes tenha sido mais
comedido porque seu depoimento ainda deixa muitas perguntas sem respostas. O
general disse ter discordado da “Carta ao comandante do Exército de Oficiais
Superiores da Ativa do Exército”. Por que, então, não adotou medidas
disciplinares contra seus signatários, cuja identidade se mantém oculta até
hoje? Por que não mandou desfazer o acampamento em frente ao quartel-general do
Exército? No depoimento, ele disse não ter tido amparo jurídico para tanto. Não
teria dificuldade porém, em obter pareceres distintos que respaldassem o
rechaço ao uso de uma área de segurança nacional para manifestação política.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Em seu depoimento, o general Theophilo de
Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, diz que foi
ao encontro de Bolsonaro três vezes no Palácio do Alvorada em obediência a
Freire Gomes, sendo duas delas na sua companhia. Indagado o que Theophilo lhe
reportara, Freire Gomes disse não se recordar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Se Theophilo joga as idas ao Alvorada na
conta da disciplina e hierarquia militares, não explica por que Bolsonaro
“desabafara” com ele se previamente dissera aos policiais que o indagaram que
não tinha “relacionamento pessoal” com o ex-presidente. Além de telegráfico
sobre as idas de Theophilo ao Alvorada, Freire Gomes também parece pouco
convincente ao reportar a prestação de contas de Mauro Cid, ex-ajudante de
ordens de Bolsonaro, sobre o apoio de empresários ao golpismo. Limitou-se a
dizer que Cid fora proativo e lhe deu informações que não haviam sido
demandadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Nenhum dos inquiridores perguntou aos
ex-comandantes por que eles não haviam denunciado o golpismo do ex-presidente.
Muito provavelmente porque ouviriam deles que se o fizessem, teriam que deixar
seus postos, expondo o país a mais riscos. Baptista resumiu a atitude como uma
estratégia para “ganhar tempo”. Não deixa de ser verdade, mas os comandantes
tampouco agiram para coibir a indisciplina interna, como a leniência em relação
à carta dos oficiais demonstra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">É Baptista quem mais se aproxima desta
cobrança ao relatar que pedira ao então Ministro da Defesa, Paulo Sérgio
Oliveira, que avisasse ao ex-presidente que o coronel Marcelo Câmara, braço
direito de Bolsonaro, não deveria entrar em contato com o coronel Wagner
Oliveira da Silva, da Comissão de Transparência Eleitoral, para passar “achados
sobre fraudes”. O brigadeiro disse que Câmara deveria seguir a cadeia de
comando na relação com a comissão que estava sob a égide das três Forças.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O brigadeiro deixa o ex-ministro do Gabinete
de Segurança Institucional, general Heleno Ribeiro, em maus lençóis ao revelar
conversa que tiveram no Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Nesta conversa,
por ocasião da formatura do neto do ex-ministro, conta que Heleno teria ficado
atônito quando ele pediu que fosse reportado ao ex-presidente seu rechaço a uma
investida contra a posse de Lula.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O momento mais frágil do depoimento de
Baptista é quando, indagado por que não havia sido divulgado o relatório da
comissão de transparência eleitoral depois do primeiro turno, disse ter havido
determinação para não fazê-lo. Só não sabe de quem. Freire Gomes foi igualmente
lacônico, ao dizer que o resultado da comissão não fora divulgado porque não
haviam sido identificadas irregularidades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ao dar publicidade ao relatório depois do
segundo turno, o MD afirmou que “embora não tenha apontado, também não havia
excluído a possibilidade de existência de fraude ou inconsistência nas urnas
eletrônicas no processo eleitoral de 2022”. Nem Baptista nem Freire Gomes são
críticos à atuação do então ministro da Defesa, Paulo Sergio Oliveira, no
persistente questionamento das urnas eletrônicas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os depoimentos parecem suficientemente
incriminadores do ex-presidente Jair Bolsonaro numa tentativa de golpe de
Estado, mas é possível que a acusação possa vir a ser reforçada se os militares
que ficaram em silêncio resolverem falar. A defesa do coronel Marcelo Câmara,
por exemplo, já manifestou interesse numa delação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Além de Câmara, permaneceram em silêncio o
general Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da
Presidência, o coronel Bernardo Romão, à época assistente do Comando Militar do
Sul, além do general Heleno e do almirante Almir Garnier. O ex-comandante da
Marinha é reportado tanto por Baptista quanto por Freire Gomes como o mais
aderente aos planos de Bolsonaro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Entre os civis, permaneceram calados o
ex-assessor internacional de Bolsonaro Filipe Martins, que seria o artífice da
segunda minuta de golpe, aquela que propõe a decretação de um Estado de Sítio,
além de Tércio Arnaud, também assessor de Bolsonaro, que optou por silenciar
ante as perguntas mais comprometedoras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O foco desta fase do inquérito é a
participação de militares na trama golpista que antecedeu a posse de Lula. Se a
investigação caminhar para apurar a conivência militar no 8 de janeiro, outros
nomes, como o ex-comandante militar do Planalto Gustavo Henrique Dutra ou mesmo
o ex-comandante do Exército general Julio Cesar Arruda, que sucedeu a Freire
Gomes, podem entrar na roda. Arruda foi demitido por Lula por insistir na
nomeação de Mauro Cid para o comando do estratégico Batalhão de Ações de
Comando de Goiânia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Concluído o inquérito sobre a participação
dos militares, restará saber que atitudes o comandante em chefe, o presidente
Lula, além dos atuais comandantes, terão para evitar que as Forças Armadas
voltem a ser contaminadas da mesma forma pelo golpismo. A punição dos
signatários da carta ao ex-comandante do Exército, nos termos do Estatuto dos
Militares e do regimento interno, poderia ser um caminho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A dúvida que fica é como se posicionaria a
Justiça Militar ante a recente sessão que foi suspensa depois de dois votos
pela absolvição de militares que alegaram legítima defesa como motivação para o
fuzilamento com 257 tiros do músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo,
ambos desarmados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-7678352905515935952024-03-18T08:02:00.001-03:002024-03-18T08:02:08.545-03:00Carlos Pereira* - Sociedades resilientes<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0ZztEilTmV4Q61Ft3diwWmHiT8nQXiJPukljNpI0zTnJQv6dcuuiGxrKxGXAb23XG6b8uEL5bo4d0bjZ2q2uweHdiwdFOWZDuzzmnXwJQNpiR3LeU67PldtWOA4_VWxhk1JFeNCjooyq5TSS_HYI5ymuuFB8cepMlfKeOo8zoqR-h2j53HoHgD0rSGkXJ/s58/Carlos%20Pereira%20Oesp%2011.7.22.webp" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="58" data-original-width="46" height="58" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0ZztEilTmV4Q61Ft3diwWmHiT8nQXiJPukljNpI0zTnJQv6dcuuiGxrKxGXAb23XG6b8uEL5bo4d0bjZ2q2uweHdiwdFOWZDuzzmnXwJQNpiR3LeU67PldtWOA4_VWxhk1JFeNCjooyq5TSS_HYI5ymuuFB8cepMlfKeOo8zoqR-h2j53HoHgD0rSGkXJ/s1600/Carlos%20Pereira%20Oesp%2011.7.22.webp" width="46" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Estado de S. Paulo</span></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Destino da democracia depende de sociedades
interdependentes, vibrantes e interligadas</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Diante do fracasso das interpretações
catastrofistas de que as democracias, inclusive no Brasil, corriam riscos de
quebra ou mesmo de erosão com a eleição de líderes populistas de extrema
esquerda ou de extrema direita, os estudos agora têm se voltado para explicar o
seu oposto; ou seja, por que democracias têm sido tão resilientes, mesmo diante
de iniciativas iliberais de populistas de enfraquecê-las.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Por que a maioria dos líderes populistas
eleitos não têm conseguido asfixiar a democracia? Que condições políticas,
institucionais e sociais neutralizariam ações iliberais de populistas?<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Já existe vasto conhecimento que enfatiza o
papel desempenhado pelas instituições políticas no processo de resiliência
democrática, tais como alternância de poder, legados democráticos, separação de
Poderes, independência do Judiciário, multipartidarismo, desenvolvimento
econômico etc.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Margaret Levi e Zachary Ugolnik, professores
da Universidade Stanford, lideram uma nova área de pesquisa, chamada “new moral
political economy”, na qual têm enfatizado o papel desempenhado por sociedades
vibrantes e interligadas no aumento da resiliência democrática contra ameaças
iliberais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os autores partem do pressuposto de que o ser
humano, embora racional e individualizado, é um animal social que se beneficia
da reciprocidade e da cooperação. Faz parte do que denominam “community of
fate”, o que o torna interdependente de uma ampla gama de outras pessoas muito
além de família, amigos e vizinhos, cujos destinos estão entrelaçados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Algumas sociedades possuem crenças e arranjos
de governança que facilitam ou mesmo geram comportamentos pró-sociais
cooperativos, levando em consideração os interesses coletivos. Não se trata de
uma visão idealista, mas de situações-limite, de ameaças concretas, que
ativariam o sentimento de comunidade em torno da defesa de um futuro comum
compartilhado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">No Brasil, a criação do consórcio de veículos
de imprensa, formado em junho de 2020 pelos competidores Estadão, O Globo,
Folha, UOL, g1 e Extra, quando o governo Bolsonaro restringiu acesso aos dados
sobre a pandemia; a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do estado
democrático de direito”, liderada pela Faculdade de Direito da USP, que recebeu
mais de 1 milhão de assinaturas, após a fatídica reunião de Bolsonaro com os
embaixadores; e o “Manifesto em apoio ao estado democrático de direito”, liderado
pela OAB e que recebeu o suporte de mais de 300 entidades após os atos
golpistas de 8 de janeiro, são exemplos concretos do quanto a nossa sociedade é
interligada, vigilante e resiliente. •<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><i>*Professor titular da Escola Brasileira de Administração
Pública e de Empresas (FGV Ebape) e sênior fellow do Cebri</i></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-77405163714158393442024-03-18T07:45:00.001-03:002024-03-18T07:45:07.001-03:00Ana Cristina Rosa - Inclusão não é favor<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK543lg3QtmbteVXQiVRsZwjalZMBnQSO7mKpvqksbFQB5T3YBu0kodg3SlvniY77vi67ZT0Yg4WTcCqaYb_GSgrPv2dnzLPb0qrutbBV0p5a-u_xUwNQ2QRp05cSHGDP7IzxzAuEs1HstVCmlAf3Yve1-iuUczxYbHGD8Q6QbPEaEKLGWGOr5WmiHhORq/s225/Ana%20Cristina%20Rosa%2026.12.22.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK543lg3QtmbteVXQiVRsZwjalZMBnQSO7mKpvqksbFQB5T3YBu0kodg3SlvniY77vi67ZT0Yg4WTcCqaYb_GSgrPv2dnzLPb0qrutbBV0p5a-u_xUwNQ2QRp05cSHGDP7IzxzAuEs1HstVCmlAf3Yve1-iuUczxYbHGD8Q6QbPEaEKLGWGOr5WmiHhORq/w200-h200/Ana%20Cristina%20Rosa%2026.12.22.png" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Folha de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Ações de promoção da equidade racial devem
ser respeitadas e fomentadas num país racista como o Brasil</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Inclusão não é favor. Inclusão é direito!
Essa é a principal razão pela qual <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/11/veja-as-cinco-empresas-com-as-melhores-notas-no-indice-de-equidade-racial-2023.shtml"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">ações
voltadas à promoção da equidade racial </span></a>devem ser respeitadas,
defendidas e fomentadas num<a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/07/brasileiros-dizem-viver-em-pais-racista-mas-negam-praticar-discriminacao.shtml"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;"> país
racista como o Brasil.</span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Nos últimos anos, temos presenciado o aumento
de iniciativas para ampliar a inserção social de pretos, pardos e indígenas. O
cenário, fruto da ação de movimentos sociais, ainda é tímido se comparado ao
nível das desigualdades raciais vigentes. No entanto, tem se mostrado
suficiente para provocar irresignação entre quem não convive bem com a ideia de
compartilhar direitos que, na prática, sempre constituíram privilégios de uns
poucos.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Nesse sentido, ações afirmativas que têm
surtido resultados efetivos —caso das <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/cotas-raciais/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">cotas </span></a><a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/cotas-raciais/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">raciais</span></a>—
têm sido atacadas, tratadas como injustiça ou até favor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Sob a perspectiva histórica e o contexto
socioeconômico contemporâneo, trata-se de um contrassenso numa nação que ao
longo de séculos optou por dar as costas aos descendentes de escravizados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Contudo, em nome de um imaginário
"prejuízo aos pobres", há quem ignore tanto o passado quanto o
presente para vislumbrar um cenário alheio à realidade nacional. Não só porque
a maioria da <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/03/fatia-de-mulheres-abaixo-da-linha-de-pobreza-no-brasil-supera-a-de-homens.shtml#:~:text=Folha%20Mercado&text=De%202021%20para%202022%2C%20tamb%C3%A9m,2015%20(5%2C7%25)."><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">população que
está na linha da pobreza</span></a> —ou abaixo dela— é negra. Mas
sobretudo por desconsiderar que uma sociedade racista impõe um ônus a pretos e
pardos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ações afirmativas precisam ser analisadas
pelo ganho social que representam. Por incrível que pareça, os percalços
suportados por um negro pobre e um branco pobre não são os mesmos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Com as cotas raciais, pela primeira vez uma
política pública voltada à população afrodescendente vem apresentando
resultados efetivos e mensuráveis. A presença notável de pretos e pardos em
bancos acadêmicos serve de exemplo e prova que essas cotas têm potencial para
frear o processo de exclusão institucionalizado contra negros ao longo da nossa
história. Ainda assim, há quem trate a solução como problema.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-55783040756474631502024-03-18T07:36:00.003-03:002024-03-18T07:36:30.307-03:00Lygia Maria - Ficção identitária<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_YCF1TR_v-G7HMwCD6et7DWT16JEMcHUrCPJ8f77riZYzMA5kR1KZH50b6GdBIp6dvxBJTMljI9HrR2KA1P1Hr52lgWZJo_1va5Jys9DAGsrU3oHqMWlXh_yoZkiu2icl_nCfBIxYm-VxOogqOiFdohcdN5w8H96P2rqepnrQCAQYpgPeFPOl7v352Aip/s100/Lygia%20Maria.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="100" data-original-width="100" height="100" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_YCF1TR_v-G7HMwCD6et7DWT16JEMcHUrCPJ8f77riZYzMA5kR1KZH50b6GdBIp6dvxBJTMljI9HrR2KA1P1Hr52lgWZJo_1va5Jys9DAGsrU3oHqMWlXh_yoZkiu2icl_nCfBIxYm-VxOogqOiFdohcdN5w8H96P2rqepnrQCAQYpgPeFPOl7v352Aip/s1600/Lygia%20Maria.png" width="100" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Folha de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Filme indicado ao Oscar mostra como obsessão
da militância por opressão estimula caricaturas de minorias na literatura</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Na última década, o <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/oscar/">Oscar</a> tem
buscado premiar mais panfletos sociais e políticos do que filmes. O fenômeno é
resultado da ascensão do<a href="https://www1.folha.uol.com.br/colunas/celso-rocha-de-barros/2023/09/movimentos-identitarios-querem-conquistar-coisas-nao-cancelar-pessoas.shtml"> movimento
identitário</a>, que cobra por indicação e premiação de histórias de opressão
de minorias, e reclama quando elas não recebem estatuetas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Mas, neste ano, não se viu a tradicional
indignação por um filme dirigido por um negro (Cord Jefferson), com elenco
negro e baseado no livro de um escritor negro (Percival Everett) não ter sido<a href="https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/02/oppenheimer-e-o-melhor-filme-do-bafta-veja-a-lista-com-todos-os-premiados.shtml"> premiado
nas categorias de melhor filme </a>e ator —venceu em roteiro adaptado.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Talvez porque o excelente<a href="https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/02/como-jeffrey-wright-critica-o-racismo-dos-estados-unidos-em-american-fiction.shtml"> "Ficção
Americana" satirize aspectos nefastos do movimento identitário.</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Thelonious "Monk" Ellison, escritor
e professor universitário negro, tenta publicar um livro baseado numa peça de
Ésquilo. Contudo, mesmo que o editor avalie bem a obra, não a vê como relevante
para a experiência afro-americana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Como resposta irônica, Monk oferece sob
pseudônimo um livro sobre uma família negra pobre disfuncional, envolvida com
criminalidade, e permeado por gírias. O trabalho é sucesso de público e
crítica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Aponta-se, assim, o erro em considerar a
identidade como ponto gravitacional de todos os aspectos da vida do indivíduo,
inclusive estéticos. E não uma identidade multifacetada, mas presa à ideia de
opressão. Como diz John McWhorter, ao resumir tal distorção conceitual do
movimento identitário: "o significado de ser negro é passar a vida inteira
enfrentando o <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/racismo/">racismo</a>".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Dessa forma, a militância, em vez de
combater, acaba por estimular caricaturas ressentidas de minorias.<br />
Negros, mulheres e homossexuais não precisam escrever apenas sobre a violência
do preconceito. São sujeitos curiosos, com vivências e interesses variados. O
teatro de Ésquilo não é admirado apenas por gregos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Há quem culpe o mercado editorial, controlado
por brancos. Mas o mercado apenas supre a demanda de um nicho, que se baseia em
estereótipos artificiais consagrados pela insensatez da ficção identitária.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-51038922487899630132024-03-18T07:27:00.006-03:002024-03-18T07:39:27.887-03:00Camila Rocha* - Disputa pelo legado de Bolsonaro <p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbybru9GPYah7OIajwEWwDoT7ZW_bqIoHPINa3Dzmympk8Y8mC_x5EAHPp-EQqJu65XoCexqeDfOQen8q0RoU5qY5JeJ0jJyU3_IgTGddDN7kR9hD1VFEMoUoL8kaHS2G6EYioaBtBsfgHOwXRSRsQll_sTgrTR-oSKKlPLL2eNsiWgEvR_4pKWHxlam-9/s100/Camila%20Rocha%2015.5.23.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="100" data-original-width="100" height="100" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbybru9GPYah7OIajwEWwDoT7ZW_bqIoHPINa3Dzmympk8Y8mC_x5EAHPp-EQqJu65XoCexqeDfOQen8q0RoU5qY5JeJ0jJyU3_IgTGddDN7kR9hD1VFEMoUoL8kaHS2G6EYioaBtBsfgHOwXRSRsQll_sTgrTR-oSKKlPLL2eNsiWgEvR_4pKWHxlam-9/s1600/Camila%20Rocha%2015.5.23.png" width="100" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Folha de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Michelle Bolsonaro, e seu discurso
antissecular, e Tarcísio de Freitas, e seu pragmatismo reacionário, são opções</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">"Pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no
raio que o parta, que eu não tô nem aí".<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A frase poderia ser de <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/jair-bolsonaro/">Jair
Bolsonaro</a>, mas <a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/03/pode-ir-na-onu-no-raio-que-o-parta-nao-to-nem-ai-diz-tarcisio-sobre-denuncias-de-abuso-da-pm-no-litoral.shtml#:~:text=E%20a%C3%AD%20o%20pessoal%20pode,a%C3%AD%22%2C%20disse%20o%20governador.">foi
proferida pelo governador de São Paulo</a>. No dia 8 de março, em
Genebra, <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/tarcisio-de-freitas/">Tarcísio
de Freitas</a> foi <a href="https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2024/03/tarcisio-sera-denunciado-a-onu-por-operacoes-mais-letais-da-historia-de-sp.shtml">denunciado
ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU)</a> pela
Comissão Arns e pela ONG Conectas em virtude da escalada de violências
cometidas durante a Operação Verão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Durante a reunião do Conselho, Camila Asano,
diretora-executiva da Conectas, relatou <a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/03/dois-homens-sao-mortos-em-acao-da-pm-em-santos-sp-operacao-verao-chega-a-47-obitos.shtml">acusações
de execuções sumárias</a>, <a href="https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2024/02/operacao-na-baixada-santista-tem-tortura-com-saco-plastico-e-cruz-com-cadaveres-diz-relatorio.shtml">tortura</a> e
prisões forjadas, além de apontar a ausência deliberada do uso de câmeras
corporais entre os policiais envolvidos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A operação já é tida como uma das mais letais
da história do estado de São Paulo.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">De acordo com dados do Ministério Público de
São Paulo, agentes mataram 57 pessoas em janeiro e fevereiro na região, número
que já ultrapassa mais de cinco vezes o do ano anterior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Entre as vítimas estão um <a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/02/familia-diz-que-jovem-cego-foi-morto-pela-pm-durante-operacao-na-baixada-santista.shtml">jovem
cego de 24 anos</a>, que foi assassinado dentro de casa enquanto conversava com
um amigo e um <a href="https://oglobo.globo.com/brasil/sao-paulo/noticia/2024/02/28/familiares-dizem-que-pm-matou-homem-que-usava-muletas-e-jovem-cego-durante-operacao-na-baixada-santista.ghtml" target="_blank">homem que usava muletas</a>. De acordo com a polícia, ambos
teriam reagido à abordagem policial.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A despeito disso, o secretário da Segurança
Pública, <a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/03/nao-reconheco-nenhum-excesso-diz-derrite-sobre-operacoes-da-pm-na-baixada-santista.shtml">Capitão
Derrite</a>, foi poupado pelo governador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/03/derrite-e-exonerado-da-secretaria-da-seguranca-para-relatar-projeto-de-fim-das-saidinhas-de-presos.shtml#:~:text=A%20Folha%20havia%20questionado%20a,aprovado%20em%20agosto%20de%202022.">Exonerado
temporariamente</a> do cargo no último dia 12, Derrite voltou ao Congresso
para receber a relatoria de um projeto de lei que propõe o fim da saída
temporária de presos em feriados e datas comemorativas, uma das principais
pautas da bancada bolsonarista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">No dia seguinte à exoneração de Derrite,
Tarcísio de Freitas, que está abrigado no Republicanos, foi extremamente bem
recebido em uma reunião com deputados do <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/pl/">PL</a> que, em
coro, entoaram <a href="https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/03/ida-de-tarcisio-ao-pl-envolve-pressao-de-bolsonaro-e-esbarra-em-eleicao-na-camara.shtml">"filia,
filia"</a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Passados dois dias da reunião, a Revista
Oeste, que abriga nomes como Alexandre Garcia, Guilherme Fiuza e Rodrigo
Constantino, publicou em sua capa uma foto do governador sorrindo acompanhado
da frase: São Paulo contra o crime.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Tarcísio também já explicitou seu alinhamento
com outra pauta cara à extrema direita: a defesa da liberdade irrestrita de
expressão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Em <a href="https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/02/25/ato-bolsonaro-paulista.htm#:~:text=Em%20discurso%2C%20Tarc%C3%ADsio%20de%20Freitas,realizava%20a%C3%A7%C3%B5es%20durante%20sua%20gest%C3%A3o." target="_blank">discurso proferido no ato bolsonarista</a> realizado no
dia 25 de fevereiro, na avenida Paulista, Tarcísio afirmou que: "O desafio
da representatividade só vai ser vencido com liberdade. Liberdade de expressão,
de pensamento, de manifestação. Sem nenhum tipo de censura."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Por fim, na frente econômica, o governador
prometeu um "leilão badalado" no mês de abril para realizar a <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2024/03/governo-de-sp-aprova-modelo-de-privatizacao-da-emae-e-edital-sai-na-segunda.shtml">venda
da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae)</a>, com o objetivo de
viabilizar a privatização da Sabesp, a qual, em suas palavras, será um grande
legado para São Paulo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">À medida que o cerco contra Jair Bolsonaro se
fecha progressivamente, Tarcísio se firma como um de seus principais herdeiros
políticos. A truculência na Baixada Santista, a sanha privatista e a defesa de
golpistas e extremistas o qualificam para tanto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Agora resta saber quem levará o legado
bolsonarista adiante nas eleições de 2026, Michelle Bolsonaro e seu discurso
antissecular ou Tarcísio de Freitas e seu pragmatismo reacionário.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">*<i>Doutora em ciência política pela USP e
pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-45800968003907340192024-03-18T07:19:00.007-03:002024-03-18T07:37:21.079-03:00Marcus André Melo* - O eleitor está calcificado?<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWZD2cmzQA5Mz9xKPVhUOcS6uqm9urqYrh1MMQdG-Edxz-BN-aODgxZjFOQrGN2QRffBdT3V9yDevirRFHUOJQOI5Gh1GOLY33vBpvPrm6pPwbUOl9oZk1N47TrxqGx5Fys3EQWUnZ2fDTWmag_6FnPwpquwRzt-t5MRow-6o266ubfFv1aG0sk0xVvM8z/s200/MARCUS%20MELO%20VALOR.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="131" data-original-width="200" height="131" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWZD2cmzQA5Mz9xKPVhUOcS6uqm9urqYrh1MMQdG-Edxz-BN-aODgxZjFOQrGN2QRffBdT3V9yDevirRFHUOJQOI5Gh1GOLY33vBpvPrm6pPwbUOl9oZk1N47TrxqGx5Fys3EQWUnZ2fDTWmag_6FnPwpquwRzt-t5MRow-6o266ubfFv1aG0sk0xVvM8z/s1600/MARCUS%20MELO%20VALOR.jpg" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Folha de S. Paulo<o:p></o:p></span></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>A dinâmica incumbente - oposição e a
disjunção entre voto presidencial e legislativo sugerem um padrão complexo</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Felipe Nunes, um dos mais destacados
cientistas políticos brasileiros acaba de publicar, em co-autoria com o
jornalista Thomas Traumann, "Biografia do Abismo" onde defendem o
argumento de que o <a href="https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/08/conheca-perfil-do-eleitor-do-pais-com-explosao-de-jovens-e-de-aptos-a-votar-no-exterior.shtml">eleitorado
brasileiro</a> está calcificado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Trata-se de um argumento desenvolvido
originalmente para o caso americano; <a href="https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcus-melo/2024/01/o-debate-sobre-as-eleicoes-presidenciais-americanas-da-polarizacao-a-calcificacao.shtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=twfolha">como
mostrei aqui</a>. O primeiro pilar da calcificação é que 1) à semelhança do
ocorrido entre democratas e <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/republicanos/">republicanos</a> nos
EUA a distância ideológica entre<a href="https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/12/datafolha-polarizacao-entre-petistas-e-bolsonaristas-e-hoje-a-mesma-do-pos-eleicao.shtml"> bolsonaristas
e petistas</a> se ampliou muito, aumentando para o eleitor o custo de
mudar o voto. O segundo é que 2) internamente esses dois grupos de eleitores,
nos dois países, estariam cada vez mais homogêneos em termos demográficos
—religião, raça— e programáticos. O eleitor petista seria nordestino e pobre.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O terceiro pilar é que 3)<a href="https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/03/brasil-e-eua-testam-respostas-diferentes-a-bolsonaro-e-trump.shtml"> a
disputa política nos EUA e no Brasil</a> girava em torno de questões sócio
econômicas deu lugar a questões identitárias. O quarto pilar, 4) a nova e
inédita paridade entre as duas forças políticas, convertendo as eleições, nos
dois países, em pleitos muito competitivos. Os perdedores quase ganharam as
eleições tendo, portanto, fortes incentivos para cristalizar seus programas e
não os revisar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Entendo que o fenômeno, no entanto, seja
radicalmente distinto nos dois países. O baixíssimo partidarismo e a alta
fragmentação partidária sugerem outro padrão. Décadas de pesquisas empíricas
mostraram que o eleitorado brasileiro apresenta comparativamente níveis
baixíssimos de identificação partidária. Quase 70% do eleitorado não se
identifica com nenhum partido. Cerca de 80% daqueles com simpatia por um
partido, o fazem em relação ao <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/pt/">PT</a>. Isto se reflete
no fato, por exemplo, que <a href="https://www1.folha.uol.com.br/folha-topicos/lula/">Lula</a> obteve
quase 70% dos votos em Pernambuco, mas o PT elegeu apenas dois deputados
federais no estado (8% da bancada de 25, atualmente restrita a 1 parlamentar).
Na região nordeste, a clivagem ideológica é a mesma encontrada fora dela: o
percentual dos parlamentares do centrão no Nordeste e no país <a href="https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcus-melo/2023/08/o-nordeste-e-tao-conservador-quanto-o-brasil.shtml">como
um todo é similar</a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Substituir petismo por <a href="https://www1.folha.uol.com.br/tv/2022/10/eleitor-mostrou-que-ratifica-bolsonarismo-e-lulismo-diz-editora-sobre-disputa-nos-estados.shtml">lulismo </a>não
resolve a disjunção entre voto presidencial e legislativo. Por outro lado,
identificar um campo antagônico, representado por "antipetismo" seria
utilizar uma linguagem dos protagonistas como categoria analítica. Mais
importante: seria desconsiderar a dinâmica crucial entre incumbente e oposição.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Parece-me que os pilares 1) e 2) não são
consistentes com o argumento geral e refletem um padrão maleável e não
calcificado. Sim, as questões redistributivas ainda mantêm centralidade. Mas
aqui o padrão se inverte: os grotões pobres votam em Trump e os estados de
renda mais elevada em Biden, que é uma imagem invertida do mapa do voto entre
nós.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><i>*Professor da Universidade Federal de
Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA).</i></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-86067782598720971372024-03-18T07:03:00.003-03:002024-03-18T07:03:23.723-03:00Fernando Gabeira - Um país em conflito<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB8oxZtkW9gOzWP9GiTv7Wlt5tbDDzrEDNeYyH1YamPC96snomqogRJlXpFbU3bZimue5th1ppd4xrXXqi0s-b_OwwBSef6K4h5PXlcDlPGCab2NNCIyVU2G8EFt-QpBp-guF2Yk-CoRuPfYEzJu3CpwQpwD7svne1POy-EJDyw4JdkLGK5uPQywUbhqJ5/s146/FERNANDO%20GABEIRA%20O%20GLOBO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="119" data-original-width="146" height="119" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB8oxZtkW9gOzWP9GiTv7Wlt5tbDDzrEDNeYyH1YamPC96snomqogRJlXpFbU3bZimue5th1ppd4xrXXqi0s-b_OwwBSef6K4h5PXlcDlPGCab2NNCIyVU2G8EFt-QpBp-guF2Yk-CoRuPfYEzJu3CpwQpwD7svne1POy-EJDyw4JdkLGK5uPQywUbhqJ5/s1600/FERNANDO%20GABEIRA%20O%20GLOBO.jpg" width="146" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Quantos episódios não estão artificialmente
politizados? Quantas amizades não se romperam?</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Num artigo sobre pesquisas, mencionei a
polarização política como dado constante e crescente no país. Apenas esbocei a
necessidade de atenuá-la. É preciso reconhecer que a polarização de certa forma
interessa a algumas forças políticas, mas não só a elas. O país rigidamente
dividido cria uma espécie de zona de conforto onde, não importa o que se
defenda, sempre será bem-visto quem favorecer um dos lados. Criar, portanto,
estreitas superfícies de contato em que se possa desenvolver algo em comum é
muito difícil e, além do mais, desperta a suspeita de que se está sutilmente
trabalhando para um dos lados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">No entanto existe uma infinidade de
circunstâncias em que uma espécie de unidade nacional aumenta o potencial do
país. Não me refiro apenas aos possíveis inimigos externos que inspirem uma
defesa nacional. Parto de situações mais simples, como a epidemia de dengue. No
estágio atual, não se pode contar principalmente com vacina. É preciso limpar
as casas e desenvolver iniciativas de vizinhança que localizem problemas nos
terrenos baldios, residências abandonadas. É preciso um nível mínimo de
convivência respeitosa para realizar um trabalho assim.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Da mesma forma, iniciativas de vizinhança
podem aumentar a segurança de suas áreas. Não proponho que substituam as
polícias, nem que criem comitês de defesa ou coisa parecida. Discussões
permanentes, acordos, medidas comuns, troca de informações, tudo isso cria uma
cultura que torna mais eficaz e também monitorado o trabalho policial.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Lembro-me de estar viajando de ônibus em
Israel e, subitamente, o motorista parar e sair correndo para apagar um
incêndio na margem da estrada. Ele se sentia responsável, achava que era sua
tarefa iniciar o combate ao fogo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Outro aspecto que me parece importante é a
preparação das comunidades para eventos extremos oriundos do aquecimento
global. É preciso que estejam treinados, que conheçam os moradores vulneráveis,
que armazenem pequenos barcos, enfim, algo parecido com o que fazem os
japoneses. Isso também torna-se possível quando há um nível razoável de
convivência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Tenho uma querida amiga que é petista. Suas
bananeiras dão frutos que caem no quintal da vizinha. Elas brigam na Justiça
por isso, por causa de bananas. A amiga diz que é coisa de bolsonarista;
provavelmente a vizinha responde que petistas não podam suas árvores. A verdade
é que tanto Bolsonaro como o <a href="http://oglobo.globo.com/tudo-sobre/partido-politico/pt/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">PT</span></a> nada
têm a ver com isso, não há o mínimo vestígio em seus programas sobre a evolução
dos cachos de bananas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Quantos episódios não estão artificialmente
politizados? Quantas amizades não se romperam, quantas famílias não se falam
com medo de a política irromper na mesa de jantar?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Parece quixotesco remar contra a polarização
excessiva. É assim nos <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/pais/estados-unidos"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Estados
Unidos</span></a>, está ficando assim na Europa. Acontece que, nos países do
Norte, existe um fator ausente aqui: os grandes fluxos migratórios. Os
estrangeiros passam a ser uma espécie de linha divisória, despertando o medo de
perda de emprego, violência urbana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O Chega cresceu em Portugal com discurso
contra imigrantes e contra a corrupção. Este último fator tem peso na
polarização brasileira, mas é muito mais fácil de ser superado, a partir de um
denominador comum: a tese aceita por todos do aumento da transparência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">As diferenças políticas na sociedade
brasileira, como em todas as outras democracias, continuarão a existir. Mas é
preciso determinar um ponto em que passam a ser prejudiciais aos dois lados e,
consequentemente, ao próprio país.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Não é um caminho fácil insistir nessa tecla.
Mas tenho algumas razões para supor que isso é possível, por meio da
repercussão do meu próprio trabalho. Sempre que tentei, de uma certa forma, deu
certo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-27074905069407582232024-03-18T06:58:00.003-03:002024-03-18T06:58:49.056-03:00Demétrio Magnoli - Ucrânia, bandeira branca?<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqiXJs5Da2kZfktEfsA86VgmkxFDoK3hByRn_nT-06OGNUbl1XCJ4irc7LFSHu5VxI0kt7jKHZ5V1fhCJxr00Hm5Nu94cQ6DMNr6n4EqcsDZ_uCumyvHoI-HOcNtpEXG6kOG29LC-z7lxKOSS8ZUPLtv-LQdhhN7qB5_ssAgzFoHj3glm1gMLcZ-Ok6wOr/s100/DEM%C3%89TRIO%20MAGNOLI%20O%20GLOBO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="100" data-original-width="100" height="100" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqiXJs5Da2kZfktEfsA86VgmkxFDoK3hByRn_nT-06OGNUbl1XCJ4irc7LFSHu5VxI0kt7jKHZ5V1fhCJxr00Hm5Nu94cQ6DMNr6n4EqcsDZ_uCumyvHoI-HOcNtpEXG6kOG29LC-z7lxKOSS8ZUPLtv-LQdhhN7qB5_ssAgzFoHj3glm1gMLcZ-Ok6wOr/s1600/DEM%C3%89TRIO%20MAGNOLI%20O%20GLOBO.jpg" width="100" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span></i></b><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">‘Bandeira branca’, sugeriu o <a href="http://oglobo.globo.com/tudo-sobre/personalidade/papa-francisco/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Papa
Francisco</span></a>. A Ucrânia replicou de imediato: só temos uma bandeira,
que é amarela e azul. Na sequência, um tanto constrangido, o <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/pais/vaticano"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Vaticano</span></a> esclareceu
que não propunha a rendição, mas a negociação. De um jeito ou de outro, a
intervenção papal reflete a prolongada confusão estratégica do Ocidente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Lá no início, quando os ucranianos
surpreenderam o mundo barrando a ofensiva russa sobre Kiev, os <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/pais/estados-unidos"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Estados
Unidos</span></a> definiram o objetivo de impor uma derrota estratégica
à <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/pais/russia"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Rússia</span></a>.
A Ucrânia forneceu um conteúdo a essa meta: reconquistar todas as terras
ocupadas pela Rússia desde 2014, inclusive a Crimeia. Putin foi empurrado à
escolha entre tudo ou nada.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Na Ucrânia, entrelaçou-se o destino político
do ditador russo ao destino militar da campanha russa. A implicação direta de
uma derrota estratégica seria a queda do regime de Putin. Tudo ou nada: Putin
pagou para ver o blefe, apoiando-se na dissuasão nuclear para limitar o auxílio
bélico à Ucrânia. Então, na hora da verdade, tornou-se patente a desproporção
entre os fins proclamados pelo Ocidente e os meios empregados para alcançá-los.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A ambivalência ocidental determinou o ritmo
da guerra. Passo a passo, os Estados Unidos e seus aliados administraram a
ajuda à Ucrânia, retardando a entrega de artilharia de longa distância, de
blindados e tanques e de jatos de ataque. Pior: jogaram todas as fichas na
contraofensiva do verão europeu de 2023, treinando um exército virtualmente
desprovido de força aérea nas táticas de guerra de manobra da <a href="http://oglobo.globo.com/tudo-sobre/instituicao-governamental/otan/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Otan</span></a>,
que exigem superioridade nos ares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O fracasso da contraofensiva fixou as forças
inimigas numa guerra posicional de atrito que favorece o detentor da
superioridade industrial e demográfica. As forças russas avançam lentamente, à
custa de perdas materiais e humanas imensas, mas aceitáveis para um regime
tirânico sob ameaça existencial. Do outro lado, uma Ucrânia exaurida, com
indústria militar incipiente e recursos populacionais finitos, debate-se sobre
a viabilidade social de ampliar a conscrição militar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A crise no front impacta a retaguarda
política, como atesta a colisão entre o presidente e o comandante das Forças
Armadas concluída pela demissão do segundo. Enquanto isso, nas trincheiras
encharcadas pelo degelo de primavera, tropas heroicas resistem inferiorizadas,
economizando escassos obuses de artilharia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A Rússia circundou as sanções ocidentais,
reorientou seu intercâmbio na direção da China e, beneficiando-se das rendas de
exportações de óleo e gás, ergueu uma economia de guerra. No Ocidente, sujeito
às marés da política, o impulso inicial de solidariedade à Ucrânia quase secou.
As nações europeias revelaram-se incapazes de expandir sua estagnada indústria
bélica na velocidade planejada. A Câmara dos Estados Unidos, controlada pelos
republicanos, bloqueia um vultoso pacote de ajuda militar. Putin celebra o
décimo aniversário da anexação da Crimeia sonhando com o retorno de Trump à
Casa Branca.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Havia, lá atrás, um caminho diferente. No
lugar da derrota estratégica da Rússia, definir o objetivo realista da
sobrevivência da Ucrânia como Estado independente, com soberania garantida pela
integração à União Europeia e à Otan. A meta desenharia os contornos de uma
“paz suja”, obtida por negociações, à base de dolorosas concessões
territoriais. Mas, mesmo amputada como a <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/pais/finlandia"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Finlândia</span></a> de
1945 ou a <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/pais/alemanha"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Alemanha</span></a> Ocidental
de 1949, a Ucrânia teria a chance de prosperar na arquitetura das democracias
ocidentais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A meta realista solicitaria meios
apropriados: força esmagadora, assegurada por fluxos contínuos de ajuda bélica
e financeira quase ilimitada. Nada garante que Putin aceitasse a barganha
inglória. Contudo, nesse caso, um crônico impasse militar fortaleceria a
resistência ucraniana e, ao mesmo tempo, ofereceria uma saída honrosa para o
ditador russo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A guerra de bandeiras entre o Papa e a
Ucrânia assinala o esgotamento das loucas ilusões sobre a derrota estratégica
russa. Biden precisa redefinir os objetivos do Ocidente na Ucrânia, traçando
uma rota viável de negociação. Talvez, sem querer, Francisco tenha nomeado a
alternativa trágica: bandeira branca.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-15996986784052323862024-03-18T06:27:00.001-03:002024-03-18T06:27:00.137-03:00Poesia | Tecendo a manhã, de João Cabral de Melo Neto <iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/N5B7isbzpjo?si=Re_Lc6BMTKHv9Puo" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen></iframe><p> </p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-18719049124059176292024-03-18T06:25:00.001-03:002024-03-18T06:25:00.135-03:00Música | Carlos Lyra - Maria Ninguém<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/DdQjlagPzE0?si=fMTlV5dHolQjevXq" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen></iframe><p> </p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-42706489789875904832024-03-17T08:10:00.007-03:002024-03-17T08:32:34.233-03:00O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc5YB6dv6py3kbqvyVwx0d2mDlQ5Nk-6jUMKUgtMvDPfTNLm3zHkYPZWc-MY_LOZpxpnzVl6KYrKKhUM0N7bvmpJFn0yguiY2lmpgxPUP8GLH0lmB_AirUmgvwZ4X4lsILRiY9V7vQdNGIn3bc4zfw9ZhsQ4wBwQqiaW-WMSEQW3BgngZb8YSQHqifsw07/s1700/EDITORIAIS%20CAPA%20JORNAL.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1047" data-original-width="1700" height="123" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc5YB6dv6py3kbqvyVwx0d2mDlQ5Nk-6jUMKUgtMvDPfTNLm3zHkYPZWc-MY_LOZpxpnzVl6KYrKKhUM0N7bvmpJFn0yguiY2lmpgxPUP8GLH0lmB_AirUmgvwZ4X4lsILRiY9V7vQdNGIn3bc4zfw9ZhsQ4wBwQqiaW-WMSEQW3BgngZb8YSQHqifsw07/w200-h123/EDITORIAIS%20CAPA%20JORNAL.jpg" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Queda no IDH reflete o descaso da classe
política<o:p></o:p></span></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Congresso tem sido incapaz de adotar programa
consistente nas áreas críticas para o desenvolvimento humano</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Inspirado nas ideias do Prêmio Nobel de
Economia Amartya Sen, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado para
ampliar o entendimento sobre bem-estar. Em vez de atrelar a avaliação de um
país apenas à dimensão econômica, com ênfase no PIB per capita, o conceito
incorpora estatísticas sobre <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/assunto/educacao"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">educação</span></a> e
saúde. O objetivo é ambicioso: medir as condições de os cidadãos conquistarem a
capacidade e a oportunidade para ser o que quiserem ser. Os dados sobre o IDH,
divulgados anualmente pelas Nações Unidas, fornecem uma oportunidade para
políticos no Executivo e no Legislativo refletirem sobre o passado e as
prioridades para o futuro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Os resultados de 2022, último ano do governo
Jair Bolsonaro, deveriam motivar um pacto para elevar de forma significativa o
desenvolvimento humano no Brasil. A meta deveria ser, no mínimo, atingir o
patamar de desenvolvimento classificado como “muito alto”, já alcançado por
países como Argentina, Chile e Uruguai. <a href="https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2024/03/14/por-que-a-educacao-e-o-principal-fator-que-impede-o-avanco-do-brasil-no-ranking-do-idh.ghtml"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">O Brasil, 89º
colocado no ranking do IDH, está 20 posições abaixo do necessário para integrar
esse grupo. </span></a>Na América do Sul, ainda continua atrás de Equador
e Peru e, pior, perdeu duas posições em relação ao ano anterior.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Não dá para dizer que nada tenha melhorado
nas últimas três décadas. Entre 1990 e 2022, a expectativa de vida do
brasileiro aumentou 7,4 anos, a expectativa de escolaridade subiu 2,7 anos, e o
PIB per capita saltou 44,3%. Mas a média mundial tem subido em ritmo
comparável. Portanto o Brasil precisa acelerar e, para isso, estabelecer
objetivos claros e ter senso de urgência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A atitude exigida é a oposta da encontrada no
Congresso. Tome-se a educação, fator responsável pela perda de posições do
Brasil no IDH. Enquanto os parlamentares demoram a fazer os ajustes necessários
para implementar a reforma do ensino médio, aprovada em 2017, elegem para
presidir a Comissão de Educação da Câmara um deputado novato que, embora tenha
recebido mais de 1 milhão de votos, já deu repetidas provas de que só está
interessado em temas capazes de despertar engajamento nas redes sociais e em alimentar
a polarização ideológica. Obviamente não está à altura de cargo tão importante
para elevar o desenvolvimento humano brasileiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O relatório com os resultados do IDH
divulgado nesta semana aponta a polarização política como barreira para avanços
nos campos doméstico e internacional. Visões de grupos específicos com
potencial de causar danos ou ondas de repúdio na sociedade diminuem a chance de
sucesso dos objetivos compartilhados pela maioria. O movimento contra o uso de
máscaras e das vacinas durante a pandemia são exemplos nítidos do que não
deveria acontecer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Políticas nas áreas de educação e saúde
costumam levar décadas para surtir efeitos duradouros. Por isso os dados do IDH
devem ser analisados em prazos mais longos. Em 2022, o Brasil interrompeu uma
sequência de dois anos de queda do IDH, mas o indicador ainda está abaixo do
que era antes da pandemia. Recuperar a trajetória ascendente exige da classe
política um pacto para mudar o Brasil de patamar. Os brasileiros merecem ter a
capacidade e a oportunidade para ser o que quiserem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Educação profissional é caminho para reverter
abandono do ensino médio<o:p></o:p></span></i></b></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Principal razão para evasão escolar é
dificuldade de conciliar estudo e trabalho, diz pesquisa</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Quase 10 milhões de jovens entre 15 e 29 anos
(20% da população nessa faixa etária) não estudavam nem haviam concluído
a <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/assunto/educacao"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">educação</span></a> básica
em 2022, segundo o IBGE. A explicação mais dada para o abandono é a dificuldade
de conciliar estudo e trabalho. Ela foi citada por 41% — ou 48% daqueles entre
15 e 19 anos — dos entrevistados na pesquisa Juventudes Fora da Escola,
realizada pelo Datafolha para a Fundação Roberto Marinho e o Itaú Educação e
Trabalho. Outro motivo correlato — a necessidade de receber auxílio financeiro
mensal — foi mencionado por 35%.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Ao delinear os problemas que levam à evasão
escolar, a pesquisa aponta para as principais questões que devem ser tratadas
por políticas públicas. A maioria dos jovens entrevistados (69%) trabalha no
mercado informal e vive com renda familiar per capita de até um salário mínimo
(78%). Cedo ou tarde, o estudante que abandona a escola para trabalhar percebe
que a falta de instrução o coloca nas faixas inferiores da pirâmide
salarial. <a href="https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/03/11/pesquisa-73percent-dos-jovens-que-estao-fora-da-escola-querem-concluir-a-educacao-basica-mas-conciliar-trabalho-com-estudos-e-o-maior-desafio.ghtml"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">Por isso 73%
afirmam ter intenção de concluir a educação básica.</span></a> Para 37%, o
objetivo é “encontrar emprego ou ter um emprego melhor”. Para 28%, cursar a
faculdade. E 56% dizem que se matriculariam num curso técnico ou
profissionalizante. O ensino noturno é a opção preferida por 62%, deixando
implícito o desejo de conciliar trabalho e escola. “A gente vem de uma tradição
que dissocia o trabalho do estudo, o que é um erro”, afirma Rosalina Soares,
assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A reforma do ensino médio que está parada no
Congresso procura, acertadamente, dar ênfase à formação profissional. Aprová-la
deveria ser a prioridade de qualquer governo realmente preocupado com o
desenvolvimento do Brasil. Em vez de acelerá-la, <a href="https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/01/17/pe-de-meia-entenda-ponto-a-ponto-como-funcionara-bolsa-para-estudantes-do-ensino-medio.ghtml"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">o governo
federal decidiu lançar o programa Pé-de-Meia, uma espécie de bolsa para o
ensino médio.</span></a> Na matrícula, o aluno recebe R$ 200. A depender
de frequência e rendimento escolar, os benefícios anuais podem chegar a R$ 3
mil (ou R$ 9.200 ao final do ensino médio). É uma medida correta, mas
insuficiente para trazer de volta o jovem há muito tempo fora da escola. Para
Rosalina, o valor pago deveria ser maior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Outra dificuldade que leva alunas a largar os
estudos é a falta de creche onde deixar os filhos, razão mencionada por 32% dos
entrevistados. A construção de creches costuma fazer parte das plataformas de
governo de prefeitos e governadores, mas a carência persiste. Investir nas
creches, abrir cursos noturnos e apostar na vertente profissionalizante da
reforma do ensino médio são as medidas mais eficazes para resgatar o jovem que
abandonou os estudos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Abertura do país à competição externa já<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Folha de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Protecionismo defendido pelo PT impõe
produtos defasados e caros ao consumidor; exemplo a seguir é o do agronegócio</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Enquanto a Comissão Europeia discute tarifas
adicionais sobre a importação de carros elétricos chineses, soa corajosa a
manifestação do principal executivo da montadora alemã Mercedes Benz.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Ola Källenius disse ao jornal britânico
Financial Times que o caminho deveria ser o inverso. "Não elevem as
tarifas, reduzam-nas", pois a melhor forma de lidar com a competição
asiática é confrontá-la com "produtos melhores, tecnologia melhor, maior
agilidade. Deixar a competição acontecer".<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O debate europeu, sobre majorar um imposto de
importação hoje fixado em 10%, parece uma amostra irrisória de protecionismo se
comparado à situação brasileira.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Tão logo assumiu, o governo Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) não só deu cabo da isenção tarifária para a importação de carros
elétricos como <a href="https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/11/volta-de-imposto-vai-encarecer-carro-eletrico-e-alterar-estrategia-das-montadoras.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;">estipulou uma
cavalgada aduaneira que elevará essa barreira</span></a>, escalonadamente, para
35% —o gravame típico para importar veículos no Brasil— em julho de 2026.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Bloqueia-se o acesso do consumidor brasileiro
à via mais rápida e menos onerosa de modernização e descarbonização da frota.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Pior, elimina-se a competição externa e
reforça-se o estímulo à baixa produtividade e à produção de bens de qualidade
inferior à do mercado internacional.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Essa é, na essência, a <a href="https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/01/movendo-em-circulos.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;">proposta do
programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover)</span></a>, que vigora como medida
provisória desde dezembro do ano passado. A iniciativa promete presentear as
montadoras com R$ 19 bilhões em abatimentos tributários até 2028.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Trata-se de um rótulo novo para um remédio
antigo e comprovadamente ineficaz. A mentalidade da clausura, da
"autonomia" industrial, permeia a política econômica brasileira há
muitas décadas e tem no PT um intérprete obsequioso.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Submete-se o consumidor a produtos
tecnologicamente defasados e caros em troca de lorotas a respeito de um
desenvolvimento local que nunca acontece, como o provam reiteradas reedições
dos programas protecionistas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">As tarifas brasileiras para importar máquinas
são quatro vezes a média mundial. As para trazer manufaturas de fora, duas
vezes. O Brasil é dos mais longevos campeões do protecionismo global, mas sua
produtividade está estagnada há mais de quatro décadas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O exemplo a seguir deveria ser o do
agronegócio e da aviação: investir em capacitação humana e técnica e na
adaptação às cadeias globais de produção. Abrir a economia ao choque
competitivo externo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">É o melhor incentivo à produtividade. Foi a
abertura dos mercados que levou China e outros asiáticos ao aumento da renda
que tirou milhões de pessoas da pobreza.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Chega de locupletar meia dúzia de lobbies com
dinheiro do contribuinte a pretexto de substituir importações. Chega de privar
a sociedade de beneficiar-se da revolução tecnológica em curso no mundo.<br />
É preciso abrir a economia brasileira, não fechá-la ainda mais como deseja o
pensamento petista.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Brasil condenado<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Folha de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Punição internacional da PM paulista
evidencia letalidade policial inaceitável</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A Corte Interamericana de Direitos Humanos<a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/03/corte-interamericana-condena-brasil-por-operacao-castelinho-da-pm-que-deixou-12-mortos-em-sp.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;"> condenou
o Brasil pela ação da polícia militar paulista, em março de 2002</span></a>,
que disparou mais de 700 tiros contra um ônibus e matou 12 pessoas —os 53
policiais envolvidos foram absolvidos pela Justiça do estado.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Mesmo que a medida do tribunal não puna os
agentes, mas o país, é uma clara mensagem contra abusos inaceitáveis cometidos
pelas forças de segurança brasileiras.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Ademais, as ordens da corte que constam da
decisão são vinculantes e, portanto, a União e o estado de São Paulo devem
cumpri-las.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Além de medidas para os 43 familiares das
vítimas, determina-se a instituição de regras para afastamento temporário de
policiais do trabalho ostensivo durante investigações sobre violações de
direitos humanos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Devem-se adotar, ainda, gravação de câmeras
policiais e registro da movimentação de veículos da força de segurança
paulista.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A decisão chega em momento oportuno, já que
São Paulo vive uma escalada de violência policial: as duas últimas operações da
PM na Baixada Santista, a Escudo e a Verão, são as mais letais desde o massacre
do Carandiru, em 1992.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A Ouvidoria da Polícia já coletou <a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/03/ouvidoria-confronta-versao-de-derrite-e-diz-ter-feito-27-denuncias-de-abuso-da-pm-no-litoral.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;">27 denúncias
de possíveis abusos na região entre janeiro e março</span></a>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Na sexta (8), duas ONGs apresentaram queixa
ao Conselho de Direitos Humanos da ONU contra a letalidade policial nessas
operações.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Ao ser confrontado com a informação, o
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que excessos
serão investigados, mas que <a href="https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/03/pode-ir-na-onu-no-raio-que-o-parta-nao-to-nem-ai-diz-tarcisio-sobre-denuncias-de-abuso-da-pm-no-litoral.shtml"><span color="windowtext" style="text-decoration-line: none;">"o
pessoal pode ir na ONU, que eu não estou nem aí"</span></a>.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Em vez de proferir tal bravata vexatória, que
despreza o papel de órgãos internacionais de defesa dos direitos humanos,
Tarcísio deveria incentivar uma apuração rigorosa e transparente sobre os atos
de sua polícia. Trata-se tão somente da postura civilizatória indicada para um
chefe de governo.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Golpista até o fim<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Estado de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Depoimentos dos ex-chefes do Exército e da
Aeronáutica à PF não dão margem a dúvidas: Brasil esteve à beira da ruptura nas
mãos de um liberticida incorrigível. Que isso não saia barato</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O Brasil esteve à beira de um golpe de Estado
nos estertores do governo de Jair Bolsonaro. Já não se trata mais de uma
conjectura ou de um mero exagero retórico. Um golpe para impedir a posse de
Lula da Silva como presidente da República legitimamente eleito foi uma
possibilidade real, como ficou claro a partir dos depoimentos dos
ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da
Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, prestados à Polícia
Federal (PF) no início de março.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A julgar pelo que disseram os ex-comandantes,
a ruptura do regime democrático foi tramada por Bolsonaro sem recurso a meias
palavras. De forma direta, o ex-presidente considerou empregar meios violentos
para fazer letra morta da Constituição e se aferrar ao poder. É assim, como uma
trama concreta, que a tentativa de golpe deve ser tratada pelas autoridades
incumbidas de investigar, processar e julgar Bolsonaro e todos os sediciosos
que a ele se associaram – até as últimas consequências.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">São estarrecedoras as revelações dos
militares, trazidas a público agora que o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Alexandre de Moraes decidiu retirar o sigilo das investigações. Aos
policiais, Freire Gomes afirmou que Bolsonaro convocou reuniões no Palácio da
Alvorada com a cúpula das Forças Armadas após a derrota no segundo turno para
apresentar aos comandantes “hipóteses de utilização de institutos jurídicos
como GLO </span><span face="Verdana, sans-serif" style="font-size: 14pt;">(Garantia da Lei e da Ordem) e estados de
defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Baptista Júnior, por sua vez, relatou à PF
que, diante da insistência de Bolsonaro em encontrar meios para subverter a
ordem democrática, por pura irresignação com o resultado da eleição, o então
comandante do Exército chegou a ameaçá-lo de prisão. “O general Freire Gomes
afirmou que, caso<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">(Bolsonaro) tentasse tal ato, teria de
prender o presidente da República”, disse o brigadeiro, que, assim como Freire
Gomes, foi ouvido pela PF na condição de testemunha.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Para além do fato de terem chegado ao topo da
carreira em suas respectivas Forças, Freire Gomes e Baptista Júnior estiveram
no centro nevrálgico da conspiração bolsonarista. Dessa posição de destaque, o
general e o brigadeiro foram determinantes para o fracasso do golpe,
independentemente das razões que os tenham motivado a agir como agiram. Agora,
como testemunhas, têm servido ao País para elucidar a anatomia do golpe urdido.
Por isso o peso de suas palavras.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Que Bolsonaro é um ressentido com a
democracia e um golpista de marca maior, já era fato público e notório desde
muito antes de ele cogitar concorrer à Presidência da República. Seus quatro
anos de mandato como chefe de Estado e de governo só deixaram claro para um
público mais amplo a sua índole liberticida. A natureza golpista de Bolsonaro,
no entanto, não diminui a importância das revelações feitas por seus
ex-comandantes militares – ao contrário.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Também em depoimento à PF, o presidente do
PL, o notório Valdemar Costa Neto, revelou as pressões que teria sofrido de
Bolsonaro para que o partido bancasse com dinheiro público um relatório fajuto
lançando suspeitas contra o sistema eleitoral. Fica claro, assim, que Bolsonaro
procurou se cercar de meios políticos e militares para levar a cabo a
intentona.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Inconformado com a derrota eleitoral,
Bolsonaro se moveu para pôr tropas armadas nas ruas a fim de sustenta-lo no
cargo, sob a falsa justificativa de que a eleição não teria sido limpa. Tramou
prender autoridades políticas e judiciárias. Por óbvio, teria lançado suas
garras também sobre a imprensa profissional e independente. No limite,
Bolsonaro assumiu o risco de derramar o sangue de concidadãos em nome de um
projeto pessoal de poder. Um doidivanas, assim como os fardados que anuíram com
essa loucura.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Eis a dimensão da sordidez. Ao tempo que
fazia chegar ao País a informação de que estaria “deprimido” por não ter sido
reeleito, Bolsonaro, na verdade, estava maquinando o fim da democracia, cuja
reconquista tanto custou aos brasileiros. Que isso não saia barato.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">A acomodação de Lula com os militares<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Estado de S. Paulo </span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>O presidente acerta ao
tentar evitar que o aniversário do golpe de 1964 se converta em ato de governo.
A conciliação é exigência da governabilidade após o difícil período de
desconfiança</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">O presidente Lula da Silva determinou a seus
ministros e a todo o governo que, neste mês de março, não realizem atos,
solenidades e discursos nem produzam material em memória dos 60 anos do golpe
militar. Apesar das críticas que vem recebendo de organizações de direitos
humanos e familiares de vítimas da ditadura, Lula age corretamente ao escapar
da tentação de transformar a data em ato de governo. As circunstâncias lhe
exigem prudência, conciliação e apaziguamento – atributos que, ressalte-se,
deveriam se verificar em outros temas que chegam à agenda presidencial.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Felizmente, certos delírios lulopetistas
foram substituídos, neste caso, pela maturidade. Governos não são eleitos para
instigar desavenças. Chefes de Estado não devem espalhar brasas onde já existe
fogo e tensão. Num país cindido pela polarização, a preservação do equilíbrio
entre grupos e instituições é fundamental para a democracia. É o que está em
jogo. Isso é ainda mais verdadeiro diante da frágil estabilidade entre o
governo lulopetista e os militares, aguçada pelo 8 de Janeiro e a investigação
sobre o possível envolvimento de integrantes das Forças Armadas na aventura
golpista que cogitou impedir a posse de Lula e estender o mandato de Jair
Bolsonaro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Lula e o ministro da Defesa, José Múcio
Monteiro, vêm acertadamente buscando promover uma acomodação, depois de um
período de desconfiança total. A decisão sobre a data de aniversário do golpe e
a recente declaração do presidente de que não vai “remoer o passado” e tentará
“tocar este país para frente” são dois sinais de uma mesma estratégia. É um
imperativo da governabilidade num contexto de feridas à espera de cicatrização,
e também uma forma de prestigiar o atual comando militar, também artífice da pacificação.
Trata-se de uma via de mão dupla: tudo indica que, diferentemente de anos
anteriores, militares não celebrarão o “movimento de 1964” com a chamada “ordem
do dia” lembrando o 31 de março. Os tempos são outros. Há momentos em que é
preciso afirmar que o passado passou.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A estratégia será bem-sucedida se também for
capaz de evitar que militares voltem a interferir na política doméstica. Não
lhes cabe enxergar-se como um poder moderador da República, como chegaram a
defender alguns setores da extrema direita, numa singular interpretação do
artigo 142 da Constituição Federal. Como já sublinhamos neste espaço, o texto
da Constituição não autoriza essa leitura, ficando as Forças Armadas submetidas
ao poder civil, e não o contrário.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Houve, porém, quem definisse o gesto do
governo como uma evidência de que a democracia e a Constituição estão se
curvando às Armas. São duas agendas distintas: de um lado, um princípio
elementar de sustentação do equilíbrio democrático; de outro, a necessidade de
reconhecimento das violações aos direitos humanos e da memória das vítimas da
ditadura. Conciliação não é esquecimento, assim como memória, verdade e justiça
não significam revanchismo. Essa dupla premissa, basilar num país que enfrentou
uma ditadura, justifica, por exemplo, a necessidade de reabertura da Comissão
Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Extinta no final do governo de Jair
Bolsonaro, notório admirador de alguns dos mais cruéis agentes da ditadura, a
CEMDP está prevista na Constituição e foi criada logo no primeiro ano de
governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O objetivo era dar
reconhecimento oficial a pessoas que morreram ou desapareceram pela sua atuação
política durante a ditadura militar, incluindo a emissão de atestados de óbito
para parentes das vítimas, a localização de corpos e a possibilidade de
reparação por meio de indenizações. A reabertura da comissão é um dever do
presidente Lula, na prerrogativa do governo de abrir caminho para a
responsabilização do Estado pela contumaz violação de direitos humanos cometida
por seus agentes durante o regime militar.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Apesar de as circunstâncias não serem simples
para a reabertura da comissão, convém não esquecê-la. São duas agendas
distintas, mas conciliáveis – um compromisso mútuo de transigência em favor da
democracia.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Xeque-mate no TikTok<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i><span style="color: #073763;">O Estado de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"><b><i>Se em geral a geopolítica é pretexto ao
protecionismo, no caso da mídia chinesa os riscos são reais</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Um consenso entre republicanos e democratas é
coisa rara hoje em dia. Mas, após anos de advertências, os deputados americanos
aprovaram por uma ultramaioria bipartidária de 352 votos a 65 um projeto de lei
que permite barrar a distribuição de “aplicativos controlados por governos
adversários”. Se aprovado pelo Senado, o efeito imediato será um ultimato à
rede social TikTok: ou romper os laços com Pequim ou com os consumidores
americanos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">A princípio, pareceria só o mais recente
capítulo da guerra comercial entre EUA e China. Pequim recriminou a hipocrisia
dos EUA, fazendo apologias incomuns do livre mercado. O Ministério das Relações
Exteriores acusou Washington de “recorrer a movimentos hegemônicos quando não
pode ter sucesso em uma competição justa”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Mídias americanas podem de fato ser
favorecidas. Seis dos dez aplicativos mais baixados do mundo são da americana
Meta, dona do Facebook. Mas, por certos critérios, o TikTok é o mais baixado.
Nos EUA, é utilizado por 170 milhões de pessoas e é a principal fonte de
notícias entre os jovens.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Se a proteção comercial fosse a única
motivação, o TikTok e os americanos insatisfeitos teriam boas chances de
reverter a lei no Judiciário. Mas a justificativa de ameaça à segurança
nacional é pertinente. Pelas leis chinesas, a ByteDance, proprietária do
TikTok, tem de obedecer às exigências de vigilância de Pequim. Por se recusar a
obedecê-las, mídias americanas foram banidas da China. Um ex-engenheiro da
empresa disse que o Partido Comunista “tem um escritório ou unidade” nela (o
“Comitê”). “Tudo é visto na China”, disse um executivo em documentos vazados.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Há dois riscos: o de espionagem e violação da
privacidade e o de propaganda e manipulação da opinião pública. O primeiro é
mais grave, mas menos iminente. Não há muitas evidências de que o TikTok se
aproprie de mais dados dos celulares do que alega. Mas inúmeros levantamentos
demonstraram que postagens sobre os campos de concentração dos uigures, o
massacre da Praça da Paz Celestial, os protestos de Hong Kong, o Tibete e
outros conteúdos sensíveis ao Politburo chinês foram suprimidos, enquanto
conteúdos antiamericanos, como vídeos pró-Hamas ou a Carta à<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">América de Osama Bin Laden, foram
amplificados. O banimento seria uma medida extrema. Com a vigência da lei, a
ByteDance terá três opções: desacoplar as operações do TikTok nos EUA da China;
mover sua sede para algum país não “adversário”; ou vender o TikTok para uma
empresa de um desses países. Contrariando suas alegações de que obedece às
regras dos EUA, a empresa diz que a primeira opção seria tecnicamente inviável.
As últimas enfrentarão resistência de Pequim.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;">Para os consumidores, o ideal seria uma
solução de compromisso: o TikTok é uma fonte de diversão, inovação e, o mais
importante para o interesse público, de competição. Mas, se no mais das vezes a
geopolítica é só um pretexto para o protecionismo comercial, há momentos em que
mesmo uma plataforma criada para disseminar baboseiras pode efetivamente ser um
risco à segurança das democracias liberais.</span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Apoio à produção de alimentos é vital<o:p></o:p></span></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;">Correio Braziliense</span><o:p></o:p></i></b></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>O governo está preparando medidas para
aumentar o plantio e a colheita de arroz, feijão, milho, trigo e mandioca,
itens que impactam diretamente a mesa dos consumidores</i></b><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O governo está preparando uma série de
medidas para incentivar a produção de alimentos no país. A meta, sobretudo, é
aumentar o plantio e a colheita de arroz, feijão, milho, trigo e mandioca,
itens que impactam diretamente a mesa dos consumidores. Os preços desses
produtos têm subido mais do que a média da inflação, afetando, sobretudo, as
famílias de menor renda, que gastam mais da metade do orçamento na compra de
comida.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">É legítimo que o governo se movimente nesse
sentido, pois é inconcebível a possibilidade de qualquer pessoa passar fome.
Foi o controle da inflação no último ano, justamente por causa da queda dos
preços dos alimentos, que permitiu que 13 milhões de brasileiros saíssem da
condição de insegurança alimentar. O quadro, porém, ainda continua dramático.
Há 45 milhões de cidadãos com dificuldades para fazer três refeições diárias e
20 milhões de pessoas sem condições de se alimentar com o mínimo de decência.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Mas há um sinal de alerta importantíssimo por
trás do recente encarecimento dos alimentos: o impacto das mudanças climáticas.
Eventos extremos, principalmente no Sul do país, derrubaram a produção de arroz
e atingiram outras culturas nas demais regiões. Portanto, de nada vai adiantar
o governo dar incentivos ao plantio e à colheita agrícola, se não houver uma
conscientização por parte dos produtores de que é preciso tomar todas as
medidas para conter o aquecimento global. Sem um clima favorável, não há safras
adequadas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Essa ressalva vale, inclusive, para o
governo, que, ao que se sabe até agora, está mais preocupado em recuperar a
popularidade perdida nos últimos meses. As ações a serem adotadas devem ser
estruturais e com reflexos a médio e longo prazos, sempre casadas com as
questões ambientais. Não há outro caminho para se evitar surpresas
desagradáveis no meio do caminho. O Brasil não precisa desmatar mais nenhuma
outra área para garantir mais comida na mesa dos brasileiros, já que há milhões
de hectares degradados e que podem ser facilmente recuperados, desde que haja
vontade política.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A promessa do Palácio do Planalto é de que,
já na edição do Plano Safra 2024/2025, seja anunciado o aumento na oferta de
crédito. O plantio agrícola é uma atividade de alto risco, e, por conta da seca
extrema em parte do país e das chuvas torrenciais em outras localidades, muitos
produtores perderam as safras e estão endividados, a ponto de pedirem
recuperação judicial. Esses agricultores não podem ficar desamparados, pois, ao
longo de tempo, foram fundamentais para que o Brasil batesse consecutivos recordes
de produção. Sozinho, o campo garantiu quase a metade do crescimento de 2,9% do
Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, desempenho que não se repetirá em
2024.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A produção agrícola também permitiu ao Banco
Central reduzir a taxa básica de juros (Selic), já que a queda dos preços dos
alimentos ajudou a empurrar a inflação para mais perto das metas, e ampliar as
reservas internacionais do país, que vinham em baixa. A venda de grãos ao
exterior resultou em super avit comercial próximo de US$ 100 bilhões, o maior
da história, e o ingresso de parcela desses recursos foi parar nos cofres do
BC, além de manter a cotação do dólar abaixo de R$ 5, outro ponto fundamental
para o controle do custo de vida.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Sendo assim, os agricultores devem figurar
sempre como prioridade nas políticas de governo, inclusive por meio de programa
de preço mínimo, com a compra de safras quando os preços estiverem em baixa.
Essa estratégia garante a renda de quem se arriscou a produzir comida e, ao
mesmo tempo, reforça os estoques reguladores do setor público, para serem
usados quando as cotações das mercadorias subirem demais. No governo passado,
essa política foi totalmente desmontada, mas, segundo o Ministério da
Agricultura, voltará a ser praticada. A trajetória a seguir é conhecida, basta
torná-la possível de ser executada.</span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-23198888059107935142024-03-17T07:57:00.000-03:002024-03-17T07:57:15.409-03:00Paulo Fábio Dantas Neto* - O golpismo em ato de Bolsonaro e a narrativa eleitoral de Lula<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-size: 14pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirc4-q9QnQielC0Xc_aYaq-gnsUYzXOowDRAyb6dUc1Dj3Aq0fMYSCq6rSxODq-n9SvcoQt-cS9x5kRvw01s0sxGaHJtEr9_itWEILhVbccdM5slSvjiP1NQe6neQzlnwdrYQlaE5H2ARb0dwS8LijZ_U3h7L91R7BkYsrJ8GBBKdIae7VowXUQDMlP5r5/s1024/Paulo%20F%C3%A1bio%201.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="768" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirc4-q9QnQielC0Xc_aYaq-gnsUYzXOowDRAyb6dUc1Dj3Aq0fMYSCq6rSxODq-n9SvcoQt-cS9x5kRvw01s0sxGaHJtEr9_itWEILhVbccdM5slSvjiP1NQe6neQzlnwdrYQlaE5H2ARb0dwS8LijZ_U3h7L91R7BkYsrJ8GBBKdIae7VowXUQDMlP5r5/w150-h200/Paulo%20F%C3%A1bio%201.jpg" width="150" /></a></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana; font-size: large;">Deveremos saber, dentro em pouco, se o
presidente Lula estava certo quando disse, em entrevista recente ao SBT News,
que o Brasil está polarizado entre duas pessoas (no caso, ele próprio e o
ex-presidente Jair Bolsonaro) e não entre dois partidos. A confirmação, ou não,
dessa arriscada afirmação poderá vir de consequências da quebra do sigilo, pelo
ministro Alexandre Morais, de 27 depoimentos tidos como cruciais dentro do
processo relativo à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.</span></div><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">Se a divulgação de tais documentos tiver
efeito legitimador - perante a sociedade civil e cidadãos nela organizados ou
referenciados - de uma decisão judicial rigorosa que impeça o ex-presidente de
voltar a ser elegível, não apenas em 2026, mas nos termos de uma proscrição
perene, esse efeito mais do que esperado não bastará para testar a pertinência
do diagnóstico de Lula. Novidade zero, não haverá razão para se soltar muitos
foguetes. Mais adequado seria só dar suspiros de alívio. O juízo da sociedade
civil sobre Bolsonaro implicou em majoritária e implacável condenação política
já durante seu governo, ainda que no âmbito daquela se conte parte das igrejas
evangélicas e das organizações empresariais. Esse juízo teve tradução eleitoral
em 2022, como amplo consenso, não como polarização. Bolsonaro uniu contra si
(mais do que Lula reuniu a seu favor) amplíssima e incontrastável maioria da
sociedade civil, a qual engajou-se na busca de votos dos cidadãos-eleitores que
o seu raio de influência alcança.<span></span></span></p><a name='more'></a><span style="font-family: verdana; font-size: large;"><div style="text-align: justify;"> <span face="Verdana, sans-serif">A polarização a que Lula se refere está, como
se sabe, noutros lugares. Mais à vista, no de uma minoria sempre ativa de
militantes de extrema-direita; com visibilidade mais sazonal, no de uma camada
mais ampla de cidadãos-eleitores que têm acesso ou mesmo compõem,
minoritariamente, a sociedade civil, oscilando entre a raiva muda e a
participação estridente, mas com uma atitude política que rejeita, e por vezes
desafia, o consenso antibolsonarista que ali se firmou, orientando-se pelo
antipetismo e/ou antilulismo; e, com grande resiliência, no de uma ainda mais
ampla camada popular, onde o carisma do líder atua, ao lado de milicias
truculentas, militância extremista e conservadorismo religioso e cultural.</span></div></span><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">Para testar, de fato, o estrito caráter
pessoal da polarização, o efeito de persuasão social em favor de uma punição
exemplar de Bolsonaro precisará ser observado nesses outros lugares sociais do
eleitorado brasileiro, que estão além da face visível da sociedade civil. Uma
primeira hipótese de validação do diagnóstico de Lula seria negativa para ele
próprio, que tenta se mostrar como autêntico “outro” do rival. Se a orfandade
for mesmo de tal natureza, os partidários do antecessor poderão, talvez, produzir
uma massiva mobilização antissistêmica (de contestação de instituições
juridico-políticas do estado democrático de direito), ainda que em nada
parecida com um movimento antissistêmico, de contestação da ordem social. Seria
difícil o governo Lula não ser alvejado por tal conjuntura
crítica. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">As possibilidades de se confirmar essa
primeira hipótese são uma especulação sem respaldo em maiores evidências.
Embora surpresas sempre possam ocorrer, nada indica que haveria algo parecido
com uma comoção popular em protesto contra a punição ao golpista, qualquer que
seja ela. Lula sabe disso e se ele difunde uma interpretação simplória do
problema político do País como um duelo pessoal, decerto conta com uma segunda
hipótese que poderá aparecer como uma confirmação da sua narrativa. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">Essa segunda hipótese parece ser a de que o
polo que existe em torno da personalidade do seu antecessor implodirá diante de
uma decisão judicial que decrete, sem ambiguidades, o encerramento da sua vida
política. A militância extremada poderia espernear em vão, mas a camada
socialmente emersa de eleitores de direita preveria mais uma derrota e adotaria
uma atitude blasé, de desesperança e ainda maior aversão passiva à política e
às instituições. Irritada e também impotente, pois, já que não haveria nada de
política no Brasil além das duas personalidades contrapostas, a massa de
eleitores crentes no mito oposicionista, grande fração do eleitorado bem
distante da sociedade civil, poderia, por sua vez, diante da derrocada do seu
mito atual, buscar abrigo e proteção sob as asas protetoras do mito vencedor do
duelo. Em resumo, um cenário atavicamente onírico de governar sem oposição
relevante. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">Esse cenário seria, conforme Robert Dahl, uma
preferência de qualquer governo. As regras do sistema democrático é que a
tornam impraticável, o que induz governos que as valorizam a tentarem trocar o
cenário ótimo por algum subótimo compatível com as instituições poliárquicas.
Correligionários, aliados mais próximos e antigos, simpatizantes e analistas de
boa vontade costumam afirmar, com variados graus de convicção e veracidade, que
é exatamente esse o exercício que Lula pratica, como político realista.
Sem dúvida já mostrou várias vezes, em sua longa trajetória, que é capaz de
praticá-lo. No entanto, deu e tem dado seguidas demonstrações, na sua última
campanha e no seu atual governo, de que considera essa conduta não como uma
condição imperativa do seu cargo, mas como algo suscetível às contingências e
humores de sua vontade política. Submeter-se aos riscos da livre competição
política é objeto de escolhas conjunturais suas, não um desiderato
institucional. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">O que transforma o populismo em problema é
precisamente o pendor para buscar sempre seu ótimo. No caso em questão - o
Brasil que vive fricções políticas contínuas há mais de dez anos -, a
eliminação das chances de oposição relevante e legítima a um governo, qualquer
que ele seja, expõe a república a riscos de desagregação tão preocupantes
quanto as sequelas de uma contínua polarização imoderada. Infelizmente é
possível perceber que a repetição, em 2026, do quadro eleitoral de 2022, é
vista como algo positivo pelo presidente. Ele foi explícito quanto a isso na já
mencionada entrevista ao SBT News. Se por decisão legítima do Judiciário o
rival for afastado – como parece ser lógico e necessário para punir o golpismo
praticado e prevenir recidivas – a lógica binária simples do presidente induz a
pensar que os dois campos políticos deverão travar o embate através de
candidaturas que reproduzam o tipo de polarização personalista que ele constata
e elogia. O recado é claríssimo: Lula e Bolsonaro deverão bater-se diretamente,
mais uma vez, ou - em caso de impossibilidade ou inconveniência da candidatura
de um ou de ambos - através de prepostas pessoas representativas dessas
entidades míticas. As primeiras-damas, noves fora seus estilos próprios, estão
na cena para que essa hipótese não seja descartada se na política formal não
houver pessoas capazes de cumprir esse papel de modo tão estrito. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">Se puder influir de algum modo no campo
adversário, não será surpresa se Lula continuar pavimentando a pista de Michele
Bolsonaro. É sugestivo que, em São Paulo, se engaje na candidatura de Boulos,
que nacionaliza a disputa jogando o eleitorado de centro no colo do prefeito e,
por tabela, no do governador. Vitamina a candidatura virtualmente imbatível de
um Tarcísio moderado à reeleição, mas isso talvez o torne um presidenciável
inconfiável ao bolsonarismo raiz. E quanto ao seu próprio campo, é sugestivo também
que faça questão de assinalar a dimensão contábil da missão do ministro
Fernando Haddad e subestime o relevante papel político que o mesmo vem
cumprindo em seu governo. Por essas mal traçadas linhas Tarcísio e Haddad
teriam que escolher entre relativa autonomia, ou a candidatura.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">O faro de Lula é fino e seu olho, vivo,
quando se trata de lutar no varejo do presente. Mas não necessariamente quando
se trata de construir o futuro, vide a sucessora que escolheu em 2010.
Pensando que controlaria a criatura, o criador enredou-se na sua teia. Pela sua
habilidade e resiliência conquistou uma segunda chance, mas o que fará dela
ainda é um completo enigma, mesmo para os mais chegados a ele. Sua solidão
política vai se tornando provérbio, mas ele confia na sua narrativa. Acha
que as coisas acabarão se resolvendo num embate entre os dois mitos. Sendo
baixo o risco de uma resposta de massa à exclusão de Bolsonaro, aposta no
cenário idílico de 2026 repetir 2010, quando a oposição tucana teve sua
competividade bastante reduzida pela aclamação do líder petista, ainda que a
neófita candidata deste tenha precisado de um segundo turno para derrotar um
político experimentado, com uma extensa folha de serviços prestados ao Brasil.
A façanha foi obra de dois mandatos, com resultados políticos funestos para
ele, seu partido e o País. Que resultados se pode esperar quando Lula, malgrado
o desgaste dos anos, recusa um script conciliador e ensaia uma obra
autorreferente em apenas quatro?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif" style="font-family: verdana; font-size: large;">São duas também as hipóteses do irreversível
nocaute de Bolsonaro desmentir os prognósticos binários do presidente Lula. Uma
é a extrema-direita apostar no longo prazo e aceitar agora um papel coadjuvante
numa forte candidatura oposicionista de direita e centro-direita, seja ou não a
de Tarcísio de Freitas. Outra é o centro democrático que hoje está no governo
desistir de uma coadjuvância que o tem anulado como força política e resolver
disputar o apoio da centro-direita, retomando a trilha abandonada da candidatura
de Simone Tebet no primeiro turno de 2022, mesmo que não seja ela a candidata.
No curto ou no médio prazo, assim como ocorre com as duas hipóteses
confirmatórias do diagnóstico de Lula, das duas que o desmentiriam, uma é
provável (a unificação da direita para além de Bolsonaro), outra não (a
reanimação da ideia de uma terceira via). Mas ambas têm em comum a consideração
de que no ar poluído da política brasileira, há algo mais do que os dois aviões
de carreira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span face=""Verdana",sans-serif"><i><span style="font-family: verdana; font-size: large;">*Cientista político e professor da UFBa</span></i><o:p style="font-size: 14pt;"></o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-23369889635329533242024-03-17T07:56:00.001-03:002024-03-17T07:56:19.831-03:00Merval Pereira - O autogolpe<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKeSX1Ebpm0ymYrNkd1qsCFqRJpDntFgo8quK-xk885605eWCqP9snlYVYVX5iisxvG1NcploKCvDH0bUwXdPYQoExiNWuDnQNXku839guSZVAIKHkOwzxMZ01AmasZt8Uq1j8BYEuPX_xiZluW_M0xNzDzNLL6PFi6Ev88LIWkEx3YH7-mzz9FEXriZk4/s324/Merval%20Pereira%2027.2.24.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="155" data-original-width="324" height="96" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKeSX1Ebpm0ymYrNkd1qsCFqRJpDntFgo8quK-xk885605eWCqP9snlYVYVX5iisxvG1NcploKCvDH0bUwXdPYQoExiNWuDnQNXku839guSZVAIKHkOwzxMZ01AmasZt8Uq1j8BYEuPX_xiZluW_M0xNzDzNLL6PFi6Ev88LIWkEx3YH7-mzz9FEXriZk4/w200-h96/Merval%20Pereira%2027.2.24.png" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Tudo indica que teremos prisões de alto
coturno, que servirão de exemplo para futuras aventuras golpistas</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Diz a lenda que o presidente deposto João
Goulart deu uma gargalhada quando soube que o Marechal Castelo Branco o
substituiria na presidência da República depois do golpe militar de 1964.
Castelo Branco teria garantido apoio a Goulart dias antes. Estará o
ex-presidente Bolsonaro rindo hoje, ou chorando de raiva, ao tomar conhecimento
dos depoimentos à <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/instituicao-governamental/policia-federal"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Polícia
Federal</span></a> dos militares quatro estrelas sobre a tentativa de
golpe?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">De minha parte, fiquei contente de saber que
pelo menos os comandantes do Exército e da Aeronáutica reagiram às propostas de
golpe ameaçando prender Bolsonaro, no caso do General <a href="http://oglobo.globo.com/tudo-sobre/personalidade/freire-gomes/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Freire Gomes</span></a>,
ou classificaram a ideia de ilegal, no caso do Brigadeiro Baptista Junior, que
deixou atônito o General <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/politico/augusto-heleno"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Augusto
Heleno</span></a> ao afirmar que não concordaria com um golpe de Estado.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Sessenta anos separam os dois fatos
históricos, e tudo indica que o atual terá o final que o outro não teve. Seja
por incapacidade de organização dos neogolpistas, seja por falta de apoio da
sociedade civil. Já é inédito, e por isso mesmo impressionante, o fato de que
militares de quatro estrelas nos ombros estejam sendo interrogados pela Polícia
Federal sobre a tentativa de golpe, e o desfecho parece já delineado. Não
haverá anistia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A negociação para a anistia política
recíproca no final da ditadura militar foi a melhor saída naquele momento, mas
deixamos para trás um rastro que ainda hoje machuca a nação, ao contrário de
países vizinhos, que resolveram suas questões no devido tempo. Somos assim
mesmo, várias decisões são tomadas fora de seu tempo, parecem boas soluções
naquele momento, mas cobram mais tarde a consequência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A anistia foi assim, a reeleição foi assim, o
fim da Lava-Jato foi assim, a tolerância com Bolsonaro foi assim. Vamos
acumulando dívidas do passado para resolver num futuro que nunca chega. Desta
vez, tudo indica que será diferente. Teremos prisões de alto coturno, que
servirão de exemplo para futuras aventuras golpistas, o que provavelmente não
teria acontecido agora se tivéssemos acertado as contas de nosso passado
recente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Mas é interessante constatar que o ambiente
golpista no meio militar, apesar de toda a incitação feita pelo próprio
presidente da República, não encontrou eco no oficialato, ou, pelo menos, na
maioria dele. Pelos relatos dos envolvidos, fica claro que um grupo de oficiais
assumiu postos de comando no novo governo já com o objetivo de criar um
ambiente golpista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Não foi à toa, portanto, que a figura do
“autogolpe” surgiu ainda durante a primeira campanha, em 2018. Já pairava sobre
os militares reunidos em torno da candidatura Bolsonaro a ideia de que eles
poderiam estar ali para permanecer no poder pelo tempo necessário a seus
desígnios. Enquanto vendiam a ideia de que estavam no governo para conter
prováveis excessos de Bolsonaro, estavam preparando o terreno para o golpe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Na verdade, a viabilidade da candidatura de
Bolsonaro pareceu aos militares nela envolvidos, capitaneados pelo General
Vilas Boas, a oportunidade para uma volta ao poder em grande estilo. Mesmo no
início da campanha, já havia uma espécie de bunker onde atuavam os militares
que davam suporte ao esquema de Bolsonaro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O intrigante nessa trama é como um oficial
despreparado, rústico, lunático, pôde convencer tantos militares de quatro
estrelas a seguirem sua liderança, apesar de seu histórico de mau soldado e
político de quinta categoria. Os que se deixaram seduzir pelos salários, pelo
poder, pelos delírios de um sociopata, mostraram-se indignos das fardas que
vestiam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-58598340735749691882024-03-17T07:46:00.005-03:002024-03-17T07:46:32.737-03:00Míriam Leitão - As cenas de um ato ilegal<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYYGQWlYiDbgrvMyyhM2N9fEWaKfxIj-aeOzeOgXQ_ihuKGclqmVVrxMbGTcLt7s3dpOle9Sb94QB1ImlUxVh28gV441vHzTjtVtA4UlUUsApPMy4WB7UJVuwr62I20yt3doY49XHopdNejD4lROh4TJtxwQIUTNNATgsxBXCqUsPlyHQhya3w4idZ7DVM/s275/M%C3%ADriam%20Leit%C3%A3o%2020.2.24.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYYGQWlYiDbgrvMyyhM2N9fEWaKfxIj-aeOzeOgXQ_ihuKGclqmVVrxMbGTcLt7s3dpOle9Sb94QB1ImlUxVh28gV441vHzTjtVtA4UlUUsApPMy4WB7UJVuwr62I20yt3doY49XHopdNejD4lROh4TJtxwQIUTNNATgsxBXCqUsPlyHQhya3w4idZ7DVM/w200-h133/M%C3%ADriam%20Leit%C3%A3o%2020.2.24.png" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica
descortinam a construção de uma tentativa de golpe de Estado liderado pelo
ex-presidente Bolsonaro</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">As cenas são cinematográficas, mas descritas
naquele mar de “que” do texto do inquérito policial. O brigadeiro Batista Jr.
pilotava o avião voltando a Brasília em 16 de dezembro de 2022. Ao lado dele, o
general Heleno, que deixara a festa da formatura do neto no Instituto
Tecnológico da Aeronáutica para ir a uma convocação urgente de Bolsonaro. Ali
Heleno ficara “atônito”. Numa conversa na sala reservada do ITA, o brigadeiro,
o piloto daquele voo, dissera que a FAB não apoiaria o golpe. No dia 14 de dezembro
de manhã, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira convocou os
comandantes ao seu gabinete para analisar uma das versões da minuta do golpe. O
brigadeiro Batista Jr. perguntou: “Esse documento prevê a não assunção do cargo
pelo novo presidente da República?”. O ministro ficou em silêncio. Ele saiu da
sala. A minuta ficou sobre a mesa do general. Numa das reuniões convocadas por
Jair Bolsonaro para convencer os comandantes militares a apoiá-lo, o
general <a href="http://oglobo.globo.com/tudo-sobre/personalidade/freire-gomes/"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Freire Gomes</span></a>,
do Exército, teria dito ao então presidente que se ele insistisse em atentar
contra o regime democrático teria que prendê-lo. Freire Gomes em seu depoimento
amenizou. Falou em “responsabilidade penal”.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Foram terríveis os meses de novembro e
dezembro de 2022 no relato dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica. O
então presidente, que há muito tempo tentava uma forma de anular o processo
eleitoral, passou a assediá-los depois das eleições. Queria o apoio deles para
um projeto concreto, redigido em algumas versões, mas com o mesmo objetivo: dar
um golpe militar para mantê-lo no poder. Assim as democracias morrem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O conjunto dos depoimentos é robusto. Não são
apenas falas. Quando os dois militares são confrontados com os textos de
minutas eles reconhecem o que foi apresentado a eles pelo então presidente. O
comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, disse sim. Os outros negaram. E
se o Exército tivesse aceitado? Batista Jr. respondeu a essa pergunta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">“Indagado se confirma que o então comandante
do Exército, general Freire Gomes, não anuiu com a proposta de golpe de estado,
respondeu que sim; indagado se o posicionamento do general Freire Gomes foi
determinante para que uma minuta que viabilizasse um golpe de estado não fosse
adiante respondeu que sim; que caso o comandante tivesse anuído, possivelmente
a tentativa de golpe de estado teria se consumado”. E assim por um fio, um
triz, uma negativa, o Brasil não se curvou à vontade do candidato a ditador que
nos governou por quatro anos, e que durante todo o mandato conspirou contra a
democracia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">No dia 7 de dezembro, Bolsonaro recebeu o
general Freire Gomes na biblioteca do Palácio Alvorada. A convocação para a
reunião havia sido feita pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio. Lá foi
apresentado a Freire Gomes uma das minutas do decreto de ruptura institucional,
através da decretação de Estado de Defesa, Estado de Sítio e Operação da
Garantia da Lei e da Ordem. Bolsonaro atirava para todos os lados, usava tudo o
que está na Constituição para momentos emergenciais. E não havia qualquer emergência.
Apenas o presidente eleito estava ocupado em montar seu governo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Bolsonaro está definitivamente envolvido. É o
comandante em chefe da conspiração contra a ordem democrática brasileira. Ordem
que nunca prezou. Terá de terminar preso por isso. Mas ainda há muito a
explicar sobre outros participantes desse movimento de sedição contra a
democracia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Houve, como se sabe, uma carta de oficiais da
ativa pressionando o general Freire Gomes a aderir ao golpe. Houve até reunião
para redigi-la. De tudo os investigadores já sabem. Num determinado trecho, os
escribas fardados registraram a frase “Covardia e injustiça são qualificações
mais abominadas por soldados de verdade”. Perguntado se o documento se referia
a ele, Freire Gomes respondeu que sim. Disse que soube do documento pelo
serviço de comunicação do Exército e determinou aos comandantes de área fazerem
uma apuração para identificar os autores e tomar as “providências cabíveis”.
Ele diz que “foi identificada a participação de alguns militares que foram
punidos na medida de suas participações no ato”. Mas quem são eles? E que
punições? Isso ele não disse nem lhe foi perguntado. Há dúvidas. E uma grande
certeza. Bolsonaro tentou, por todas as formas, por muito tempo, de forma
insistente e inegável dar um golpe de Estado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-48160428376947654882024-03-17T07:38:00.005-03:002024-03-17T07:38:55.249-03:00Bernardo Mello Franco - Golpe à moda antiga<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoTEyyZKiW38dAxujVzFjzcRXfj3Gouu4tyBL3HnQp_18WMrLVDlvVqd-IWj8PgJr9iXCeYGz63Dg0kQIU_5jwAESDmfPxBRc_t9TDLSGK4cYNpMD0zoteD63hcPBiadjQvOLikdDYqqpqsjgVPv9uI1hjAipyPFGOETnWJ4k9DqjR2whq-F0-muIEdDbU/s225/Bernardo%20Mello%20Franco%2028.2.24.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoTEyyZKiW38dAxujVzFjzcRXfj3Gouu4tyBL3HnQp_18WMrLVDlvVqd-IWj8PgJr9iXCeYGz63Dg0kQIU_5jwAESDmfPxBRc_t9TDLSGK4cYNpMD0zoteD63hcPBiadjQvOLikdDYqqpqsjgVPv9uI1hjAipyPFGOETnWJ4k9DqjR2whq-F0-muIEdDbU/w200-h200/Bernardo%20Mello%20Franco%2028.2.24.png" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Os ex-comandantes deram informações úteis,
mas é ingenuidade tratá-los como heróis da pátria </i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O avanço das investigações da Polícia Federal
mostra que Jair Bolsonaro planejou um golpe à moda antiga. Queria usar tanques,
caças e fragatas para se manter no poder pela força.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O capitão conspirou com ex-colegas de farda
para invalidar o resultado da eleição e impedir a posse de Lula. No caminho,
fecharia o TSE, prenderia a cúpula do Judiciário e suspenderia as liberdades
civis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A natureza do golpe era militar. Seu
estado-maior reunia três generais da reserva: Braga Netto, vice na chapa
derrotada; Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional; e
Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A trinca dava ordens a outros generais e
coronéis. No front civil, o ministro Anderson Torres e o assessor Filipe
Martins preparavam minutas de decreto para dar verniz de legalidade à
quartelada.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">À PF os ex-comandantes do Exército, general
Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, apontaram Bolsonaro
como o chefe da trama contra a democracia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ambos disseram ter se recusado a embarcar no
golpe. O comandante da Marinha, Almir Garnier, teria colocado “tropas à
disposição”. Dos três chefes militares, o almirante foi o único que se recusou
a responder às perguntas da polícia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os depoimentos ajudam a entender a ligação da
engrenagem golpista com o gabinete do ódio, que perseguia adversários de
Bolsonaro. Ao divergirem do chefe, Freire Gomes e Baptista Júnior viraram alvo
da milícia digital. Passaram a ser chamados de “traidores” e “melancias”,
queixou-se o ex-chefe da FAB.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os ex-comandantes deram informações úteis,
mas é ingenuidade tratá-los como heróis da pátria ou bastiões do legalismo. O
general permitiu a instalação de acampamentos golpistas nas portas dos
quartéis. O brigadeiro ficou conhecido pela militância de ultradireita nas
redes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ambos sabiam quem era Bolsonaro, conheciam
suas ambições autoritárias e assinaram notas que o ajudaram a manter a
democracia sob ameaça. Resta saber por que hesitaram na hora de apertar o botão
do golpe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Os depoimentos deixam claro que o país esteve
muito perto de uma ruptura institucional em dezembro de 2022, quando o capitão
se manteve entrincheirado no Alvorada. Não explicam, porém, o que impediu que o
plano fosse levado a cabo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Há muitas hipóteses para isso, da falta de
apoio internacional ao desembarque de setores do establishment que haviam
apoiado a eleição de Bolsonaro em 2018.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Também falta descobrir quais seriam os passos
seguintes ao golpe. Já se sabe que a turma queria enjaular ministros do
Supremo, mas é improvável que o arbítrio parasse por aí. Para impor um regime
de força, seria preciso amordaçar o Congresso, a imprensa e as universidades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Decretado o estado de sítio, Bolsonaro teria
carta branca para avançar sobre a sociedade civil. O instrumento permitiria
suspender a liberdade de reunião, invadir domicílios, intervir em emissoras de
TV e requisitar bens particulares. Seria o início de uma nova ditadura — e o
retorno a um passado que o capitão sempre sonhou restaurar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-44043231837120932362024-03-17T07:36:00.001-03:002024-03-17T08:41:06.069-03:00 Luiz Carlos Azedo - A história como farsa na tentativa de golpe de Bolsonaro<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3Aucok5sJmdVEbKX0M7nMBAnP-GajcQamBoU86AIlLK9iIpu6Rq5eMHncYLNfot8aYdsqHGitkApWh0a46n4AnInHRnMa0db07uX1g5nd5SGfPVB0pZT31Yt26vUdfmNERXMe1WT2Ckg_r-p7SPC98PPAdiOqo2M8vdw17zqR5HVICJ_12ZwTR-Mbj_pu/s1000/Luiz%20Carlos%20Azedo%2015.9.23.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="703" data-original-width="1000" height="141" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3Aucok5sJmdVEbKX0M7nMBAnP-GajcQamBoU86AIlLK9iIpu6Rq5eMHncYLNfot8aYdsqHGitkApWh0a46n4AnInHRnMa0db07uX1g5nd5SGfPVB0pZT31Yt26vUdfmNERXMe1WT2Ckg_r-p7SPC98PPAdiOqo2M8vdw17zqR5HVICJ_12ZwTR-Mbj_pu/w200-h141/Luiz%20Carlos%20Azedo%2015.9.23.png" width="200" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">Correio Braziliense</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Bolsonaro foi aconselhado a recuar para não
ser preso. Esses conselhos também vieram de ministros do Supremo, de generais
legalistas e do governo dos Estados Unidos</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Alguém já disse que a história se repete como
farsa ou como tragédia. No caso da tentativa de destituição do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse, poderia
ter sido uma tragédia, com a implantação de uma ditadura militar que
enfrentaria grande resistência e, para se impor, teria que fazer como os
militares argentinos, em 1976, quando o general Jorge Rafael Videla, o
almirante Emílio Eduardo Massera e o brigadeiro Orlando Ramón Agosti tomaram o
poder e dissolveram o Congresso. Bolsonaro teria que promover uma repressão
ainda mais brutal e intensa do que a que ocorreu no Estado Novo e durante o
regime militar implantado após o golpe de 1964, que completará 60 anos no
próximo dia 31.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ainda bem, o golpe de 8 de janeiro está mais
para uma farsa, um Plano Cohen frustrado. Segundo os depoimentos dos
comandantes das Forças Armadas à Polícia Federal — cujo teor integral foi
liberado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes —,
após as eleições de 2022, Bolsonaro chamou a cúpula militar para reuniões que
articulariam um golpe de Estado. O ex-comandante do Exército Freire Gomes disse
que o próprio ex-presidente apresentou uma minuta golpista e discutiu seu teor
em duas reuniões. O da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior,
confirmou. Ambos não embarcaram na aventura. O ex-comandante da Marinha Almir
Garnier, que ficou calado em seu depoimento, assim como o ex-presidente Jair
Bolsonaro, supostamente, só não moveu suas tropas porque seu comandante supremo
não deu a ordem.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A tese de que as eleições de 2022 foram
fraudadas, que ainda é acalentada por corações e mentes bolsonaristas, e os
malabarismos jurídicos do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, ao estilo de
Francisco Campos, principal autor da Polaca, a Constituição fascista do Estado
Novo, nunca ganharam o apoio do mundo político, escaldado pelo que ocorreu após
o golpe de 1964, nem do alto comando das Forças Armadas. Bolsonaro foi
aconselhado a recuar para não ser preso. Esses conselhos também vieram do
Supremo Tribunal Federal, dos generais legalistas e do governo de Joe Biden. A
ala política do próprio governo trabalhou contra o golpe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b>Plano Cohen</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">E o Plano Cohen? O Governo Constitucional
(1934-1937) de Getúlio Vargas já tinha viés autoritário e enfrentava grande
oposição. As pressões partiam da Ação Integralista Brasileira, de inspiração
fascista, e da Aliança Nacional Libertadora, frente antifascista que cada vez
mais era controlada por comunistas. Antigos aliados de Vargas denunciavam seus
planos continuístas, como o governador do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Em novembro de 1935, a Aliança Nacional
Libertadora, liderada por ex-capitão Luís Carlos Prestes, que havia aderido ao
comunismo, tentou tomar o poder, episódio conhecido como Intentona Comunista.
Vargas obteve a justificativa para reformar a Lei de Segurança Nacional, que
havia sido criada em 4 de abril de 1935, e modificar a Constituição de 1934.
Impôs o Estado de Sítio e o Tribunal de Segurança Nacional (TSN). Milhares de
oposicionistas foram presos, entre eles, muitos militares que integraram o movimento
tenentista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Na mesma época, as campanhas para as eleições
de 1938 já estavam nas ruas, com o ex-governador de São Paulo Armando Sales
concorrendo como candidato da oposição, contra José Américo de Almeida, um
candidato laranja do governo. Parecia o retorno à normalidade, mas era tudo
fake. Em 1937, quando o Estado de Guerra foi suspenso, José Macedo Soares,
ministro da Justiça há apenas quatro dias, repentinamente, ordenou a imediata
libertação de 300 presos políticos, que se encontravam detidos sem processo
formado, muitos militares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A libertação dos presos políticos ficou
conhecida como a “Macedada” e se prolongou até setembro, apesar dos protestos
de Filinto Müller e dos integralistas. Era tudo encenação para justificar o
golpe, que seria mais difícil de se justificar com os militares presos. A
maioria, inclusive, foi lutar na Guerra Civil Espanhola, nas Brigadas
Internacionais. Entretanto, os confrontos entre grupos de esquerda e de direita
voltaram a acontecer, alguns com mortes. Pedro Ernesto, ex-prefeito do Distrito
Federal, preso em abril de 1936, fora libertado no dia 14 de setembro. Livre,
faria violento discurso contra o governo federal, ao declarar apoio à
candidatura do governador paulista Armando de Sales Oliveira à Presidência da
República. Um mês depois seria novamente preso — dessa vez, na companhia do
filho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Em 30 de setembro de 1937, o governo anunciou
a descoberta do Plano Cohen, um suposto projeto comunista para promover novas
insurreições e tomar o poder no Brasil. O texto era completamente falso, mas
serviu de justificativa para o retorno do Estado de Guerra, em 1º de outubro, e
novas perseguições e prisões políticas. O golpe continuísta de Vargas, em 10 de
novembro de 1937, criaria o Estado Novo, nome copiado da ditadura de António de
Oliveira Salazar (1933-1974) em Portugal. Estava anunciado em artigos na
imprensa desde meados de 1936, como os de Bolsonaro, nas redes sociais, desde
setembro de 2021.</span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-33014112064851332812024-03-17T07:29:00.002-03:002024-03-17T07:29:40.425-03:00Dorrit Harazim – Distâncias<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlJJIepsvgjaspJt-Z3iq7UY1Uzo0Dbfc_Ec3nK4nKP1t9bbIpZlHarignXDmx-_-Ea5UhHGp1pH3DK0tAzQz18x0cXK9JuaDoA2_m5_4g2aeNiFXeJUqY_5rlvxc7hXaULljm2bPN2dCXd4yINgcClPF1sZ8jrc92Mqj6u8o6wCLnrjttc_jdNDaHgtyx/s126/DORRIT%20HARAZIM.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="119" data-original-width="126" height="119" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlJJIepsvgjaspJt-Z3iq7UY1Uzo0Dbfc_Ec3nK4nKP1t9bbIpZlHarignXDmx-_-Ea5UhHGp1pH3DK0tAzQz18x0cXK9JuaDoA2_m5_4g2aeNiFXeJUqY_5rlvxc7hXaULljm2bPN2dCXd4yINgcClPF1sZ8jrc92Mqj6u8o6wCLnrjttc_jdNDaHgtyx/s1600/DORRIT%20HARAZIM.jpg" width="126" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Quem deve decidir quanto a liderança de
Netanyahu é problemática são os próprios israelenses, por óbvio</i></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Na semana passada houve júbilo no grupo de
terráqueos que há 47 anos acompanha a odisseia das naves gêmeas Voyager 1 e 2.
Consideradas tesouro nacional pelos americanos, elas são as duas “criaturas”
mais paparicadas e estimadas da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa). Só
que, desde novembro último, criador e criatura deixaram de falar a mesma
língua. Em vez de transmitir dados por meio da linguagem binária com que fora
programada, a Voyager 1 passou a emitir apenas um ruído contínuo, indecifrável,
semelhante ao sinal de ocupado de um telefone comum.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O enguiço durou quatro longos meses e parecia
prenunciar um tristonho réquiem. Na tarde de quarta-feira, porém, sem avisar, a
nave se fez viva, pareceu querer restabelecer o diálogo com os humanos. A
partir de alguma localização interestelar, emitiu um sinal que percorreu 22
horas e meia até chegar aos computadores da Nasa, e esse fragmento de linguagem
conseguiu ser parcialmente decodificado. Para uma das veteranas do projeto, que
acabara de se formar em 1977 quando a primeira sonda foi lançada, o sinal recebido
na semana passada lhe deu alegria só comparável ao restabelecimento de um
batimento cardíaco.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">As Voyagers 1 e 2 foram os primeiros objetos
fabricados pelo ser humano a trafegar mais de 20 bilhões de quilômetros até
alcançar o espaço interestelar. É uma odisseia sem fim: da Terra ao sistema
solar exterior, de lá rumo ao infinito desconhecido. Uma das missões da
primeira nave consistiu em explorar um fenômeno que só ocorre uma vez a cada
175 anos — o alinhamento espacial de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Sua nave
gêmea, enquanto isso, enviava dados sobre os planetas glaciais gigantes.
Encerrada essa fase, deixaram a esfera dos planetas conhecidos, saíram da zona
de influência solar e seguiram rotas diferentes na escuridão espacial.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Aos poucos, inexoravelmente, as naves haverão
de se distanciar ainda mais de nós — o tempo de leitura desta coluna equivale a
16 mil quilômetros a mais percorridos pela Voyager 1 no espaço sideral. Por
fim, as gêmeas outrora tagarelas, pelas quais os integrantes do programa
desenvolveram apego quase existencial, haverão de se calar para sempre.
Permanecerão apenas na nossa memória.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Assim como as sondas, também nós, bípedes,
enferrujamos e envelhecemos, nos desgarramos da rota que nos foi designada. Por
vezes, perdemos o comando da linguagem e os códigos de entendimento mínimo.
Tome-se o exemplo do impasse em <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/cidade/gaza">Gaza</a>. A solução é
gritante, para além da fúria terrorista desencadeada pelo <a href="http://oglobo.globo.com/tudo-sobre/assunto/hamas/">Hamas</a> no 7 de
Outubro e do morticínio indiscriminado de civis encurralados, ordenado
por <a href="http://oglobo.globo.com/tudo-sobre/politico/benjamin-netanyahu/">Benjamin
Netanyahu</a>. A solução é a mesma de quatro guerras anteriores. Portanto é
conhecida, nem sequer necessita de alterações profundas. Tampouco é um planeta
novo à espera de ser descoberto, já está tudo mapeado. Aguarda apenas uma
concertação de líderes dispostos a pagar uma dívida histórica com todo um povo:
a criação de um Estado Palestino soberano, determinado a reconhecer e a
conviver com o vizinho <a href="https://oglobo.globo.com/tudo-sobre/pais/israel">Israel</a>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Três dias atrás, em Washington, o
veteraníssimo líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, apoiador
histórico da causa israelense, abalou o statu quo ao afirmar que Israel deveria
convocar eleições para abrir novos caminhos — leia-se, para derrotar Netanyahu
nas urnas. Vale mencionar que Schumer, antes de fazer discurso tão radical,
submeteu-o à apreciação do presidente <a href="http://oglobo.globo.com/tudo-sobre/politico/joe-biden/">Joe Biden</a>. (A
última vez em que um presidente dos Estados Unidos se deu ao direito de
derrubar um governante indigesto foi no Iraque de 2003 — e terminou péssimo.)
No mesmo dia, em artigo para o New York Times, o colunista Thomas Friedman
alertou que a situação atual de Israel se torna “radioativa”. “Israel tem um
primeiro-ministro que aparentemente prefere ver Gaza transformada numa Somália
em mãos de senhores da guerra” — escreveu ele — a em mãos de alguma autoridade
palestina.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Quem deve decidir quanto a liderança de
Netanyahu é problemática são os próprios israelenses, por óbvio. Da mesma
forma, cabe às esclerosadas lideranças palestinas abandonar o conforto em que
se encastelaram. Se desse horror todo não emergir uma solução capaz de abrigar
os dois povos, é porque estamos mais distantes da civilização do que a Voyager
1 está da Terra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-49979974187019162802024-03-17T07:21:00.002-03:002024-03-17T07:21:24.109-03:00Elio Gaspari - Lembrai-vos de Pasadena<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcCEjbrHbpvAEYpsO7pq6pQkN2MitJBdQAtRkrlYCwTYS4rX0Xe-JXGp-yfEz6R9wxn30fQwzrKt_Q21bd42e3H93WgAOwe9Zx1LaPpVu1pY_NdpvTk3UdJcQ70y5hhAvFnHzawo8pXjZGVAzc5gyAo5abhwvYg1vfrSiOToJU4bRCQG772c6GRZtz1qp0/s94/ELIO%20GASPARI%20O%20GLOBO.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="74" data-original-width="94" height="74" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcCEjbrHbpvAEYpsO7pq6pQkN2MitJBdQAtRkrlYCwTYS4rX0Xe-JXGp-yfEz6R9wxn30fQwzrKt_Q21bd42e3H93WgAOwe9Zx1LaPpVu1pY_NdpvTk3UdJcQ70y5hhAvFnHzawo8pXjZGVAzc5gyAo5abhwvYg1vfrSiOToJU4bRCQG772c6GRZtz1qp0/s1600/ELIO%20GASPARI%20O%20GLOBO.jpg" width="94" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Globo</span></i></b><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Encrencas têm prazo de maturação e duram
anos. Hoje a Petrobras tem na mesa a encrenca da empresa de fertilizantes
Unigel. Em 2019, durante o governo Bolsonaro, ela arrendou duas fábricas da
Petrobras. Compraria gás e venderia fertilizantes. O mercado virou, a Unigel
passou a operar no vermelho e fechou as fábricas. Voltou a operar com um novo
contrato que, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), poderá custar à
Petrobras R$ 487 milhões.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O contrato, assinado em dezembro de 2023, tem
pescoço comprido, corpo malhado e cabeça pequena. Parece uma girafa. A estatal
defende a virtude no negócio, mesmo sabendo-se de divergências internas e
conhecendo-se a fabricação de uma ameaça de greve na Petrobras para forçar a
aprovação do negócio.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Todos os governos louvam seus contratos e a
Petrobras gosta de proclamar sua onisciência. Um pouco de humildade faria bem a
todo mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Em 2006 a Petrobras comprou uma refinaria em
Pasadena, nos EUA, e o negócio parecia uma prova do vigor de seu
cosmopolitismo. A compra foi aprovada pelo conselho de administração da
empresa, presidido pela chefe do Gabinete Civil, Dilma Rousseff.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Seis anos depois veio a denúncia de que a
transação havia custado caro (US$ 1,18 bilhão), tinha pescoço comprido e cabeça
pequena. Afinal, sete anos antes a refinaria havia sido negociada por US$ 42,5
milhões. A essa altura, a doutora Dilma estava na presidência da República e em
2014 divulgou uma nota revelando que aprovou a compra da refinaria porque
recebeu “informações incompletas” e um parecer “técnico e juridicamente falho”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A gênese dessa nota é um dos mistérios das
relações entre os caciques do petropetismo. No dia seguinte, as investigações
do Ministério Público desembocaram na prisão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor
da Petrobras e a “Operação Lava-Jato” entrou na vida nacional.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A usina de malfeitorias que operava na
Petrobras havia sido estancada com a nomeação de Philippe Reichstul em 1999.
Ela voltou a funcionar em 2003. Se a compra da refinaria de Pasadena tivesse
sido examinada com lupa a partir de 2006, talvez não tivesse acontecido a
Lava-Jato. Preferiu-se varrer o caso para baixo do tapete, mesmo sabendo-se que
lá escondiam-se muitas coisas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Numa decisão escalafobética do Tribunal de
Contas, todos os seis integrantes do conselho de administração que aprovou a
compra da refinaria de Pasadena ficaram com seus bens bloqueados por cinco
anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Esse desconforto deveria servir de
advertência para todos os hierarcas que, sem qualificação técnica, engordam
seus salários com boquinhas em conselhos .<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b>Culpa do mordomo</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Amanhã Lula reúne o Ministério. Entre os
temas, parece estar o mau resultado saído das pesquisas.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Se tudo der errado vão dizer que o problema é
de comunicação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Essa é uma maneira de evitar o debate em
torno das tolices que são comunicadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b>Madame Natasha</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Madame Natasha gosta de ouvir o ministro de
Minas e Energia porque ele é capaz de elogiar o governo ao dar bom dia. A
senhora concedeu-lhe uma de suas bolsas de estudo porque, no meio da confusão
da partilha dos lucros da Petrobras ele disse o seguinte:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">“É uma questão muito dinâmica. (...) O
governo do presidente Lula tem trabalhado com muito cuidado no respeito à
governança da Petrobras.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Valendo-se da retórica dinâmica dos
palacianos, quis dizer que os dividendos retidos poderão vir a ser
distribuídos, com um recuo do governo em relação à desastrada decisão de
retê-los.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b>Um teste para Tarcísio</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Diante da repercussão da morte de 43 cidadãos
na Baixada Santista, o governador Tarcísio de Freitas desabafou: “Pode ir na
ONU, no raio que o parta, não tô nem aí.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Esse é seu jogo e está jogado. Ampara-se num
preconceito segundo o qual “bandido bom é bandido morto.” Não há provas de que
todos os 43 mortos fossem bandidos, mas eram todos pobres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">A qualquer momento o doutor pode entrar na
pista para a sucessão presidencial de 2026. Como faltam quase dois anos, ele
terá tempo para cuidar de outro caso de sua jurisdição.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O ex-tenente-coronel da PM paulista José
Afonso Adriano Filho, encarcerado no presídio do Tremembé (SP), onde cumpre
desde 2017 uma pena de 52 anos por peculato e fraude em licitações, disse o
seguinte ao repórter Rogério Pagnan:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">“Todas as unidades (gestoras executoras da
PM) têm caixa 2. Todas (as 104) têm. Quem falar que não tem está mentindo.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">As denúncias do ex-tenente-coronel foram
investigadas pela PM e arquivadas. Vá lá. Mas Adriano argumenta que a
Corregedoria nunca rastreou o dinheiro das empresas vencedoras de licitações,
nem as contas dos oficiais que denunciou. Ele informa que tem 194 documentos
para provar o que diz e que entregou 14 aos investigadores em 2017, quando
negociava uma delação premiada. Ela não foi aceita.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Tarcísio pode “não estar nem aí” para a ONU,
mas pesa sobre a fala de Adriano uma urucubaca do presidente francês Georges
Clemenceau (1841-1929) e vale repeti-la: “A Justiça Militar está para a Justiça
assim como a música militar está para a música”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Afinal, o bordão segundo o qual “bandido bom
é bandido morto”, não prevê que morram só pobres.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b>A Greve e o Soldado</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">No seu resgate da História do Brasil através
de canções, Franklin Martins trouxe à tona mais uma raridade. É o tanguinho
“Greve e o Soldado”, criado durante a greve geral de 1917 em São Paulo. Ele
nunca havia sido gravado e a partitura parecia perdida. José Ramos Tinhorão
achou-a e passou-a ao Instituto Moreira Salles.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Nela, o soldado adverte:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">“— Vá se embora, sua greve<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Se não entra no pau já.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">E a greve responde:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">“— Não tenho medo do pau<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">E tampouco da morte!”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Márcia Tauil, cantando como a greve, Tico
Moraes, como o soldado, e Farlley Derze ao piano, gravaram-na e Martins
colocou-a no seu site Quem Inventou o Brasil. Nele estão mais de mil canções
que contam a História de Pindorama.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Entre junho e julho de 1917, 50 mil
trabalhadores pararam em São Paulo. Era um tempo em que o senador Alfredo Ellis
dizia que não se podia legislar sobre as horas de trabalho. Férias e repouso
semanal eram sonhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O “pau” matou vários grevistas e 10 mil
pessoas acompanharam o caixão de um deles. A cidade tinha 300 mil habitantes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Ao fim da greve, saiu um aumento de 20%, os
presos foram libertados e, em tese, acabaram-se o trabalho de mulheres à noite
e o de crianças com menos de 14 anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Naqueles dias o czar Nicolau II já havia
abdicado ao trono de todas as Rússias, Leon Trotsky tinha saído de Nova York e
chegou a São Petersburgo, mas estava preso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Lênin deixou a Suíça num trem alemão,
incentivou um golpe, fracassou e vivia escondido. Meses depois, tentaria de
novo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O roceiro Emiliano Zapata legislava na Cidade
do México.</span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6794325893361595826.post-91148263805562118432024-03-17T07:10:00.001-03:002024-03-17T07:10:54.242-03:00Eliane Cantanhêde - Propriedades da melancia<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i><span style="color: #073763;"></span></i></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><i><span style="color: #073763;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8PuRDlf199n2PnrxzPj1CPG09V28n5Y2Ukgx8uTUUfGTWN8wz8DrJRH8XIaMkd54bMRo6CNmnVjwq3u0i2VdQ8N8j1GjSy-xSfYM-nIBdJw7pQr_ALF5LFlN27gmrvYSGiYO94P9_4qDmV0dRZ-R5xjI3xlqcLKKIS4WwB8Iv2FzMKOVldNgbP8DZ7TPA/s65/Eliane%20Cantanh%C3%AAde%203.7.22.webp" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="65" data-original-width="57" height="65" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8PuRDlf199n2PnrxzPj1CPG09V28n5Y2Ukgx8uTUUfGTWN8wz8DrJRH8XIaMkd54bMRo6CNmnVjwq3u0i2VdQ8N8j1GjSy-xSfYM-nIBdJw7pQr_ALF5LFlN27gmrvYSGiYO94P9_4qDmV0dRZ-R5xjI3xlqcLKKIS4WwB8Iv2FzMKOVldNgbP8DZ7TPA/s1600/Eliane%20Cantanh%C3%AAde%203.7.22.webp" width="57" /></a></span></i></b></div><b><i><span style="color: #073763;">O Estado de S. Paulo</span><o:p></o:p></i></b><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><b><i>Está confirmado: melancia é indigesta para
golpistas e faz bem à democracia</i></b></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Além de deliciosa, suculenta e refrescante, a
ciência política acaba de descobrir outras propriedades da melancia: é
indigesta para candidatos a ditador, impede golpes de Estado e faz bem à
democracia. Acusados de “melancias” pelos golpistas, oficiais de alta patente
não cederam às “ordens”, pressões e constrangimentos do então comandante em
chefe das Forças Armadas e, assim, frustraram a decretação de estado de defesa
e anulação da posse do presidente legitimamente eleito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Se a melancia é verde por fora e vermelha por
dentro, nenhum dos oficiais legalistas, como o atual comandante do Exército,
general Tomás Paiva, é ou seria “vermelho” ou comunista. É ridículo, mais uma
farsa, uma fake news grosseira para manipular mentes e corações vazios e
suscetíveis a mitos, Messias, salvadores da Pátria. Aqueles oficiais foram
apenas o que 100% de militares deveriam ser: legalistas, batendo continência à
Constituição e aos poderes constituídos.<span></span></span></p><a name='more'></a><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">O foco da PF e do STF está na fase aguda do
golpe, quando já discutiam as minutas do golpe e do pronunciamento em que
Bolsonaro anunciaria estado de defesa, fecharia o TSE e anularia as eleições e
a posse de Lula. O golpe, porém, começou já nos primeiros dias do governo
Bolsonaro e esquentou com a demissão da cúpula militar, que se negou a aderir.
Daí, emergiram na Defesa os generais Walter Braga Netto e Paulo Sérgio
Nogueira, para fazer o jogo sujo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">As investigações entraram em fase final com
os depoimentos dos ex-comandantes do Exército Freire Gomes e da FAB Baptista
Jr., que confirmaram o papel central do então presidente no golpe e estão a
anos-luz de serem comunistas ou “cagões”, como o general foi chamado por Braga
Netto, que jogava blogueiros suspeitos contra os quatro-estrelas antigolpe. A
PF deve concluir nesta semana o inquérito dos atestados falsos de vacina.
Depois, o das joias e, por fim, até julho, antes do semestre eleitoral, o do
golpe liderado por Bolsonaro. Depende, porém, da lenta e trabalhosa perícia em
celulares e computadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">Bolsonaro está inelegível até 2030 e, se
condenado por tentativa de golpe, atentado violento contra o estado de direito
e organização criminosa, estará sujeito a 30 anos de prisão e de suspensão de
direitos políticos. Assim, usa e abusa do que lhe resta: multidões. Isso pode
incendiar o País.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;">E Lula? Acerta ao ficar calado, mas não deixa
de se informar. Na sexta-feira, por exemplo, estava no Rio Grande do Sul, em
eventos oficiais com o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues. Dirão que
conversaram sobre “amenidades”. Alguém acredita? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Verdana",sans-serif; font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Gilvan Cavalcanti de Melohttp://www.blogger.com/profile/03612159134222925861noreply@blogger.com1