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Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
DEU EM O GLOBO
CIDADE FEUDALIZADA
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Luiz Werneck Vianna – Professor do IUPERJ
A cidade do Rio está dividida em feudos eleitorais, tanto nas áreas urbanas quanto nas comunidades carentes. Mas, nas favelas cariocas, os currais eleitorais exibem sua face mais perversa, impedindo candidatos de fazer campanha e coagindo moradores a votarem nos escolhidos pelo tráfico ou pelas milícias. A opinião é do cientista político Luiz Werneck Vianna, do IUPERJ.
- A cidade está toda feudalizada. Nos setores subalternos, pela milícia, pelo tráfico. No mundo urbano, igualmente está feudalizada. Cada pequeno lugar, cada esquina, onde há possibilidade de uma vida mercantil qualquer, tem alguém ligado a uma subprefeitura, a uma administração regional. A orla marítima é um exemplo. A cidade está toda ela repartida em territórios, e cada território entregue a donatários. A diferença é que, nas favelas, o território não é livre. Na praia e em outras áreas urbanas, os candidatos podem circular.
Para Werneck Vianna, o fenômeno que se reproduz também nos centros sociais de candidatos, tem outra conseqüência preocupante: o fim do voto de opinião no Rio, cidade tradicionalmente conhecida por essa característica. Ele lembra a Câmara de Vereadores, com raras exceções, está ocupada por expressões dessas clientelas, com trabalhos ditos assistenciais dominando o cenário eleitoral.
- Se essa feudalização ocorre até na parte nobre da cidade, onde o Estado pode ser melhor percebido, imagine no mundo popular. Ai, o curral eleitoral atua mais fortemente , com coação física aos moradores e uso da violência. O voto popular no Rio de Janeiro não é livre.
Para o professor, embora os candidatos que disputam o voto de opinião, como Chico Alencar (PSOL), Fernando Gabeira (PV), Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (PT), critiquem com mais freqüência, é dever de todos os candidatos denunciar os currais. Ele ressalta que, nesta eleição, está se consolidando uma estratégia perigosa por parte dos milicianos: agora não tentam só ter acesso aos políticos, mas trabalham para serem eleitos também.
(Cláudia Lamego)
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Luiz Werneck Vianna – Professor do IUPERJ
A cidade do Rio está dividida em feudos eleitorais, tanto nas áreas urbanas quanto nas comunidades carentes. Mas, nas favelas cariocas, os currais eleitorais exibem sua face mais perversa, impedindo candidatos de fazer campanha e coagindo moradores a votarem nos escolhidos pelo tráfico ou pelas milícias. A opinião é do cientista político Luiz Werneck Vianna, do IUPERJ.
- A cidade está toda feudalizada. Nos setores subalternos, pela milícia, pelo tráfico. No mundo urbano, igualmente está feudalizada. Cada pequeno lugar, cada esquina, onde há possibilidade de uma vida mercantil qualquer, tem alguém ligado a uma subprefeitura, a uma administração regional. A orla marítima é um exemplo. A cidade está toda ela repartida em territórios, e cada território entregue a donatários. A diferença é que, nas favelas, o território não é livre. Na praia e em outras áreas urbanas, os candidatos podem circular.
Para Werneck Vianna, o fenômeno que se reproduz também nos centros sociais de candidatos, tem outra conseqüência preocupante: o fim do voto de opinião no Rio, cidade tradicionalmente conhecida por essa característica. Ele lembra a Câmara de Vereadores, com raras exceções, está ocupada por expressões dessas clientelas, com trabalhos ditos assistenciais dominando o cenário eleitoral.
- Se essa feudalização ocorre até na parte nobre da cidade, onde o Estado pode ser melhor percebido, imagine no mundo popular. Ai, o curral eleitoral atua mais fortemente , com coação física aos moradores e uso da violência. O voto popular no Rio de Janeiro não é livre.
Para o professor, embora os candidatos que disputam o voto de opinião, como Chico Alencar (PSOL), Fernando Gabeira (PV), Jandira Feghali (PCdoB) e Alessandro Molon (PT), critiquem com mais freqüência, é dever de todos os candidatos denunciar os currais. Ele ressalta que, nesta eleição, está se consolidando uma estratégia perigosa por parte dos milicianos: agora não tentam só ter acesso aos políticos, mas trabalham para serem eleitos também.
(Cláudia Lamego)
DEU EM O GLOBO
JUNGMANN: TRÁFICO CONTROLA PEÕES DO PAC
Deputado denuncia ligação de bandidos e líderes de comunidades
BRASÍLIA. O presidente da Comissão de Segurança da Câmara, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), denunciou ontem ao diretor interino da Polícia Federal, Romero Menezes, que chefes do tráfico se associaram a líderes políticos da Rocinha e do Complexo do Alemão para controlar a contratação de peões nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas favelas. Segundo Jungmann, o grupo se associou para pressionar eleitores a votar em candidatos indicados pelos chefes locais.
- É chocante. Meio milhão de pessoas sem poder votar livremente. É a ditadura do narcotráfico em plena democracia - disse.
Segundo o deputado, Menezes prometeu repassar as informações à Diretoria de Inteligência. Menezes sugeriu a Jungmann que apresente as denúncias também ao Ministério Público Eleitoral. A partir daí, seriam abertos procedimentos formais de investigação criminal relacionada às eleições no Rio neste ano.
Jungmann entregou dossiê com detalhes de encontros entre líderes comunitários e chefes do tráfico. O documento aponta supostos vínculos entre o presidente da Associação de Moradores da Rocinha, Luiz Cláudio de Oliveira, o Claudinho da Academia, candidato a vereador pelo PSDC, e Nem, acusado de chefiar o tráfico na favela. O relatório informa que Nem chefia reuniões com mais de cem líderes comunitários todas as noites de quarta-feira. Numa delas, teria pedido a todos que fizessem campanha para Claudinho e não permitissem a entrada de adversários.
Também teriam sido distribuídas fichas para cadastrar eleitores. Com base nas fichas, seria possível saber se os eleitores cumpriram a promessa de votar nos indicados. O clima de coação geral também se repetiria nas áreas do Complexo do Alemão controladas por um traficante conhecido como Jorginho.
DEU EM O GLOBO
ATA DO TRÁFICO DÁ ORDENS A CURRAL
Ediane Merola e Flávio Tabak
Na casa do traficante da Rocinha, polícia apreende texto que ordena coação a eleitores
Um documento com determinações expressas, exigindo "todo empenho para o candidato da Rocinha, não aceito derrota!!!", foi encontrado ontem dentro da casa do chefe do tráfico de drogas na favela, Antônio Bomfim Lopes, o Nem. A ata de duas páginas, que lista nove itens que seriam discutidos numa reunião na favela, foi apreendida em operação policial ontem na Rocinha e apresentada pelo delegado Allan Turnowski, diretor das Delegacias Especializadas, que comandou a operação para prender traficantes da facção criminosa local. Para o delegado, o documento prova que o tráfico transformou a favela num curral eleitoral.
Segundo denúncias, o traficante Nem apoiaria o candidato a vereador Claudinho da Academia (PSDC), presidente da Associação de Moradores da favela, que nega ter o suporte do tráfico. O próprio Claudinho já disse, porém, que toda a Rocinha está com ele, que "cem líderes" da comunidade fecharam o apoio à sua candidatura. Uma vez escolhido o candidato, o acesso de outros postulantes a uma vaga de vereador estaria sendo impedido na favela.
- Vou comunicar à Chefia de Polícia, que deve encaminhar ao Ministério Público Eleitoral - disse Turnowski, que citou Nem como autor da carta.
Ele não soube precisar se a ata diz respeito somente ao apoio a candidatos a vereador ou se é extensiva à eleição para prefeito.
- Não importa para quem é. Não podemos deixar que o tráfico crie currais eleitorais dentro da favela - disse o delegado.
No sexto item do texto - encontrado numa casa luxuosa para os padrões da Rocinha, na localidade conhecida como Sítio dos Macacos, próximo à Mata da Dionéia -, a determinação é clara: "Todo empenho para o candidato da Rocinha, não aceito derrota!!! Ninguém trabalhando para candidato de fora. Não agendar visita. Não convidar para eventos". Na ordem seguinte, ele diz: "Convidar os amigos que trabalham para outro político para a próxima reunião. Quem faltar vai mandar buscar". Também está expresso: "Próxima reunião sexta-feira que vem, cada liderança trazer uma estratégia mais detalhada para a campanha do candidato da Rocinha".
A última recomendação diz que pedido do candidato da Rocinha não pode ser negado em nenhum segmento (vans, mototáxis). Na lista de assuntos a serem tratados na reunião também está o tema das vans, que não foi detalhado. Há ainda nomes de pessoas e o que deverá ser tratado com cada uma delas.
Cobrança entre líderes para obediência política
O nome João Lúcio, no item dois, pode ser referência ao dono de uma empresa de material de construção que atua na Rocinha. O texto da ata indica que ele não iria apoiar Claudinho da Academia. O trecho "falou que só tinha um voto e até o da mulher ia tentar conseguir" mostraria que nem o voto da esposa ele garantiria, na interpretação da polícia.
O William citado no item três seria o ex-presidente da União Pró-Melhoramento dos Moradores da Rocinha William de Oliveira. Ele teria dado declaração na imprensa, há dois meses, sobre um suposto toque de recolher que existiria na comunidade. O texto representaria uma cobrança a William, já que ele não é mais presidente da associação: "Matéria do jornal sobre toque de recolher. Qual o seu objetivo? Liderança institucional não é mais você". O quarto ponto é uma possível referência a Wallace Pereira, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Barcelos (Amabb).
O trecho que fala do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal seria uma cobrança de Nem sobre o uso de um campo de futebol que serviu de canteiro de obras. O dinheiro da indenização não teria sido distribuído corretamente entre moradores da região. O nome do item cinco indica alusão a Waldemar do gás, dono de um depósito de gás na região. Ex-vice-presidente da Associação de Moradores da Rocinha, ele teria rompido com Claudinho. Poderia perder a autorização para vender gás na região.
Participaram da operação na Rocinha cerca de 200 policiais civis, de cinco delegacias especializadas, que tentavam prender Anderson Mendonça Coelho e Rogério Rios Mosqueira, o Roupinol, chefes do tráfico no Morro da Mineira, acusados de participar da morte de três jovens no Morro da Providência. Segundo a polícia, eles estavam escondidos na favela de São Conrado sob a proteção de Nem. Todos conseguiram fugir.
Ediane Merola e Flávio Tabak
Na casa do traficante da Rocinha, polícia apreende texto que ordena coação a eleitores
Um documento com determinações expressas, exigindo "todo empenho para o candidato da Rocinha, não aceito derrota!!!", foi encontrado ontem dentro da casa do chefe do tráfico de drogas na favela, Antônio Bomfim Lopes, o Nem. A ata de duas páginas, que lista nove itens que seriam discutidos numa reunião na favela, foi apreendida em operação policial ontem na Rocinha e apresentada pelo delegado Allan Turnowski, diretor das Delegacias Especializadas, que comandou a operação para prender traficantes da facção criminosa local. Para o delegado, o documento prova que o tráfico transformou a favela num curral eleitoral.
Segundo denúncias, o traficante Nem apoiaria o candidato a vereador Claudinho da Academia (PSDC), presidente da Associação de Moradores da favela, que nega ter o suporte do tráfico. O próprio Claudinho já disse, porém, que toda a Rocinha está com ele, que "cem líderes" da comunidade fecharam o apoio à sua candidatura. Uma vez escolhido o candidato, o acesso de outros postulantes a uma vaga de vereador estaria sendo impedido na favela.
- Vou comunicar à Chefia de Polícia, que deve encaminhar ao Ministério Público Eleitoral - disse Turnowski, que citou Nem como autor da carta.
Ele não soube precisar se a ata diz respeito somente ao apoio a candidatos a vereador ou se é extensiva à eleição para prefeito.
- Não importa para quem é. Não podemos deixar que o tráfico crie currais eleitorais dentro da favela - disse o delegado.
No sexto item do texto - encontrado numa casa luxuosa para os padrões da Rocinha, na localidade conhecida como Sítio dos Macacos, próximo à Mata da Dionéia -, a determinação é clara: "Todo empenho para o candidato da Rocinha, não aceito derrota!!! Ninguém trabalhando para candidato de fora. Não agendar visita. Não convidar para eventos". Na ordem seguinte, ele diz: "Convidar os amigos que trabalham para outro político para a próxima reunião. Quem faltar vai mandar buscar". Também está expresso: "Próxima reunião sexta-feira que vem, cada liderança trazer uma estratégia mais detalhada para a campanha do candidato da Rocinha".
A última recomendação diz que pedido do candidato da Rocinha não pode ser negado em nenhum segmento (vans, mototáxis). Na lista de assuntos a serem tratados na reunião também está o tema das vans, que não foi detalhado. Há ainda nomes de pessoas e o que deverá ser tratado com cada uma delas.
Cobrança entre líderes para obediência política
O nome João Lúcio, no item dois, pode ser referência ao dono de uma empresa de material de construção que atua na Rocinha. O texto da ata indica que ele não iria apoiar Claudinho da Academia. O trecho "falou que só tinha um voto e até o da mulher ia tentar conseguir" mostraria que nem o voto da esposa ele garantiria, na interpretação da polícia.
O William citado no item três seria o ex-presidente da União Pró-Melhoramento dos Moradores da Rocinha William de Oliveira. Ele teria dado declaração na imprensa, há dois meses, sobre um suposto toque de recolher que existiria na comunidade. O texto representaria uma cobrança a William, já que ele não é mais presidente da associação: "Matéria do jornal sobre toque de recolher. Qual o seu objetivo? Liderança institucional não é mais você". O quarto ponto é uma possível referência a Wallace Pereira, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Barcelos (Amabb).
O trecho que fala do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal seria uma cobrança de Nem sobre o uso de um campo de futebol que serviu de canteiro de obras. O dinheiro da indenização não teria sido distribuído corretamente entre moradores da região. O nome do item cinco indica alusão a Waldemar do gás, dono de um depósito de gás na região. Ex-vice-presidente da Associação de Moradores da Rocinha, ele teria rompido com Claudinho. Poderia perder a autorização para vender gás na região.
Participaram da operação na Rocinha cerca de 200 policiais civis, de cinco delegacias especializadas, que tentavam prender Anderson Mendonça Coelho e Rogério Rios Mosqueira, o Roupinol, chefes do tráfico no Morro da Mineira, acusados de participar da morte de três jovens no Morro da Providência. Segundo a polícia, eles estavam escondidos na favela de São Conrado sob a proteção de Nem. Todos conseguiram fugir.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO
Crivella lidera com 24%; Paes sobe 4 pontos
Pesquisa mostra que peemedebista, com 13%, empata tecnicamente em 2º com Jandira (16%) e tira votos de Solange (DEM)
Crivella, do PRB, atinge o maior índice de rejeição, com 31%; na simulação de 2º turno, Jandira (PC do B) tem 45% e Crivella, 38%
DA SUCURSAL DO RIO
Crivella lidera com 24%; Paes sobe 4 pontos
Pesquisa mostra que peemedebista, com 13%, empata tecnicamente em 2º com Jandira (16%) e tira votos de Solange (DEM)
Crivella, do PRB, atinge o maior índice de rejeição, com 31%; na simulação de 2º turno, Jandira (PC do B) tem 45% e Crivella, 38%
DA SUCURSAL DO RIO
Em 20 dias de campanha eleitoral, pesquisa Datafolha revela que o candidato do PMDB à Prefeitura do Rio, Eduardo Paes, cresceu quatro pontos percentuais, atingiu 13% das intenções de voto e está tecnicamente empatado em segundo lugar na disputa com Jandira Feghali (PC do B), que tem 16% (oscilação negativa de um ponto). Marcelo Crivella (PRB) passou de 26% para 24% dos votos e segue como líder na preferência dos eleitores.
Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, Jandira pode ter entre 19% e 13%, e Paes, entre 10% e 16%, o que configura empate técnico.
Depois aparecem Fernando Gabeira (PV), com 7%, Solange Amaral (DEM), 5%, Chico Alencar (PSOL), 3%, e Alessandro Molon (PT) e Paulo Ramos (PDT), com 2% cada um. Os demais tiveram 1% ou menos das intenções de voto.
A pesquisa mostra que Paes tirou votos da candidata do DEM: Solange perdeu cinco pontos percentuais desde 4 de julho, e o candidato do PMDB obtém sua maior taxa de voto (20%) entre os que avaliam o atual prefeito, Cesar Maia (DEM), como ótimo ou bom.
Paes entrou para a política pelas mãos de Maia, do qual hoje é desafeto. Ao romper com Maia, foi para o PSDB e depois para o PMDB, a convite do governador Sérgio Cabral Filho, do qual se tornou secretário de Turismo, Esportes e Lazer. O DEM entrou com pedido de impugnação da candidatura de Paes, alegando que ele se desincompatibilizou fora do prazo. A questão ainda não foi julgada.
Crivella é o candidato com maior índice de rejeição, segundo o Datafolha, com 31% dos eleitores dizendo que não votariam nele de maneira alguma. Por outro lado, os que dizem que vão votar nele são os mais decididos (66% estão "totalmente decididos"). A taxa de rejeição de Gabeira atinge 21%; a de Solange, 18%; a de Jandira, 14%; e a de Paes, 12%.
Jandira tem melhor resultado entre os simpatizantes do PT (28%) e os mais escolarizados (21%). Gabeira atinge seu maior índice entre os de renda superior a dez mínimos (20%).
O Datafolha fez apenas uma simulação de segundo turno. Quando questionados em quem votariam se a disputa ficasse entre Crivella e Jandira, 45% dos entrevistados disseram optar pela comunista contra 38% dos apoiadores do candidato do PRB, uma diferença de sete pontos percentuais.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Marta e Alckmin dividem liderança da disputa em SP
Kassab (11%) tem oscilação negativa e está em 3º, empatado tecnicamente com Maluf (8%)
Vantagem da petista sobre o tucano caiu de sete para quatro pontos percentuais; 3% dos eleitores dizem não saber em quem vão votar
Marta e Alckmin dividem liderança da disputa em SP
Kassab (11%) tem oscilação negativa e está em 3º, empatado tecnicamente com Maluf (8%)
Vantagem da petista sobre o tucano caiu de sete para quatro pontos percentuais; 3% dos eleitores dizem não saber em quem vão votar
CATIA SEABRADA REPORTAGEM LOCAL
A 25 dias do início da propaganda na TV e no rádio, a candidata do PT, Marta Suplicy, e o tucano Geraldo Alckmin dividem, tecnicamente empatados, a liderança da corrida pela Prefeitura de São Paulo, revela o Datafolha. Segundo pesquisa realizada ontem e anteontem, Marta tem 36% das intenções contra 32% de Alckmin.
Na pesquisa anterior -de 3 e 4 de julho- Marta liderava a disputa com 38% da preferência. Alckmin tinha 31%. De lá para cá, a vantagem de Marta sobre Alckmin caiu de sete para quatro pontos percentuais. Ela sofreu uma oscilação negativa de dois pontos e o tucano teve variação positiva de um ponto.
Antes com 13% das intenções de voto, o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), teve uma variação negativa de dois pontos percentuais e -com 11%- está tecnicamente empatado na terceira colocação com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que se mantém com 8%. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
O Datafolha ouviu 1.099 pessoas ontem e anteontem. A pesquisa foi realizada numa parceria entre a Folha e a TV Globo.
Para o diretor de pesquisa do Datafolha, Alessandro Janoni, "o cenário é de polarização". "Hoje, a grande maioria do eleitorado está dividida entre dois candidatos", disse.
Marta discorda: "Não está ainda polarizando porque quando começa a [campanha na] TV que é que você vê, nas primeiras semanas, para onde vai caminhar", afirmou. Kassab não foi localizado e Alckmin está em viagem na Colômbia.
Ainda segundo Janoni, seria necessária mais uma rodada de pesquisa para conferir se Kassab enfrenta tendência de queda. Essa é apenas a segunda pesquisa Datafolha desde a oficialização das candidaturas.
Comparável às anteriores, a pesquisa espontânea aponta para essa trajetória descendente. Segundo a espontânea -em que o eleitor declara seu voto antes da apresentação da lista de candidatos-, Kassab sofreu queda de seis pontos do dia 15 de maio até julho, passando de 13% para os atuais 7%. Ainda segundo o Datafolha, Marta lidera hoje a espontânea com 22%. Alckmin tem 13%.
Os kassabistas apostam na propaganda gratuita para a reversão dos números. A preocupação é resistir até o dia 19 de agosto sem inaugurações.
Os últimos 20 dias coincidem com o período de afastamento do governador José Serra (PSDB) da cena política. Desde o dia 6, início oficial da campanha, Kassab está proibido de participar de inaugurações, que funcionavam como pretexto para aparições ao lado do governador. Longe de palanques, Serra também pôs um pé na candidatura do PSDB. A pedido de Alckmin, o governador passou a recomendar potenciais doadores. E vereadores tucanos tiveram de se render à candidatura.
A 73 dias do primeiro turno, o Datafolha também consultou eleitores sobre seu grau de convicção. Segundo a pesquisa, 3% dos entrevistados dizem não saber em quem votar. Dos que declararam o voto, 26% admitiram que podem mudar, sendo que 79% dos eleitores de Marta se disseram decididos contra 69% de Alckmin e 66% de Kassab. Alckmin é o que tem mais chances de receber voto dos indecisos: 38%, enquanto 21% disseram que poderiam votar em Marta e 7%, em Kassab.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
ELEIÇÕES 2008 / BELO HORIZONTE
Candidata do PC do B lidera em BH; 5 rivais disputam o 2º lugar
Datafolha mostra comunista com 20%; Quintão, Lacerda, Vanessa, Miranda e Valadares estão empatados em 2º lugar
Margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais; 26% dizem estar indecisos e outros 22% afirmam que votarão em branco ou nulo
PAULO PEIXOTODA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Uma candidata comunista que conta com o apoio do presidente interino da República, José Alencar (PRB), lidera a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, saindo na frente de Marcio Lacerda (PSB), apoiado pelo governador tucano Aécio Neves e pelo prefeito petista Fernando Pimentel.
A deputada federal Jô Moraes (PC do B) aparece em primeiro na primeira pesquisa Datafolha em Belo Horizonte após a definição dos candidatos, com 20% das intenções de voto.
Ela está 11 pontos percentuais à frente de seu colega de Câmara, Leonardo Quintão (PMDB), que tem 9%.
No segundo lugar, porém, há um quíntuplo empate, já que Vanessa Portugal (PSTU) e Lacerda têm 6% das intenções de voto, o ex-deputado federal Sérgio Miranda (PDT) aparece com 5%, e o candidato do DEM, o deputado estadual Gustavo Valadares, com 4%.
O empate ocorre porque a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
A pesquisa, registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Minas com o número 47.265-2008, foi realizada anteontem e ontem. Foram entrevistados 829 eleitores.
Os maiores percentuais aferidos pelo Datafolha são para os indecisos, que são 26%. Já 22% dos entrevistados disseram que votariam em branco ou nulo se a eleição fosse hoje.
Jorge Periquito (PRTB) e André (PT do B) têm 1% cada um. Pepê (PCO) não atingiu 1%.Indecisos
Jô Moraes lidera também na situação em que os entrevistados respondem de forma espontânea em qual candidato pretendem votar, mas está empatada tecnicamente com Lacerda -ela obteve 5%, e ele, 2%. Na consulta espontânea, no entanto, os indecisos são 79%.
É jogando com esse percentual de indecisos que os candidatos esperam crescer nas intenções de voto, após o começo da propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
A campanha de Marcio Lacerda aposta nisso, como deixou claro durante a semana o governador ao dizer que a campanha está "muito bem colocada" e que apenas agora o candidato dele "começa a ser conhecido pela população".
Aécio e Pimentel serão estrelas no programa do PSB, mas o governador não poderá falar no rádio e na TV porque o PSDB está coligado informalmente à aliança -devido ao veto imposto pela Direção Nacional do PT.
A candidata comunista tem o PRB de Alencar em sua coligação, possui o apoio da esquerda do PT e atrai petistas contrários à aliança com o PSDB. Ela tem o melhor desempenho entre os eleitores mais escolarizados (28%) e entre os que possuem renda acima de dez salários mínimos (26%).
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
ELEIÇÕES 2008 / RECIFE
Ex-governador lidera disputa em Recife após fim de aliança
FÁBIO GUIBUDA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Ex-governador lidera disputa em Recife após fim de aliança
FÁBIO GUIBUDA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O rompimento da aliança estadual de 12 anos entre o PMDB e o DEM beneficiou o ex-governador de Pernambuco José Mendonça Filho (DEM), que lidera a disputa pela Prefeitura de Recife na primeira pesquisa Datafolha feita na cidade após o registro das candidaturas pela Justiça Eleitoral.
Mesmo com a candidatura de Raul Henry (PMDB), que tem o apoio do senador do partido Jarbas Vasconcelos, 46% dos entrevistados que se declararam simpatizantes do PMDB disseram que votarão no ex-governador no primeiro turno.Com 30% das intenções de voto, Mendonça está oito pontos percentuais à frente de Cadoca (PSC) e de João da Costa (PT), que aparecem empatados em segundo lugar, com 22%. Raul Henry (PMDB) vem em seguida, com 7%.
Katia Telles (PSTU), Roberto Numeriano (PCB) e Edilson Silva (PSOL) foram citados por 1% dos entrevistados cada um. Declararam que votarão em branco ou nulo 8% dos eleitores. Outros 8% não souberam dizer seu candidato preferido.Cadoca é o candidato mais rejeitado: 29% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum. Em segundo lugar, aparecem tecnicamente empatados Katia Telles (24%), João da Costa (22%), Roberto Numeriano e Mendonça (21%). Raul e Edilson Silva foram citados por 18%.
O Datafolha entrevistou ontem e anteontem 831 eleitores com 16 anos ou mais. A margem de erro máxima do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número 025/2008.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
ELEIÇÕES 2008 / SALVADOR
ACM Neto e Imbassahy empatam em 1º
Em Salvador, segue em terceiro lugar o prefeito João Henrique, que é o candidato com o maior índice de rejeição, 38%
Na avaliação da gestão do atual prefeito, do PMDB, 16% dos eleitores acham a administração boa/ótima; para 35%, é ruim/péssima
LUIZ FRANCISCODA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) e o ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB) lideram a primeira pesquisa Datafolha para a Prefeitura de Salvador após o registro das candidaturas no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).ACM Neto aparece com 27% das intenções de voto, seguido de Imbassahy, com 25%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, o que significa que o candidato do DEM e o tucano estão tecnicamente empatados na liderança.
O atual prefeito, João Henrique Carneiro (PMDB), está em terceiro lugar, com 19%.
O deputado federal Walter Pinheiro (PT) está em quarto, com 7%, seguido do servidor público Hilton Coelho (PSOL), que tem 1%.
Juntos, ACM Neto e Imbassahy, que possuem o mesmo DNA político, têm 52% das intenções de voto. Imbassahy foi prefeito de Salvador durante oito anos, quando era aliado do senador Antonio Carlos Magalhães (morto em julho de 2007). O rompimento político aconteceu em 2005.
O Datafolha ouviu 831 eleitores da capital baiana anteontem e ontem. A pesquisa foi registrada no TRE com o número 211/2008. Segundo a pesquisa, 20% dos eleitores não têm candidato: 13% votariam em branco ou nulo e 7% estão indecisos.
Na intenção de voto espontânea -na qual o eleitor declara seu voto antes da apresentação da lista de candidatos-, há empate técnico entre o democrata (12%), o tucano (9%) e o peemedebista (7%).
Em relação à rejeição dos candidatos, 38% dos eleitores afirmam que não votam no prefeito João Henrique Carneiro. Depois, pela ordem, aparecem Antonio Carlos Magalhães Neto (26%), Hilton Coelho (25%), Walter Pinheiro (20%) e Antonio Imbassahy (19%).
Dos entrevistados que declararam voto em ACM Neto, 66% afirmam que estão totalmente decididos. O índice é de 55% entre os que se dizem eleitores de Imbassahy. Dos que optaram por João Henrique, 64% dizem que não mudarão o voto.
A pesquisa também mensurou o desempenho do atual prefeito. Para 16% dos eleitores, o peemedebista realiza uma administração boa ou ótima, 46% consideram o seu governo regular, e 35% afirmaram que o trabalho desenvolvido é ruim ou péssimo. Entre os ouvidos pelo Datafolha, 2% não souberam avaliar a gestão.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
ELEIÇÕES 2008 – CURITIBA
Tucano seria reeleito no 1º turno em Curitiba com 72% dos votos
Beto Richa lidera disputa, seguido pela petista Gleisi Hoffmann, com 12%
Tucano seria reeleito no 1º turno em Curitiba com 72% dos votos
Beto Richa lidera disputa, seguido pela petista Gleisi Hoffmann, com 12%
DIMITRI DO VALLEDA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Se a eleição em Curitiba fosse hoje, o prefeito Beto Richa (PSDB) seria reeleito no primeiro turno. É o que aponta a primeira pesquisa Datafolha feita após o registro das candidaturas no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná.
O tucano lidera a disputa com 72% das intenções de voto. Em segundo, aparece a petista Gleisi Hoffmann, mulher do ministro Paulo Bernardo (Planejamento), com 12%.
Fábio Camargo (PTB) é o terceiro, com 3%. Estão em empate técnico com o petebista, Bruno Meirinho (PSOL) e Reitor Moreira (PMDB), com 1%.Os demais candidatos apresentados na pesquisa -Maurício Furtado (PV), Lauro Rodrigues (PT do B) e Ricardo Gomyde (PC do B)- não atingiram 1% das intenções de voto.
O Datafolha ouviu 938 eleitores de Curitiba ontem e anteontem. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TRE com o número 1631/08.
Na consulta espontânea, quando o eleitor é convidado a citar o nome de seu candidato, o tucano aparece de novo em primeiro, ao ser lembrado por 45% dos eleitores. A petista Gleisi Hoffmann fica em segundo, com 4%.
Os outros candidatos mencionados -Fábio Camargo, Reitor Moreira e Bruno Meirinho- não chegam a 1%.
De acordo com o Datafolha, 4% dos entrevistados declararam que vão votar em branco ou nulo ou preferem não escolher nenhum dos candidatos. Os que não sabem somam 6%.
Em comparação à pesquisa anterior do Datafolha, divulgada em novembro, quando os nomes ainda não estavam totalmente definidos, os dois primeiros colocados apresentaram crescimento. Richa, na ocasião, tinha 58%, e Gleisi, 9%.Na pesquisa, o eleitor também avaliou a administração do prefeito. Para 79% dos entrevistados, o desempenho de Richa é ótimo ou bom (em novembro, eram 75%). Outros 16% o qualificam como regular, e 4% acham a administração ruim ou péssima. Apenas 1% do eleitor não soube opinar.
Para 78%, Richa tem nota entre sete a dez. A nota média de sua administração fica em 7,6, superior aos 7,4 de novembro.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
ELEIÇÕES 2008 / PORTO ALEGRE
Fogaça lidera; PT e PC do B disputam 2º lugar
Atual prefeito tem 29% das intenções de votos, enquanto Maria do Rosário aparece com 20% e Manuela D'Ávila, com 18%Na espontânea, 61% dos entrevistados disseram que ainda não sabem em quem vão votar; peemedebista tem a maior rejeição, 25%
GRACILIANO ROCHADA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O prefeito José Fogaça (PMDB) lidera a disputa pela Prefeitura de Porto Alegre com 29% das intenções de voto, mostra a primeira pesquisa Datafolha feita após a oficialização das candidaturas.
Na disputa pelo segundo lugar, aparecem tecnicamente empatadas as deputadas federais Maria do Rosário (PT), com 20%, e Manuela D'Ávila (PC do B), com 18%.A pesquisa Datafolha, realizada ontem e anteontem com 829 eleitores, tem margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos, e foi registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) gaúcho com o número 9/2008.A candidata do PSOL, Luciana Genro, alcançou 8%. Onyx Lorenzoni (DEM) teve 5%. Obtiveram 1% Nelson Marchezan (PSDB), Vera Guasso (PSTU) e Paulo Rogowski (PHS).
Eleitores que declararam votar branco ou nulo somam 8%.Na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor escolhe um candidato sem que lhe sejam oferecidas opções, Fogaça também aparece na dianteira, com 12%, seguido por Maria do Rosário (8%) e Manuela (7%).
Luciana Genro e Onyx Lorenzoni foram citados, respectivamente, por 2% e 1% dos entrevistados pelo Datafolha.
A pesquisa revelou um alto número de indecisos. Na espontânea, 61% dos entrevistados afirmaram não saber em quem votarão em outubro.
O levantamento também indica muitos indefinidos mesmo entre os entrevistados que dizem já ter escolhido candidato: 42% deles disseram que seu voto poderia mudar.
Fogaça apresenta melhor desempenho entre os eleitores com renda superior a dez salários mínimos (39%) ou com mais de 60 anos (44%).
Maria do Rosário tem forte apoio da fatia do eleitorado descontente com a administração do peemedebista. Nesse segmento, a petista alcança 27% de preferência.
Mais jovem entre os candidatos, com 26 anos, a deputada Manuela D'Ávila alcança 31% das intenções de voto entre os que têm de 16 a 24 anos.Fogaça também enfrenta a maior rejeição. De cada quatro entrevistados, um diz que não votaria de jeito nenhum no atual prefeito. É seguido por Onyx (19%). As candidatas do PT, do PC do B e do PSOL têm índices respectivos de rejeição de 15%, 14% e 13%.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÓ PARA COMPLICAR
Eliane Catanhêde
Eliane Catanhêde
BRASÍLIA - Um monte de gente se deu mal, justa ou injustamente, com o inquérito do delegado Protógenes. Mas uma coisa é certa: a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) se deu foi bem.
Na apuração que deveria ser sobre Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta, quantos e quantas acabaram caindo no arrastão de grampos em telefones fixos, celulares, e-mails, MSN, até Skype? A esta altura, a Abin e a banda de Protógenes na PF têm um vasto dossiê, quer dizer, banco de dados, sobre tudo e todos. Pequenino exemplo: até detalhes da estratégia de defesa do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh para o italiano Cesare Battisti, sujeito a deportação.
Fica até engraçada a discussão sobre a inviolabilidade dos escritórios de advocacia. Na prática, eles já são grampeados há bastante tempo.
Qual a diferença de serem ou não investigados formalmente? O interessante é o elo entre chefiado e chefe. O chefiado é Protógenes, da PF. O seu chefe de fato é o da Abin, Paulo Lacerda, ex-PF, talvez o policial mais prestigiado na ativa hoje no país. Protógenes passa por cima do atual diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa (que abandonou o tiroteio para tirar férias), assim como Lacerda passa por cima do general Jorge Armando Félix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Até por isso, há quem diga que Protógenes e Lacerda só fazem o que querem. E a Abin e a PF estão fora de controle.
O ideal é que as energias se concentrem no inquérito e em Daniel Dantas, mas ocorre o oposto: eles passam, e as outras informações ficam. E ficam, para o bem ou para o mal, nas mãos da Abin e na PF de Lacerda e Protógenes. Muita gente, em especial no governo, está com várias pulgas atrás da orelha. Não custa lembrar o general Golbery do Couto e Silva, muitos anos e muitos sustos depois de criar o SNI (Serviço Nacional de Informações): "Criei um monstro". A Abin é herdeira direta do "monstro".
DEU NO VALOR ECONÔMICO
EM PORTO NACIONAL, A LÓGICA É LOCAL
César Felício
Quem abre a página da cidade de Porto Nacional, em Tocantins, na Internet, se depara com a cena: está lá a foto do prefeito Paulo Mourão, semblante sereno, acima da legenda PT. Ao lado, sorridente em um retrato, está o vice-prefeito Edgar Tavares, identificado como do "PFL", a antiga denominação do DEM. O município de 30 mil eleitores na região Norte é uma síntese do que se passa no processo político longe dos salões do Congresso e do Planalto.
A decifração da lógica das alianças municipais foi o tema analisado pelo cientista político Humberto Dantas de Mizuca, em sua tese de doutorado apresentada na USP em dezembro do ano passado - última orientada pela professora Maria D"Alva Gil Kinzo, falecida mês passado. Sócio da empresa de consultoria política Cepac, Dantas esmiuçou as composições partidárias nas eleições de 2000 e 2004.
Parte-se da constatação que , em eleições de turno único, como é o caso de praticamente todos os municípios do País, exceção a 77, há uma tendência de eleições polarizadas ou com poucos candidatos. O fenômeno ocorreu nas eleições passadas e se repete : segundo dados preliminares do TSE, em 2.774 cidades - ou 49,8% do total nacional - haverá apenas dois candidatos. Em outras 1.616 a disputa terá três nomes. A competição chega a quatro ou mais opções em apenas 21% dos municípios.
O quadro polarizado em um cenário com mais de vinte partidos é a porta aberta para alianças extremamente amplas. Dantas mostra que há três fatores que guiam o comportamento partidário nos pequenos e médios municipais. O menos importante deles - mas de modo algum inexistente - é o ideológico. Na eleição de 2004, a parceria entre o então PFL e o PP aconteceu em 1.653 cidades, embora a primeira sigla estivesse na oposição e a segunda muito próxima do governo Lula. Do ponto de vista político, são ramos da mesma árvore.
O pouco peso do fator ideológico nas alianças é evidenciado, segundo Dantas, quando se leva em conta não as combinações binárias como PP/DEM ou PT/PSB, mas se pensa nas coligações como um todo. Em 2004, as alianças que juntavam centro, direita e esquerda somaram 35% do total nas pequenas e médias cidades. As restritas às esquerdas não passaram de 10%. As que envolviam apenas a direita, 5%. Composições de centro-esquerda ou centro-direita somavam 20%.
O segundo fator é o federal. A necessidade de se ter uma espécie de despachante de interesses locais junto aos ministérios impulsionou o PT nas últimas eleições como havia impulsionado o PSDB nos dois pleitos anteriores. "O PT capilarizou-se, mas nas pequenas cidades ficou muito diferente do que é nas grandes. Bebe na fonte do governisno e tornou-se uma espécie de franquia", comenta o cientista político. Entre 2000 e 2004, o PT passou de 80 para 219 prefeituras conquistadas entre os municípios com menos de dez mil eleitores. Em 2000, havia disputado com a cabeça de chapa ou a vice em 2.722 municípios. Quatro anos depois, houve 4.634 candidatos a prefeito ou vice petistas.
Alianças de PT com PSDB só fazem crescer
Este PT "muito diferente" ignorou normas partidárias nas eleições passadas para se compor com tucanos e pefelistas nos pequenos e médios municípios. O PT e o PSDB haviam estado juntos em 451 cidades há oito anos. Em 2004, com o PT no governo federal e com suas "franquias" abertas nos grotões, o número de alianças dobrou: foram 904. Ainda não há números precisos sobre o que ocorreu este ano, mas dados preliminares apontam a parceria tucano-petista em 1.130 municípios. Um em cada cinco.
É o terceiro fator de influência nas alianças municipais que explica o chamego PT/PSDB parecer proibido apenas em Belo Horizonte: o peso do governo estadual. "A formação das maiorias estaduais é o grande eixo das eleições municipais. No Acre em 2004 a polarização era entre o PT, de um lado, e o eixo PMDB-PP, do outro. O PSDB estava mais próximo dos petistas. As parcerias entre tucanos com pefelistas e com petistas na Bahia foram relativamente comuns. O que não aconteceu foram associações entre PT e PFL , que estavam em pólos opostos ", diz Dantas.
Dantas mostra que em 2004 o PSDB esteve com o PT em mais de um terço dos municípios em que disputou a eleição em cinco Estados: Amapá, Bahia, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Em todos petistas e tucanos estavam fora do comando local.
O partido do governador foi o carro-chefe das alianças na eleição passada. A sigla que comanda a máquina estadual apareceu com candidato próprio em mais da metade dos municípios em 21 dos 26 Estados. Em 23 deles, exceção a Tocantins, Piauí e Amapá, estava presente nas alianças de pelo menos 90% das cidades.
Um exemplo do protagonismo do governador vem do Rio Grande do Norte, onde Wilma de Faria já governava em 2004, pelo esquerdista PSB. Nada menos que PFL, PP, PSDB, PT, PPS, PDT e PL (atual PR) procuraram o PSB como parceiro em no mínimo um terço dos municípios em que disputaram .
"Como o PT entrou nos grandes municípios e o governador ainda é o grande ator político, o resultado é que as alianças tornaram-se menos ideológicas no governo Lula do que eram no governo Fernando Henrique", sustenta Dantas, que explica: no governo do tucano, os petistas eram menos numerosos e excluídos da base de apoio não só do governo federal.
Tornavam-se parceiros pouco interessantes para os governadores e suas bases aliadas. É a dependência do prefeito de um grotão em relação ao governador de seu Estado e a vulnerabilidade dos Estados diante da União que favorecem alianças heterodoxas.
O PT em Tocantins cresceu em importância à medida em que desmoronava a grande frente "União por Tocantins" que mantinha a hegemonia no Estado nas mãos da família Siqueira Campos. Eleito nesta frente, o governador Marcelo Miranda , inicialmente no PFL e hoje no PMDB aproximou-se dos petistas e a aparentemente exótica aliança em Porto Nacional está neste contexto. Os políticos e eleitores tocantinenses não são mais pragmáticos ou menos ideológicos que a média nacional. Só organizam seu mundo pela própria perspectiva.
César Felício
Quem abre a página da cidade de Porto Nacional, em Tocantins, na Internet, se depara com a cena: está lá a foto do prefeito Paulo Mourão, semblante sereno, acima da legenda PT. Ao lado, sorridente em um retrato, está o vice-prefeito Edgar Tavares, identificado como do "PFL", a antiga denominação do DEM. O município de 30 mil eleitores na região Norte é uma síntese do que se passa no processo político longe dos salões do Congresso e do Planalto.
A decifração da lógica das alianças municipais foi o tema analisado pelo cientista político Humberto Dantas de Mizuca, em sua tese de doutorado apresentada na USP em dezembro do ano passado - última orientada pela professora Maria D"Alva Gil Kinzo, falecida mês passado. Sócio da empresa de consultoria política Cepac, Dantas esmiuçou as composições partidárias nas eleições de 2000 e 2004.
Parte-se da constatação que , em eleições de turno único, como é o caso de praticamente todos os municípios do País, exceção a 77, há uma tendência de eleições polarizadas ou com poucos candidatos. O fenômeno ocorreu nas eleições passadas e se repete : segundo dados preliminares do TSE, em 2.774 cidades - ou 49,8% do total nacional - haverá apenas dois candidatos. Em outras 1.616 a disputa terá três nomes. A competição chega a quatro ou mais opções em apenas 21% dos municípios.
O quadro polarizado em um cenário com mais de vinte partidos é a porta aberta para alianças extremamente amplas. Dantas mostra que há três fatores que guiam o comportamento partidário nos pequenos e médios municipais. O menos importante deles - mas de modo algum inexistente - é o ideológico. Na eleição de 2004, a parceria entre o então PFL e o PP aconteceu em 1.653 cidades, embora a primeira sigla estivesse na oposição e a segunda muito próxima do governo Lula. Do ponto de vista político, são ramos da mesma árvore.
O pouco peso do fator ideológico nas alianças é evidenciado, segundo Dantas, quando se leva em conta não as combinações binárias como PP/DEM ou PT/PSB, mas se pensa nas coligações como um todo. Em 2004, as alianças que juntavam centro, direita e esquerda somaram 35% do total nas pequenas e médias cidades. As restritas às esquerdas não passaram de 10%. As que envolviam apenas a direita, 5%. Composições de centro-esquerda ou centro-direita somavam 20%.
O segundo fator é o federal. A necessidade de se ter uma espécie de despachante de interesses locais junto aos ministérios impulsionou o PT nas últimas eleições como havia impulsionado o PSDB nos dois pleitos anteriores. "O PT capilarizou-se, mas nas pequenas cidades ficou muito diferente do que é nas grandes. Bebe na fonte do governisno e tornou-se uma espécie de franquia", comenta o cientista político. Entre 2000 e 2004, o PT passou de 80 para 219 prefeituras conquistadas entre os municípios com menos de dez mil eleitores. Em 2000, havia disputado com a cabeça de chapa ou a vice em 2.722 municípios. Quatro anos depois, houve 4.634 candidatos a prefeito ou vice petistas.
Alianças de PT com PSDB só fazem crescer
Este PT "muito diferente" ignorou normas partidárias nas eleições passadas para se compor com tucanos e pefelistas nos pequenos e médios municípios. O PT e o PSDB haviam estado juntos em 451 cidades há oito anos. Em 2004, com o PT no governo federal e com suas "franquias" abertas nos grotões, o número de alianças dobrou: foram 904. Ainda não há números precisos sobre o que ocorreu este ano, mas dados preliminares apontam a parceria tucano-petista em 1.130 municípios. Um em cada cinco.
É o terceiro fator de influência nas alianças municipais que explica o chamego PT/PSDB parecer proibido apenas em Belo Horizonte: o peso do governo estadual. "A formação das maiorias estaduais é o grande eixo das eleições municipais. No Acre em 2004 a polarização era entre o PT, de um lado, e o eixo PMDB-PP, do outro. O PSDB estava mais próximo dos petistas. As parcerias entre tucanos com pefelistas e com petistas na Bahia foram relativamente comuns. O que não aconteceu foram associações entre PT e PFL , que estavam em pólos opostos ", diz Dantas.
Dantas mostra que em 2004 o PSDB esteve com o PT em mais de um terço dos municípios em que disputou a eleição em cinco Estados: Amapá, Bahia, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Em todos petistas e tucanos estavam fora do comando local.
O partido do governador foi o carro-chefe das alianças na eleição passada. A sigla que comanda a máquina estadual apareceu com candidato próprio em mais da metade dos municípios em 21 dos 26 Estados. Em 23 deles, exceção a Tocantins, Piauí e Amapá, estava presente nas alianças de pelo menos 90% das cidades.
Um exemplo do protagonismo do governador vem do Rio Grande do Norte, onde Wilma de Faria já governava em 2004, pelo esquerdista PSB. Nada menos que PFL, PP, PSDB, PT, PPS, PDT e PL (atual PR) procuraram o PSB como parceiro em no mínimo um terço dos municípios em que disputaram .
"Como o PT entrou nos grandes municípios e o governador ainda é o grande ator político, o resultado é que as alianças tornaram-se menos ideológicas no governo Lula do que eram no governo Fernando Henrique", sustenta Dantas, que explica: no governo do tucano, os petistas eram menos numerosos e excluídos da base de apoio não só do governo federal.
Tornavam-se parceiros pouco interessantes para os governadores e suas bases aliadas. É a dependência do prefeito de um grotão em relação ao governador de seu Estado e a vulnerabilidade dos Estados diante da União que favorecem alianças heterodoxas.
O PT em Tocantins cresceu em importância à medida em que desmoronava a grande frente "União por Tocantins" que mantinha a hegemonia no Estado nas mãos da família Siqueira Campos. Eleito nesta frente, o governador Marcelo Miranda , inicialmente no PFL e hoje no PMDB aproximou-se dos petistas e a aparentemente exótica aliança em Porto Nacional está neste contexto. Os políticos e eleitores tocantinenses não são mais pragmáticos ou menos ideológicos que a média nacional. Só organizam seu mundo pela própria perspectiva.
César Felício é repórter de política e substitui, interinamente, a titular da coluna às sextas-feiras, Maria Cristina Fernandes.