segunda-feira, 28 de junho de 2010

Reflexão do dia – Luiz Werneck Vianna


O Brasil faz parte da Ibero-América, e rios de tinta têm sido gastos para procurar desvendar o papel dessa contingência de origem na formação da sua sociedade, animando uma controvérsia sempre renovada ao longo do tempo. Essa origem seria uma herança desafortunada com a qual teríamos que romper a fim de começar uma nova história mais justa e igualitária, segundo alguns, ou, contrariamente, um legado valioso a partir do qual teríamos assentado os fundamentos cruciais para o empreendimento de uma bem-sucedida construção do nosso Estado-nação. Entre esses fundamentos o que nos garantiu a unidade territorial, evitando-se a balcanização do país, e uma certa configuração da dimensão do público capaz de impor limites aos potentados locais, daí resultando a instituição de um sistema de ordem racional-legal de pressupostos liberais.


(Luiz Werneck Vianna, em artigo, A viagem de volta da América à Ibéria, hoje, no Valor Econômico)

A viagem de volta da América à Ibéria:: Luiz Werneck Vianna

DEU NO VALOR ECONÔMICO

O Brasil faz parte da Ibero-América, e rios de tinta têm sido gastos para procurar desvendar o papel dessa contingência de origem na formação da sua sociedade, animando uma controvérsia sempre renovada ao longo do tempo. Essa origem seria uma herança desafortunada com a qual teríamos que romper a fim de começar uma nova história mais justa e igualitária, segundo alguns, ou, contrariamente, um legado valioso a partir do qual teríamos assentado os fundamentos cruciais para o empreendimento de uma bem-sucedida construção do nosso Estado-nação. Entre esses fundamentos o que nos garantiu a unidade territorial, evitando-se a balcanização do país, e uma certa configuração da dimensão do público capaz de impor limites aos potentados locais, daí resultando a instituição de um sistema de ordem racional-legal de pressupostos liberais.

Desde o Império, a recusa a essa herança e a sua identificação como raiz dos nossos males, como na crítica do publicista Tavares Bastos, encontrou sua inspiração no que seria o feliz exemplo americano. A centralização de estilo asiático, herdada da metrópole, sufocaria as energias vivas do país, que estaria dominado por uma burocracia parasitária, que impediria seus cidadãos de conhecerem as práticas das liberdades públicas, única escola que poderia educá-los para o civismo. Esse diagnóstico, animado pelos ideais do self-government americano, esteve na base da reivindicação pela Federação, inspiração forte das elites estaduais, principalmente as de São Paulo, que logo se uniram contra o Império no movimento republicano.

Se o Império seria a Ibéria e suas tradições cediças, a República nascente se voltaria para o modelo americano, como na sua carta de identidade apresentada em sua Constituição de 1891, na institucionalização da Federação e na valorização da cultura material e culto do desenvolvimento das forças produtivas, exemplar no fervor com que Rui Barbosa, então ministro da Fazenda do Governo Provisório, se atirou na campanha pela expansão da malha da rede ferroviária. Mas, logo a 1ª República perverteu, com a chamada política dos governadores, os ideais federativos, traduzindo o seu Estado os interesses particularistas dos estados hegemônicos - São Paulo e Minas Gerais - e vinculando o poder local ao Poder Central por meio do sistema do coronelismo. Restaurou-se, assim, a centralização que antes fora denunciada como herança de uma Ibéria patrimonialista.

A americanização que não nos veio com as instituições políticas da Carta liberal de 1891, virá "por cima" com a Revolução de 1930 e a partir de uma fórmula corporativa autoritária. A indústria e a imposição do ethos do industrialismo passam a ser os fins a serem perseguidos pela política do Estado, em uma ação reformadora de largo alcance: cria-se o Dasp no objetivo de favorecer o mérito no acesso ao serviço público, e sobretudo uma legislação trabalhista que, além de regular o mercado de trabalho dos assalariados urbanos em âmbito nacional, deveria se instituir como meio de valorização da ética no trabalho e escola de civismo para os trabalhadores nos sindicatos tutelados pelo Estado.

Dessa forma, inaugurava-se um arranjo paradoxal, que persistirá pelas longas décadas do processo de modernização autoritária do país, em que seria a nossa tradição ibérica, com sua precedência da esfera pública sobre a esfera privada, a responsável pela realização das aspirações americanas em favor de uma cultura material robusta e de uma moderna sociedade de massas. Resultado bem distante dos anelos americanistas dos nossos liberais que preconizavam a conquista do moderno por uma via "natural", de baixo para cima, na expectativa de que a crescente diversificação da estrutura econômica, e a complexificação social a ela associada, viessem a gerar uma moderna sociedade de classes.

O regime militar esgotou as possibilidades desse arranjo, inclusive em razão dos seus próprios êxitos na modernização econômica e social do país. Mudara a demografia, a população passara a ser majoritariamente urbana, transformara-se a composição da estrutura de classes, inclusive a classe operária dos centros industriais mais modernos, e, por toda parte, uma nova sociedade emergente reclamava liberdades civis e públicas e autonomia para suas associações. O PT nasce nesse novo contexto, expressando a necessidade de um novo sindicalismo em ruptura com as antigas estruturas corporativas que o vinculavam ao Estado e a seus fins. Marca de origem a defesa do princípio da supremacia das bases da vida associativa sobre seus vértices, a autonomia da sociedade civil diante do Estado e a valorização da auto-organização do social. Assim, desde a crítica dos publicistas liberais à malfadada herança ibérica, pela primeira vez surgia entre nós um partido onde ecoavam os antigos ideais dos nossos americanistas, e com a qualificação fundamental da sua origem se radicar nos setores subalternos, em particular no sindicalismo operário.

Decifrar a natureza presente desse partido e sua meteórica ascensão na política brasileira, compreender como lhe foi possível transitar sem traumas da posição de um partido de sociedade civil para a da situação atual de um partido de Estado, vai persistir como um enigma obscuro enquanto a análise se contentar com categorias de raiz irracional, como o carisma. Uma pista talvez mais sugestiva possa ser encontrada no fato de que nele e no seu governo convergiram, por ensaio e erro, as duas matrizes da nossa formação: a ibérica e a americana, a primeira, tida como exausta quando o PT inicia sua trajetória, ressurreta, agora, por sua intervenção; a segunda, nele presente, instalada no seu código genético desde os tempos do sindicalismo do ABC. Sob essa configuração, que a todos parecia improvável, o PT não se apresenta como um partido, mas como síntese das oposições que viram a sociedade nascer, e como um final feliz para a história do Brasil, em que não há mais espaço legítimo para outros partidos.


Luiz Werneck Vianna é doutor em Ciências Sociais e ex-presidente da Anpocs. Escreve às segundas-feiras

Em defesa do voto obrigatório :: Isabel Lustosa

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

No último dia 9 de junho, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou projeto de lei do senador Marco Maciel (DEM-PE) que altera o Código Eleitoral, reduzindo de nove para duas as penalidades impostas aos eleitores que não comparecem às urnas nos dias de votação. Disse o senador que sua intenção é apenas tornar menos rigorosas as punições aos faltosos. Mas os favoráveis ao fim da obrigatoriedade do voto comemoram a decisão como um primeiro passo nesse caminho. Tema tão relevante não deveria passar sem uma ampla e profunda discussão na sociedade civil. Discussão que, aliás, faz parte da história do sistema eleitoral brasileiro. Os defensores do voto facultativo sempre se escudaram, e ainda hoje é assim, no argumento de que o cidadão não pode ser obrigado a votar porque ninguém pode ser obrigado a exercer a cidadania.

Será? Creio que não e cito dois exemplos.

No Rio de Janeiro do começo do século 20, a chamada campanha da vacina obrigatória enfrentou forte resistência da população. Oposição liderada por políticos positivistas sob o argumento de que o cidadão tinha total direito sobre seu corpo e, portanto, ninguém podia ser obrigado a se deixar inocular. Oswaldo Cruz, idealizador e coordenador do programa, contra-argumentaria: quem não se quer vacinar poderá ser infectado. E, ao sê-lo, transmitirá a doença a quem não deseja ser doente. Se colidir com o bem comum, aí, sim, a liberdade individual se converte em tirania. A campanha da vacina obrigatória é hoje um marco na história da saúde pública no Brasil.

Exemplo mais recente diz respeito à preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural dos brasileiro. Esta só se tornou viável depois que, com a instituição da Lei de Tombamento em 1937, concebida por Mário de Andrade e Rodrigo de Mello Franco, medidas punitivas foram adotadas contra os que destruíssem ou descaracterizassem bens tombados. Aliás, durante o malfadado governo Collor, e bem dentro do espírito neoliberal que começava a se impor no contexto brasileiro, surgiu a proposta de fazer a preservação dos bens históricos ser transformada em matéria facultativa. Ou seja, dever-se-ia deixar ao critério do proprietário de um imóvel de valor histórico preservá-lo, demoli-lo ou descaracterizá-lo.

Com a mesma candura com que naquele tempo se acreditava que a mão livre do mercado acabaria por fazer o pão chegar à mesa dos famintos (mesmo que isso demorasse um pouco e algumas gerações fossem sacrificadas), acreditava-se que a mão livre do mercado imobiliário salvaria o que fosse para ser salvo da destruição e destruiria o que fosse necessário para o crescimento do mesmo mercado. Tal política não prosperou, mas talvez tenha influído no fato de que, somente agora, no último dia 10 de junho, tenham sido estabelecidos os critérios para a aplicação das multas àqueles que causarem danos a bens tombados pela União. Até então só restava ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o recurso às ações judiciais. Esta conquista demonstra que em tal matéria se optou pela ideia de que há uma razão de Estado pela qual o bem comum se sobrepõe ao bem individual. E é este o princípio que está na origem da própria ideia de República.

Ideia que também orientou a adoção do voto obrigatório a partir da reforma da Lei Eleitoral de 1932. Cristina Buarque, em tese defendida no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), analisou as razões por que o projeto de Código Eleitoral apresentado por Assis Brasil durante a Constituinte de 1891 só foi adotado quase 40 anos depois. Nas quatro primeiras décadas da República, o pragmatismo dos barões do café, que dominavam a economia e, com ela, a política brasileira, preferiu o "jeitinho brasileiro". No contexto da "política dos governadores", optou-se por um arremedo de democracia que, sustentada no voto aberto, possibilitava o controle total dos poderosos locais sobre o eleitorado. O voto a bico de pena, por se prestar facilmente à adulteração, completava a farsa. Só após a Revolução de 1930, com o objetivo de moralizar e tornar realmente democrático o processo eleitoral, foi adotada a fórmula proposta por Assis Brasil. De um lado, o voto secreto, protegendo a liberdade de escolha do eleitor; de outro, o voto obrigatório, garantindo, com o pleno comparecimento da população às urnas, a representação da vontade da maioria.

Em estudo sobre o tema, disponível na internet, a cientista política Luzia Herrmann demonstra que, se adotado no Brasil o voto facultativo, isso acarretaria uma queda de 30% a 35% de comparecimento do eleitorado às urnas. Votariam os mais mobilizados, os mais informados, os com interesses bem definidos. É o que tem acontecido na Venezuela, onde a reforma eleitoral de 1993 não eliminou o voto obrigatório, mas sim as penalidades para os não-votantes.

As eleições ocorrem no Brasil de dois em dois anos. Em muitos casos, quando não há segundo turno, o cidadão só tem de sair de casa uma única vez, num domingo, para se dirigir a lugar, em geral, perto de sua residência e votar. Não é sacrifício demasiado e a lei faculta o voto aos que, por serem muito jovens ou analfabetos, podem não ter certeza do que querem, ou aos que, velhos ou doentes, não tenham condições físicas de comparecer às urnas.

O voto deve ser obrigatório pela mesma razão que a educação deve ser obrigatória. Os que não votam devem ser punidos pela mesma razão que devem ser punidos os que deixam as crianças sem escola, os que liquidam o patrimônio histórico do País, os que dirigem embriagados, etc. Votar também é parte da educação de um povo: o dever de escolher seus representantes e dirigentes o obriga a refletir periodicamente sobre seu destino.


Doutora em Ciência Política pelo Iuperj, é historiadora da Casa de Rui Barbosa no Rio de Janeiro

Quebra do sigilo fiscal :: Paulo Brossard

DEU NO ZERO HORA (RS)

Grande jornal, editado no maior Estado da federação, tem uma autoridade inerente à sua própria dimensão e, correlatamente, igual responsabilidade no que tange à exatidão da notícia divulgada. A Folha de S.Paulo, em sua edição de 19, dedica quase metade de página de seu primeiro caderno a revelar fato de excepcional gravidade, tanto mais quando esclarece ter tido acesso a documentos que asseguram sua origem, saídos “diretamente dos sistemas da Receita Federal”. A matéria é variada, mas basta o enunciado para que se fique sabendo ter havido quebra de sigilo fiscal. Pouco importa indagar quem engendrou a maquinação ilícita, seu CPF, fotografia, impressão digital, ou o que mais seja, uma vez que o fato divulgado menciona com todas as letras um caso de quebra de sigilo fiscal para fins da montagem de dossiê envolvendo a pessoa de um candidato à Presidência da República.

Começo por observar que o expediente não é original. Estou a lembrar-me do ocorrido também em São Paulo quando da eleição para o governo daquele Estado. Salvo engano, foi em 2006. O encontro para a venda do dossiê se deu no Hotel Ibis, próximo ao aeroporto Congonhas, o preço R$ 1,7 milhão, importância que ficou “hospedada” naquele hotel não sei por quanto tempo. Lembro o fato apenas para mostrar que esse negócio de dossiê tem precedente. Parece que foi o presidente da República que batizou de “aloprados” seus autores. Fecho aqui o parêntesis para retomar o caso agora denunciado pela folha paulista.

O primeiro efeito da notícia foi o desligamento, voluntário ou não, de alguém do “grupo de inteligência da pré-campanha” da candidata oficial. Saliente-se que, o mesmo jornal, no mesmo dia, sábado-19, acrescentou que “procurada desde o começo da semana, a Receita Federal informou que não iria se manifestar sobre o assunto” e, ao que sei, permaneceu muda.

A primeira pergunta que me faço e também ao leitor, é se a Receita é um segmento do serviço público e está sujeita à lei, como toda a administração pública, art. 37 da Constituição, ou está acima dela. O decoro da administração, particularmente o da administração fiscal, que hoje tem acesso às mais recônditas intimidades fiscais de qualquer contribuinte, exige o cabal esclarecimento do estranho sucesso. A administração não pode atribuir-se a comodidade do silêncio, quando o jornal que desvendou o caso estampou a matéria sob este título: “Dado sigiloso de dossiê saiu da Receita”.

Desnecessário dizer que não tenho informações privilegiadas e me socorro do que é acessível a qualquer mortal. Pois bem, a própria ex-ministra-chefe da Casa Civil, hoje candidata à presidência da República, declarou pelo mesmo jornal, “vazamento é com a Receita, diz Dilma” e, no dia seguinte, “a Receita Federal é que deve explicar, porque nós não temos nada com isso, disse a candidata do PT ontem, em Lisboa”. Este o fato em sua nudez.

Em assunto dessa relevância, o silêncio é mortal, até porque enseja, se não legitima, as piores ilações.

Quem chamou a Receita Federal à colação não foi um anônimo, mas a até ontem ministra da Casa Civil da Presidência da República e hoje candidata à Presidência, e o fez de maneira inequívoca, em declarações daquém e dalém mar. Não tenho meios de asseverar se a enfática declaração é verídica ou não, mas, qualquer que seja, tem de ser apurada. Se verdadeira, é grave, uma vez que se fica a saber que um serviço público da importância da Receita Federal vem sendo objeto de tamanho desvio de finalidade, configurando insigne ilicitude a atingir a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país; se falsa a versão, não haverá brasileiro ou estrangeiro aqui residente que não se sinta igualmente atingido em sua segurança constitucionalmente proclamada. A questão é de excepcional gravidade, pois não é doméstica, mas de natureza pública, impessoal e indisponível e envolve a administração inteira. A quebra do sigilo fiscal contamina o serviço e o compromete de alto a baixo. Não seria de o Ministério Público usar de sua autoridade para apurar a real autoria da quebra do sigilo, pois quanto à sua ocorrência já não paira dúvida alguma?


*Jurista, ministro aposentado do STF

Política e humilhação:: Fernando Rodrigues

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Não é novidade dizer que o Democratas (ex-Arena, ex-PDS e ex-PFL) é um partido em decadência. Chegou a 105 deputados na era FHC, contente em ser linha auxiliar do PSDB. Tinha cargos e a Vice-Presidência. Hoje amarga 56 cadeiras na Câmara e acaba de ser humilhado pelos tucanos.

O PSDB escolheu o senador tucano Álvaro Dias (PR) para ser o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por José Serra. Poucos demistas foram avisados da decisão com antecedência. Pior. Coube a Roberto Jefferson (PTB), deputado cassado por causa do escândalo do mensalão, anunciar o fato. O DEM reagiu de forma vitriólica.

Líderes demistas foram a público mostrar indignação. Ameaçaram romper a aliança nacional com o PSDB. A repulsa durou pouco mais de 48 horas. Ontem, a direção do DEM fez um recuo tático. Resolveu interromper as críticas públicas.

O maior partido de centro-direita do Brasil viu-se diante de uma bifurcação. De um lado, o opróbrio, a vergonha. A legenda foi preterida. Os tucanos deram um recado: nenhum dos 56 deputados ou 14 senadores do DEM serve para ser candidato a vice-presidente de José Serra. A sigla não seria limpa o suficiente para estar numa chapa tucana. Mas, ainda assim, terá de dar seus preciosos minutos na TV e no rádio -e ajudar anonimamente o PSDB a voltar ao Planalto.

O outro caminho nessa bifurcação é o DEM dar um grito de liberdade. A sigla se mantém neutra. Assim, seu tempo de propaganda eleitoral é dividido proporcionalmente entre quem permanece na disputa.

Nessa hipótese, Dilma Rousseff (PT) herda 60% dos minutos demistas no rádio e na TV.

Esse é o dilema do DEM: 1) buscar uma posição independente (e acabar ajudando o PT de forma indireta) ou 2) aceitar bovinamente a humilhação imposta pelo PSDB. A decisão precisa ser tomada nesta semana. Façam suas apostas.

Dunga & Serra:: Ricardo Noblat

DEU EM O GLOBO

" -A eleição, nós já perdemos . Não podemos perde o caráter".
(Rodrigo Maia, presidente do DEM. o primeiro a jogar a toalha)

JOHANNESBURGO – O que há em comum entre a seleção de Dunga e a oposição ao governo Lula reunida em torno da candidatura a presidente de José Serra? Respondeu que ambas estão destinadas à derrota? Errou. Um dos encantos do futebol é que nem sempre vence o melhor time. Por mais que jogue bem, pode perder. Na política, vence quem joga melhor.

Vamos aos pontos em comum. Dunga não faz a menor questão de parecer simpático. Serra faz – embora nem sempre consiga. A antipatia de Serra poderá lhe roubar votos. A de Dunga estressa o time. Foi assim no jogo Brasil x Portugal. A certa altura, Dunga disparou grosserias contra o zagueiro Lúcio, o melhor jogador brasileiro em campo. Lúcio reagiu irritado. Mais tarde, em entrevista coletiva, Dunga elogiou Lúcio.

Serra e Dunga cultivam a paranoia de que a mídia os persegue. Se não persegue pelo menos não os trata com a devida consideração. Da mídia, os que precisam dela cobram adesão incondicional. Adesão disfarçada não os satisfaz. E reclamam quando não têm. Dunga e Serra reclamam de barriga cheia – mais Serra do que Dunga. Se o hexa for adiado, aí, sim, Dunga terá motivos de sobra para reclamar – com ou sem razão.

Os dois armaram seus times para jogar da defensiva. Em 1994, com Dunga como capitão, o Brasil foi tetra na Copa disputada nos Estados Unidos. Derrotou a Itália nos pênaltis. Exibiu um futebol medíocre – de resto muito semelhante ao que tem mostrado nesta Copa. Por que o futebol é o mais amado dos esportes? Entre outros motivos por sua beleza. A troca da beleza por resultados conspira contra o amor pelo futebol.

Como Serra imagina derrotar Lula? Dizendo que continuará o que ele fez e prometendo fazer muito mais? Poupando o governo de críticas como se ele fosse a oitava maravilha do universo? O que Serra tem a propor para os mais de 30 milhões de brasileiros que saíram da miséria nos últimos oito anos? E para aqueles que ainda chafurdam nela? Na retranca não irá a lugar algum. Ou melhor: verá Dilma indo para o lugar de Lula.

Falta um cérebro na oposição, que ameaça se desagregar em torno de Serra antes mesmo do início oficial da campanha marcado para o próximo dia cinco. Assim como falta um cérebro na equipe montada por Dunga. Rivaldo foi o cérebro da equipe que em 2002 ganhou o penta na Alemanha. Ainda em fase de recuperação, Kaká é apenas um aspirante à condição de cérebro. Júlio Baptista? Brincadeira!

A oposição entrou em campo apostando no talento de uma geração envelhecida de políticos da qual o próprio Serra faz parte. Que apelo representam nomes como os de Jorge Bornhausen, Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel, Orestes Quércia, Tasso Jereissati e Jarbas Vasconcelos, por exemplo – esse último obrigado a concorrer ao governo de Pernambuco só para que Serra pudesse ter um palanque por lá?

Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, soaria como algo novo caso tivesse sido escolhido para candidato a presidente. Venceria a eleição? Dificilmente. Mas fortaleceria seu nome para a seguinte. Lula também não venceu as três primeiras eleições presidenciais que disputou. Esta deverá ser a última da vida de Serra. E até aqui ele tem tudo para perdê-la. Arrisca-se a ir para o vestiário ao fim do primeiro turno.

Em parte, Dunga foi mais sábio do que a oposição. Descartou uma geração envelhecida de craques – Ronaldo, O Gordo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Adriano e Rogério Ceni. Em compensação, resistiu em aproveitar o que havia de mais novo e promissor – Hernandes, do São Paulo, Ganso e Neymar do Santos. Não me venham lembrar que Ganso foi operado outro dia. Quem poderia ter previsto?

No futebol, um título pode ser ganho em cima de um erro idiota do adversário. Na política, só o grande erro derrota quem pinta como vencedor. Em quem aposto minhas fichas – Dunga ou Serra? Por um sou obrigado a torcer. Pelo outro só me cabe observar.

Jungmann cada vez mais próximo da vaga

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Embora continue negando que será candidato ao Senado, deputado federal pelo PPS se encontra com Jarbas no Sertão e deve ser o nome que falta para completar a chapa majoritária da oposição

A visita do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) ao Sertão, no final de semana, tinha tudo para ser apenas mais um ato típico de pré-campanha, não fosse um pequeno detalhe: a presença do deputado federal Raul Jungmann (PPS), dando mais um sinal do que ninguém confirma, mas que fica cada vez mais claro: Jungmann deve ser mesmo o segundo nome para o Senado na chapa de Jarbas – fazendo companhia ao senador Marco Maciel (DEM), já confirmado.

Raul Jungmann desembarcou em Araripina no final da tarde de sábado ao lado do senador Sérgio Guerra (PSDB) – que deu um tempo na campanha presidencial do tucano José Serra e voltou a aparecer Jarbas, após sua ausência ter sido notada em outros compromissos do aliado.

Ao lado de Marco Maciel, Miriam Lacerda (DEM), candidata a vice, e do deputado federal Raul Henry (PMDB), além de lideranças regionais, como o deputado estadual Emanuel Bringel (PSDB), Jarbas caminhou no meio do povo, deu entrevista a emissoras de rádio e participou de reuniões nas cidades de Ouricuri, Trindade e Araripina.

Após o ex-governador Roberto Magalhães (DEM) declinar o seu nome da disputa pelo Senado, cresceram os rumores para a candidatura de Raul Jungmann na chapa majoritária. Em entrevista a uma rádio em Ouricuri, Jarbas fez elogios a Jungmann e confirmou que o deputado é um dos nomes cotados. “O deputado Raul Jungmann é muito atuante, uma pessoa articulada e é uma das pessoas ventiladas para disputar esse mandato. Ele é uma das pessoas que existem nas conversas, mas também não posso nesse momento avançando a um ponto tal e dizer mais do que estou dizendo.” Mais uma vez, Jarbas reafirmou que o segundo nome na disputa pelo Senado só será anunciado na próxima quarta-feira, quando ocorre a convenção do partido.

Sobre Roberto Magalhães, Jarbas disse que respeita sua decisão de se afastar da vida pública. “Roberto é um grande homem público, marcado no cenário nacional pela sua postura ética. Eu fiz um apelo a ele que não saísse da vida pública, mas não desrespeito a posição dele.” O próprio Jarbas, antes de aceitar ser candidato, também se mostrava desestimulado a encarar uma nova disputa eleitoral.

Procurado pelo JC, Jungmann voltou a negar que seja o nome para o Senado. “Sou cotado, mas não tenho participação nenhuma na articulação da indicação do nome. Pelo que está posto, o que posso dizer é que o nome deve sair do PSDB, que é o partido que tem a indicação do candidato à Presidência”, indicou o deputado. Além de Magalhães, outro nome que já apareceu para compor a vaga ao Senado foi o do ex-governador Gustavo Krause (DEM).

Hoje pela manhã, a cúpula da campanha volta a se reunir no escritório político de Jarbas. A expectativa é que, de lá, saia a confirmação do nome de Jungmann para a disputa.

DEM recua e articula saída política para crise com PSDB

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Cúpula decide acabar com as críticas públicas à escolha de vice de Serra

Apesar de temperatura de episódio ter baixado, atrito entre PSDB e DEM persiste; solução deve sair até a quarta-feira

BRASÍLIA, RIO, SÃO PAULO - A alta cúpula do DEM se reuniu ontem no apartamento do presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), e decidiu fazer um recuo a respeito das críticas à escolha do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) como candidato a vice na chapa encabeçada pelo tucano José Serra. Os dirigentes demistas agora devem baixar o tom em público.

A ideia é tentar uma saída política até depois de amanhã, dia 30 de junho -data limite para a formalização de alianças eleitorais e também quando o DEM realiza sua convenção nacional.Na última sexta, eclodiu uma crise entre DEM e PSDB. Depois de um longo processo de negociação, os tucanos anunciaram a escolha de Dias como candidato a vice.

A decisão veio a público por meio de uma declaração de Roberto Jefferson, do PTB.O DEM reagiu em peso. Vários líderes passaram a dar entrevista sugerindo o rompimento da aliança nacional. Consideram-se preteridos.

Jefferson aumentou a temperatura fazendo um xingamento no Twitter. "O DEM é uma merda", escreveu. Depois, apagou a nota.

POUCA OPÇÃO

Ontem, a direção do DEM continuou achando que o processo de escolha de Dias foi ruim. Mas vários integrantes contemporizaram. Avaliam não haver muita escolha para o partido, uma sigla de centro-direita e aliada quase sempre ao PSDB.

Se não aceitar a coligação com o PSDB, o DEM terá o seu tempo de rádio e de TV dividido proporcionalmente entre todos os candidatos.

Dessa forma, nas contas anunciadas ontem na reunião, a candidata ao Planalto pelo PT, Dilma Rousseff, ficaria com 61% do tempo demista. Serra receberia só 29%.

Entre os que defenderam uma saída política -mantendo o apoio formal a Serra- estavam o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), o deputado federal ACM neto (BA) e o ex-presidente nacional da legenda Jorge Bornhausen.

Os mais radicais a favor de romper com Serra caso Dias não saia foram Rodrigo Maia, o deputado Ronaldo Caiado (GO) e Vic Pires (PA).

Ao final, todos concordaram em recuar a respeito de fazer críticas públicas. Caberá a Rodrigo Maia buscar saída honrosa para continuar dando apoio a Serra.

Ainda não está claro qual será essa saída. Apesar de a temperatura ter sido menor ontem, dirigentes tucanos dizem ser inviável a retirada de Alvaro Dias da vaga de vice.

Os demistas ouvidos pela Folha continuam dizendo, embora de maneira reservada, que não aceitam Dias.

Rodrigo Maia, porta-voz do encontro, disse: "Nada mudou. Unidade em defesa do partido, sem querer nenhum estresse ou pressão. Esse é o caminho natural [indicar nome para vice na convenção]. E tudo que é natural é fácil de ser explicado".

A eventual "saída honrosa" para o DEM seria algum gesto da direção do PSDB ou do próprio Serra. O discurso a ser adotado deve ser sobre manter a unidade em favor do projeto comum de poder.

O deputado Juthay Júnior (PSDB-BA), um dos articuladores políticos de Serra, disse: "Tenho a esperança de que o DEM, em sua maioria, compreenda que a escolha do Alvaro é a que melhor agrega apoio político e eleitoral à candidatura".

Pivô da crise, Dias disse ter telefonado para "vários" demistas no fim de semana."Não me cabe nessa hora, até porque eu acabo sendo suspeito, não cabe a mim propor caminhos. O que eu tenho que fazer é exatamente mostrar respeito por eles, mostrar que o partido tem valor e que eu tenho exata noção da importância do partido", afirmou Dias.
(Fernando Rodrigues, Ranier Bragon, Lucas Ferraz, Italo Nogueira, Cátia Seabra e Breno Costa)

José Serra tenta conter resistência contra vice

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Serra vai encontrar líderes do DEM para conter rebelião contra vice tucano

Eugênia Lopes

A crise deflagrada entre o PSDB e o DEM, que ameaçou romper a romper a aliança com o presidenciável tucano José Serra, deve chegar ao fim nas próximas horas, com o recuo dos democratas e a consolidação da chapa puro-sangue da oposição na disputa pelo Planalto.

Depois de ensaiar por três dias uma rebelião contra a indicação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) para ocupar o cargo de vice-presidente na chapa do tucano, os líderes do DEM pretendem se reunir ainda hoje com Serra para tentar encerrar o impasse na aliança entre os dois partidos.

"Vamos conversar para que a gente possa avançar de forma unida na campanha do Serra. Nós queremos a vitória do Serra", afirmou ontem o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). "O partido está 100% unido, esperando que o PSDB entenda que precisa dialogar, conversar." Na véspera, Maia deu duras declarações admitindo apenas a hipótese de o vice de Serra sair dos quadros do DEM.

Almoço. As negociações para acabar com crise começaram ontem à tarde, no Rio, em um almoço oferecido por Rodrigo Maia a nove integrantes da cúpula do DEM. Numa reunião de cerca de cinco horas, o partido discutiu as saídas para desfazer o mal-estar com os tucanos. Ficou acertado que Serra precisa sinalizar ainda hoje que vai enquadrar os tucanos que resistem a abrir mão de suas candidaturas para o DEM nos Estados. O maior imbróglio é no Pará e em Sergipe.

Na reunião, o partido se dividiu em dois grupos. Um deles, mais radical, defendeu o fechamento de questão em torno da tese de que o vice de Serra tinha de ser do DEM. Faziam parte desse grupo os deputados José Carlos Aleluia (BA), um dos cotados do partido para ser o vice do tucano, e Ronaldo Caiado (GO), além do ex-prefeito Cesar Maia.

Prevaleceu, no entanto, a tese da ala mais moderada e numerosa: a necessidade de um encontro com o presidenciável para tratar das alianças nos Estados e mostrar que o DEM tem sérias dificuldades em aceitar o nome de Álvaro Dias. No almoço, os líderes do partido avaliaram que foi péssima a repercussão interna com a escolha de Dias para vice.

Preocupado, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), telefonou duas vezes, durante o almoço, para Rodrigo Maia. Deixou claro que, se for necessário, o PSDB vai enquadrar os dissidentes, a exemplo do que foi feito pelo PT da presidenciável Dilma Rousseff.

"O DEM está firme na indicação do vice. É a condição dele para votar no Serra. E o PSDB indicou o Álvaro Dias. A primeira coisa é sentar e fazer uma avaliação. Não pode ter esse cabo de força", argumentou Guerra.

"Esperamos que o DEM, como parceiro importante do projeto de vitória da candidatura Serra, compreenda que essa escolha é extremamente benéfica não só no Paraná, mas também no resto do Brasil", emendou o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), um dos articuladores da campanha de Serra.

Kassab. O encontro previsto para hoje com Serra deverá ser com o presidente do Conselho Político do DEM e prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o ex-presidente partido Jorge Bornhausen, além de Rodrigo Maia. Os democratas definiram ontem que a convenção do DEM só será realizada nesta quarta-feira caso os dois partidos cheguem a um acordo.

Pará e Sergipe podem entrar na fatura política

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Eugênia Lopes

Depois de muito chiar, o DEM rascunha a fatura que pretende espetar no PSDB, a título de compensação pela frustração de não ter indicado o vice que, de fato, nunca lhe fora prometido.

Até quarta-feira, último dia para selar as alianças, a cúpula do DEM subirá o tom em torno de algo menor: dirá que só vai "engolir goela abaixo" a chapa-puro sangue, caso o PSDB faça concessões nos Estados. O Pará e Sergipe são apontados pelos democratas como o principal foco de atrito com os tucanos.

No Pará, o DEM quer que o senador Flexa Ribeiro (PSDB) abra mão de sua reeleição ao Senado em favor de Valéria Pires Franco, que chegou a ter o nome cogitado para ocupar a vice de Serra. Valéria quer ser a única candidata ao Senado na chapa do tucano Simão Jatene, que disputa o governo. Só assim, avalia o DEM, ela terá chances de se eleger. A eleição do deputado Jader Barbalho, do PMDB, é dada como certa para a outra vaga do Senado.

Em Sergipe, o DEM defende que o deputado Albano Franco (PSDB), que é candidato ao Senado, se alie a João Alves (DEM), que disputará o governo do Estado. O tucano não quer se coligar ao partido, preferindo fazer uma aliança branca com o petista Marcelo Déda, que concorrerá à reeleição.

O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), passou o fim de semana tentando resolver o impasses entre tucanos e o DEM. "As reivindicações já estão resolvidas", garantiu o tucano. Os democratas dizem que não é bem assim.

Impasse trava formação de palanques no Paraná

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Evandro Fadel

A indicação do senador Álvaro Dias (PSDB) como vice na chapa presidencial de José Serra (PSDB) impediu que PMDB e PT formalizassem coligação com o PDT, em encontros realizados ontem, em Curitiba. O candidato seria o senador Osmar Dias (PDT). A decisão foi adiada para terça ou quarta-feira. A possível coligação tem também o objetivo de dar à candidata a presidente pelo PT, Dilma Rousseff. Mas Osmar resiste em declarar-se candidato e promover uma disputa contra o irmão.

"Estamos num processo de diálogo para construir uma candidatura de unidade, mas não se chegou, até este momento, a uma conclusão", lamentou o governador do Paraná, Orlando Pessuti, ao chegar à convenção do PMDB. "A tendência, hoje, é que o senador Osmar Dias não dispute. Pelo menos ele colocou a sua dificuldade de caráter pessoal, seu constrangimento em fazer uma disputa, um enfrentamento pessoal ao seu irmão."

Os peemedebistas delegaram à Executiva regional o poder para decidir sobre o posicionamento do partido nas eleições.

As reuniões entre lideranças do PMDB, PT e PDT, além de partidos menores, intensificaram-se sábado. Pessuti, que pleiteia a indicação como candidato ao governo pelo PMDB, mas admite abrir mão em favor de Osmar, chegou a convocar entrevista coletiva no fim da tarde para anunciar o término das conversas e a sua candidatura. Mas, minutos antes, foi chamado para novas reuniões que se estenderam por boa parte da noite e foram retomadas na manhã de ontem.

Em rota de colisão com o governador, por não ter gostado das alterações realizadas no secretariado após desincompatibilizar-se para disputar o Senado, o ex-governador Roberto Requião é um defensor da coligação com o PDT, apesar das rusgas com Osmar, a quem derrotou por menos de 10 mil votos nas últimas eleições. "Com inteligência tem que optar pela coligação, o contrário disso é tolice, suicídio político", afirmou.

DEM se reúne com Serra para dar ultimato

DEU EM O GLOBO

Em encontro, hoje, partido dirá que, se não puder ter vice, aliança com tucano pode ser rejeitada em convenção

Ilimar Franco, Gerson Camarotti e Chico de Gois

BRASÍLIA. Com pouco tempo, uma vez que a convenção do partido é nesta quarta-feira, o DEM vai se reunir hoje com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, para dar um ultimato: ou o PSDB desiste da chapa puro-sangue ou haverá o risco de a legenda ficar fora da coligação. O DEM dirá que, se não puder indicar o vice, haverá ameaça de a aliança nacional em torno do tucano ser rejeitada na convenção. O partido tem um trunfo: um tempo de 2 minutos e 9 segundos na TV. Atrás de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenção de votos, o ex-governador de São Paulo aposta na propaganda em rádio e TV para tentar reverter a situação.

Na última sexta, o PSDB decidiu indicar o senador Álvaro Dias (PR) para vice, o que causou rebelião no DEM. O assunto foi discutido ontem, no Rio, pela cúpula do partido, em reunião na casa do presidente nacional da sigla, Rodrigo Maia. Estavam presentes, além dele e do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o ex-presidente do DEM, Jorge Bornhausen; o líder da legenda na Câmara, Paulo Bornhausen; o líder no Senado, José Agripino; o deputado José Carlos Aleluia; a ex-vice-governadora do Pará Valéria Pires - como Aleluia, cotada para vice de Serra - e os deputados Antonio Carlos Magalhães Neto e Carlos Melles.

No encontro, duas teses foram discutidas. Um grupo defendia o rompimento da aliança, caso não tenham a vice. Outro, mais moderado, preferia tentar conversa com Serra para lhe dar chance de mudar de ideia. Prevaleceu essa segunda visão.

O DEM ficou indignado com a possibilidade de o PSDB fazer concessões nos estados para acalmar o partido e fazê-lo desistir da vaga de vice.

- As questões estaduais e a questão nacional não se misturam. Até porque cedemos em 15 estados; eles, só em quatro - disse Rodrigo Maia, para quem o partido está unido na decisão.

José Carlos Aleluia resumiu o sentimento do partido:

- Esta solução é inaceitável. Queremos buscar um entendimento. Mas não com essa preliminar de chapa puro-sangue - afirmou. - Não há quem segure uma convenção do DEM para aprovar isso. O PSDB errou. Eles correm o risco de perder uma fortuna no tempo de televisão. Se fizermos uma convenção com esses termos, será uma guerra.

Na avaliação de Cesar Maia, segundo relatos, a eleição foi perdida no momento em que o candidato escolhido foi Serra, e não o ex-governador Aécio Neves. Para os demistas, não se ganha a eleição presidencial pelo Paraná, numa alusão ao estado do senador Álvaro Dias. Ex-líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS) tem mesma opinião.

Dias disse que ontem conversou, por telefone, com Rodrigo Maia e que teria ouvido dele que o veto a seu nome não era questão pessoal, mas programática:

- É do jogo democrático buscar espaço. Ninguém desiste antes do tempo. Estou convicto de que a aliança vai chegar a bom termo.

Aécio: governistas devem ter respeito

DEU EM O GLOBO

Com nome homologado ao Senado, ex-governador respondeu à provocação de Alencar

Marcelo Portela e João Guedes

BELO HORIZONTE. O ex-governador de Minas e candidato ao Senado Aécio Neves disse ontem que os governistas devem respeitar as candidaturas de oposição. Ele respondeu à provocação do vice-presidente José Alencar, que, no dia anterior, disse sentir pena dos adversários que vão disputar contra candidatos da base aliada do presidente Lula. Aécio disse que tem "enorme respeito pelo José Alencar e pelas candidaturas de oposição", e avalia que as eleições serão duras:
- Respeitaremos nossos adversários. Não vamos tripudiar sobre ninguém. Numa eleição ainda tão incerta como essa, você deveria pelo menos sugerir um pouco mais de cautela. Vamos disputar de forma altiva a eleição. Tenho ainda muita confiança de que Serra pode sair vitorioso.

As declarações de Aécio foram feitas após convenção do PSDB que homologou seu nome ao Senado na chapa encabeçada pelo governador Antonio Anastasia (PSDB), e que terá o ex-presidente Itamar Franco (PPS) ao Senado. A coligação em torno de Anastasia envolve DEM, PPS, PSB, PSC, PMN, PSL, PTB, PSDC, PDT, PTN e PTdoB. E ontem, o PRB, partido de Alencar, decidiu não seguir a orientação do vice e também aderiu à campanha tucana.

Apesar da defesa enfática de Serra na entrevista, o nome do presidenciável não teve muito espaço na festa dos tucanos mineiros. Ele foi citado só uma vez nos discursos de Anastasia e Aécio. Os dois preferiram focar os discursos na campanha estadual, na qual enfrentarão a chapa composta pelo senador Hélio Costa (PMDB).

Em Porto Alegre, numa convenção marcada pela ausência de Serra e de caciques nacionais do partido, o PSDB gaúcho lançou ontem a candidatura à reeleição da governadora Yeda Crusius. Duas grandes faixas com as fotos de Yeda e Serra foram as únicas referências no evento à corrida presidencial, já que a tucana não citou Serra em cerca de meia hora de discurso. Questionada sobre a razão de não tê-lo mencionado, Yeda disse que foi "um lapso".

Aécio sugere respeito às candidaturas de oposição

DEU NA FOLHA.COM

O ex-governador de Minas Gerais e candidato ao Senado Aécio Neves (PSDB) afirmou hoje que a base governista deveria respeitar as candidaturas de oposição.

A declaração foi uma resposta ao vice-presidente José Alencar, que ontem disse que está com pena dos adversários.

"Uma eleição é sempre muito dura, seja ela nacional ou estadual. Nós respeitaremos os nossos adversários, não vamos tripudiar sobre ninguém. Uma eleição ainda tão incerta como essa devia sugerir um pouco mais de cautela", afirmou Aécio, em convenção do PSDB mineiro.

Aécio disse continuar confiando na vitória de José Serra (PSDB) na eleição presidencial, apesar do atrito que existe entre os partidos aliados de oposição desde que o senador Álvaro Dias foi anunciado como vice.

"É preciso ter respeito pelas candidaturas da oposição. Nós vamos disputar de forma altiva e tenho ainda muita confiança de que o governador José Serra possa sair vitorioso.

A convenção oficializou a candidatura de Antonio Anastasia ao governo do Estado. Para demonstrar apoio ao candidato, Aécio utilizou o mesmo discurso da continuidade usado pelos petistas no âmbito nacional.

"A população em Minas não quer retrocesso, quer avanço. Quer a continuidade dos avanços. Antonio Anastasia, uma candidatura forjada a partir dos interesses de Minas Gerais, e não de fora, é o nome que vai conduzir essa bandeira".

Anastasia

A chapa tucana ao governo do Estado, além da candidatura de Anastasia ao governo, tem Aécio e o ex-presidente Itamar Franco (PPS) como candidatos ao Senado. A vice ainda não está definida.

Tucanos gaúchos oficializam Yeda para o governo do RS

Lucas Azevedo - Agência Estado

O PSDB gaúcho homologou hoje a candidatura de Yeda Crusius ao governo do Rio Grande do Sul. Berfran Rosado (PPS), que foi seu secretário do Meio Ambiente, será o vice da chapa. Yeda busca a reeleição após um governo conturbado, que enfrenta denúncias de corrupção ao mesmo tempo em que é elogiado por parte importante do empresariado e pelas prefeituras do interior do Estado.

A convenção tucana foi realizada na Assembleia Legislativa gaúcha e contou com a presença de aproximadamente 400 delegados e centenas de correligionários. O evento teve também a participação das lideranças do PP, PPS, PRB, PHS, PTN, PSC e PTdoB, siglas que apoiam a reeleição de Yeda.


Em convenção tucana, Aécio critica alianças 'à força'


Eduardo Kattah - Agência Estado

Insistindo na estratégia de vincular a candidatura adversária à ameaça de retrocesso, o PSDB de Minas Gerais realizou hoje sua convenção estadual para formalizar as candidaturas do governador Antonio Anastasia à reeleição e do ex-governador Aécio Neves ao Senado. Durante o evento, realizado na Assembleia Legislativa do Estado, Aécio comemorou a ampla coligação em torno do candidato tucano e criticou as alianças feitas "à força" e "por imposição", numa referência à coalizão entre PMDB e PT no Estado - que na próxima quarta-feira irá oficializar a chapa Hélio Costa/Patrus Ananias.

"Tudo que é imposto já nasce com um certo nível de rejeição", afirmou o ex-governador, principal estrela da convenção, que lotou o plenário do Legislativo mineiro.

Aécio manteve o discurso triunfalista, afirmando que espera que Anastasia vença a eleição no primeiro turno. "Vou estar de mangas arregaçadas, caminhando por toda Minas Gerais para que nós possamos continuar avançando, impedindo que qualquer retrocesso tome conta do nosso Estado."

Na mesma linha, Anastasia, durante seu discurso, conclamou os aliados a uma campanha para evitar que "Minas volte atrás". "Aqueles que pretendem negar o que foi feito em Minas Gerais terão um trabalho muito árduo."

Acompanhados do ex-presidente Itamar Franco (PPS), candidato ao Senado na chapa, Aécio e o governador chegaram ao local ao som da música "Amigo", popular composição de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Alianças

Além do PSDB, pelo menos outros 13 partidos (DEM, PPS, PP, PSB, PSC, PMN, PSL, PTB, PSDC, PRB, PDT, PTN e PT do B) integram a coligação. Hoje, o PSB e o PRB - partidos que apoiam a presidenciável petista Dilma Rousseff no plano nacional - confirmaram a aliança majoritária com os tucanos no Estado.

O presidente do PRB-MG, Rogério Colombini, destacou que a legenda fechou com os tucanos no plano estadual, mas o vice-presidente José Alencar está liberado para "subir no palanque que quiser". O PR também realizou convenção, mas, dividido entre o apoio a Costa e Anastasia, a definição deve ficar para a Executiva Nacional do partido.


Revista Política Democrática: Reunião

A revista Política Democrática efetuou uma reunião de trabalho da pauta do próximo número, programado para o mês julho, ontem, domingo, na parte da manhã. Participaram o Editor da revista, Marco Antonio Coelho, o presidente da Fundação Astrojildo Pereira, Caetano Araújo, o Editor adjunto, Francisco Almeida e outros membros do Conselho Editorial, Ivan Alves Filho Luiz Sérgio Henriques, Raimundo Santos e Gilvan Cavalcanti (foto)

As alegrias do futebol e as m... de um juiz:: Graziela Melo




Entusiasmada estava eu. O jogo corria solto e bem pedalado. Tensa, me mexia na cadeira o tempo todo. Esfregava as mãos. No fundo torcia pelo México, claro, e quem não???

Até que o Tevez fez aquele gol ilegal, super impedido que estava, e, o estúpido juiz, validou!!! Desestabilizou o time mexicano. Sentiu-se desesperançado e desesperado. Mas continuou lutando.

E a bola continuou rolando. Mas o time já não era o mesmo. Enquanto que a Argentina, estimulada pelas bondades do juiz, partia pra cima, entrou com todas e botou mais duas lá dentro. Foi aí que, saindo do sufoco, o México, finalmente, conseguiu o gol da honra.

Mas, ... aquele juiz não me desce goela abaixo. Aquilo não é juiz. É um "ziuj” !!!
E que danado é "ziuj"? Sei lá! Mas deve ser um juiz de frente pra trás.

Propriedade:: Goethe


Sei que nada me é pertencente
Além do livre pensamento
Que da alma me quer brotar,
E cada amigável momento
Que um destino bem-querente
A fundo me deixa gozar.




Johann Wolfgang von Goethe, in "Canções" Tradução de Paulo Quintela