quinta-feira, 1 de julho de 2010

Reflexão do dia – Luiz Werneck Vianna

Desde o Império, a recusa a essa herança e a sua identificação como raiz dos nossos males, como na crítica do publicista Tavares Bastos, encontrou sua inspiração no que seria o feliz exemplo americano. A centralização de estilo asiático, herdada da metrópole, sufocaria as energias vivas do país, que estaria dominado por uma burocracia parasitária, que impediria seus cidadãos de conhecerem as práticas das liberdades públicas, única escola que poderia educá-los para o civismo. Esse diagnóstico, animado pelos ideais do self-government americano, esteve na base da reivindicação pela Federação, inspiração forte das elites estaduais, principalmente as de São Paulo, que logo se uniram contra o Império no movimento republicano.


(Luiz Werneck Vianna, no artigo, A viagem de volta da América à Ibéria, segunda-feira (28/6/2010), no Valor Econômico)

Comédia de erros :: Merval Pereira

DEU EM O GLOBO

A sucessão de trapalhadas que levou à escolha equivocada do deputado federal do DEM Indio da Costa como companheiro de chapa do tucano José Serra só demonstra como o PSDB não está preparado para uma disputa que poderia ser difícil para o governo - mesmo com toda a máquina voltada para a tarefa de eleger Dilma Rousseff, geralmente de maneira ilegal -, mas está sendo facilitada pelos erros do adversário.

A escolha do vice de Dilma recaiu sobre o presidente do PMDB, Michel Temer, o que garantiu a unidade do partido e preciosos minutos de televisão.

Os defeitos e as eventuais virtudes do deputado não fazem a menor diferença neste jogo em que o pragmatismo político prevalece para somar alguma coisa à candidatura principal.

Indio da Costa, em seu primeiro mandato federal, supostamente foi escolhido por ser jovem e ter sido o relator do projeto Ficha Limpa, o que lhe daria uma boa imagem junto ao eleitorado.

Uma jogada marqueteira simplória, pois sua história política não tem a menor consistência para alçá-lo ao segundo posto mais importante na hierarquia política do país.

Nem ele parece preparado para assumir a Presidência da República em caso de necessidade, que é, afinal, para o que servem os vice-presidentes no Brasil.

Fora disso, precisam "não trazer aporrinhação", na definição do próprio Serra.

Não tem a menor importância o fato de ele ter sido genro do banqueiro Cacciola, como berram os militantes petistas na internet.

E nem mesmo as acusações contra ele levantadas pela CPI da Merenda Escolar, na Câmara de Vereadores do Rio, são conclusivas a ponto de alguém poder afirmar que ele não tem a ficha tão limpa assim como querem alardear os tucanos e democratas.

Só mesmo militantes energúmenos utilizam tais argumentos.

Mesmo que as coincidências entre os preços oferecidos pela fornecedora vencedora nas licitações, quando Indio da Costa era secretário de Administração da prefeitura do Rio, sejam bastante estranhas.

Sem ter, teoricamente, informações sobre os outros preços, a fornecedora sempre apresentou descontos quando tinha concorrentes, mantendo o preço cheio naquelas licitações em que ninguém disputava o fornecimento.

Foi como acertar na Mega-Sena, comenta a vereadora do PSDB do Rio Andrea Gouvêa Vieira, relatora da CPI.

Os resultados da CPI estão no Ministério Público.

O mais grave na escolha deste deputado federal de primeiro mandato é que ele não agrega um voto sequer à candidatura de Serra no Rio de Janeiro.

Como parte do grupo político do ex-prefeito Cesar Maia, ele foi "prefeitinho" de Jacarepaguá, assessor do gabinete do prefeito antes de ser secretário de Administração.

Eleito vereador três vezes, em 2006 chegou à Câmara.

Qualquer influência eleitoral que tenha está contabilizada no apoio que o DEM dá no Rio à candidatura Serra, em troca de o ex-prefeito Cesar Maia ser o candidato ao Senado da coligação.

A presença de Maia na chapa, aliás, já provocou uma crise com o Partido Verde, e, agora, o reforço de seu grupo na coligação está provocando reações na bancada do PSDB, onde se acusa o presidente do DEM, Rodrigo Maia, de ter trabalhado por essa solução para se livrar de um concorrente na disputa por vagas para deputado federal do Rio.

Concorrente, aliás, com quem não se dá bem politicamente, justamente pela disputa de espaço político.

Da mesma maneira que aconteceu com o hoje prefeito do Rio, Eduardo Paes, que fazia parte do mesmo grupo político de Cesar Maia nos primórdios do primeiro governo na prefeitura do Rio.

Paes começou como "prefeitinho" de Jacarepaguá e terminou secretário no mesmo grupo de Índio da Costa.

Ontem, ao saber da escolha, Paes, que ainda mantém relações cordiais com José Serra desde que foi secretário-geral do PSDB, mostrou-se espantado.

Foi visto às gargalhadas no Palácio da Cidade.

Como contraponto, talvez Serra tenha acertado com um público que não está muito ligado na política tradicional, a quem o jovem Indio da Costa se ligou durante a campanha da Ficha Limpa através dos novos meios de comunicação, como a internet, o Twitter, o Facebook.

Há quem tenha gostado, porque a escolha surpreendeu; porque ele tem uma "cara" de político diferente de todas as que estão aí; porque tem por trás milhões de assinaturas favoráveis a uma volta a valores éticos; porque é a cara do Rio e acena com uma "terceira via".

Foi o rolo compressor do governo, que atuou a todo vapor na madrugada para evitar que o senador Osmar Dias, do PDT, fechasse um acordo no Paraná com a oposição, que, paradoxalmente, salvou a aliança PSDB/DEM e evitou que José Serra ficasse sem 3 minutos e tanto de tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão - o que praticamente inviabilizaria sua candidatura à Presidência.

O apetite do presidente Lula é tamanho que nem mesmo o pequeno (em termos de tempo de propaganda) PSC escapou.

Tendo feito um acordo, meses atrás, para apoiar a candidatura do tucano Serra, o presidente do Partido Social Cristão (PSC), pastor Everaldo, foi cooptado pelo governo sabe-se lá com que argumentos, além do puro imediatismo esperto diante dos números das últimas pesquisas que apontam a candidata oficial Dilma Rousseff à frente.

Tanto esforço de última hora para ganhar apenas 18 segundos de televisão demonstra bem como o governo pretende reduzir ao máximo a chance de a oposição ter condições de disputar a sucessão de Lula.

E conta com os erros do adversário, assim como, hoje, a sorte da candidatura de Serra depende muito mais dos erros da candidata oficial e seus "aloprados".

O tudo ou nada :: Janio de Freitas

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

O DEM fez o que nunca fizera nem como o forte PFL; não há dúvida de que pegou Serra de surpresa


A vitória do DEM sobre o PSDB, impondo-se na indicação do candidato a vice contra a escolha feita pelo próprio José Serra, não era esperada por ninguém. Do DEM mesmo saíram sinais de conformismo, com a aceitação do anunciado senador Alvaro Dias para não sujeitar a risco a aliança com o PSDB.A firmeza e a articulação do DEM revelaram também inesperada coragem. Sem condições de lançar-se de repente na aventura de uma candidatura própria à Presidência, ainda por cima o partido não tinha a possibilidade de outro rumo para sua aliança, com Dilma Rousseff por motivos óbvios e com Marina Silva por oposição dos demistas do agronegócio. O DEM fez o que nunca fizera nem quando era o forte PFL: foi para o tudo ou nada.

Não há dúvida de que pegou José Serra de surpresa. Não estivesse se supondo em segurança absoluta na escolha de Alvaro Dias, Serra não a teria feito da maneira impositiva e até humilhante em relação ao aliado DEM, que não mereceu nem sequer a consideração de uma conversa prévia e explicativa.

Mas, revendo-se um pouco do percurso em torno da chapa, o que se mostra é um encaminhamento deliberado de Serra até o que supôs ser a conclusão com alguém do PSDB ao seu lado.

Serra, relembremos, ficou no segmento do PSDB que, na eleição de 1994, não apoiou a aliança com o PFL e a consequente escolha de Marco Maciel para vice, feitas por Fernando Henrique Cardoso. Veio a fazê-las ele próprio depois, mas, para todos os efeitos públicos, como se restringisse sua aliança com o PFL/ DEM a Gilberto Kassab. Em todo o decorrer do preparo de sua candidatura à Presidência, Serra manteve o DEM à parte.

A aliança se formalizou com o DEM jogando-se no colo do PSDB, e recebido por alguns peessedebistas que não incluíam Serra. Conversas posteriores com demistas, só por iniciativa destes, sempre sem consequências. E nada de levar à mesa o assunto da vice. Sem razão alguma empurrado até o limite no calendário eleitoral.

E então a escolha de Alvaro Dias quando o DEM, tudo indicava, não teria condições e tempo para mais do que conformar-se. Assim como jamais quis Aécio Neves, José Serra não queria o DEM em sua chapa.Comunicada a escolha de Alvaro Dias, vários a atribuíram ao cuidado de Serra em não comprometer sua chapa com um partido respingado pela corrupção escandalosa no governo do Distrito Federal.

Cuidado apreciável, mas o PSDB, Serra e ninguém menos do que Joaquim Roriz estão enlaçados em apoios mútuos no Distrito Federal.

O PSDB serrista foi presença marcante na convenção que lançou Roriz ao governo do DF em desafio à Lei da Ficha Limpa, sendo ele fugitivo recente do Senado para evitar a cassação por transações com dinheiros inexplicados.

Ainda na linha do não imaginado no desfecho Serra/DEM, a indicação e a adoção do deputado Indio da Costa como vice não perdem para as demais surpresas. Bastante moço, sem história política, e aparentemente também sem restrições, não está claro o que levou a esse nome. Nem o que o fez aceito, em vez dos outros indicados.

Talvez aqui esteja o motivo: se José Serra for eleito e, presidente, viajar, depois do primeiro ex-operário teremos também o primeiro Indio na Presidência.

Constituinte de Dilma é armadilha:: Editorial

DEU EM O GLOBO

A América Latina tem sido um laboratório de destilação de fórmulas de aparência democrática criadas para sufocar a democracia. O principal centro de elaboração desta alquimia é a Venezuela do coronel Hugo Chávez, o golpista frustrado de 1992, mas eleito pelo voto popular seis anos depois. Nenhum reparo a fazer, pois, se todo golpista decidisse se submeter ao teste das urnas, o continente estaria em melhores condições. Chávez, porém, partiria para aplicar seu método populista de "democracia direta", por meio da convocação de um plebiscito para examinar a proposta de convocação de uma constituinte. O ardil está em aplicar o método logo após a vitória eleitoral, maneira infalível de garantir sem maiores riscos a criação da Câmara para rever a Constituição, e o seu controle. O modelo foi exportado para o Equador e Bolívia, onde Rafael Correa e Evo Morales, como seu inspirador, plasmaram constituições ao bel-prazer.

Pois a mesma proposta, na essência, apareceu na boca da candidata do PT, Dilma Rousseff, na entrevista concedida ao programa "Roda Viva", da TV Cultura. Não surpreende, mas serve de alerta. Não surpreende porque o transplante deste modelo chavista para o Brasil seduz o PT e parte do governo Lula há algum tempo. Consta inclusive do programa do partido. A nacionalização do kit chavista de geração de uma "democracia" sem alternância no poder e sem liberdades republicanas produziu a ideia de convocação de uma constituinte "apenas" para executar as reformas política e tributária. Pode-se imaginar o risco que correrá a estabilidade política e institucional do país caso regras em áreas essenciais como estas puderem ser alteradas em votações por maioria simples, numa câmara dominada pelo PT e aliados fisiológicos. E mesmo que fosse a coligação tucana.

Na entrevista, Dilma reafirmou o credo petista a favor do financiamento público de campanha e da votação em lista. São ideias muito polêmicas, pois a estatização completa dos gastos em eleição não elimina o risco do caixa dois, e o voto em lista, não individualizado, concede poder absoluto às cúpulas partidárias na escolha dos candidatos (aliás, bem ao estilo petista). A controvérsia em torno dessas bandeiras desaconselha que possam ser tomadas decisões sobre elas numa constituinte, ainda mais contaminada pelo resultado de uma eleição presidencial. Nada garante, também, que esta constituinte não possa cometer desatinos em outros campos. E, de mais a mais, câmaras revisoras são convocadas em momentos políticos muito específicos, como o de mudança de regime, não para tratar de temas tópicos. Se não há maioria qualificada no Congresso para rever a Carta é porque não existe consenso na sociedade em torno desta revisão. Elementar. A proposta de contornar a questão pelo atalho da constituinte exclusiva tem DNA golpista.

Na verdade, existem aperfeiçoamentos na legislação eleitoral que prescindem de mudanças constitucionais. A Lei da Ficha Limpa é um exemplo. Além disso, há dispositivos neste campo que ainda não foram suficientemente testados para ser revistos, caso do mandato de quatro anos com uma reeleição consecutiva, um dos alvos da militância que apoia Dilma. O assunto é sério, delicado, e não pode ser esquecido na agenda de debates na campanha presidencial.

PSDB cede aos Maia e muda vice de Serra

DEU EM O GLOBO

O PSDB cedeu à pressão do DEM e aceitou o nome imposto por seu principal aliado para vice na chapa presidencial de José Serra. O escolhido foi o deputado Índio da Costa (DEM-RJ), de 39 anos, com quem Serra só se encontrou uma vez, durante o jogo Brasil e Coreia do Norte. A indicação de Índio, homologada na convenção do DEM, é uma vitória do ex-prefeito Cesar Maia e de seu filho, deputado Rodrigo Maia, presidente do partido. Índio foi subprefeito e secretário municipal em gestões de César. Os Maia rejeitavam a indicação do senador tucano Álvaro Dias para vice. Sem argumentos depois que o irmão de Dias, no Paraná, se coligou ao PT, o PSDB cedeu para garantir a aliança e o tempo de TV.

Serra cede ao DEM e aos Maia

Para garantir aliança e tempo de TV, tucano aceita Indio da Costa como vice

Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti


O DEM acabou vencendo a queda de braço que travava com o PSDB desde a última sexta-feira e conseguiu aprovar ontem o deputado Indio da Costa (DEM-RJ) como vice na chapa do tucano José Serra à Presidência. A escolha agradou em especial ao presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RN), e a seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia, que mereceram agradecimentos especiais do candidato a vice durante a convenção nacional do partido, que ontem homologou a aliança nacional com os tucanos.

Também foi decisiva para a escolha a opinião do marqueteiro da campanha presidencial tucana, Luiz Gonzalez, que considerou relevante o fato de Indio ser do Rio, uma cara nova e jovem, além de ter sido o primeiro relator do projeto da Ficha Limpa na Câmara, no segundo semestre do ano passado.

Anteontem à noite, depois de duas reuniões em São Paulo, os tucanos chegaram a pensar que tinham vencido a disputa com o DEM e que conseguiriam manter a indicação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) para a vaga de vice de Serra. Mas a decisão do irmão do senador tucano, Osmar Dias (PDT-PR), de se lançar candidato ao governo do Paraná com o apoio do PT, provocou uma reviravolta nas negociações. A notícia tirou do PSDB o principal argumento para manter a chapa puro-sangue: a de que Dias uniria o Paraná em favor de Serra.

"Indio representa aliança forte"

Diante do fato novo, Rodrigo Maia embarcou no início da madrugada de ontem de volta para São Paulo, disposto a reabrir a discussão sobre a vaga de vice com Serra.

No início da noite de ontem, em Brasília, Serra comemorou a pacificação da aliança com o DEM.

- Indio representa uma aliança, uma aliança forte pelo Brasil - disse Serra.

O candidato tucano fez questão ainda de afirmar que o difícil processo de definição de seu companheiro de chapa não deixará sequelas na aliança com o DEM.

- Fizemos uma escolha harmônica. Não fica nenhuma sequela, temos de olhar para frente. Agora estamos olhando para frente, na perspectiva da unidade. E já tendo o vice, vou poder ter mais tempo para falar de meus projetos para o país - acrescentou.

Serra e Indio, porém, teriam se encontrado apenas uma vez antes.

O presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra (PE), atribuiu a troca à mudança no cenário no Paraná:

- Osmar (Dias) quebrou a nossa estratégia. Sem a candidatura dele chegaríamos a um consenso com o DEM em torno do nome de Álvaro.

Antes de anunciar a troca de Álvaro Dias por Indio da Costa, Serra tomou o cuidado de consultar pelo telefone os presidentes do PPS, Roberto Freire, e do PTB, Roberto Jefferson. Na hora, nenhum dos dois se opôs à mudança, embora Jefferson tenha demonstrado sua contrariedade mais tarde no Twitter. Batido o martelo, o candidato tucano embarcou para Brasília junto com Maia e Kassab para anunciar pessoalmente a escolha e tentar mostrar que a crise aberta nos últimos dias em sua campanha não deixará sequelas.

Mas, antes mesmo de Serra desembarcar na capital federal, às 17h30m, a convenção nacional do DEM já havia aprovado por aclamação a nova chapa presidencial. Quando ele chegou à capital, a convenção já estava encerrada. Numa cerimônia rápida, que durou menos de 40 minutos, o DEM aplaudiu a escolha de Serra e prometeu empenho total na campanha. O novo vice não escondeu a surpresa com a escolha de seu nome e fez um agradecimento especial ao ex-prefeito Cesar Maia.

- Queria agradecer a quem me colocou na política, o ex-prefeito Cesar Maia - justificou, acrescentando que em Brasília conheceu "figuras espetaculares" como ex-presidente do partido Jorge Bornhausen.

Nenhum tucano foi à convenção do DEM, embora muitos estivessem em Brasília, antes de Serra chegar. O senador Sérgio Guerra pretendia ter participado ontem da convenção do PMDB que homologou a candidatura do senador Jarbas Vasconcelos (PMDb-PE) ao governo do estado, mas foi interceptado por Serra quando seu avião já se preparava para levantar voo. Isso porque Serra queria a sua presença quando estivesse apresentando Indio da Costa como vice.

Coube a Guerra também comunicar a Álvaro Dias a mudança de planos de Serra. Num esforço para mostrar que a troca não lhe causou mágoas, Dias também foi convidado para acompanhar o candidato tucano no seu primeiro encontro formal com o novo vice. O senador tucano ganhou um abraço de Serra, na frente de Indio da Costa, e muitos elogios públicos.

- Não estou triste. Não há lugar para mágoas, ressentimentos ou postulações pessoais - disse Álvaro Dias.

Mais cedo, durante almoço em uma churrascaria em Brasília, em que se encontrou por acaso com integrantes do DEM, Álvaro Dias, ao ouvir comentários de que seu irmão, Osmar Dias (PDT-PR), teria sido usado pelo PSDB para lançar seu nome, respondeu:

- Acho que eu fui usado para confirmar a candidatura do Osmar Dias.

CE: Cid e Lúcio ficam sem Dilma na TV

DEU EM O POVO (CE)

Segundo entendimento do TSE, a petista não pode aparecer na campanha de rádio e TV dos dois candidatos porque as coligações locais têm partidos que, no plano nacional, se opõem à sua candidatura. Não há restrições em comícios

Pedro Alves

Um entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indica que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT), não pode aparecer na propaganda eleitoral de rádio e televisão de Cid Gomes (PSB) e Lúcio Alcântara (PR), que disputarão o Governo do Estado do Ceará e cujos partidos integram, oficialmente, o palanque nacional da petista. Do mesmo modo, Dilma também não pode aparecer na campanha de rádio e televisão de nenhum dos outros candidatos que integram as chapas majoritárias lideradas pelos dois postulantes.

Em termos práticos, o TSE compreendeu que os candidatos majoritários, nos estados, não podem utilizar, em suas campanhas de rádio e televisão, a imagem nem a voz de qualquer candidato a presidente cujo partido se oponha a alguma sigla que integre sua coligação local. A regra legal, confirmada pela assessoria de imprensa do TSE, vale para todos os estados brasileiros e mexe com as estratégias das coligações já oficializadas nas convenções partidárias – cujo prazo legal para a realização se encerrou à meia noite de ontem.

No caso da campanha de Cid Gomes, a restrição quanto ao uso da imagem e da voz de Dilma se dá em função da presença do PTB, do PHS e do PTcoB na coligação do governador. Na esfera federal, o PTB está na base de sustentação de José Serra (PSDB), principal opositor de Dilma. No caso de Lúcio, que também apoia Dilma, é o acordo estadual oficializado com o PPS que deverá impedir o uso da imagem e da voz de Dilma, já que o partido também apoia Serra na disputa nacional.

O entendimento do TSE nasceu de uma consulta realizada pelo PPS do Rio de Janeiro, que perguntou se um candidato a governador, vice-governador ou senador poderia usar, em sua campanha estadual, a imagem e a voz de um candidato a presidente num cenário em que os partidos de ambos sejam rivais no plano federal. A resposta da maioria da Corte foi negativa, com exceção do ministro Marco Aurélio, que respondeu positivamente. O acórdão com a decisão, tomada na última terça-feira, deve ser publicado nos próximos dez dias. Segundo a assessoria do TSE, a consulta foi necessária porque o artigo 6º da lei nº 9.504 e o art. 17 da Constituição Federal, que tratam dos partidos políticos e da formação de coligações, não regulamentam a questão.

Além de Cid e de Lúcio, que ficaram proibidos de ter Dilma em suas respectivas campanhas de rádio e televisão, o candidato PV ao Governo do Estado, Marcelo Silva (PV), também foi afetado pela decisão e não poderá ter imagem e voz da candidata Marina Silva (PV) em sua campanha.
Isso em função do acordo com o PSDC, que também tem candidato próprio à Presidência, José Maria Eymael.

E MAIS

Para a procuradora regional eleitoral auxiliar, Nilce Cunha, a legislação já vedava a participação de candidatos de uma coligação na campanha de outra, e agora, a decisão da Justiça Eleitoral apenas cobra coerência aos partidos. “Candidato de um partido não pode fazer campanha para candidato de outro”, disse Nilce

No PV, o clima é de preocupação, já que a candidata Marina Silva (PV) deve sofrer restrições ao aparecer no programa de Marcelo Silva (PV), seu único palanque no Ceará. Em função disso, a cúpula do partido se reuniu na noite de ontem para debater o assunto e acabou não comparecendo à convenção que oficializou Marcelo Silva.

RN: Resposta do TSE impede Dilma no programa de Iberê

DEU NA TRIBUNA DO NORTE (RN)

Anna Ruth Dantas Mudanças nos palanques eletrônicos do Rio Grande do Norte no pleito de 2010 na exposição dos candidatos a Presidente da República com os governadoráveis. O Tribunal Superior Eleitoral, em resposta à consulta feita pelo PPS, decidiu que os presidenciáveis não poderão participar da mídia de rádio e televisão das coligações regionais, quando essas tiverem partidos que são adversários no plano nacional.

A Corte Eleitoral definiu, assim, que se uma aliança regional tem partidos que possuem candidatos à Presidência da República diferentes, então nenhum dos presidenciáveis poderá aparecer em imagem ou voz na mídia eletrônica. No RN, a decisão traz implicação direta para duas alianças.

O PSB, que terá como candidato a governador Iberê Ferreira, é aliado do PPS, que apóia nacionalmente José Serra, e do PT, da presidenciável Dilma Roussef. Ou seja, nem o tucano Serra e nem a petista Dilma poderão participar da mídia eletrônica de Iberê Ferreira. A decisão do TSE deixa em uma situação delicada o PT no RN que não poderá usar a imagem de Dilma.

No caso da candidata Dilma Roussef, o único palanque em que poderá aparecer na mídia eletrônica é o do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT). Como a aliança do pedetista foi firmada com o PC do B, que apoia nacionalmente a presidenciável petista, então não há impedimento.

Mas a decisão do Tribunal Superior Eleitoral não traz mudança apenas para Dilma Roussef. A senadora Marina Silva, presidenciável do PV, poderá perder o único palanque que tem no RN. O PV no Estado fez aliança com o PR e PMDB, ambos os partidos apoiam nacionalmente Dilma Roussef. Ou seja, Marina Silva não poderá aparecer na mídia eletrônica dos candidatos “verdes”. Em contrapartida, o PR e PMDB também não podem usar imagens de Dilma.

Já o palanque de Rosalba Ciarlini (DEM) não terá problemas para usar a mídia com José Serra. O PMN, que integra a coligação do DEM, não firmou coligação nacional com nenhum candidato, e o PSDB, outra legenda coligada com o DEM, é do próprio presidenciável Serra.

Proibição vale para palanque eletrônico

O advogado Erick Pereira avalia que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de proibir a participação de presidenciáveis em palanques regionais com opositores no plano nacional é uma forma de “moralizar o palanque eletrônico”. Ele observou que a decisão da Corte é válida apenas para a “propaganda eletrônica”, rádio e televisão.

“A consulta não faz referência ao palanque de campanha ou a material impresso”, comentou Erick Pereira. Cauteloso, o advogado acredita que a discussão sobre a resposta do TSE continuará no “jurisdicional”. “O processo passa do administrativo e será discutido agora no jurisdicional”, destacou.

Com decisão do TSE, o deputado estadual Gustavo Carvalho (PSB) admite que as alianças poderão ser revistas. “Temos que processar essa informação. Mas acredito que as coligações poderão ser discutidas”, comentou o parlamentar do PSB.

A deputada estadual Márcia Maia reagiu com surpresa e afirmou que será preciso consultar a assessoria jurídica para saber quais procedimentos adotar. Já o deputado Fernando Mineiro foi taxativo. “Vamos poder sim (usar a imagem de Dilma Roussef). Acreditem vamos poder”, disse o parlamentar, demonstrando descrença com a resposta do Tribunal Superior Eleitoral.

Embora as convenções tenham ocorrido até ontem, como prevê a legislação, os partidos não fecharam as atas, por isso, até o dia 5 de julho, data final dos registros de candidaturas, as alianças ainda poderão mudar.

MT: Mauro é oficializado como candidato

DEU NO DIÁRIO DE CUIABÁ (MT)

Movimento Mato Grosso Muito Mais conseguiu contornar obstáculos internos e homologou ontem a candidatura do empresário ao governo do Estado

Sonia FioriO empresário Mauro Mendes teve seu nome homologado ontem, num grande ato político realizado no ginásio Dom Aquino, em Cuiabá, como candidato do PSB ao governo de Mato Grosso nas eleições de 2010. O palanque suprapartidário confirmou a aliança do Movimento Mato Grosso Muito Mais, com parceria do PPS, PDT e PV.

Após atravessar um período de turbulências internas, o bloco referendou também as candidaturas ao Senado do ex-procurador da República, Pedro Taques (PDT), e do deputado estadual Percival Muniz (PPS). O presidente regional do PDT, Otaviano Pivetta, foi referendado vice na chapa majoritária.

O ato foi marcado por dois momentos especiais, divididos entre a emoção do candidato que chorou ao lado da esposa, Virgínia Mendes – tendo trilha sonora de “Faz um milagre em mim”, de Regis Danese - e o discurso contundente de enfretamento aos adversários, o governador Silval Barbosa (PMDB) e o ex-prefeito da capital, Wilson Santos (PSDB). Na tarde de ontem as convenções do PDT, PPS e do PV ocorreram em meio a um cenário de divisão de posições, com grupos isolados que defendiam aval para os adversários de Mauro. Ao final, as três legendas asseguraram a vitória para o respaldo ao empresário.

Na convenção, os principais líderes do movimento lembraram os momentos difíceis atravessados, destacando a suposta intenção dos adversários de desestabilizar o projeto. Taques, Pivetta, Percival e Mauro Mendes conclamaram a sociedade mato-grossense a dar um voto de confiança para uma via alternativa, que possui planos de promover a transformação da gestão pública do Estado.

Mauro voltou a afirmar que sua candidatura vencerá o peso das “duas máquinas públicas, a do Estado e da prefeitura”. Mas anunciou uma “guerra” contra a corrupção instalada e em favor da transparência das ações – para implementação de uma administração voltada para a qualidade de vida da população. Mauro mandou recado velado para os adversários: “será uma campanha da verdade contra a mentira”, disse em tom efusivo.

Ele também apresentou em seu discurso observações sobre o quadro econômico, fazendo ligação com a aplicação dos recursos arrecadados em setores prioritários. “Não posso acreditar que esse Estado que responde por 30% da balança comercial não assegure uma saúde pública que dê dignidade para a população”, disparou. O candidato acentuou propostas para o setor da educação e da segurança pública e lançou a promessa de que, se eleito, garantirá novos investimentos para Mato Grosso – principalmente da área industrial.

O olhar crítico dele também pairou sobre a Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz), que, segundo ele, não trata os comerciantes com o respeito. Mauro também prometeu, caso confirme vitória nas eleições deste ano, realizar amplos investimentos para a Capital – lembrando a necessidade de melhorias em áreas como a da Infraestrutura, principalmente por conta do advento da Copa de 2014. Também assegurou fazer um governo voltado para os 141 municípios.

Paraná terá 7 candidatos, mas eleição será polarizada

DEU NA GAZETA DO POVO (PR)

Osmar e Richa tendem a dominar a disputa pelo governo do estado, reproduzindo no Paraná as alianças e a concorrência acirrada entre Dilma e Serra no cenário nacional

Caroline Olinda

O Paraná terá pelo menos sete candidatos ao governo do estado na disputa eleitoral deste ano. Além de PDT e PSDB, partidos menores como o PV, PSol, PSTU, PRTB e PCB também lançaram candidaturas próprias ao Palácio Iguaçu. Até o fechamento desta edição, ainda não havia uma definição do PPS em relação à disputa estadual – o partido, que deixou para realizar a sua convenção no último dia permitido pela legislação eleitoral, tinha sinalizado para a possibilidade de lançar o ex-deputado federal Rubens Bueno ao governo do estado caso PDT e PSDB lançassem candidatura própria, como de fato ocorreu.

Embora haja ao menos sete nomes na disputa pelo Palácio Iguaçu, a eleição estadual deverá ficar polarizada entre o senador Osmar Dias, do PDT, e o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa, do PSDB.
Os dois vão representar no Paraná a polarização da disputa nacional: que tem a petista Dilma Rousseff de um lado e o tucano José Serra do outro.

Além de representarem no estado os dois principais candidatos à Presidência, Osmar e Richa têm a favor deles as coligações que conseguiram formar para a eleição. “Uma disputa estadual exige muita força financeira e estrutura partidária. Então, a disputa deve se concentrar entre eles dois [Osmar e Richa]”, comenta o professor de Direito Constitucional e Ciência Política Carlos Luiz Strapazzon, da UniCuritiba.

Preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dar palanque no Paraná para Dilma, Osmar conseguiu impor sua exigência de ser o único candidato da base lulista na disputa pelo Palácio Iguaçu. Isso significou o apoio do PT e do PMDB – e a consequente desistência do governador Orlando Pessuti (PMDB) de concorrer ao Palácio Iguaçu.

Refletindo o cenário nacional, Richa fechou aliança com o DEM. Mas os tucanos também contarão com o apoio do PSB, que no cenário nacional apoia Dilma, mas no Paraná está ligado ao grupo de Richa após herdar, com Luciano Ducci, o comando de Curitiba – isso ocorreu quando o tucano deixou a prefeitura da capital para concorrer ao governo do estado. Outra legenda que até recentemente estava na base de Lula e que agora estará ao lado dos tucanos na disputa estadual é o PP, que indicou o deputado federal Ricardo Barros para disputar uma das vagas ao Senado na chapa tucana.

Agora oficialmente em palanques opostos, Osmar e Richa estiveram próximos de disputar essa eleição em uma mesma aliança, com o tucano como candidato ao governo e o pedetista concorrendo à reeleição para senador. O PSDB chegou a apresentar uma proposta de aliança formal ao PDT. A oferta previa que, além de uma vaga na disputa ao Senado o partido também teria o direito de indicar o nome do vice de Richa.

A carta que Osmar enviou à cúpula nacional do PDT consultando sobre a possibilidade de fechar esse acordo com os tucanos chegou a ser lida durante a convenção estadual do PSDB – o que foi interpretado como um sinal de que a oferta seria aceita pelo pedetista. O comando nacional do PDT, no entanto, vetou o acordo.


Richa põe Arns na vice e Fruet disputa Senado

DEU NA GAZETA DO POVO (PR)

Rogerio Waldrigues Galindo

O anúncio de que Osmar Dias (PDT) sairia como candidato ao governo do estado, feito na noite de terça-feira, às vésperas do prazo permitido pela lei para definir o cenário eleitoral, forçou o PSDB de Beto Richa a compor de última hora sua chapa para a disputa no Paraná. A solução encontrada foi caseira: o posto de vice e a segunda vaga ao Senado, que estavam destinados originalmente ao PDT, caso a coligação fosse fechada, foram dados a integrantes do próprio PSDB.

O senador Flávio Arns, que deixou o PT no ano passado para voltar ao PSDB, será o candidato a vice. E o deputado federal Gustavo Fruet será candidato ao Senado. O deputado federal Ricardo Barros (PP) foi mantido como o outro candidato a senador da chapa. Os nomes foram anunciados no escritório político de Richa, no bairro Batel, em Curitiba, no início da noite, depois de um dia intenso de negociações.

Richa disse que, apesar da pressa, a chapa foi bem formada. “Já prevíamos que alguma coisa podia acontecer”, afirmou, se referindo à decisão de Osmar de não compor com o PSDB. Richa criticou o novo adversário indiretamente. Afirmou que as pessoas que ficaram com ele “são as que não dormem aqui e acordam ali. São coerentes”.

O ex-prefeito de Curitiba ainda contou que, quando se desincompatibilizou tinha um convite de Osmar Dias para ser o cabeça de chapa numa aliança em que o pedetista seria candidato a senador. “Mas não cabe a mim especular sobre as razões que levaram a essa mudança de postura.”

Em mais uma indireta a Osmar, Richa disse ser “um político previsível”. “As pessoas não se assustam comigo. Quem me acompanha sabe como eu me comportarei em cada situação”, falou o tucano, que deixou a prefeitura de Curitiba no meio do segundo mandato para disputar o governo.

Sobre as coligações, o candidato argumentou que a chapa permite ter um bom tempo de televisão para veicular suas ideias. “Quem acredita que vai ganhar uma eleição sozinho está fadado do fracasso”, afirmou.

Fruet, que havia criticado o partido por fechar com o PP de Ricardo Barros antes de definir um nome próprio para o Senado, garantiu ontem que a situação foi resolvida. “Sempre disse que a coligação com o PDT não estava definida.” Fruet disse que sempre teve a disposição de se candidatar ao Senado e que “aceita a convocação” para integrar a chapa.

Na coletiva em que seu nome foi anunciado como vice, Flavio Arns disse que sua candidatura pode levar muitos militantes do PT a votar na chapa de Richa. Arns deixou o PT no ano passado quando o partido se posicionou contra a investigação de atos suspeitos de José Sarney (PMDB-AP) no Senado.

Minas: PSDB confirma vice em clima de já ganhou

DEU NO ESTADO DE MINAS

Comprovando as previsões, nome do presidente da Assembleia Legislativa, Alberto Pinto Coelho, do PP, é anunciado como companheiro de chapa de Anastasia para disputar o governo de Minas

Alessandra Mello

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas, deputado Alberto Pinto Coelho Pinto (PP), foi anunciado ontem como candidato a vice na chapa do PSDB ao Palácio da Liberdade, encabeçada pelo governador Antonio Anastasia. O anúncio do nome de Pinto Coelho e também dos candidatos a senador, o ex-governador Aécio Neves (PSDB) e o ex-presidente Itamar Franco (PPS), e dos suplentes foi feito em clima de euforia e já ganhou. O ex-governador Aécio Neves disse não ter dúvida de que Anastasia vai “vencer a eleição no primeiro turno”. O principal adversário de Anastasia nesta disputa é o senador Hélio Costa (PMDB), que tem como candidato a vice o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (PT).

Derrotado na disputa pela vaga de vice-governador, o DEM vai indicar até hoje o nome do primeiro suplente de Aécio, que deverá sair da Câmara dos Deputados ou da Assembleia Legislativa. O segundo será o ex-embaixador do Brasil em Cuba, Tilden Santiago (PSB), que também pleiteava o lugar de candidato a vice na chapa de Anastasia. Na chapa de Itamar Franco, os suplentes serão o deputado estadual Zezé Perrella (PDT), que também reivindicava o lugar de Pinto Coelho, e a vereadora de Belo Horizonte e presidente do PTB da capital, Elaine Matozinhos. Na disputa deste ano, serão eleitos dois senadores por Minas Gerais. Cada um tem o direito de indicar dois suplentes, que não são votados. O indicado pelo DEM pode ser o deputado federal Carlos Melles, presidente do partido em Minas, ou o deputado Marcos Montes (DEM). Os dois foram convidados oficialmente para o cargo, mas estavam resistentes em desistir de disputar mais um mandato na Câmara.

Durante a entrevista, Anastasia disse que a vaga será preenchida por um parlamentar. “Jamais se construiu em Minas uma aliança tão sólida e feita com naturalidade. É só conversar e ver que os candidatos querem fazer campanha ao lado de Anastasia. É isso que me dá uma enorme confiança, e, por mais que isso possa incomodar alguns, e eu reconheço (que incomoda), de que vamos vencer a eleição no primeiro turno”, disse Aécio, que encerrou a entrevista coletiva em que foram anunciados os nomes da chapa majoritária do PSDB na disputa estadual aos gritos de já ganhou.

Coligação tem 13 partidos

O anúncio da chapa foi feito no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador, e contou com a presença de dirigentes de todos os 13 partidos que integram a coligação majoritária do PSDB. A composição da chapa de Anastasia, batizada de Sou Minas Gerais, além de reunir 13 partidos (PSDB, PPS, PTB, PP, DEM, PDT, PSB, PSC, PSL, PSDC, PMN, PRB e PR), recebe o apoio informal de mais cinco (PTdoB, PRP, PRTB, PTC e PTN). Também participou do anúncio o vice-presidente do PRB, Claúdio Sampaio. O partido está rachado em relação a que lado vai caminhar na disputa pelo Palácio da Liberdade. Parte da legenda apoia Anastasia e outra quer se aliar ao senador Hélio Costa, candidato ao governo junto com o PT.

Anastasia foi mais comedido ao ser questionado sobre a fala do ex-governador de ele vai vencer as eleições já na primeira fase da disputa, marcada para 3 de outubro. “Nosso compromisso é fazer uma campanha afirmativa, com base em programas, projetos, mostrando o que se realizou em Minas Gerais nestes anos, demonstrando quais serão as novidades que vamos fazer, os novos programas e novas propostas e, mais do que isso, buscando o reconhecimento da população mineira. Estamos bastante animados e vamos trabalhar para que esta campanha se dê de maneira bastante afirmativa”, desconversou o candidato. Apesar do clima de já ganhou, o ex-governador disse que não despreza os adversários e que espera que a campanha em Minas seja altiva tanto na esfera federal quanto estadual.

“Nunca fui homem de esmorecer”, diz Jarbas

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Durante convenção das oposições, ao lado dos demais integrantes da chapa, peemedebista faz a convocação para que os militantes “cerrem fileira” ao longo da campanha ao governo do Estado

Cecília Ramos

Não teve floreio, rodeios ou choramingo. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) não “conversou água”. Oficializado candidato ao governo, ontem, foi direto ao ponto: “Meu apelo é para que vocês cerrem fileira. Não vão nessa onda de que a nossa campanha vai ser fraca. Eu nunca fui homem de esmorecer, sempre fui um lutador na oposição e no poder”. O apelo à militância foi feito durante o seu rápido discurso de 12 minutos, “para não cansar vocês”, na convenção das oposições (PMDB/PSDB/DEM/PPS/PMN), ontem, que lotou o Clube Atlético de Amadores, em Afogados.

Em um palco pequeno para tanta gente, Jarbas estava espremido ao lado dos seus companheiros de chapa, a vice, Miriam Lacerda, o senador Marco Maciel (ambos do DEM) e o esperado titular da segunda vaga, Raul Jungmann (PPS), cuja negociação foi fechada na véspera da convenção.
Mesmo cercado por adversidades, Jarbas garantiu que sua disposição para “a luta desigual” é “com vontade”. E prometeu percorrer o Estado “de ponta a ponta” nesta eleição contra o governador Eduardo Campos (PSB). “Vou pedir o voto quando o voto for difícil e também favorável”. Em uma estocada no adversário, soltou que “a outra convenção é chapa branca”.
“Aqui, ninguém veio atraído por dinheiro ou emprego”.

Até dois meses atrás, Jarbas negava-se a disputar o governo pela quarta vez. Duas vezes ex-governador, duas vezes ex-prefeito, deputado, senador, entendia que sua missão estava cumprida.

Queria, agora, cuidar da vida pessoal. Mas prometeu que se entrasse na disputa era para ter jogo e não “para fazer figuração”. Ontem, ele repetiu que volta ao palanque “a pedido do povo de Pernambuco”. E relatou que está animado com suas andanças pelo Estado. “Estive no Sertão e fui recebido com alegria, respeito e admiração”. O adversário, Eduardo, costuma dizer que “ninguém está com saudade do passado”.

A julgar pelo discurso de Jarbas, de brigar pelo voto, de jogar o jogo e não dá-lo como perdido diante do favoritismo do rival, ele promete um embate. Pernambuco inteiro sabe que Jarbas derrotou Arraes, avô de Eduardo, por uma diferença superior a 1 milhão de votos, na eleição estadual de 1998. Até seis anos antes todos faziam parte do mesmo palanque. Embora Jarbas e Eduardo neguem, esta eleição tem esse componente de “acerto de contas”. Ontem, Jarbas passou o seu recibo. Em entrevista, após o evento, disse viver seu momento “mais duro” como oposição. A maior adversidade desta campanha, disse, é “lutar uma luta desigual”. “Já fui oposição várias vezes, mas esta é pior porque o governo (Eduardo) não vai atrás de adesão, mas de cooptação. Adesão é uma coisa, cooptação é outra”. O peemedebista refere-se às constantes baixas que sofre na sua base. É o chamado “virar a casaca”, sempre favorável a quem está no poder.

Já em sua casa, no Rosarinho, Jarbas desabafou, ontem à noite: “Eu estava tenso, cansado (na convenção). Esta fase de pré-campanha não foi brincadeira, tive dificuldades para fechar a chapa e tantas outras. Então, tive que mexer com a militância, convocar”, disse ao JC, por telefone. Ele segue hoje para São Paulo, onde se reunirá com o comando da campanha do candidato à Presidência José Serra (PSDB). Retorna ao Recife amanhã, após o jogo do Brasil.

Jungmann vê muita “propaganda”

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

No discurso mais forte da convenção jarbista contra o atual governo, candidato ao Senado pelo PPS ironiza propaganda oficial. “A realidade é outra”, ataca

Manoel Medeiros Neto


Jarbas Vasconcelos (PMDB) queria, ao lado de Marco Maciel (DEM), um segundo candidato ao Senado “ousado”, com boa retórica e “firme” nos posicionamentos. Finalmente oficializado no posto, o deputado federal Raul Jungmann (PPS) demonstrou ontem, durante a convenção do principal bloco de oposição, que está exatamente no caminho proposto pelo peemedebista. Penúltimo a discursar no evento, Jungmann fez o mais longo pronunciamento da tarde. Também foi o mais empolgado e, sem comparações, o mais enfático nas críticas aos adversários.

“Quando eu vejo a propaganda do governador, do governo, fico pensando: queria morar nela porque a realidade é outra”, ironizou, em referências às ações nas áreas de educação, saúde e segurança pública. Mais sorridente que o usual, Jarbas demonstrou a todo instante satisfação com o desempenho do candidato. Nos quinze minutos de discurso, Jungmann apresentou-se como componente de uma chapa “com as caras e as mãos limpas” e fez o serviço, a todo instante, de apresentador e defensor das biografias dos aliados de chapa.

Do companheiro na disputa ao Senado, Marco Maciel (DEM), ressaltou a “decência”: “É o nosso senador ficha limpa, orgulho e referência para Pernambuco e para o Brasil”. Sobre Miriam Lacerda (DEM), que disputa a vice-governadoria, destacou a “mulher aguerrida, do Agreste, trabalhadora, que representa as pernambucanas”. As citações sobre Jarbas, ecoadas literalmente aos gritos, referiram-se ao papel de construtor do futuro que, de acordo com o pós-socialista, representa a biografia do senador. “Ele não fugiu da luta quando estava em jogo os interesses cívicos. Jamais se rendeu ao interesse ou ao conforto. Você, Jarbas, foi em muitos momentos a luz da madrugada”, elogiou.

No âmbito das temáticas de campanha, Jungmann apresentou cinco eixos que nortearão sua campanha: a violência, a educação, a terra, a democracia e, por fim, a questão ambiental. Foi o único a citar as calamidades das enchentes na Mata Sul e no Agreste. “Precisamos de um compromisso com a gestão ambiental (...) Em Palmares, eu andei na lama, eu vi as pessoas sem história porque a água levou.”

Rouco, Jungmann disse após o fim do evento que seu ritmo é esse. “Tenho que fazer um condicionamento físico para aguentar. Eu falo com a alma, eu falo com o corpo, com o sentimento. Vou continuar falando assim”, explicou. Citado por oposicionistas como o candidato que partirá para o ataque diante dos adversários, o pós-socialista afirmou que o mote “chapa de cara e mãos limpas” não é uma crítica direta aos governistas. “Vou fazer uma campanha de alto nível, propositiva, com muito respeito aos oponentes”.

Raul Jungmann acertou sua candidatura no último final de semana, quando viajou, ao lado de Sérgio Guerra (PSDB), para evento da pré-campanha de Jarbas no Araripe. “Não houve nenhuma discussão sobre a eleição de 2012 (Prefeitura do Recife). Aceitei porque notei a responsabilidade do convite”, explicou.

TSE restringe palanque eletrônico nos estados

DEU EM O GLOBO

Presidenciáveis não podem aparecer em campanha de TV para governador cuja coligação tenha mais de um candidato

Maria Lima

BRASÍLIA. A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir a presença dos presidenciáveis no palanque eletrônico de candidatos a governador cujas coligações estaduais envolvam mais de um partido com candidato a presidente desagradou ao governo e à oposição. As direções de PT, PV, PMDB e PSDB foram apanhadas de surpresa. O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, acusou o TSE de tumultuar o processo.

A decisão do TSE foi tomada em função de uma consulta feita pelo PPS sobre a disputa no Rio. O tribunal decidiu que o candidato a governador Fernando Gabeira (PV) fica impedido de fazer campanha no horário eleitoral gratuito com o tucano José Serra ou com Marina Silva, de PSDB e PV respectivamente, ambos de sua coligação.

Ontem a direção do PT correu para anular algumas coligações estaduais, na tentativa de impedir estrago na campanha na TV para Dilma, mas não deu tempo. O PT só conseguiu reverter o caso da Bahia, onde a coligação de Jaques Wagner (PT) incluía o PSL, coligado nacionalmente com o PSDB. No caso do Acre, onde a coligação do candidato a governador Tião Viana (PT) inclui o PV, não foi possível reverter. Apesar da irritação com o TSE, o PT não vai recorrer.

- Essas decisões do TSE tomadas em cima da hora tumultuam o processo eleitoral. E é uma lei contraditória, porque outra lei diz que toda mudança de regra eleitoral tem de ser tomada um ano antes da eleição. Agora o TSE faz esses entendimentos em cima da hora, quando as coligações estão fechadas, tumultuando o processo. Disparamos todo mundo do partido nos estados para fazer um pente fino, mas não tem mais como trocar - reclamou Dutra.

No caso do PT, além de Tião Viana, que não poderá mostrar Dilma em sua propaganda na TV, o candidato do PMDB ao governo da Bahia, Geddel Vieira Lima, também não poderá aparecer com a petista. Sua coligação estadual inclui o PTB, que em nível nacional está com o PSDB.

No Maranhão, Dilma e Serra perdem espaço na TV

O mesmo acontece com a candidata do PMDB ao governo do Maranhão, Roseana Sarney, que brigou tanto para ter apoio do PT. Ela não poderá aparecer ao lado de Dilma na TV, porque sua coligação inclui o DEM, que, nacionalmente, apoia Serra. O caso do Maranhão é emblemático. Nem Dilma poderá aparecer no horário eleitoral de Roseana, nem Serra aparecerá com Jackson Lago (PDT), coligado em nível estadual com o PSDB, mas nacionalmente com o PT.

- Não acho a decisão correta. Não sei se cabe recurso. Mas não vamos recorrer - protestou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

O estrago será feito também no palanque eletrônico de Serra. Além da campanha de Gabeira, ele não poderá aparecer no horário de TV de André Pucinelli, candidato do PMDB ao governo de Mato Grosso do Sul com apoio do PSDB; de Jarbas Vasconcelos (PMDB), que se candidatou ao governo de Pernambuco só para lhe fazer um palanque forte; e de Joaquim Roriz, candidato ao governo do DF. PMDB e PSC estão na coligação nacional do PT.

Decisão atinge em cheio eleição no Rio

DEU EM O GLOBO

Gabeira não poderia usar a imagem de Marina e Serra; e Cabral, a de Dilma

Fábio Vasconcellos

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir o uso de imagem de candidatos à Presidência por coligações estaduais que são diferentes na presidencial atinge a campanha ao governo do estado de Fernando Gabeira (PV). Segundo dirigentes do partido, a interpretação do tribunal impede até mesmo que a candidata Marina Silva (PV) apareça nos programas de TV de Gabeira. Isso porque o PV concorre sozinho à Presidência e, no Rio, está coligado com DEM, PPS e PSDB. Nacionalmente, PPS e DEM apoiam o candidato à Presidência José Serra.

A reviravolta atingiria também a candidatura à reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), que poderá ser impedido de utilizar imagens da candidata Dilma Rousseff (PT). O impasse seria devido à participação do PTB na aliança estadual. Embora sem candidato próprio à Presidência, o PTB integra a coligação que apoia José Serra.

- Ainda estamos analisando o texto do TSE para saber se podemos ou não ter a candidata Dilma Rousseff - afirmou Régis Fichtner, um dos coordenadores da campanha de Cabral.

Gabeira adiantou que aguarda a posição de lideranças de PPS, DEM e PSDB para avaliar os desdobramentos da mudança. Pelo acordo, PV e PSDB pretendiam usar na televisão a imagem de Marina e de José Serra.

- Como está (a decisão do TSE), parece que nem mesmo o PV no Rio poderia utilizar a Marina nos programas de TV. Nas próximas 48 horas, teremos uma posição mais clara sobre essa situação - disse Gabeira.

Apesar das dificuldades no uso de imagens, dirigentes de PPS, DEM e PSDB no Rio afirmaram que a aliança em torno de Gabeira está mantida.

- A medida atinge todos os partidos, em vários estados, e não só no Rio - afirmou o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB).

Para o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), a candidatura do PV terá vantagens, pois ocupará sozinha o programa de TV. Já o presidente regional do PPS, deputado estadual Comte Bittencourt, disse que a coligação fará normalmente a campanha, mas agora sem a participação dos presidenciáveis.

O presidente regional do PV, Alfredo Sirkis, informou ontem que o partido lançará Aspásia Camargo candidata ao Senado. Segundo ele, a decisão está respaldada na interpretação do TSE de que partidos coligados ao governo podem lançar candidatos próprio ao Senado.

PV pretende questionar decisão do TSE sobre programa de Gabeira na TV

DEU EM O GLOBO

Para Marina, veto a sua participação não procede: "vinculação é automática"

João Guedes*


PORTO ALEGRE. A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, disse ontem que o partido deve questionar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na prática pode inviabilizar sua participação nos programas de TV da campanha de Fernando Gabeira, candidato verde ao governo do Rio:

- Não conversei com nosso advogado. Mas se for a decisão da Justiça, vamos questionar. O Gabeira é do Partido Verde e eu sou do Partido Verde, a vinculação é automática.

A candidata esteve na tarde de ontem na capital gaúcha para participar de uma sabatina com prefeitos e vice-prefeitos no 30º Congresso de Municípios do RS, da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Ao longo de duas horas, Marina respondeu a 11 perguntas para uma plateia de dezenas de prefeitos e vice-prefeitos. O público esperava a participação de José Serra, mas o candidato tucano avisou no início da tarde que não compareceria. Dilma Rousseff, do PT, já havia informado que não iria.

Na sabatina, Marina voltou a afirmar que espera que os eleitores revertam a ideia de plebiscito entre os candidatos tucano e petista:

- Numa eleição de dois turnos é perda de tempo querer impor uma eleição plebiscitária.

No encontro, Marina prometeu a ativação do Fundo Nacional de Defesa Civil, que reservaria recursos para socorrer municípios atingidos por enchentes e vendavais. Ela aproveitou para criticar a promessa da petista Dilma de reduzir impostos que Lula aumentou, ressaltando que PT e PSDB não diminuíram a carga tributária em seus governos:

- No período eleitoral parece que tudo é possível.

(*) Especial para O Globo

Garotinho é forçado a desistir

DEU EM O GLOBO

Com ataques à imprensa e ao Judiciário, acusados por ele de dificultarem sua candidatura, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) anunciou ontem que desistiu de voltar ao cargo nas eleições deste ano. Beneficiado por liminar do TSE, que suspendeu a decisão do TRE de torná-lo inelegível, Garotinho se lançou candidato a deputado federal. O pouco tempo na TV e a falta de dinheiro, disse, também pesaram.

Garotinho desiste de ser candidato ao governo

Depois de conseguir liminar contra a inelegibilidade, ex-governador decide disputar vaga de deputado federal

Natanael Damasceno e Rafael Galdo

Depois de um mês de indefinição, por problemas com a Justiça Eleitoral, o ex-governador Anthony Garotinho desistiu de concorrer ao governo Rio pelo PR. A decisão foi tomada no início da noite de ontem, durante a convenção do partido, um dia depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter concedido liminar a Garotinho suspendendo sua inelegibilidade. Em vez de tentar retornar ao Palácio Guanabara, ele anunciou a candidatura a deputado federal. Quem disputará o governo pelo PR, em coligação com o PTdoB, será Fernando Peregrino, que foi secretário de Ciência e Tecnologia do governo Garotinho.

- Vou disputar uma vaga na Câmara para poder construir um partido forte - disse Garotinho, ao justificar a mudança de última hora. - Acredito que, pelo serviço que prestei ao estado, vou obter uma votação expressiva e ajudar a fazer uma boa bancada de deputados federais para nosso partido - continuou, frisando que assim o partido teria mais espaço de propaganda gratuita na TV nas próximas eleições.

Para ex-governador, Justiça dificultou candidatura

O pouco tempo na televisão foi um dos motivos listados por Garotinho para explicar seu recuo. Ele acusou ainda o Judiciário e a mídia de dificultarem sua candidatura. E afirmou que as incertezas das últimas semanas criaram dificuldades para que o PR fechasse alianças que viabilizassem até financeiramente a campanha, frente ao que ele chamou de uso da máquina pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), que tenta a reeleição.

Apelos da família também pesaram, disse Garotinho. Durante o anúncio de sua desistência, a mulher dele, Rosinha Garotinho - prefeita cassada de Campos na mesma decisão do TRE que tinha tornado o ex-governador inelegível -, e uma das filhas do casal, a vereadora Clarissa Garotinho, permaneceram de pé atrás dele, aparentando estarem emocionadas.

A decisão surpreendeu os correligionários. Mas, antes mesmo do anúncio, ele já vinha indicando a possibilidade de recuo. Em sua chegada à convenção, ele pôs em dúvida sua candidatura, delegando à executiva do partido a definição. Depois, em seu discurso aos militantes, ponderou que o partido deveria investir na campanha para deputados (a meta é eleger 12 estaduais e oito federais).

- Assim como vocês foram solidários comigo diante das dificuldades, peço que sejam solidários, qualquer que seja a decisão do partido - disse ele aos correligionários que lotaram a sede do PR, no Centro do Rio.

Após o discurso, Garotinho se reuniu por duas horas com dirigentes do PR e do PTdoB. Além da troca do candidato ao governo, também mudaram os candidatos ao Senado.

O pastor Manoel Ferreira (PR), até então pré-candidato, disse ter aceitado um convite, após reuniões ontem em Brasília, para coordenar o setor evangélico da campanha da candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff. No seu lugar, concorre o ex-deputado Carlos Dias, do PTdoB, ligado ao movimento carismático católico. O outro postulante ao Senado será o cantor evangélico Waguinho, do PTdoB, único nome confirmado desde o início da convenção.

Para vice, foi escolhido o pastor David Cabral (PR), braço-direito de Ferreira e presidente das Assembleias de Deus do Sul Fluminense.

Outra questão que ficou pendente até o fim do dia foi uma possível coligação com o PRB do senador Marcelo Crivella, que acabou não se confirmando. Garotinho disse que fora procurado pelo senador, que teria oferecido apoio à sua candidatura ao governo:

- Ele perguntou se eu seria candidato ao governo, ao Senado ou à Câmara. E ele disse que, por opção do partido, seria candidato a deputado federal.

Candidato ao governo do estado, o deputado Fernando Gabeira (PV) comentou o recuo do adversário:

- A decisão aumenta a minha responsabilidade, pois a campanha poderá polarizar já no primeiro turno. Só o tempo vai dizer o real impacto da mudança.

Já Cabral não quis comentar a desistência. Além deles, o quadro eleitoral do Rio terá Jefferson Moura (PSOL) e Cyro Garcia (PSTU) como candidatos.

Esperemos :: Pablo Neruda


Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão –
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.




Pablo Neruda (Últimos Poemas)