quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

OPINIÃO DO DIA - Rodrigo Rollemberg: opiniões

Como líder, expresso a opinião do meu partido. Infelizmente, outros expressam a opinião que serve a outras legendas."

Rodrigo Rollemberg, senador (PSB-DF), sobre Cid Gomes ter dito que ele é um dos que mais estimulam Eduardo Campos a se candidatar ao Planalto. Painel / Folha de S. Paulo, 28/2/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais do país

O GLOBO
STF libera Congresso para decidir já sobre royalties
Vale tem 1º prejuízo em 10 anos
Tragédia na boate: Cianeto asfixiou jovens
Público e privado: Exército aluga fortalezas no Rio

FOLHA DE S. PAULO
No adeus, papa lamenta os momentos difíceis
Congresso pode votar vetos do Planalto como quiser, diz STF
Kassab se lança como candidato a governador de SP
EUA decidem pela 2ª vez comprar aviões da Embraer
Senado amplia teto de lucro presumido e desonerações

O ESTADO DE S. PAULO
A Igreja atravessou ‘águas turbulentas' diz papa ao sair
Parlamentar não terá mais 14º e 15º
Vale tem primeiro prejuízo em 10 anos
Embraer vence licitação nos EUA
Em evento, Dilma rebate FHC

VALOR ECONÔMICO
Governo tenta reverter o pessimismo com inflação
Vale tem pior desempenho trimestral de sua história
Embraer vence licitação nos Estados Unidos

BRASIL ECONÔMICO
Dilma reage às críticas e defende a política econômica do governo
Ex-diretor da ANP pede preço real para gasolina
IGP-M de fevereiro fica abaixo das previsões e a Fazenda comemora
Vale tem seu primeiro prejuízo trimestral dos últimos dez anos
A vez dos royalties
Fortunas aumentam 21,4% em 2012 e chegam a R$ 527,3 bilhões

CORREIO BRAZILIENSE
Fim. Pressão acaba com 67 anos de privilégio
STF libera as votações no Congresso
Senado aprova desoneração para empresas
Supersalários do TCDF nas mãos da Câmara

ESTADO DE MINAS
Até fazendeiro e político ganham o bolsa-pesca
Sem regalia: Fim do 14° e 15° salários no Congresso
Royalties: Congresso livre para votar vetos
Assembleia: Vereador é demitido por acumular empregos

O TEMPO (MG)
"Orem pelo meu sucessor"
Câmara aprova fim de 14º e 15º salários no Congresso
Hospitais privados fecham e planos deixam clientes na mão

GAZETA DO POVO (PR)
Estado destinará R$ 300 milhões ao ano para inovação e pesquisa
A despedida
Parlamentares perdem dois salários extras
Santa Maria, um mês de dor e 15 minutos de barulho
Droga já causa mais internação do que álcool

ZERO HORA (RS)
Santa Maria em busca de respostas - Bombeiro assinou alvará sem plano contra incêndio
Magistério: STF encurta validade do piso nacional
Menos caros: Deputados eliminam 14° e 15° salários

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Nova regra para telefone celular já em vigor
Deputados federais acabam com 14° e 15° salários

PSB reage e ameaça deixar o governo

Em resposta ao que considera "ingerência" do PT em assuntos internos e tentativa de acuar Eduardo Campos, partido avalia aprovar resolução pela saída do ministério de Dilma

Débora Duque

O governador Eduardo Campos (PSB) estuda reagir ao que considera ser um cerco do PT nacional ao seu projeto presidencial. As provocações públicas dirigidas pelo ex-ministro Ciro Gomes (PSB), seu adversário dentro do partido, somadas às visitas que o ex-presidente Lula (PT) e presidente Dilma Rousseff (PT) farão ao Ceará, Estado governado por Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, estão sendo encaradas como uma tentativa aberta de intimidação para que Eduardo declare, desde já, se é candidato ou não em 2014. Como resposta, não está descartada uma medida extrema por parte do PSB: a entrega imediata dos cargos que o partido possui nos ministérios.

Socialistas entendem que Lula quer tirar Eduardo da "zona de conforto" e forçá-lo a tomar uma posição antecipada, seja pelo apoio à reeleição de Dilma, seja pelo lançamento de sua candidatura à Presidência. A movimentação silenciosa dos petistas para tirar o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), da legenda também é encarada como mais um elemento dessa ofensiva contra o PSB.

Com o entendimento de que a campanha eleitoral foi deflagrada, Eduardo está de olho nas próximas movimentações do PT e pode induzir seu partido, do qual é presidente nacional, a aprovar uma resolução favorável ao desembarque do governo federal. Caso o ministro Fernando Bezerra Coelho e o secretário nacional dos Portos, Leônidas Cristino, não sigam a possível orientação partidária, ambos só permaneceriam nos cargos como cota pessoal da presidente. Leônidas foi indicado pelo PSB do Ceará, comandado pelos irmãos Gomes.

Nos bastidores, socialistas alegam "desconforto" com as atitudes das lideranças petistas, a quem atribuem a articulação para que Ciro abrisse sua "metralhadora" contra Eduardo. No último fim de semana, o ex-ministro afirmou que o governador não possui "estrada" nem "visão de País" e defendeu que o partido apoie a reeleição de Dilma. Ao mesmo tempo, disse que se a legenda tem alguma pretensão de lançar uma candidatura própria, deve deixar, desde já, a base de apoio ao governo federal.

Eduardo escalou figuras nacionais do PSB - como o líder da bancada socialista na Câmara Federal, Beto Albuquerque, e o vice-presidente do partido, Roberto Amaral - para rebater publicamente as declarações de Ciro e, de quebra, enviar recados aos petistas. Blindado, sua intenção, porém, é deixar que o PT, sozinho, "estique a corda". O governador não quer levar o crédito pelo futuro rompimento até para conseguir manter seu discurso de que não pretende antecipar o debate eleitoral.

Caso se confirme a saída do partido dos ministérios, Eduardo sustentará o argumento de que o PSB não ficou "confortável" com as investidas do PT e que sua legenda não "depende" de cargos. Ao mesmo tempo, terá caminho livre para enfatizar seu já crítico discurso ao governo federal e pavimentar seu voo em direção a uma candidatura ao Palácio do Planalto.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Lula pressiona Campos a se decidir

Ex-presidente quer governador em chapa com Dilma, mas socialista pode se afastar

Maria Lima, Júnia Gama e Flávio Freire

BRASÍLIA e FORTALEZA - Está por um fio e pode azedar de vez a boa relação do presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com a cúpula do PT, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Com os nervos à flor da pele com o que considera ingerência de Lula junto aos irmãos cearenses Ciro e Cid Gomes para dividir o seu partido, Campos pode precipitar uma decisão dependendo do estrago causado pela visita do ex-presidente hoje a Fortaleza, onde será recebido com festa pelos irmãos Gomes.

Cid, por sua vez, será um dos convidados de honra do seminário sobre os 10 anos do PT no governo federal, que acontece hoje à noite em Fortaleza. Pelo protocolo, sentará ao lado de Lula, que amanhã também participa de um almoço reservado com Cid na capital cearense, antes de os dois partirem, no mesmo helicóptero, para a cidade de Redenção, onde Lula receberá o título de honoris causa da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Na terça-feira, a pedido de Lula, o governador da Bahia, Jaques Wagner, esteve em Recife e renovou o convite para que Eduardo Campos seja vice de Dilma. Diante da negativa, o próprio Lula deve procurar o socialista para mais uma tentativa neste sentido. Enquanto Lula rifa a chapa Dilma/Michel Temer, a presidente tenta desfazer o mal-estar com o PMDB e ontem ofereceu um jantar para as bancadas do partido, governadores e outras lideranças peemedebistas, em homenagem ao ex-presidente do Senado José Sarney.

- Lula e o PT estão colocando Eduardo na parede. Se não tiver um distensionamento e Lula for mesmo ao Ceará, ele será obrigado a tomar uma decisão, que pode ser a entrega dos cargos ou anúncio de sua candidatura. O PT está sendo burro de deixar escapar um aliado sem tentar conciliar - disse ontem um dos interlocutores de Campos.

Do lado governista, entretanto, a avaliação é que a estratégia de Lula é justamente encurralar Eduardo Campos para que antecipe sua decisão.

- Eduardo e o PSB cresceram na barriga dos outros. Tem gente dele em todos os governos dos estados. Agora ele vai ter que se decidir e ter um lado. Lula está colocando ele nas cordas - disse um líder da base aliada.

Segundo interlocutores de Lula, ele não desiste de ter o presidente do PSB na chapa de Dilma, porque considera esta a única possibilidade de Campos desistir de disputar a Presidência da República ano que vem. A maior preocupação de Lula é que o pernambucano seja "adotado" pelas elites, como acha que já está acontecendo, e se torne um novo Collor, tirando votos preciosos da presidente Dilma.

Lula sabe que irá enfrentar grande resistência do próprio PT para levar adiante esse projeto de chapa Dilma/Campos em 2014, mas acredita que é um movimento necessário e que parte expressiva do PT, apesar de nutrir desconfianças em relação ao pernambucano, também considera melhor mantê-lo por perto do que tê-lo como inimigo.

No seminário de Fortaleza, a fala inicial caberá ao vice-presidente do PSB, o ex-ministro Roberto Amaral, com conteúdo político sobre a importância da aliança entre as legendas. As comparações entre os governos de Lula e Dilma com o do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso devem prosseguir.

Fonte: O Globo

Marina registra partido e critica PT e PSDB

Débora Bergamasco

BRASÍLIA - Enquanto os concorrentes virtuais à Presidência da República batem boca entre si e disputam alianças, a ex-ministra Marina Silva também já começou sua campanha pré-eleitoral mesmo antes da legalização de seu novo partido, a Rede.

Na manhã de ontem, quando foi a um cartório de Brasília registrar a intenção de oficializar sua legenda, Marina criticou a troca de farpas públicas entre petistas e tucanos. "Neste momento (em que eles brigam), eu me sinto feliz por estar discutindo propostas, discutindo ideias". Para ela, "focar apenas nas eleições é o que faz a política ficar estagnada".

O deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ) também criticou a antecipação da campanha dos adversários. Segundo ele, o debate prematuro em ano ímpar prejudica a atuação do governo. "Isso é negativo para o Brasil por conta dos conflitos imediatos e a interferência deles no dia a dia do governo. Daqui a pouco temos uma briga entre o governo federal e o governo de Pernambuco, onde quem vai sofrer é o povo pernambucano."

Sirkis garante que a Rede não está lançando ainda candidato à Presidência e que estão apenas "debatendo ideias". Enquanto isso, artistas capitaneados pelo ator Marcos Palmeira começam a organizar um encontro para receber Marina no Rio.

Além de Marina e Sirkis, compareceram ao 1º Cartório de Registro de Pessoa Jurídica de Brasília os deputados Domingos Dutra (PT-MA) e Walter Feldman (PSDB-SP). Lá, foram registrados o estatuto da Rede, a ata da assembleia de fundação, o nome das pessoas que integram a Executiva Nacional Provisória, o endereço do Diretório Nacional Provisório e o programa ainda não detalhado do partido. Para criar a sigla, ainda é necessário recolher cerca de 500 mil assinaturas em nove Estados.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Cai o apoio a Dilma entre deputados

Raymundo Costa

BRASÍLIA - No momento em que começa a articular apoios para a campanha da reeleição, ao mesmo tempo em que hesita em fazer a reforma ministerial, é menor o apoio à presidente Dilma Rousseff. Duas pesquisas diferentes registram o fato. Uma delas, feita pela empresa de consultoria Arko Advice, revela que a média de apoio à presidente caiu de 54,7%, em 2011, para 45,8% em 2012. A FSB Tracking, por seu turno, entrevistou 220 deputados e registrou que a nota dada pelos parlamentares à relação entre o governo federal e o Congresso caiu de 5,9, em maio de 2011, para 4,4 em dezembro de 2012.

A relação de Dilma com o Congresso foi reprovada, na opinião dos deputados, mas em todas as outras questões ela passou de ano, embora com queda de rendimento: a nota para o desempenho pessoal foi de 7,5 para 6,6, em 14 meses; a nota para o desempenho geral do governo caiu menos, de 6,8 para 6,0, em igual período - maio de 2011 a dezembro de 2014. Entre os aliados, o partido mais insatisfeito é o PR, cuja nota média, em 2012, à relação Executivo-Legislativo foi de 3,2, mesma nota atribuída ao governo pelo Democratas (DEM) e o PSOL. O PR foi o partido mais atingido pela chamada "faxina ética" no início do governo Dilma e perdeu o cobiçado Ministério dos Transportes.

À exceção do PT (6,2), PRB (6,0), PCdoB (5,4) e PTB (5,0), os demais partidos grandes e médios, aliados do governo deram nota abaixo de cinco para a relação de Dilma com o Congresso - foram entrevistados 17 partidos com representantes no Congresso, exceção daqueles com um deputado, para evitar o risco de identificação. A nota média do PMDB, que integra o governo com o vice-presidente, foi 4,5; e a do PSB, que namora uma candidatura presidencial própria, 4,8, apenas um pouco maior do que o gigante pemedebista.

A Arko Advice analisou 83 votações nominais e abertas de interesse do governo na Câmara, e no ano passado, 54 - as eleições municipais afetaram o ritmo da produção legislativa. Nessas votações, o PMDB, o maior entre os aliados de Dilma mas também o mais inquieto com o tamanho de seu quinhão no governo federal, ficou apenas com a sexta posição, em termos de fidelidade aos projetos de interesse do Palácio do Planalto, com uma adesão de 50,3%, ficando atrás de legendas como PP, PSB e PDT. No Senado, o PMDB ficou na sétima colocação, com adesão de 56,94%.

Não é à toa, portanto, que a presidente Dilma, já em campanha pela reeleição, tenha decidido prestigiar a convenção nacional do PMDB, no sábado, que deve reeleger Michel Temer para a presidência do partido. O Palácio do Planalto voltou também a acenar com a ampliação do espaço da sigla, talvez com mais um ministério. Como se trata de uma conversa antiga que nunca chegou a se concretizar, o PMDB se reserva o direito de ser cético.

A presidente Dilma Rousseff também confirmou presença em um jantar ontem à noite em homenagem ao senador e ex-presidente José Sarney no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República, Michel Temer. "Ela tirou a semana para vestir o uniforme pemedebista", brincou um dirigente da sigla.

A FSB registra que o "caráter heterogêneo da coalizão governista constitui um elemento de imprevisibilidade do processo decisório, que só pode ser resolvido com um alto custo de compartilhamento e de negociação por parte do governo". Registra que "muitos consideram essa heterogeneidade a causa de um constante mal estar político", mas também que, pouco a pouco, esse "nervosismo democrático vai sendo assimilado como a temperatura normal do ambiente, desde que dentro de certos parâmetros".

Outro indício da queda do apoio político a Dilma está no fato de que o governo foi derrotado oito vezes na Câmara, em 2011. Em 2012, apenas uma. Nas votações de interesse do governo, o PR registrou um índice de apoio de 34,92% e foi a legenda da coalizão mais infiel ao Palácio do Planalto na Câmara.

No Senado, a Arko Advice, analisou 44 votações de interesse do governo, em 2011, e 12 no ano passado. A perda de apoio foi de 57,87% para 56,32% de um ano para o outro. Ainda assim, uma situação bem diferente da que teve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo mandato, que obteve a média de 48,6% de aprovação de projetos de interesse do governo. Mas Dilma teve uma derrota ruidosa, ano passado, durante sessão conjunta do Congresso. Na votação, os senadores aprovaram a urgência para a derrubada dos vetos da presidente à redistribuição dos royalties do petróleo.

Apesar dos percalços de 2012, Dilma pode recuperar o espaço perdido e até ampliar a aliança para a reeleição. Basta, para isso, mais negociação com o Congresso e o atendimento das reivindicações fisiológicas dos aliados. Este ano, a presidente já fez uma rodada de conversas com os principais partidos aliados. Inclusive, o PR.

Fonte: Valor Econômico

O “presidente adjunto” critica a imprensa e se compara a Lincoln

Lula compara-se a Lincoln em evento da CUT em São Paulo

Raphael Di Cunto

SÃO PAULO - Em discurso de comemoração pelos 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da qual foi um dos fundadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou que a entidade organize seu próprio grupo de mídia, para não ter mais que procurar espaço nos meios de comunicação tradicionais, e comparou-se ao ex-presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln (1809 a 1865) pelas críticas que recebe.

"Estou lendo o livro do Lincoln, e fico impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860, igualzinho batia em mim. E ele não tinha internet para responder, tinha que esperar o telex", brincou Lula. Lincoln, que teve a biografia transformada em filme pelo cineasta Steven Spielberg, entrou para a história ao abolir a escravidão nos EUA e encaminhar a Guerra Civil Americana ao fim - ele foi assassinado antes que isso ocorresse.

O filme, que concorreu ao Oscar neste ano, retrata as tratativas políticas do ex-presidente republicano para aprovar a reforma constitucional que previa o fim da escravidão. Sem os votos necessários no Senado, Lincoln ofereceu cargo para um grupo de senadores do partido adversário que não tinham sido reeleitos votarem a favor do governo.

Em julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, alguns dos principais líderes do primeiro mandato do governo Lula, como o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, foram condenados pela compra de apoio político na Câmara dos Deputados para aprovar projetos de interesse do governo, como a reforma da Previdência.

Lula, que evitou dar entrevistas durante o julgamento do mensalão, criticou ontem a imprensa e os formadores de opinião por "serem contra pessoas progressistas" e terem "bronca" dele por causa de seu sucesso e, agora, do da presidente Dilma Rousseff. "Essa gente nunca quis que eu ganhasse as eleições, nem que a Dilma ganhasse", afirmou.

O ex-presidente disse ainda que a mídia foi contrária as Diretas Já, movimento a favor do voto direto para presidente, e ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, e que só passou a acompanhar esses dois acontecimentos depois que os movimentos sociais já tinham levado milhares de pessoas para protestar nas ruas.

Para Lula, porém, houve uma mudança nos meios de comunicação. Antigamente, disse o petista, os formadores de opinião eram pessoas que falavam "meia dúzia de bobagens na televisão". Depois de seu governo, os sindicatos e movimentos sociais contam com formas de comunicação próprias, como revistas, panfletos, blogs, sites e até uma emissora de televisão, a TVT.

"Já estou na idade de parar de reclamar dos que não gostam de mim e não me dão espaço. Quantas vezes vocês já fizeram passeata em Brasília e não apareceram na televisão? Então por que a gente não organiza o nosso próprio espaço?", questionou Lula. "Temos uma arma poderosa, mas totalmente desorganizada. Em vez de ficar cada um falando o que pensa, temos que tentar formar um pensamento coletivo, mais unitário", cobrou.

No fim da tarde, o ex-presidente participou do 14º Encontro Nacional do Movimento Reintegração da Pessoa Atingida pela Hanseníase (Morhan) onde se encontrou com o governador Sérgio Cabral (PMDB) e com o vice governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), candidato ao governo estadual nas eleições de 2014. Pezão deve ser adversário do senador do PT, Lindbergh Farias. Na quarta-feira o PMDB do Rio divulgou nota ameaçando não apoiar a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff no Estado, caso Lindbergh insista na candidatura.

Em São Paulo, também durante o evento da CUT, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, descartou a desistência da candidatura de Lindbergh. "Nós não estamos pensando em desistência dele, não. A candidatura dele é para valer", disse Falcão.

Segundo Rui Falcão, a tendência no atual cenário de pré-definição de chapas é que haja as duas candidaturas. "O quadro provável lá, inclusive em função da candidatura do [deputado Anthony] Garotinho (PR-RJ), neste período, é termos as duas candidaturas, a do Lindbergh e a do Pezão", disse.

Ele não descartou, contudo, que os partidos venham a se unir em uma coalizão. "Se for possível no ano que vem haver uma convergência para uma unificação, é uma possibilidade."

Falcão disse ainda que os dois partidos têm legitimidade para lançar candidato próprio.

Se houver mesmo as duas candidaturas, disse Falcão, Lindbergh e Pezão devem se unir no segundo turno, caso apenas um deles passe para a segunda fase da disputa. (Com agências noticiosas)

Fonte: Valor Econômico

Kassab se lança como candidato a governador de SP

Prestes a formalizar apoio à reeleição de Dilma Rousseff, ex-prefeito diz que PSD terá candidatura própria no Estado

Kassab espera ter aliado no ministério até março e planeja anunciar apoio à petista em seguida

Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, presidente do PSD, esteve ontem em Brasília e se lançou como candidato ao governo paulista nas eleições de 2014. "Eu gostaria de ter essa oportunidade", declarou à Folha. "Todos sabem que a minha candidatura tem naturalidade."

Kassab afirmou que o apoio que seu partido está prestes a formalizar à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) não impedirá o PSD de ter candidato próprio ao Palácio dos Bandeirantes.

"As circunstâncias estaduais são diferentes da circunstância nacional", disse. "Sonho em um dia ter a oportunidade de oferecer o meu nome, o meu trabalho, para ser governador de São Paulo."

A entrada do ex-prefeito na disputa estadual indica que o bloco governista poderá ter três candidatos desafiando o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que concorrerá à reeleição. Além de Kassab, deverão estar no páreo Paulo Skaf (PMDB) e um nome do PT, por enquanto indefinido.

Ontem, em Brasília, havia especulações sobre uma candidatura do ministro da Fazenda, Guido Mantega, pelo PT. O nome dele não é comumente mencionado dentro da sigla, mas teria se robustecido nos últimos tempos porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se convenceu ainda da viabilidade dos outros citados até agora.

Os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Alexandre Padilha (Saúde) e Marta Suplicy (Cultura) disputam a indicação no PT para concorrer. O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, é outro petista no páreo.
Embora tenha controle sobre o PSD, Kassab disse que o apoio a Dilma só será anunciado depois que for formalizado por escrito pelos 27 diretórios estaduais do partido.

Três diretórios anunciaram ontem a intenção de apoiar a reeleição de Dilma: Bahia, Rio Grande do Norte e Rondônia. Se o cronograma imaginado por Kassab for cumprido, as consultas aos diretórios serão concluídas até junho, e o PSD será o primeiro grande partido a formalizar o apoio à reeleição de Dilma.

Embora seja uma legenda nova, o PSD se tornou a terceira maior sigla do Brasil para efeito de tempo de rádio e TV no horário eleitoral. Só perde para o PMDB e para o PT. A quarta maior legenda por esse critério é o PSDB.

Antes de declarar o apoio a Dilma, o PSD espera ganhar um ministério. Guilherme Afif Domingos, hoje vice-governador de São Paulo, deve ser nomeado em março chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa -pasta que ainda depende do aval do Senado para ser criada.

O cronograma do partido, então, inclui receber um ministério em março e oferecer apoio à reeleição de Dilma Rousseff em junho. Kassab afirma que os dois fatos não têm relação. "É inaceitável para o partido a prática do toma lá dá cá. Não existe nenhuma vinculação", disse.

Alvo de críticas nas últimas semanas da gestão do petista Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo, Kassab preservou seu sucessor. Mas atacou de maneira genérica administração paulistana.

"Às vezes eu tenho um pouco de preocupação com membros da sua equipe [de Haddad], que entendem que os problemas que tem a cidade são problemas herdados de uma administração. É um grande equívoco, tamanha infantilidade, que causa até, em alguns formadores de opinião, uma certa preocupação com a falta de maturidade na afirmação", disse Kassab.

Folha de S. Paulo

Em campanha: Dilma sem projeto olha o passado e polarizar com FHC

Em evento, Dilma rebate FHC

Durante evento com empresários, a presidente Dilma Rousseff rebateu o ex-presidente FHC. Segundo ela, foi o PT quem cadastrou famílias para receber benefícios. “É conversa que tinha cadastro”, disse. Dilma prometeu estabilidade jurídica e remuneração para projetos

Dilma exalta índices econômicos e sociais e critica o "passado"

Tânia Monteiro, Rafael Moraes Moura

BRASÍLIA - Dilma Rousseff usou o discurso de comemoração dos dez anos de criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, para reafirmar os fundamentos econômicos do governo - crescimento com estabilidade e controle da inflação - e assegurou que eles estão mantidos. A presidente aproveitou para fustigar a oposição, que cobra reconhecimento do legado econômico e social do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Dilma acusou a oposição de provocar "instabilidade" ao alardear a ameaça de racionamento de energia no País, lembrando que essas vozes "se calaram" quando o racionamento não aconteceu. A presidente também ressaltou que foi o governo do PT que criou o cadastro para as famílias receberem benefícios sociais. "É conversa que tinha cadastro. Nós levamos um tempão para fazer", afirmou.

Nos últimos dias, petistas e tucanos travam um bate-boca sobre gestões. Na semana passada, Dilma disse não ter recebido nenhuma herança de FHC. "Nós construímos", disse a presidente nas comemorações de dez anos do PT no Palácio do Planalto. Nesta semana, FHC respondeu, em seminário do PSDB em Minas. O ex-presidente chamou Dilma de "ingrata" e disse que ela "cospe no prato em que comeu".

Aos integrantes do Conselhão - fórum que reúne os principais empresários do País -, Dilma tentou contrapor as críticas do senador Aécio Neves (MG), pré-candidato tucano nas eleições ao Planalto no ano que vem, à atual condução da economia."Quando, no Brasil, no passado, a gente teria uma relação dívida-PIB de 35%? Quando? Quando, no passado, na área externa, com as nossas reservas?", questionou a presidente, destacando a melhora dos indicadores econômicos a partir do governo Luiz Inácio Lula da Silva, sucessor de FHC.

É apenas a terceira vez que Dilma aparece em uma reunião do Conselhão desde a posse em 2011.

A maior parte dos slides usados ontem apresentou dados a partir de 2003, quando Lula assumiu o Planalto. Após reiterar que seu governo manteve "a inflação sob controle", "a política de câmbio flexível" e "uma política de robustez fiscal", Dilma destacou que era preciso ter "vontade política" para fazer o Bolsa Família, o Brasil sem Miséria e o Brasil Carinhoso, programas dela e de Lula.

"Criamos um cadastro, porque não existia cadastro. É conversa que tinha cadastro. Nós levamos um tempão para fazer. E para limpar o cadastro, e para ver se não tinha gente em duplicidade? E até hoje fazemos isso", discursou Dilma aos empresários. O governo FHC chegou a criar formalmente o Cadastro Único para Programas Sociais, CadÚnico, por meio do decreto 3877, de 24 de julho de 2001. Mas não havia uma unificação de fato, pois os programas sociais era separados. A unificação ocorreu no governo Lula.

Dilma citou ainda a criação do Cartão do Bolsa Família, considerado "estratégico" para eliminar intermediários na liberação de recursos. O cartão da gestão petista substituiu o "Cartão Cidadão", criado em 2002 por FHC com o objetivo de unificar o pagamento de benefícios como o Bolsa Escola e o auxílio gás.

"Irresponsáveis". Em um dos momentos mais duros do discurso, Dilma chamou de "irresponsáveis" as previsões de que o País poderia enfrentar um racionamento de energia como o ocorrido durante o governo FHC, em 2001. "Esse País tem segurança energética. Hoje, nós temos, antes da entrega dos 10 mil MW que entram esse ano, nós temos 14 mil MW de térmicas. Nunca tivemos isso na vida", afirmou.

"O que não é admissível para o País é que se crie instabilidade onde não há instabilidade", disse a presidente, que completou: "Exemplo: não é admissível que se diga que vai haver racionamento quando não vai haver racionamento. As mesmas vozes que disseram, em dezembro e janeiro que ia haver racionamento, se calam. E a consequência é nenhuma, o que eu acho que é uma irresponsabilidade", disse Dilma. Para ela, "o que afeta a vida das empresas, a vida das pessoas, nós temos de ter cuidado, porque se coloca uma expectativa negativa gratuita para o País."

Dilma quer transformar a área em uma de suas bandeiras na campanha à reeleição a partir da redução da conta de luz, anunciada em rede nacional em fevereiro.

Respostas aos tucanos

Dilma Rousseff, presidente da República:

"Criamos um cadastro (dos programas sociais), porque não existia cadastro. É conversa que tinha cadastro. Nós levamos um tempão para fazer"

"Quando, no Brasil, no passado, a gente teria uma relação dívida-PIB de 35%? Quando? Quando, no passado, na área externa, com nossas reservas?"

"Não é admissível que se diga que vai haver racionamento quando não vai haver. As mesmas vozes que disseram, em dezembro e janeiro que ia haver racionamento, se calam. E a consequência é nenhuma, o que eu acho que é uma irresponsabilidade"

Fonte: O Estado de S. Paulo

Razões e implicações da antecipação da disputa presidencial de 2014 – Jarbas de Holanda

Ao precipitar a disputa pelo Palácio do Planalto – com o lançamento da campanha reeleitoral de Dilma Rousseff no encontro do PT realizado em São Paulo no dia 20 de fevereiro -, o presidente Lula assumiu ostensivamente o comando das relações e decisões políticas do governo, tornando-se uma espécie de “presidente-adjunto”, um novo posto na cúpula federal segundo o antecessor e sociólogo FHC, e nesse campo específico com mais poder que a titular da presidência. Entre as razões ou os motivos básicos dessa precipitação, a cujas implicações políticas se juntarão as de caráter econômico avaliadas no final deste texto, podem ser destacados os dois que se seguem. Primeiro – Necessidade de contenção da cobrança da candidatura do próprio Lula por bases petistas, em especial as sindicais, que deveria crescer na programada “caravana” dele a várias regiões do país. Segundo – O rechaço pela direção do PMDB da articulação do ex-presidente para troca de Michel Temer por Eduardo Campos como candidato a vice de Dilma. Que reforçou o projeto autônomo do governador de Pernambuco e presidente do PSB, considerado o principal risco para quebra da polarização PT-PSDB, peça-chave da estratégia para o pleito de 2014.

O apelo eleitoral dessa polarização – na qual se centraram os discursos de Lula e Dilma no referido encontro -, bem como os benefícios imediatos dela para os aliados, passam a ser também usados contra tal risco (e outros do gênero que uma candidatura pluripartidária de Aécio possa gerar), para o propósito de fechamento, já, de compromissos com a reeleição dos diversos partidos da base governista. Com uma rápida implicação: o “pequeno reajuste” do Ministério, que a presidente havia anunciado, terá de ser bem maior, ganhando a dimensão de troca das cúpulas partidárias pelas promessas de apoio de suas legendas à reeleição. Num processo de negociação em que o “presidente adjunto” tem como objetivo maior assegurar à candidata Dilma amplo predomínio de tempo na propaganda eleitoral “gratuita”.

Quanto ao relacionamento de Lula e do governo com o governador de Pernambuco, está ocorrendo mudança significativa de qualidade: em lugar das reiteradas ofertas de maior espaço na máquina federal, agora incisivas ações para dividir o PSB e fragilizar sua liderança no Nordeste. Trecho da reportagem de O Globo, de anteontem, intitulada “Ciro ataca Eduardo Campos e racha PSB”: “Setores do governo e do PT apostam na estratégia de azedar a relação dos irmãos Ciro e Cid Gomes com Eduardo Campos, a ponto de forçar a saída deles do PSB, uma vez que o governador é majoritário no partido. A presidente Dilma deve receber Cid hoje em audiência, em mais uma tentativa de estreitar a relação com a ala dissidente do PSB. No cálculo governista, a principal região-forte de votos para Campos ainda é o Nordeste. Sem base no Ceará, avalia o Planalto, Campos ficaria enfraquecido em sua área de referência e poderia cogitar de adiar suas pretensões eleitorais”.

No plano da política econômica, a precipitação da disputa presidencial certamente tornará mais incerta a resposta da presidente e candidata aos desafios de uma retomada significativa do crescimento e do controle das pressões inflacionárias, bem como o de melhorar o precário nível da gestão governamental. Em face do grande peso, antecipado, das demandas de aumento dos gastos públicos com os programas sociais, com o funcionalismo, com a intensificação de diversas demandas sindicais. E num contexto em que o Executivo terá reduzido seu peso no Congresso. Do que são exemplares as dificuldades que está tendo relativas a matérias como a partilha dos royalties do pré-sal e mudanças no FPE – Fundo de Participação dos Estados, além das limitações que restringirão o uso abusivo de MPs – Medidas Provisórias.

Jarbas de Holanda é jornalista

Depois de pedir o silêncio da oposição, Lula pede compreensão do movimento sindical

Lula pede à CUT compreensão com Dilma

Fernando Gallo, Isadora Perón

Empenhado em reeleger a presidente Dilma Rousseff em 2014, o seu antecessor e padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a cerimônia de comemoração dos 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizada ontem, em São Paulo, para pedir compreensão aos movimento sindicais caso o governo federal não consiga atender a todas as reivindicações da pauta dos trabalhadores.

"Eu sei que muitas vezes o movimento sindical fica nervoso, fica irritado e com razão. Mas eu ,acho que o mais importante não é apenas o resultado, é o fato de o governo, da forma mais democrática possível, como a presidenta Dilma vem fazendo, sentar com o movimento e discutir", disse Lula. "(As entidades) têm de cobrar do governo, mas têm de reconhecer também quando as coisas não podem acontecer", acrescentou.

A intervenção de Lula ocorre uma semana antes da "Marcha a Brasília", promovida pela CUT e por outras cinco entidades sindicais. O protesto, que pretende reunir cerca de 40 mil pessoas, tem o objetivo de pressionar o governo federal a atender as reivindicações da classe.

Na estratégia traçada pelo PT para garantir a permanência no poder, cabe a Lula o papel de articulador político, tanto para apaziguar os ânimos da base aliada como para promover a aproximação com os movimentos sociais. O ex-presidente foi um dos fundadores da CUT e começou a sua carreira política à frente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Desde que assumiu a Presidência, Dilma não se envolveu diretamente na relação com movimentos sindicais e sociais, tarefa delegada ao ministro da Secretaria- Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Foi ele quem a representou no evento de ontem. Carvalho, no entanto, confirmou que a presidente vai se encontrar com as centrais na semana que vem. Essa será a primeira vez que Dilma vai receber, pessoalmente, a pauta de reivindicações dos trabalhadores.

Segundo o presidente da CUT, Vagner Freitas, a expectativa é que se inicie um processo de diálogo com o governo e que os resultados dessa negociação sejam anunciados em 1º de maio, Dia do Trabalho. "Vamos entregar uma pauta enxuta", afirmou. Entre os pontos considerados prioritários estão a redução da jornada de trabalho e o fim do fator previdenciário.

Delúbio. Ex-diretor da CUT, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, esteve ontem no evento. Ele e Lula não trocaram cumprimentos publicamente.

Fonte: O Estado

Exemplos - Merval Pereira

"Eu acho que o Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto. O que ele deveria fazer é contribuir para a Dilma continuar a governar o Brasil bem, ou seja, deixar ela trabalhar." Nessa curta frase do ex-presidente Lula está expressa sua ideia de democracia e, sobretudo, a visão que tem sobre o que é fazer oposição. Desde que Lula chegou à Presidência da República, criou-se um mito no Brasil: falar mal do ex-operário que chegou ao poder pelo voto é proibido, revela o preconceito social de quem o faz.

Fazer oposição ao governo popular que chegou para nos redimir só pode ser coisa de direitistas raivosos, de reacionários a serviço dos piores interesses. Ao contrário, basta que alguém adira ao governo petista para se transformar imediatamente em pessoa respeitável, sobre quem nada pode ser dito sem que uma crítica signifique tentativa de desestabilizar o tal governo popular.

Reputações são lavadas em segundos, passados são esquecidos, muitos se tornam esquerdistas tardiamente. Quantos parentes de presos políticos que nunca levantaram um dedo para repudiar a ditadura agora posam de esquerdistas em defesa da memória de seus queridos e aproveitam para tirar um benefício do governo?

Por que Fernando Henrique deveria "no mínimo ficar quieto", se, tanto quanto ele, os ex-presidentes que nos restam atuam politicamente com intensidade? E por que Fernando Henrique deveria deixar Dilma trabalhar em paz se ele é o principal nome da oposição e, como o nome diz, tem como função principal se opor ao que está aí no governo?

O que fazia o PT quando estava na oposição? Deixava Fernando Henrique governar com tranquilidade ou tentava por todos os meios boicotar sua administração? Logo no início do governo Lula, quando ele assumiu surpreendentemente como tarefa de seu governo prosseguir a reforma da Previdência, conversei com o então presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha - hoje condenado pela participação no mensalão - e perguntei a ele por que o PT se batera tanto contra a reforma quando o PSDB estava no governo se agora se mostrava favorável a ela.

Ele, candidamente, respondeu: "Luta política". Simples assim. A "luta política" justificava tudo, até mesmo trabalhar contra medidas que eles consideravam acertadas. Enquanto ainda era presidente, Lula reclamava da ação de Fernando Henrique, dizendo que ele tinha que aprender a ser ex-presidente. Houve momento em que petista graduado disse que o ex-presidente tucano deveria ir para a casa "cuidar dos netinhos".

Lula prontificava-se a fazer isso, ao mesmo tempo em que prometia voltar a fazer churrascos para os amigos, sem se meter em política. Ensinaria a Fernando Henrique o que é ser um ex-presidente. Sabemos muito bem o que ele fez desde o primeiro momento em que deixou a Presidência. Faz questão de demonstrar sempre que quem está no comando é ele, a ponto de, na reunião do PT para comemorar os dez anos de poder do partido, ter feito discurso em que tratou a presidente Dilma Rousseff como se fosse um oposicionista. Como ele sempre é o centro de suas próprias falas, Lula fez brincadeira com sua conhecida vaidade. Disse que gostava tanto dele mesmo que sempre votou em si próprio para presidente da República, e que, quando não pôde mais fazê-lo, votou num "poste".

O "poste" em questão estava ali a seu lado, era a presidente da República, que foi classificada assim durante a campanha eleitoral pelos críticos de sua escolha. Para aliviar o ambiente, Lula deu um fecho generoso à sua piada de mau gosto, dizendo que o "poste" Dilma estava iluminando o Brasil.

Todas essas atitudes de Lula fora do poder podem ser perfeitamente aceitáveis para seus correligionários e eleitores, que costumam não ver seus defeitos. Mas não é possível que críticas aos governos petistas, ou mesmo à sua pessoa, sejam consideradas demonstrações de reacionarismo político, ou tentativa de boicotar as ações do governo popular que chegou para redimir o país, sem dever nada a ninguém, sem ter herdado nada, tendo construído tudo. Lula alimenta essa bobajada.

Fonte: O Globo

Na pressão - Dora Kramer

Por votação simbólica e, portanto, sem que se saiba quantos deputados seriam contrários e tendo, assim, sido subtraído do público o direito de conhecer o tamanho da resistência, a Câmara aprovou ontem o fim dos 14º e 15º salários dos parlamentares.

O deputado Chico Alencar foi preciso na lembrança do dito: "O herói é um covarde encurralado". O Congresso Nacional pôs fim a uma situação esdrúxula, injusta e absurda não porque quisesse, mas porque não tinha outro jeito, considerando o clímax do desgaste a que chegou o Parlamento na última eleição dos presidentes das duas Casas.

Evidentemente, a pressão tem seu valor e não se retira o mérito de o Congresso, antes tarde do que nunca, ter-se rendido aos reclamos da sociedade. Faz isso raras vezes e quando faz é algo para ser visto como positivo.

Teria sido bem melhor para a avaliação do espírito público do Poder Legislativo se a deformação tivesse sido extinta há décadas. Criada como forma de ajuda de custo para mudanças dos congressistas da capital para seus Estados, nunca fez sentido o pagamento anual.

Afinal, com o mandato de quatro anos as mudanças, quando e se realizadas, só aconteceriam ao fim da legislatura e não de cada sessão legislativa.

Oportunidades não faltaram. Em 2006 foi apresentado projeto do mesmo teor na Câmara. Deixado de lado, o Senado retomou o assunto por iniciativa da senadora Gleisi Hoffmann, hoje ministra chefe da Casa, Civil.

Aprovada no ano passado, a proposta dormiu na Câmara por 11 meses sem que suas excelências se dessem ao trabalho de acabar com o abuso.

Louve-se a decisão, mas que não se exagere nos cumprimentos. Inclusive porque continua em vigor o pagamento da "ajuda" no início e no fim dos mandatos, sendo que a grande maioria não se muda com a família para Brasília.

Até ontem, o Parlamento estava em situação, também nesse assunto, anômala. Agora apenas cumpriu uma de suas obrigações. Continuam faltando muitas outras.

Desejo de calar. Como de hábito, o ex-presidente Lula diz as coisas e desobriga-se de explicar o sentido preciso da declaração.

É o caso dessa última sobre a advertência feita ao antecessor, Fernando Henrique Cardoso, de que deveria "no mínimo, ficar quieto". "No máximo", talvez se exilar outra vez.

Qual a razão mesmo de alguém, seja ex-presidente, senador, deputado, professor, médico, engenheiro ou carregador do cais do porto, ter a obrigação de "no mínimo" cassar o próprio direito de falar?

Uma delas é o desejo de calar a crítica, notadamente quando ela vai ao ponto, na carência de argumento de debate à altura.

A outra é a vocação de falar pelos cotovelos sem pensar, sem prestar atenção à coerência e ao bom senso, sem observar o respeito ao espaço alheio, almejando a unanimidade a respeito da qual Nelson Rodrigues disse há décadas o que deveria ser dito.

Plano perfeito. Gabriel Chalita não ganhará mais um ministério. Primeiro, saiu do páreo para a pasta da Ciência e Tecnologia por causa da reação da comunidade científica.

Depois, ficou fora dos planos de abrigar mais um pemedebista na Esplanada em função de denúncias de que teve despesas pessoais pagas por um grupo educacional quando era secretário estadual da área em São Paulo.

Motivos mais que suficientes, de fato, para veto à ocupação de ministérios. Ocorre que tal critério não tem sido regra.

O mais provável é que Chalita nunca tenha sido realmente cogitado - é um potencial adversário do PT para a disputa do governo paulista em 2014 - e que tanto a reação no primeiro caso quanto a denúncia, no segundo, tenham vindo a calhar.

Como as razões se justificam, o PMDB não pode reclamar.

Fonte: O Estado de S. Paulo

No grito - Eliane Cantanhêde

Os articuladores e manifestantes do movimento "Fora, Renan!", com milhares de assinaturas na internet, miraram no que viram e acertam no que não viram.

A intenção era, primeiro, impedir a posse de Renan Calheiros na presidência do Senado, criando constrangimento para a de Henrique Alves na da Câmara. Depois, minar as "condições de governabilidade" sobretudo de Renan, mais conhecido da plateia e mais emblemático.

Não deu certo, mas obriga os presidentes do Senado e da Câmara a se esfalfarem para dar respostas à pressão e mostrar que são melhores do que parecem. Há nisso, obviamente, um forte lado marqueteiro. Mas há também efeitos práticos.

Renan promete reduzir cargos comissionados e transformar o serviço médico do Senado em posto de emergência, despachando os médicos para o SUS. Se vai ter força para fazer, não se sabe. Mas a promessa é boa.

E Henrique reuniu os líderes, num dia, e colocou para votar, no outro, o fim (em parte) do 14º e do 15º salários de Suas Excelências. Com a mudança, em vez de receberem em todos os quatro (ou oito anos) de mandato, vão passar a ter direito em apenas dois, o de chegada e o de saída (mesmo os que, reeleitos, saem sem sair).

A excrescência significa cerca de R$ 54 mil a mais para cada parlamentar e de R$ 30 milhões a menos para os cofres públicos por ano. Como foi criada em 1946 --há quase 70 anos, portanto--, não era nada simples acabar com ela. Só mesmo por forte pressão da sociedade.

Como, aliás, ocorreu com o descalabro do Tribunal de Contas do DF, que tenta aumentar de 43,53% para 65% os salários de seus funcionários. A medida, vetada pelo governo do DF e aprovada pela Câmara Distrital, acaba de ser suspensa por liminar do Tribunal de Justiça. Depois, claro, de parar na imprensa.

Moral da história: resistir, pressionar e gritar é preciso, sempre e cada vez mais. A luta continua!

Fonte: Folha de S. Paulo

Início do necessário - Tereza Cruvinel

Uma reforma política mínima, mas corajosa, é que pode conter a inclinação da sociedade pela satanização da política. O resto é um bom e necessário começo

A Câmara aprovou ontem por unanimidade o fim do 14º e do 15º salários dos parlamentares, matéria que o Senado já aprovara. Era uma dívida, um fardo que pesava sobre a Casa. Com habilidade e rapidez, contrariando o baixo clero, o novo presidente, Henrique Eduardo Alves, construiu o consenso partidário que o jogou ao mar. Mas será mesmo esta medida capaz de resgatar “a altivez e a dignidade do Parlamento brasileiro”, como ele escreveu depois da votação em seu Twitter? Foi um passo, mas ainda há muito caminho a andar.

Uma evidência de que a supressão das regalias, por si só, não tem efeito tão significativo para a restauração do respeito ao Legislativo: o Senado, embora tenha aprovado a mesma medida em maio do ano passado, não teve refresco no resto do ano e agora enfrenta esta campanha equivocada pedindo a destituição do presidente eleito Renan Calheiros. Equivocada porque a garantia de participação popular existe em relação ao processo legislativo. Subscrições de um milhão de eleitores podem propor leis e emendas, mas não interferir nos processos administrativos internos, como a eleição da Mesa. Quem tem mandato tem legitimidade, pode votar e ser votado nas eleições internas. O veto do eleitor deve acontecer lá atrás, barrando os candidatos que não julgam merecedores de mandato.

Mas a Câmara precisava mesmo aprovar a matéria. Sempre que o assunto vinha à baila, os senadores diziam: nós votamos, mas a Câmara segurou o projeto. Agora enviou à sociedade um sinal de que está buscando a sintonia perdida. Assim como Alves, Renan e seus pares, no Senado, também têm uma agenda positiva. Despesas foram suprimidas, procedimentos novos estão sendo adotados, como a adequação do regimento de modo a permitir sessões especiais para grandes debates temáticos. Até a oratória, hoje uma arte esquecida, que já teve grandes praticantes naquela casa, como Brossard, Marcos Freire, Jarbas Passarinho, e no passado mais distante, Rui Barbosa, Duque de Caxias, JK e Affonso Arinos, entre outros, poderá dar o ar de sua graça.

Mas, para a restabelecer de fato o respeito ao Congresso, será necessária uma transformação no modo de escolher os representantes, vale dizer, nas regras eleitorais. Isso é a reforma política, que Henrique Alves também promete enfrentar. Sempre realista, o primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana, afirma: “Medidas de austeridade são importantes, mas não teremos sucesso se a reforma política não for aprovada, e tratar, por exemplo, do fortalecimento dos partidos. Se não abordar o financiamento de campanha, que em boa parte já público, mas não é assumido como tal, porque sofre a intermediação de interesses privados. Precisamos valorizar o voto do cidadão, dando-lhe transparência efetividade. Enquanto o poder econômico der as cartas nas eleições, não vamos ter igualdade de oportunidade para todos os candidatos”. Muito menos para as candidatas, provado está que as mulheres têm muito menos acesso às fontes privadas de financiamento. Por isso, as cotas para mulheres não reduziram nossa vergonhosa desigualdade de gênero no parlamento.

Uma reforma política mínima, mas corajosa é que pode conter a inclinação da sociedade pela negação e a satanização da política. O resto é um bom e necessário começo.

Ninho paulista

Boa parte do que está acontecendo nos movimentos eleitorais não foi combinada ainda com as elites (políticas e econômicas) daquele poderoso vizinho do Brasil chamado São Paulo. Principalmente no PSDB. Fernando Henrique tem apoiado decididamente a candidatura do mineiro Aécio Neves, mas ele, hoje, está mais para papa do que para um cardeal que realmente tange as ovelhas.

O governador Geraldo Alckmin, ator relevante naquele rincão, ainda não entrou no jogo. Assim como o recolhido ex-governador José Serra. Alckmim busca a reeleição, que ficou mais difícil depois da crise na área de segurança pública, que o impopularizou. Mas ele tem 12 bilhões de dólares para investir este ano. Bem usados, podem aumentar seu cacife. A Assembleia Legislativa paulista é a única que só elege sua Mesa Diretora em março. Depois que isso ocorrer, Alckmin fará uma reforma do secretariado, que pretende tornar mais robusto para enfrentar a reeleição.

Se vai disputar a reeleição, apoiará Aécio para presidente. Parece óbvio, mas ainda não aconteceu. No fim de janeiro, Aécio o visitou e perguntou se pretendia disputar a presidência. Ele negou, disse ter tido sua vez, agora queria se reeleger. Aécio então jogou a segunda carta: só seria candidato com seu apoio explícito. Em sinal disse, gostaria que ele participasse de ato com ele em Minas. Alckmin disse que sim, mas era cedo.

Sabe-se, entre os tucanos, que através do deputado Márcio França, do PSB, o governador Eduardo Campos tem lhe enviado mensagens. Elas sugerem que, mesmo apoiando Aécio, o governador devia guardar “espaço” em sua base eleitoral para o socialista. Isso lhe daria peso num eventual segundo turno em que o tucano ficasse de fora.

Desencantar Alckmin, eis a tarefa de Aécio agora.

Fortaleza no mapa

Prossegue a corte petista aos irmãos Cid e Ciro Gomes, cunha na unidade do PSB em torno da candidatura presidencial do governador Eduardo Campos. O ex-presidente Lula e outros luminares do PT estarão hoje em Fortaleza, abrindo o primeiro dos 13 seminários do PT por seus 10 anos no poder.

Em 13 de março, a presidente Dilma é que será recebida com grande festa na capital cearense pelo governador Cid Gomes, para inaugurar a Zona de Processamento de Exportações do estado.

Fonte: Correio Braziliense

Vivendo e aprendendo a jogar - Pedro Floriano Ribeiro

A conquista das presidências da Câmara e do Senado pelo PMDB, somadas à Vice-Presidência da República, resultou em um acúmulo de poder institucional que não se via na democracia brasileira desde 1987-88, quando o próprio partido detinha o controle do Congresso e a Presidência do país, com José Sarney. Desde então, muitos se perguntam como um partido ideologicamente amorfo e heterogêneo, desprovido de lideranças nacionais de destaque e de um projeto eleitoral unificado, consegue tamanho êxito, a ponto de situar-se como parceiro indispensável de quaisquer dos governos liderados por PSDB e PT, que polarizam a dinâmica nacional desde 1994. Como explicar esse aparente paradoxo?

Em primeiro lugar, a força do PMDB possui óbvias conexões com aspectos institucionais do sistema político. Em nosso arranjo federativo, as eleições para o Congresso não ocorrem no país como um todo, mas nos Estados: assim, partido forte no plano nacional é partido capaz de eleger muitos deputados e senadores na maioria dos Estados. Com isso, mesmo sem envolver-se diretamente na disputa presidencial, um partido com grandes bancadas pode se posicionar como ator relevante nas coalizões de governo, inevitáveis frente à fragmentação do atual sistema partidário.

Por outro lado, o PMDB possui uma malha organizacional amplamente difundida pelo Brasil. Em relação às seções municipais, o partido, presente em cerca de 90% das cidades, é superado apenas pelo PT, que se encontra organizado em aproximadamente 97% das localidades (dados do TSE). No entanto, considerando-se também os dados eleitorais, pode-se afirmar que o PMDB ainda possui a maior máquina partidária do país. Embora não ostente os mesmos números de duas décadas atrás, o partido ainda elege a maior quantidade de membros nos municípios: foram 1.020 prefeitos e quase 8 mil vereadores eleitos em 2012, muito à frente de seus concorrentes, como PSDB (709 e 5.250, respectivamente) e PT (633 e 5.173). Em um país extenso e com mais de 5,5 mil cidades, essa capilaridade constitui um capital nada desprezível, que pode ser mobilizado nas eleições para os cargos nacionais e estaduais.

Paradoxos que carregam a força e a fraqueza do PMDB

Essa máquina foi construída malgrado um traço que é uma constante na história do PMDB: a falta de coesão interna. Com a imposição do bipartidarismo pela ditadura militar em 1966, extinguindo-se o sistema partidário anterior, deputados e senadores tiveram que se arranjar entre Arena e MDB. Com isso, o partido que teria um papel importante na oposição ao regime militar já nascia altamente heterogêneo, aglutinando tanto parlamentares progressistas que sobreviveram às cassações, quanto representantes de claro matiz conservador, como os provenientes da UDN. Desde então o partido sofre com a falta de um programa unificador, de um amálgama ideológico que articule suas distintas correntes; ao mesmo tempo, já nascendo grande em muitos Estados, sempre enfrentou dificuldades análogas em articular os interesses muitas vezes conflitantes de suas elites regionais.

Nesse panorama, os órgãos nacionais do PMDB funcionaram constantemente como arenas de resolução de conflitos entre os caciques regionais, com a direção nacional atuando ora como mediadora, ora como instrumento de afirmação de um grupo estadual sobre os demais. Ao longo da história, não foram poucas as vezes em que a imobilidade no plano nacional foi a única resultante possível desse precário equilíbrio em um ambiente conflitivo. A partir do fim dos anos 80, com o desaparecimento de fatores que possuíam algum potencial de aglutinação interna (principalmente a luta pela redemocratização), tal heterogeneidade se tornou ainda mais aguda, fazendo do PMDB uma federação de máquinas estaduais, com diferentes perfis programáticos, de ação política etc.

É aqui que se situa a chave do enigma pemedebista. Aprendendo, como poucos, a jogar sob as atuais regras institucionais, os líderes do partido transformaram a heterogeneidade atávica e o amorfismo ideológico em vantagens competitivas. Entre os grandes partidos, o PMDB é o que concede maior autonomia decisória às seções partidárias locais e, principalmente, estaduais, seguindo uma receita de descentralização federalista que marca a história partidária brasileira. Liberada das amarras e compromissos nacionais, cada seção pode adotar as estratégias mais adequadas (e pragmáticas) à realidade estadual, maximizando seu desempenho. Disso resultam grandes (e heterogêneas) bancadas na Câmara e no Senado, garantindo o poder de barganha da sigla. Em um sistema partidário no qual plataformas definidas e diferenciáveis cedem o pouco espaço que tinham a uma espécie de pragmatismo radical das estratégias político-eleitorais, que caminha no limiar entre a negociação e o tráfico de apoios, alianças e legendas, tal tática floresce sem grandes obstáculos - o que não escapa à percepção de outras forças do tabuleiro político, incluindo o PSD de Gilberto Kassab e o novo partido de Marina Silva (a conferir), ambos comodamente autodeclarados "além" da direita e da esquerda, e "nem governo, nem oposição".

Portanto, a falta de um plano político-eleitoral nacionalmente unificado (como possuem PSDB e PT) não é sinônimo da ausência de uma estratégia política. Para o PMDB, a falta de planos nacionais constitui-se, por si só, em uma estratégia política, eficaz em termos da ocupação de espaços de poder em Brasília e, ao mesmo tempo, a única viável para evitar a implosão da sigla. É esse paradoxo, que carrega tanto a força como a fraqueza do partido, que sustenta o protagonismo do PMDB na democracia brasileira.

Pedro Floriano Ribeiro é professor de ciência política na Universidade Federal de São Carlos, onde coordena o Centro de Estudos de Partidos Políticos (CEPP),

Fonte: Valor Econômico

Esvaziamento da indústria - Celso Ming

Nesta sexta-feira saem as Contas Nacionais (evolução do PIB) do quarto trimestre de 2012. Uma das coisas que se verificarão é que a participação da indústria de transformação na renda nacional terá caído de 14,6%, em 2011, para alguma coisa em torno dos 13% em 2012. Segue-se que, se o governo persegue forte crescimento do PIB, cada vez menos poderá contar com a indústria de transformação para isso.

Em outras palavras, no ponto em que estamos, o avanço mais significativo do PIB não se obtém com empurrão ao consumo de bens industriais – seja pelo estímulo ao crédito, seja pela redução de impostos sobre produtos de consumo durável. Será obtido, sim, se o governo puxar pelo avanço dos serviços, o que, evidentemente, não pretende. E, se for verdade que o setor de serviços começa a perder dinamismo, como sugere o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ficará inevitável um desempenho também mais limitado do PIB.

Caso se confirme o crescimento da produção (e da renda) da indústria de transformação na ordem de 3% em 2013, como ainda nesta quarta-feira reafirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a contribuição desse avanço para o do PIB do ano deve ser inferior a 0,4 ponto porcentual.

Isso não quer dizer que a indústria nacional não deve ser estimulada com agressiva redução de custos e com aumento de escala de produção. É necessário que uma economia como a brasileira tenha um setor industrial forte.

O problema é que as políticas do governo nesse sentido são tímidas e contraditórias. Não conseguem caminhar, por exemplo, na desoneração dos encargos trabalhistas. Primeiro, puxa o câmbio para dar mais competitividade à indústria, mas, no meio do caminho, se arrepende e volta atrás. Além disso, até agora, o governo não se empenhou em abrir o mercado externo. As políticas protecionistas e de defesa comercial, quando eficazes, limitam-se apenas a criar mais reserva de mercado interno. As negociações destinadas à obtenção de acordos de livre comércio praticamente pararam. E a política de boa vizinhança e de tolerância com a Argentina derrubaram o mercado do Mercosul para a indústria. Em relação a 2011, as exportações para o Mercosul em 2012 caíram 18% e, para a Argentina, 20%.

As causas do esvaziamento da indústria vêm sendo objeto de intensas discussões. O livro O futuro da indústria no Brasil, com textos organizados por Edmar Bacha e Monica Baumgarten de Bolle, é valiosa contribuição para isso.

De todo modo, fica demonstrado que decisões estratégicas de política econômica tiveram por resultado a intensificação do esvaziamento da indústria. Esse esvaziamento não deve ser entendido como "desindustrialização" – conforme vai sendo repetido por aí. Não é o caso, na medida em que não há transferência física de fábricas e de linhas de produção para outros países, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa.

O investimento em infraestrutura que começa a ser atacado com mais determinação pelo governo Dilma ajudará a reduzir os custos da indústria – e, portanto, a fortalecê-la. Mas seu impacto somente será observado a longo prazo.

Dois pontos. Duas afirmações se sobressaem entre as que a presidente Dilma Rousseff fez nesta quarta-feira no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. A primeira, de que o governo pretende um investimento de 25% do PIB. Faltou explicar como. A segunda, de que não pode haver divórcio entre público e privado. Se for um jeito de enfrentar a repulsa histórica do PT à privatização, é um grande avanço.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Confusões inexplicáveis - Míriam Leitão

É muita trapalhada, em muitas frentes, ao mesmo tempo. A Petrobras comprou uma refinaria por um preço muito acima do razoável e teve que lançar parte do dinheiro a prejuízo; o BNDES toma decisões inexplicáveis de alocação de recursos públicos e tem prejuízo; balanços dos bancos públicos saem com meias verdades. Quando tudo dá errado, o Tesouro usa o seu, o meu, o nosso dinheiro.

O resultado de toda essa confusão será mais confusão, porque o governo escolheu o caminho dos ajustes que encomendam mais desajustes. Um encontro de contas honesto, que admitisse todas as perdas com as decisões controvertidas - por equívoco ou coisa pior - revelaria o tamanho real do rombo que o governo nos últimos anos foi criando para o país. Quem crê que as contas sempre têm que ser pagas sente uma compreensível preocupação com as notícias que diariamente aparecem nos jornais sobre as operações perigosas dos vários tentáculos do governo.

É o caso de Pasadena, o estranho episódio da refinaria que foi comprada de uma trading belga, em 2005, e um ano depois vendida para a Petrobras por um preço várias vezes maior e que já fez a estatal lançar à prejuízo meio bilhão de reais no último balanço. Ou os belgas são muito astutos, ou as decisões na Petrobras foram tomadas por pessoas sem qualquer noção de valor, ou são todos os envolvidos bem espertos.

O "Estado de S.Paulo" revelou ontem que o Ministério Público apresentou ao Tribunal de Contas da União representação contra a Petrobras. Os números são eloquentes: em 2005, a trading belga Astra/Transcor comprou a refinaria de petróleo Pasadena por US$ 42,5 milhões. Um ano depois, vendeu 50% da refinaria para Petrobras por US$ 360 milhões. Depois disso, as sócias se desentenderam e para encerrar a briga a estatal brasileira pagou mais US$ 820,5 milhões à empresa belga. E agora, no balanço do quarto trimestre, a Petrobras lançou a prejuízo R$ 464 milhões. Ou seja, esse valor é o prejuízo até o momento do impressionante negócio feito pela empresa.

No balanço do BNDES, foram registrados R$ 3,32 bilhões de perdas com empréstimos ou capitalizações que fracassaram. Uma dessas perdas foi a tentativa frustrada do BNDES de fazer uma gigante de leite, a LBR-Lácteos, no qual entrou com 30% do capital e que está em processo de recuperação judicial. Só nesse erro o banco perdeu R$ 865 milhões. Há casos discutíveis em várias áreas, em que o banco tem entrado de forma atrapalhada e sem prestar contas à sociedade, com estratégias discutíveis e prejuízos indiscutíveis. O lucro do banco só não caiu muito porque o Conselho Monetário Nacional permitiu que ele não registrasse a perda de valor das ações transferidas pelo Tesouro.

Nunca é demais lembrar que houve ainda o caso da Caixa, que comprou 49% das ações do Panamericano por R$ 800 milhões, para logo depois descobrir que ele tinha um rombo de R$ 4,3 bilhões. Depois disso, a Caixa teve que pôr mais dinheiro no Panamericano.

O caso da refinaria Abreu e Lima construída pela Petrobras é outro que precisa de boas e bem contadas explicações porque os custos de construção deram saltos ornamentais. No início, seria de US$ 2,5 bilhões e está caminhando para US$ 20 bilhões. E o único ganhador com isso será o petróleo venezuelano, já que ela foi desenhada para refinar apenas o petróleo do país vizinho.

O Tesouro se prepara para fazer mais uma capitalização no BNDES que pode chegar a R$ 8 bilhões. Isso depois de ter transferido a títulos de empréstimos R$ 350 bilhões desde 2008 para o banco. A fonte tradicional de financiamento do banco é o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que só conseguiu fechar suas contas no positivo porque o Tesouro injetou R$ 5 bilhões.

Esses são alguns dos casos estranhos. Não são os únicos.

Fonte: O Globo

Mais ofensiva do PT contra Campos

Ministro de Integração na mira do PT

FBC: mais uma vez na rota do PT

Bruna Serra

A possibilidade do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), cair nos braços do Partido dos Trabalhadores (PT) foi recebida com incredulidade, ontem, no Palácio do Campo das Princesas. Não que uma eventual saída do ministro venha a ser tratada como um "grande drama" nas hostes socialistas, mas a orientação do comandante, o governador Eduardo Campos, é aplicar ao pé da letra a máxima de "não dar intimidade a problema".

O recado aos colaboradores é de que, em público, não se deve render o assunto e tratar sem alardes uma possível saída. Pessoas próximas ao governador afirmam que, ao ler a notícia, ele não esboçou grandes reações. Apenas teria atirado o jornal sobre a mesa e resmungado: "Isso é conversa fiada!"

Alguns liderados chegam a afirmar que o episódio é mais um capítulo da estratégia petista de expor traços de uma alegada falta de unidade no PSB, na tentativa de fragilizar as pretensões nacionais do governador.

Não é novidade que o ministro almeja ser governador de Pernambuco e, no momento, as peças não apontam que será ele o rei desse xadrez. Eduardo Campos, embora com dificuldades para escolher seu sucessor, não tem dado muita atenção ao aliado.

Antes de ser ministro, ele foi rifado da corrida pelas duas vagas na disputa pelo Senado Federal em 2010, vencida pelos posteriormente eleitos Armando Monteiro (PTB) e Humberto Costa (PT).

Entre as lideranças petistas estaduais, a migração do ministro está sendo tratada como mais uma atitude unilateral da Executiva nacional do partido, que arbitrou, sem sucesso, o duelo municipal em 2012. Não houve qualquer contato com líderes locais da legenda sobre o eventual desembarque de Bezerra Coelho.

Em reserva, petistas afirmam que essa é uma articulação do ex-presidente Lula, que busca assegurar um palanque competitivo no Estado para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). A proximidade entre o ministro e o ex-presidente não nasceu ontem, começando quando Lula disputava pela segunda vez a Presidência da República, em 1994. E Dilma estaria afirmando a interlocutores sua satisfação com o trabalho do socialista à frente da pasta.

Em um ano e meio, o ministro da Integração está protagonizando o segundo episódio envolvendo o PT de Pernambuco. Em setembro de 2011, ele transferiu seu domicílio eleitoral de Petrolina para o Recife, na primeira pista de que o PSB teria candidato próprio na capital contra o PT, manobra que culminou com a eleição do hoje prefeito Geraldo Julio (PSB).

Outro ponto nevrálgico é a relação do ministro com o deputado estadual e ex-prefeito de Petrolina, Odacy Amorim, que trocou o PSB pelo PT depois de ver rifada sua pretensão de tentar a prefeitura do município sertanejo. Como Fernando Bezerra, até então seu padrinho político, não saiu em sua defesa como Odacy gostaria, a relação dos dois virou fumaça.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Maus conselhos

Dilma Rousseff aproveitou ontem uma plateia classe A para destilar, mais uma vez, o veneno de seu discurso sectário. Apropriou-se, de novo, de feitos que não são exclusividade sua, fez previsões temerárias e celebrações tão apressadas quanto extemporâneas. Exercitou, novamente, a desonestidade e a arrogância que marcam o PT, o partido dos mensaleiros.

A ocasião exigia sobriedade, mas a candidata-presidente engatou o ritmo de campanha que move seus passos desde que se aboletou em cima de um palanque, cinco anos atrás, e de lá nunca mais saiu. Foi a nona vez que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social reuniu-se nesta gestão, mas apenas o terceiro encontro do qual Dilma participou. Óbvio: queria ribalta.

A presidente da República deveria ter aproveitado a presença da nata do PIB brasileiro no encontro de ontem para discutir seriamente os problemas que afligem o país - amanhã, por exemplo, seremos oficialmente apresentados ao pibinho que Sua Excelência produziu em seu segundo ano de mandato, deixando-nos na vice-lanterna do continente...

Mas ela usou o espaço e o tempo valioso para, novamente, fazer proselitismo político. Desancou, raivosamente, as ações sociais da gestão tucana e enalteceu, talvez precipitadamente, a política energética de seu governo - num momento em que, neste ano de poucas chuvas, nem São Pedro é capaz de garantir o suprimento de energia.

Na reunião de ontem, a presidente da República avocou ao PT todo e qualquer mérito por ter montado a rede de proteção social que hoje existe no país. Em linhas gerais, mimetizou sua abjeta declaração de uma semana atrás, em que desdenhou o esforço dos brasileiros ao longo de 500 anos de história: "Não herdamos nada; construímos".

Desta vez, ela apegou-se a um aspecto acessório para desmerecer a criação, pelo governo Fernando Henrique, dos programas sociais posteriormente enfeixados sob o Bolsa Família. Alegou aos empresários que coube ao PT criar o cadastro que permite identificar os beneficiários: "É conversa que tinha cadastro", destrambelhou-se. Passou longe da verdade.

O Cadastro Único para Programas Sociais foi criado ainda em julho de 2001, por meio do decreto n° 3.877. Naquela época, os programas sociais ainda eram fragmentados, mas já existiam. Posteriormente, o PT unificou-os e, obviamente, ampliou progressivamente seu alcance, dando sequência natural a um legado que poderia até ser incipiente, mas que não se pode negar que existisse. Ou seja, herdaram, não construíram.

Se sua apreciação sobre os programas sociais é maldosa e falsa, a abordagem da presidente sobre a questão energética é temerária. Aos empresários classe A que lá estavam, Dilma não poderia ter dito, se agisse honestamente, que "não vai haver racionamento" neste ano. Não quando transcorreram apenas dois meses do ano e os reservatórios ainda penam.

A questão que se coloca é: a que preço esta suposta segurança energética está sendo obtida? E, dois: são verdadeiras as premissas nas quais a presidente se baseia para dar aos empresários uma garantia que não existe?

O racionamento só não veio -ainda - por duas razões: o péssimo desempenho da economia em 2012 e o acionamento recorde do parque termoelétrico gestado na época da crise energética de 2001 e legado ao governo petista. Há um custo alto nisso, além de uma estiagem acima da desejada no horizonte. Vejamos.

O acionamento das térmicas em razão do baixo nível de armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas está implodindo as contas das empresas do setor elétrico. As geradoras já estão arcando com um gasto extra de R$ 4 bilhões e as distribuidoras, de R$ 1,5 bilhão por mês.

O aumento exponencial dos custos da energia termelétrica já foi suficiente para anular o ganho que as indústrias teriam com a redução tarifária. A associação dos grandes consumidores de energia calcula que a tarifa da indústria tenha caído R$ 24 por megawatt-hora em razão da lei, mas o custo das térmicas comeu R$ 22, informa hoje a Folha de S.Paulo.

Infelizmente também talvez seja muito, muito cedo para Dilma cantar vitória contra o racionamento. Os reservatórios da região Centro-sul, onde se concentra o grosso do parque gerador nacional, terminarão março com nível de armazenamento de apenas 54% e os do Nordeste, com 41%, segundo o Valor Econômico. Para aquilatar: chegaram ao fim do verão de 2012 com 78% e 82%, respectivamente.

Além disso, Dilma voltou ontem a repetir que o país ganhará mais 10 mil MW de energia neste ano - no discurso em rede nacional feito em janeiro, havia dito que seriam 8,5 mil novos MW. "Esse país tem segurança energética. Nunca tivemos isso na vida". Será? Ocorre que, em 2012, o governo petista partira da mesma premissa - agregar 8,7 mil novos MW ao longo do ano - mas chegou a dezembro passado tendo cumprido apenas 40% da promessa, segundo a agência Canal Energia.

Percebe-se que, mais uma vez, faltou serenidade à presidente e sobrou destemperança à candidata. Não será fazendo de cada compromisso de governo um ato de campanha que Dilma Rousseff conseguirá enfrentar as questões que interessam para melhorar a vida dos brasileiros. Ontem, a presidente deu um novo soco na verdade e mais um salto no escuro.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Terceiro mais votado rejeita coalizão com esquerda e agrava crise na Itália

Andre Netto

ROMA - A primeira tentativa do ex-comunista Pier Luigi Bersani de formar um governo de coalizão, encerrando o impasse político na Itália, fracassou ontem. Beppe Grillo, candidato do Movimento 5 Estrelas (M5S), que obteve a terceira maior votação nas eleições de domingo e de segunda-feira, informou que não aceitará alianças nem dará seu voto de confiança a Bersani no Parla¬mento.

Se a resistência permanecer, Bersani, líder do Partido Democrático (PD), terá duas alternativas se quiser chefiar o país: formar uma aliança com o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi ou montar um governo de minoria no Parlamento.

O impasse criado pelas eleições se aprofundou ainda mais ontem. Na terça-feira, Bersani fez um gesto de aproximação em direção a Grillo, propondo uma agenda mínima para um governo de coalizão até as próximas eleições.

A confirmação foi feita por Miguel Gotor, conselheiro político de Bersani. "Nós queremos fazer Grillo sair de sua caverna, obrigá-lo a assumir suas responsabilidades. A hora chegou para ele dizer o que quer fazer por esse país", afirmou Gotor. "Três blocos se formaram, um de esquerda, um de direita, cada um com 10 milhões de votos, e o M5S, com 8 milhões. Será necessário que dois deles se aliem para governar."

Insultos. Ainda segundo o conselheiro, o PD está pronto para oferecer ao M5S um governo com base em propostas comuns, como a reforma política. "Nós proporemos a todas as forças políticas do Parlamento um programa fundamentado em um grande número de reformas, que leva amplamente em consideração aquelas defendidas pelo M5S", explicou Gotor.

A resposta de Grilio veio ontem mesmo. O líder do M5S e ex-comediante rejeitou qualquer aproximação e ironizou o líder do PD, a quem chamou de "arrogante". "Bersani nos assedia politicamente. Há vários dias, ele importuna o M5S com propostas indecentes em lugar de se demitir, como qualquer um faria em seu lugar". Além da recusa em formar um governo, Grilio insultou o adversário. "Bersani é um morto que fala", disparou.

O líder do PD, que por ter a maioria na Câmara dos Deputados terá prioridade para tentar formar um governo e tornar-se primeiro-ministro, respondeu horas depois, mantendo as portas abertas. "O que Grilio tem a me dizer, inclusive seus insultos, eu quero ouvir no Parlamento. E lá que cada um assumirá suas próprias responsabilidades", disse.

Bersani insiste em uma aliança com o M5S porque seus correligionários rejeitam uma coalizão com partido O Povo da Liberdade (PDL), de Berlusconi, que chegou em segundo nas eleições.

Fonte: O Estado de S. Paulo